sábado, 29 de janeiro de 2011

Descanso Azul

Cianeto no trampolim da língua,
Salto ornamental no escuro ácido do estômago :
Íntima câmara de gás.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Jim "Madruga" Morrison

People are strange, when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone

Women seem wicked, when you're unwanted

Streets are uneven, when you're down

When you're strange, faces come out of the rain
When you're strange, no one remembers your name
When you're strange, when you're strange, when you're strange

Professor Puxa Fumo Junto Com Alunos Do Colégio Cotil, Em Limeira

Uma gravação feita numa sala de aula do Colégio Técnico de Limeira (Cotil), que é ligado à Unicamp, mostra um professor fumando cigarros e pitando num narguilé, um tipo de cachimbo árabe, aquele no qual a lagarta muito doida de Alice No País das Maravilhas tá sempre mamando.
A denúncia foi feita por uma mãe que viu o vídeo no computador do filho. O caso chegou ao Ministério Público, pois o incidente desrespeita a lei antifumo, o estatuto da criança e adolescente etc etc, e o colégio diz que a situação será tratada pela Unicamp. É óbvio que vão fritar o professor, a cabeça dele vai rolar, como, de novo, em Alice. E nada mais lógico e justo, certo? 
Não. Não acho tão lógico assim! Antes, vejamos : por que punir esse professor se ele é exatamente o tipo de "mestre" que  o Estado, o MEC e a própria sociedade tanto valorizam e dão preferência?
O Estado atrai esse tipo de lixo com os baixos salários que oferece. Falar de salário é chato e fica parecendo aquela coisa repetitiva, mas não tem como, tudo passa e se inicia pela remuneração. Baixíssimos salários "selecionam" a escória de qualquer categoria profissional. Reduzam, ao vergonhoso, o salário de um juiz de direito, por exemplo, e, em pouquíssimo tempo, qualquer rábula, advogadozinho de porta de cadeia, estará vestindo a toga e empunhando um martelo; então, já começa daí, esse professor é um lixo, mas é pelo que o Estado paga.
O Ministério da Educação e Cultura (MEC), por sua vez, também muito contribui para a formação de mais e mais lixo. Por puras indiferença e desfaçatez, ou convencido por altas propinas e subornos, o MEC aprova cada vez mais a abertura do que eu chamo de Faculdades R$ 1,99, as tais faculdades à distância, online, com aulas gravadas por um bando de robôs, uns androides, uns bladerunners com memórias de quando ainda eram professores de fato, antes da cooptação.
E 90% desses cursos são de, surpresa, peidagogia. E aí entra o componente final e catalisador do surgimento dessa ralé de "educadores". Os cursos de peidagogia, entre outros e inumeráveis absurdos, pregam a máxima de que professor tem que ser igual ao aluno, tem que falar a linguagem do aluno, tem de ser amigo do aluno, que não pode haver uma distância entre docente e alunado. Tem que ser igual porra nenhuma, aliás, quanto maior for a distância entre professor e aluno, melhor o rendimento. Só que esse cara - não sei a idade do professor doidão - já deve ter crescido e estudado num ambiente zoneado desse, aí entra para uma faculdadezinha R$ 1,99 e fica anos ouvindo tal tipo de disparate, resultado : o cara acredita piamente que está fazendo o certo, acredita mesmo, tenho certeza de que um cara desse passaria tranquilamente  por um detector de mentiras. Então, nada de mais ele puxar um fuminho com os alunos.
O aluno e sua família, via de regra, também admiram essa modalidade de educador. Façam uma pesquisa no Cotil, uma pesquisa de preferência e popularidade entre os alunos, os chamados Ibopes, comuns nas escolas particulares. Façam,vocês, a pesquisa. Eu nem preciso, já sei o resultado. O puxador de fumo ocuparia as primeiras colocações entre os mais populares e queridos pelos alunos, se não a primeira; os últimos lugares seriam, se é que ainda existem, dos professores de verdade, dos mais tradicionais, dos sérios, dos corretos, os famosos "chatos", na boca dos alunos. E as mães não ficam atrás. Quando eu avaliava meus alunos seriamente, era enorme o número de mães à-toa que vinham me xingar por causa da nota vermelha de seus bebezinhos. Parei com isso, não dou mais nota vermelha hoje, os bebezinhos e suas mães que arquem com as consequências de suas escolhas, que sejam eternamente enganados se é o que querem.
Esse professor está errado, e ponto final! O chupador de narguilé tem de ser severamente punido. A questão é : por quem? Por um Ministério Público que permite a veiculação de programas do calibre de um Big Brother e a pedido de pais que, provavelmente, assistem ao Big Brother junto com seu filhinho e, se bobear, até votam no "paredão" para escolher o vagabundo, ou a biscate, que ganhará o milhão? Pelos representantes legais de uma sociedade que aplaude toda sorte de licenciosidade e que sustenta meios de comunicação que induzem seus filhos à prostituição? Para mim, está claro que não pode ser.
A questão é que não há, nesse país, nenhuma instituição - governo ou família - portadora das necessárias moral e isenção para punir esse professor. Torço, sinceramente, para que essa mãe e seu filho sejam exceções ao que eu disse , para que sejam das raras pessoas ainda comprometidas com a boa educação nesse país, e estejam cobrando honestamente seu direito, torço mesmo por eles, como sempre torço pelo bom.
Reitero : esse traste deve ser penalizado. Ele deve ser punido, sim. Mas não pelo Estado e pela sociedade desaculturados, permissivos e hipócritas que o criaram.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Refrigerante de Maconha

Antes, quando perguntado sobre ter dado um tapa na chibaba, no fininho, no cigarrinho do capeta, o sujeito, politicamente correto, dizia : "fumei, mas não traguei".
Vai dizer o quê, agora? Degustei, mas não engoli? Bochechei e cuspi?
É que no estado estadunidense do Colorado, o empresário Clay Butler, que garante nunca ter fumado um baseado, estará lançando um refrigerante de maconha no mês que vem. Além do sabor cola (Canna Cola), haverá as versões nos sabores limão, uva e laranja.
É uma putaria só. É o fim do mundo. É o Ragnarok. Segurem a espada de Odin na bainha.
Será que vai ter a versão diet?Refrigerante de maconha será vendido nos EUA no próximo mês (Folha de São Paulo, 26/01/2011)
Um refrigerante de maconha, o "Canna Cola", estará nas lojas do Estado americano de Colorado em fevereiro. Cada garrafa custará entre US$ 10 e US$ 15 e terá entre 35 e 65 miligramas de THC (tetrahidrocanabinol), o principal ingrediente psicoativo do cannabis, o gênero botânico utilizado para produzir haxixe e maconha.
As informações foram publicadas na revista americana "Time".
São 15 os Estados americanos onde o uso da maconha para fins medicinais é legal. No entanto, as condições para sua legalidade mudam de um lugar para o outro, e maconha, independentemente do propósito, continua sendo ilegal pelas leis federais.
Há um projeto de lei no Congresso assinado pela senadora Dianne Feinstein, conhecido como "Brownie Law", aprovado pelo Senado no ano passado. A proposta é aumentar as penas para os que fazem produtos que misturem maconha com "algo doce".
O criador do "Canna Cola" é o empresário Clay Butler, que assegura que nunca fumou maconha e que elaborou a bebida por "acreditar que os adultos têm o direito de pensar, comer, fumar, ingerir ou vestir o que quiserem", disse em entrevista à publicação "Santa Cruz Sentinel".
Além do sabor de cola, serão lançados, ao mesmo tempo, o de limão chamado "Sour Diesel", o de uva de nome "Grape Ape", o de laranja "Orange Kush" e, por fim, o inspirado na popular bebida Dr. Pepper, o "Doc Weed".
De acordo com Scott Riddell, criador da empresa que comercializará a bebida, os níveis de THC em "Canna Cola" serão menores que os de outras bebidas do mesmo tipo que já estão no mercado. O efeito no organismo é similar ao de uma "cerveja suave".

Troféu Tartaruga

Por diversas vezes, comentei aqui sobre a valorização do incompetente, do preguiçoso, do vagabundo, do incapaz, do encostado,  pela sociedade brasileira de forma geral; o brasileiro gosta do incapaz, do perdedor, tem afeição pelo fracasso.
Em contrapartida, já disse aqui também, a competência chega a ser inconstitucional no Brasil, a lei brasileira não permite que competentes sejam melhor remunerados que os ociosos, o tal princípio da isonomia garante isso; chamado por mim  de Princípio Constitucional do Canalha, essa lei faz com que o bom ganhe o mesmo que o ruim.
E a coisa tá piorando, como só podia mesmo piorar, é o que acontece quando a democracia é dada a um povo sem educação. O vagabundo não só tem o mesmo valor do trabalhador como também é protegido por lei contra que lhe digam que é incompetente. A lei não deixa o capaz ser recompensado e nem que ao chupim sejam apontadas suas falhas. Falou pro incompetente que ele é incompetente, é cadeia na certa, ou indenização em dinheiro por danos morais e constrangimento. Dano moral é o cacete, que se o sujeito tivesse alguma vergonha na cara, ele se esforçaria de algum modo, o que ele quer é mesmo dinheiro fácil.
É o que aconteceu com uma franquia da Coca-Cola, a Renosa Indústria de Bebidas S/A, condenada a pagar R$ 80 mil de indenização ao ex-funcionário Ivaldo Vicente da Silva. Ivaldo recebeu por cinco vezes o Troféu Tartaruga, concedido aos vendedores com o menor desempenho semanal. O esforçado Ivaldo, que não consegue vender nem Coca-Cola, alegou à Justiça que se sentia humilhado ao receber o prêmio na frente dos colegas, e que era alvo da gozação dos outros funcionários da firma.
Ora, não vejo mal nenhum no Troféu Tartaruga, é nada mais que uma brincadeira saudável, uma forma brincalhona de tentar "acordar" o indivíduo, de lhe dizer descontraidamente que a batata dele tá assando, que se o rendimento não melhorar, o olho da rua será o seu destino.
O que um cara decente, um homem de verdade, um cara com brios, que honra as bolas entre as pernas, faria? Iria arregaçar as mangas e se tornar o melhor vendedor de Coca-Cola do país, não só da Renosa Indústria de Bebidas S/A. Isso SE fosse um cara decente E morasse num país decente. Ivaldo optou pelo mais fácil : processou a empresa, que ele tanto lesou com seu baixo desempenho.
Curioso, o cara diz que se sentia humilhado frente à meia dúzia de colegas da empresa, porém não sentiu nenhum constrangimento em expor publicamente a sua incompetência num processo judicial, frente a um juiz. É que por R$ 80 mil, a gente até que aguenta um constrangimentozinho. A empresa não concordou com a decisão do juiz José Roberto Gomes Junior e vai recorrer no TRT. Inútil : no Brasil, o vagabundo sempre sai ganhando.
Lembrei-me agora do Chacrinha e seu Troféu Abacaxi, dado aos calouros reprovados em seu programa. O cara que era muito ruim mesmo, que cantava muito mal, era gongado e levava pra casa o Troféu Abacaxi. Imagino o Chacrinha vivo e ainda ousando, hoje, distribuir o Troféu Abacaxi. O Velho Guerreiro não faria para pagar os processos e indenizações aos calouros reprovados e "humilhados" em rede nacional. O Troféu Abacaxi era uma brincadeira, assim como o Troféu Tartaruga, mas em país com leis feitas por bandidos, é melhor não brincar com o vagabundo.
Troféu Abacaxi para o Ivaldo e para o juiz que lhe concedeu ganho de causa.
Em tempo : estou pensando em instituir o Troféu Tartaruga em minhas salas de aula, aos alunos de menor desempenho. Pensando bem, melhor que não. Além dos processos de constrangimento a adolescentes, eu também responderia a processos do IBAMA por crime ecológico : não haveria tartarugas suficientes para tantos troféus. 

Eu provocaria a extinção dos tracajás.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Morte Do Tocha Humana

Tenho cá para mim que o fogo é das mais belas manifestações da natureza. O ar, a terra e a água dão suporte à vida, mas não me parecem vivos de per si. O fogo, sim! O fogo berra, esperneia, esbraveja, lança suas labaredas em bravatas, o fogo esporra sua magnitude aos céus.
Devo me confessar um tanto quanto piromaníaco; piromania, hoje, controlada e quase esquecida, mas de grande atividade em minha infãncia. Eu não podia ver um terreno baldio dando sopa, ou galhos e folhas secas de podas de árvores postos na calçada à espera da prefeitura recolhê-los, ou um amontoado qualquer de lixo. Lá ia eu, com minha inseparável caixinha de fósforos Pinheiro ou Guarani, dar-lhes um fim crepitante. Punha fogo e ficava a olhar de longe, o fogo a dançar alegre e a vizinhança a xingar o filho da puta que tinha feito aquilo. Era divertidíssimo. Gostava também de pôr fogo nas garrafas plásticas de água sanitária, aquelas de plástico verde, e sair pingando o plástico derretido e incandescente, criando pequenos focos de fogo pelo caminho; à noite dava um efeito visual fantástico.
Não é de surpreender, portanto, que o Tocha Humana tenha se tornado um dos meus personagens preferidos assim que comecei a ler gibis de super-heróis, por volta dos meus 12 anos.
Segundo o dicionário Marvel, o Tocha Humana tem 1,85m, 90kg, sua força não ultrapassa os limites humanos, sendo a de um atleta bem treinado, e tem a capacidade de controlar a energia térmica do ambiente e envolver seu corpo inteiro, ou partes dele, em plasma ardente, ou seja, ele tem a capacidade de pegar fogo sem se queimar, ainda pode gerar um jato de fogo que, saído de seus pés, permite-lhe voar e atingir velocidades próximas aos 300 km/h. Em situações normais, ele fica envolto por chamas de baixa intensidade (temperaturas próximas aos 400ºC); em situações de emergência, pode gerar chamas de intensidades muito mais altas, 1.000.000ºF.
Com todo esse potencial - e mais a mística do fogo em torno de si -, sempre foi um personagem subaproveitado, sempre foi do segundo escalão da Marvel. Compunha, é verdade, um grupo do primeiro escalão, o Quarteto Fantástico, liderado pelo intelecto de Reed Richards - muito justamente, diga-se de passagem - e amparado pela força bruta do Coisa quando o intelecto de nada resolvia, além, é claro, da gostosura da Mulher Invisível; mesmo dentro do grupo, ele era relegado, visto apenas como um cara meio mimado que gostava de carros velozes e belas mulheres, tratado como um "mascote" do grupo.
O Tocha não teve a sorte de cair nas mãos de um bom argumentista, de um inglês, um Alan Moore, um Neil Gaiman, mesmo um Grant Morrison. Esses teriam dado a ele um outro status, teriam elevado o Tocha a um outro nível, no minímo, ele seria concebido como um elemental do fogo, e não um mauricinho idiota. Mas o Tocha nunca teve essa ventura.
E, agora, leio que ele morreu. Fazia tempo que não o via, que não falava com ele, aposentei-me dos gibis há uns oito anos, mas ainda o considerava um dos meus. Parece que morreu numa batalha qualquer lá deles. A morte do personagem, como é regra no universo das HQs,  pode não ser permanente, uma vez que já ocorreu na história a suposta morte de um personagem que, na verdade, estava em outra dimensão.
De qualquer forma, visto luto : acenderei uma fogueira em honra à sua passagem.
Os outros membros do Quarteto Fantástico comunicam que não haverá velório. O corpo foi cremado. Espontaneamente.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pedagogia Faz Mal Ao Cerébro

Ao longo de minha vida escolar, já decorei tabuada, conjugação de verbos, regras gramaticais, fórmulas de matemática, de química, de física, nomes em latim da biologia, datas históricas, capitais de estados e países, e até os afluentes da margem esquerda do Amazonas. E para quê?, gritam os peidagogos de plantão, esses preguiçosos permisssivos, esses filhos das putas da educação. Onde se vai usar tudo isso, questionam as peidagoguinhas recém-formadas à distância e doidinhas para arrumar marido? 
Para que decorar?, devolvo a pergunta em tom de indignação pela dúvida de quem pergunta. Simples : antes de tudo para saber, para conhecer, para ter informações do mundo, pelo prazer em saber. Saber algo não implica necessariamente em seu uso prático, podemos saber pelo simples prazer do conhecimento. Nunca irei ao Nepal, mas gosto de saber que sua capital é Katmandu; gosto de ir ao mercado e multiplicar de cabeça o preço unitário da cerveja por doze, sem usar calculadora; gosto de comprar uma banal água oxigenada na farmácia e saber o que são os tais 10 volumes; gosto de assistir a um filme e saber "traduzir" sua data de produção, que sempre aparece em algarismos romanos nos créditos finais; saber é prazeroso, é legal. 
Em segundo lugar que decorar é o melhor exercício que há para o cérebro. O cara que pratica futebol, vôlei, basquete, ou qualquer outro esporte, não passa o tempo todo só jogando bola, ele faz inúmeros outros exercícios, que condicionam seu corpo, o deixam apto e com fôlego para a disputa em si. Com o cérebro é a mesma coisa, independente de nossas predisposições e preferências intelectuais, nosso cérebro tem que estar sempre treinado a absorvê-las, tem de estar sempre de prontidão, condicionado. E o melhor exercício para treiná-lo é a boa e velha decoreba.
Decorar, memorizar, dizem os peidagogos, é um ato antipedagógico, arrepia os cabelos do cu deles, decorar é uma afronta ao desenvolvimento cognitivo da criança. Afronta é esse bando de bosta ter um diploma universitário, isso sim. 
Como pedagogia é um curso para vagabundos, como é um curso para quem não tem nenhuma inclinação pelo estudo sério, esses sacripantas se "formam" e querem transformar tudo num grande curso de peidagogia, numa grande merda. E lá vem eles com seu construtivismo, e lá vem eles com os seus "saberes e fazeres", com suas "competências e habilidades", com seus "mapas conceituais", com suas "matrizes de referência", com seus "eixos cognitivos". Ora, enfiem seus eixos cognitivos no cu e rodem. Aliás, enfiem todo o resto em seus cus acadêmicos. Que nada disso serve de nada, fora dar emprego a orientadores, coordenadores de ensino e outros idiotas.
Somos macacos sem rabo, mas ainda - e sempre - macacos. Aprendemos por imitação e repetição. Andar, falar, hábitos de higiene, regras sociais, tudo, enfim. Observação-repetição : é a via de absorção de informações do cérebro. Decorar, memorizar! O resto é balela, é encheção de linguiça. Fui educado assim e repito isso, incessante e inutilmente, desde que comecei na carreira docente : o que funciona é a bunda na cadeira e os olhos nos livros, por horas e horas, o resto é enganação.
Agora, uma pesquisa da Universidade de Purdue, Indiana, USA, e descrita na última edição da revista Science, demonstra que decorar conteúdos é o melhor método de aprendizagem. A decoreba foi confrontada com o construtivismo e obteve resultados 50% maiores na fixação de conceitos, ou seja, a decoreba nocauteou o merda do construtivismo, nocaute daqueles bonitos de se ver, aquele que pega a ponta do queixo do sujeito e o derruba feito em gelatina, nocaute inquestionável. 
Abaixo a reportagem completa, extraída do jornal "O Estado de São Paulo", de 24/01/2011

Memorização é o melhor processo de aprendizagem, diz pesquisa   
Talvez todos os seus professores estejam errados. Segundo uma recente pesquisa da Universidade de Purdue, descrita na última edição da revista Science, decorar conteúdos parece ser o melhor método de aprendizagem.  
Os pesquisadores comprovaram que a memorização deve fazer parte do processo de aprendizagem, ao contrário das práticas da pedagogia moderna. Atualmente, baseados em conceitos trazidos grande parte pelo construtivismo, os educadores incentivam os alunos a construírem o conhecimento através de rotinas elaboradas de estudo voltadas à melhoria da codificação da informação na memória.
Os métodos modernos incentivam os chamados "mapas conceituais", nos quais os alunos constroem diagramas ligando conceitos e construindo ligações entre ideias. Já pelo método da memorização, o estudante, depois de ler todo o material, deixa de lado o texto e tenta ver o que consegue lembrar (muitas vezes repetindo os conceitos até memorizá-los ou usando técnicas como a fixação mnemônica).
Os pesquisadores testaram ambos os métodos pedindo para que um grupo de 200 alunos estudasse matérias de diferentes ciências metade usando o método da memorização e a outra metade usando o método do mapa conceitual.
Depois de um período inicial de estudo, os dois grupos lembravam a mesma quantidade de informação. Mas quando os estudantes voltaram ao laboratório para uma avaliação de longo prazo, o grupo que usou a memorização apresentou uma melhor retenção de 50% em relação ao grupo dos mapas conceituais.
 Para os pesquisadores, os dados comprovam que, embora não haja nada de errado com as técnicas elaboradas de aprendizado, é importante considerar abrir espaço para a prática da memorização. Segundo a equipe, o desafio agora é encontrar maneiras mais eficientes e viáveis para a retenção de informações.

Vai Uma Aranha, Aí ?

Sabem aquelas carapaças, aquelas "casquinhas" brancas e transparentes, com um talho nas costas, que as cigarras abandonam presas aos troncos das árvores, quando emergem para sua forma adulta e alada? Então, quando eu era criança e andava livre e destemido pelos matos - quando não havia o que temer nos matos -, eu muito apreciava comer aqueles invólucros descartados pelas cigarras, eram crocantes,  com um gosto próximo ao desses salgadinhos de bacon, ou o que se convencionou chamar, hoje, de sabor de bacon.
Minha mãe nunca soube, pois me renderia umas boas bordoadas e uma ida ao médico; nem meus poucos amigos nunca souberam : eu não precisava de mais esse aditivo à minha fama de esquisito. Portanto, saboreava-as às escondidas.
E não é que meu instinto de bicho, mais uma vez, se mostrou correto?
O insectólogo holandês Arnold Van Huis propõe ao mundo ocidental que adira a uma prática comum em algumas culturas, comer insetos como fonte alternativa e sustentável de proteínas. A carne dos insetos pode variar de 30% a 70% em valor proteico, ela também é rica em ácidos graxos essenciais e vitaminas, especialmente as do complexo B. Mais de mil espécies de insetos, segundo ele, são comidas nos países tropicais, entre elas, larvas de borboleta, gafanhotos, besouros, formigas, abelhas, cupins e vespas. Quem nunca ouviu falar da tanajura brasileira, cuja bunda é iguaria disputada em muitos lugares?
Isso da tanajura vem me lembrar de uma música do Juca Chaves, a marcha da Tanajura, classificada por ele como uma marcha estética-filosófica-carnavalesca : "a beleza da mulher não tá na cara, tá na jura, tá na jura que fizer, a beleza da mulher está em outra parte qualquer, tanajura, tá na jura que fizer. A beleza da mulher, joia tão rara, coisa pura e sem mistura, lá, lá, lá, lá, lá, lá, e se a beleza da mulher não tá na cara, tá na cara que tananjura."
Voltando, os insetos são mais eficientes em converter o que comem em massa corporal. Para cada quilo de carne de grilo, por exemplo, o bichinho come 1,7 kg de capim, o frango, 2,2kg, o porco, 3,6kg, e a vaca, 7,7 kg.
Eu apoio essa dieta. Uma saúva bem torradinha e salgada, um gafanhoto bem tostadinho, umas joaninhas assadas, ficariam muito bem com uma cerveja gelada, ou "harmonizariam" muito bem com uma cerveja, que agora "harmozinar" virou moda, mais uma viadagem. Uma caranguejeira peluda também combinaria muito bem com cerveja, mas essa sempre combinou.
Fonte : BBC Brasil

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Egon Schiele


Gosto - e me excitam - as obras de Egon Schiele.
Aprecio a imperfeição de seus retratados,
A quase-deformidade física
Revelando quase-igual deformidade moral ou vice-versa.Suas formas cheias de arestas,
Nada suaves,
Como não é suave a natureza de qualquer bicho.
A magreza perfurante de seus homens,
As gorduras sobressalentes e uterinas de suas mulheres.Aprecio a falta de poesia
- eu que não consigo dela me desvencilhar -,
A crueza, a urgência da carne.A bestialidade.
Somos vítimas de uma mente "evoluída" aprisionada em um corpo neanderthal.Queria trepar numa caverna fedendo a mofo e à jaula,Com um olho no pau e o outro no gato :O pau a entrar e sair de uma buceta simiesca, peludíssima,O gato, o tigre de dentes-de-sabre a espreitar,
Prontinho para estraçalhar minhas pregas.

Berlusconi, Esse Injustiçado

Berlusconi é macho. Macho e solteiro. Macho, solteiro e com dinheiro que a maioria de nós não consegue nem imaginar. Ora, o que faz um macho, solteiro e endinheirado? Corre atrás de buceta!!! Olha para uma buceta e diz, 'quero aquela'!!! Abuso de poder porra nenhuma. De mais a mais, do que adianta o poder se não pudermos nos beneficiar pessoalmente dele? Poderoso e bonzinho, só mesmo o Super-Homem, o Clark Kent, detalhe : ele não existe. Macho com poder, usa desse poder pra comer buceta, quantas ele conseguir, quantas o pau aguentar, e quando o pau não mais aguentar, viagra nele.
Querem derrubar Belusconi por conta de umas bucetas de umas putas. Acusam-no de prostituir moças. Quer dizer, então, que todas essas putas, que andam a aparecer agora, eram mocinhas virgens e impolutas antes de darem pro Berlusconi? Ele as tirou do seio de suas famílias católicas apostólicas romanas e as pôs em perdição? Ou as raptou de algum convento e as violou? Era tudo puta "véia". Mesmo a tal Ruby, com supostos 17 anos de idade, já viu mais pinto que dono de granja, tem mais hora de cama que urubu de voo. E daí se Berlusconi as tiver pago para soltarem as buças? Desde que não tenha sido com dinheiro público, não vejo o motivo do escândalo, se pagou com dinheiro dele, tá tudo certo.
Será que a Itália não tem problemas maiores a serem resolvidos que ficar fiscalizando o pau do Berlusconi? 
O jornaleco "Corriere della Sera" publicou pesquisa em que 49% dos italianos querem que Berlusconi deixe o cargo, 45% querem que ele permaneça. E 100% dos machos italianos morrem de inveja do premiê. Eu também.
Até o filho da puta do Papa Bento XVI, veladamente, criticou a atitude do premiê. Logo quem. O Papa é o chefe da maior rede mundial de pedofilia e vem criticar o Berlusconi. A questão é que Berlusconi é imbatível politicamente; então, querem se aproveitar dessas besteiras para derrubá-lo.
"Eu não fujo, não renuncio", disse o premiê, que afirma nunca ter pago por sexo. E quem vai provar que ele pagou? Por acaso, puta passa recibo? Declara o michê no imposto de renda? Berlusconi não paga por sexo, não precisa. Se paga por algo com essas moças, não é pelo sexo. E cito Jack Nicholson, notório putanheiro; ao ser perguntado da razão de sair com prostitutas, disse ele : "não pago pelo sexo, pago para ter a certeza de que elas irão embora no dia seguinte." Perfeito, o Jack Nicholson. Iluminado! Deve ser o mesmo caso o do Berlusconi.
Voto pela permanência de Berlusconi, e registro aqui algumas de suas imortais palavras : "é melhor gostar de belas mulheres que ser gay".
Longa vida a Berlusconi.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Assim Eu Acabo Me Convertendo

Essa só podia ter acontecido aqui, em Ribeirão Preto.O padre Francisco Moussa, da catedral da cidade, promoveu insólita rifa, um fusca branco 1980, lotado de cerveja Skol. A "ação entre amigos" visou arrecadar fundos para a construção do centro social da catedral. A rifa foi vendida a R$ 2,00 o número e o anúncio estava afixado num banner na entrada principal da igreja.
Algumas fiéis, aquelas beatas tocadoras de apito de chamar anjo, foram ouvidas e relataram sua indignação : "Estou sem palavras. A igreja prega que a gente não pode abusar do álcool, que não pode apelar a jogos de azar, mas está fazendo tudo isso", disse a funcionária pública Alzira Gonçalves, 50.Bom, a igreja pregar contra o uso do álcool, eu não sei, mas Cristo, segundo dizem, transformou água em que mesmo? Em suco de acerola, por acaso? Em chá verde ou de carqueja? Foi em vinho, caralho.
É rara a existência de padres verdadeiramente progressistas na igreja católica, aparece um e o povo malha. Um outro padre, Jerônimo Gasques, também reprovou a ideia, segundo esse intrometido existem maneiras mais "éticas" de captar recursos para a igreja, além de não ser evangelicamente sadio(?). Só para constar, esse padre é autor de diversos livros, "Dízimo e Captação de Recursos", entre eles. O cara escreve livros sobre maneiras de esfolar o fiel e vem encher o saco do padre cervejeiro.
Não consegui essa informação, mas acredito que não tenha sobrado sequer um número da rifa. O sorteio foi agora, às 20 horas. O feliz ganhador poderá reciclar as latas e doar o arrecadado à igreja. E reciclar o fusca também.
Ninguém é incorruptível. Eu, muito menos. Acontece que até hoje ninguém se interessou em me corromper, ou ofereceu preço que eu considerasse justo, mas agora começo a ficar com medo, esse padre está se aproximando bastante dele. Vou acabar me convertendo.
Um fusca cheio de cerveja...assim não há que cristão que resista. E nem não-cristão.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Falando Em País De Merda, O Bolsa-Família

O Ministério do Desenvolvimento Social encomendou um perfil do beneficiário do Bolsa-Família ao Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).  Nem precisava ter gasto tempo e dinheiro na pesquisa, bastaria perguntar aos trabalhadores da classe média, cujas contribuições sustentam essa tropa de indolentes, e eles diriam, como digo agora, se tratarem de um verdadeira legião de vagabundos, um poderoso exército de encostados convocados a cada quatro anos para reconduzir o PT ao poder, levar a vermelhada ao Planalto Central.
A pesquisa foi realizada, dados foram coletados e analisados. O resultado divulgado pelos matemáticos e estatísticos do Ipea é coincidente com o que acabei de dizer, revelou uma cambada vivendo às custas do honesto. Quem trabalha, dados os descontos em seu salário, não pode muitas vezes proporcionar uma melhor escola ou assistência médica aos seus próprios filhos. E para quê? Para pôr farinha e jabá na boca dos filhos dos outros, para nutrir esse exército de vagabundos, que, sem nada para fazer, fazem a única coisa que sabem bem, procriar, procriar e procriar. Claro que os pesquisadores do Ipea disseram isso com outras palavras, ou melhor, disseram-no em números, que números, impessoais que são, não ofendem a ninguém.
Ei-los : entre os beneficiários do Bolsa-Família, 75,2% não têm cobertura da Previdência Social, ou seja, não contribuem com nada, apenas mamam nas tetas dos outros, não trabalham, ou, se trabalham, fazem bicos, pequenos biscates, apenas para complementar sua renda principal, o Bolsa-Família; quando arrumam um emprego, 52% deles é demitido no período de um ano e 30%, no período de seis meses, e menos de 25% arrumam outro emprego nos quatro anos seguintes.
Alexandre Leichsenring, doutor em estatística e consultor do Ministério do Desenvolvimento Social, acredita saber a razão do fenômeno, com base em seus dados estatísticos : "A impressão que me dá é que as condições sociais piores dos beneficiários são a causa das dificuldades maiores de participação no mercado", diz. O que o doutor está querendo dizer é que a falta de capacitação profissional do sujeito dificulta a entrada dele no mercado de trabalho. Uma pinoia (agora sem acento)! Dificulta, é claro, a entrada dele no nicho de altos cargos, cargos de liderança, bem remunerados, mas tá cheio de emprego braçal por aí. Com toda a consideração que eu já tive pelas pesquisas científicas, o que esses acadêmicos precisam é sair um pouco de seus laboratórios e sentir um pouco o cheiro do povo, o cheiro da preguiça, o futum do cristianismo católico e evangélico que o convence de que a pobreza é nobre, é louvável.
Óbvio que ele não vai trabalhar : o cara não tem capacitação profissional, qualquer emprego lhe pagará o que ele vale, o que é muito pouco, o Bolsa-Família, via de regra, melhor o remunera para ficar parado que um emprego para ele trabalhar. Alguém tem dúvida de qual será a escolha do sujeito?
Quase dois entre cinco brasileiros estão alistados hoje como beneficiários do Bolsa-Família e as regras do programa não estabelecem um tempo máximo para o recebimento do benefício.
O PT foi eleito novamente, mais quatro anos e, no mínimo, mais outros quatro depois, ou Dilma se reelege ou Lula volta à cena. Mais oito anos, pelo menos, de férias para os "parentes" de Lula, para as regiões Norte e Nordeste, férias pagas pelo Sul e Sudeste. Tudo regado a jerimum, jabá, farinha e cachaça.
No Brasil, quem tem um olho não é rei porra nenhuma. Aqui quem tem um olho carrega o ceguinho safado nas costas. Quando devíamos era enfiar-lhes as respectivas bengalas em vossos respectivos cus.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Virei Fã da Gal

Gosto da Gal Costa de "Objeto Não-Identificado", "Baby", "Divino Maravilhoso", "Pérola Negra", "Vapor Barato", "Volta" e "Vaca Profana"; não gosto da Gal de "Balancê", "Chuva de Prata" e "Festa do Interior". 
De qualquer forma, Gal Costa nunca foi minha baiana predileta. Sou muito mais a Maria Bethânia, pela voz impecável, pela dramaticidade, pela teatralidade, pela discrição e postura incorrigíveis; gosto também da baianinha Pitty, pelos motivos óbvios.
Mas agora acabei de virar fãzão da Gal Costa . Li que, no abjeto Twitter, ela, reclamando da ineficiência de um técnico de ar-condicionado, escreveu : "Como na Bahia as pessoas são preguiçosas! Técnico do ar-condicionado não pode terminar o trabalho por que está com dor de cabeça. Essa é a Bahia!" 
Alguns seguidores de seu twitter a criticaram por racismo, ela foi veemente em dizer que não era racismo porra nenhuma, era a mais pura realidade e arrematou o assunto dizendo : "sou baiana e falo porque posso".
Tá certíssima, a Gal. Baiano é foda. 
Já estou colocando um CD dela aqui no computador, o FA-TAL.
("Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim")

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Escocês Já Não É Mais o Mesmo

Três garrafas de whisky da marca Mackinlay, escocesa, foram encontradas na Antártida, embaixo de uma cabana utilizada pelo explorador inglês Ernest Sackleton em suas expedições de 1907. Sabendo da preferência do explorador por whiskys de 10 anos, a data de fabricação desses verdadeiros fósseis foi estimada entre 1896 e 1897. Mesmo em temperaturas de trinta graus Celsius negativos, o precioso néctar se manteve no estado líquido. Esse é mesmo dos bons. Dos legítimos.
Puta que o pariu!!! Isso, sim, é um verdadeiro achado arqueológico. E não pontas de flechas, panelas de barro, mocassins de couro de mastodonte ou preguiça-gigante, ou pinturas rupestres. Isso, sim, é um respeitável registro da passagem do ser humano pelo planeta.
As garrafas foram repatriadas à Escócia, endereçadas ao atual proprietário da Mackinlay, para análise. Análise? Analisar o quê? Como se analisa um Whisky? Bebendo, lógico. O dono da destilaria devia chegar em seu castelo mal-assombrado, acender o lareirão, vestir aquele roupão pesado, botar os chinelões, afundar-se em uma confortável poltrona e ir "analisando" as garrafas. Uma a uma, gole a gole. Não é assim? Parece que não. E é aí que a coisa começa a me desagradar.
Sempre tive o escocês na mais alta conta no quesito macheza, apesar do kilt. Um povo brigador, guerreiro, calejado e moldado pelo frio inclemente e por um terreno montanhoso, pedregoso, onde os fracos não têm vez. Para mim, o escocês era aquela mistura do Mel Gibson com o Highlander. Parece, no entanto, que o atual e progressivo embichamento planetário também anda a afetar esse valoroso povo.
O whisky será analisado em laboratório por seis semanas, será cheirado, submetido a espectrofotômetros, a densímetros, a pHmêtros, o caralho a quatro. Depois da análise, o whisky será enviado de volta à Antártida. Seis semanas analisando três garrafas de whisky com mais de 100 anos e ainda sobrará o que mandar de volta? Que merda de escoceses são esses?
Tenho cá uma sugestão, em vez de gastar um dinheirão com esses cientistas embichados, mande as garrafas aqui para o Marreta. Tratá-las-ei muito melhor que eles, analisá-las-ei muito mais cientificamente, bebendo-as. E sem nenhum custo, de graça. Convocarei, para segunda e abalizada opinião acadêmica, o meu amigo e filósofo Fernandão. Seremos, inclusive, muitos mais eficientes na entrega dos resultados. Não levaremos excessivas seis semanas no procedimento, duas madrugadas nos serão suficientes. Eu tomarei puro, desconfio que o Fernandão queira degustá-lo com pedrinhas de gelo de água de coco, mesmo esse meu amigo vem sendo afetado por umas frescuras. O paladar será nosso único equipamento e método de análise, mas repetiremos o experimento milhares de vezes, ou enquanto durarem as garrafas.
Só não vai sobrar material para mandar de volta à Antártida. Também para quê? Pra pinguim beber? Ora, vão à merda!!!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Receita Para Um Pais de Merda

Há tempos não lia um livro com o grau de contundência de "A Virgem dos Sicários", de Fernando Vallejo. Alguns trechos conseguiram me incomodar, causaram certo desconforto, aquele bom desconforto cada vez mais raro, de coisa nova nos chegando às vistas, ofuscando num primeiro momento e deixando tudo mais claro depois. Um assassino do politicamente correto, esse Fernando Vallejo, na pele do protagonista, também um Fernando. Não vou copiar aqui a orelha do livro, quem quiser que o leia, transcreverei um trecho, que nem foi dos que me incomodaram, um trecho onde ele dá a receita da população pobre de Medelín (Colômbia), onde ele remonta a origem do povão, com uma ironia finíssima, ri às pampas nessas poucas linhas :

"De sangue ruim, de raça ruim, de má índole, de maus princípios, não há mistura pior que a do espanhol com o índio e o negro : produzem os salta-atrás, ou seja, macacos, símios, monos, micos com rabo para que eles voltem a subir na árvore. Mas não, aqui continuam andando sobre duas patas, pelas ruas, apinhando o centro. Espanhóis tapados, índios ladinos, negros agoureiros : junte-os no crisol da cópula para ver a explosão que produzem, com a benção do Papa e tudo. São uma gentinha trapaceira, aproveitadora, preguiçosa, invejosa, mentirosa, asquerosa, traiçoeira e ladrona, assassina e piromaníaca. Essa é a obra da Espanha, a promíscua, isso é o que ela nos deixou quando se foi com o ouro. E uma alma clerical e burocrática, de barnabé, fanática pelo incenso e pelo papel timbrado. Rebelados, independentizados, traidores do rei, todos esses malnascidos resolveram depois querer ser presidente. A vontade de sentar no trono de Bolívar para mandar, para roubar, queima o traseiro deles." 

E o livro é todo assim, segue marretando sem descanso. Como é bom saber que ainda existem os que bem escrevem, e têm coragem para tal. A receita acima, o mapa para o fracasso de um país, não lhes é familiar? 
Fernando Vallejo, mais um autor que eu desconhecia, um raro que juntará a outros raros em meu panteão.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

BUÁÁÁ !!!

O choro do menino recém-nascido
Lhe é a sua falta de palavras;
O choro é a Palavra dele,
É o Fazer-se.
O choro do homem adulto
É a constatação de que as palavras de nada mais lhe adiantam;
O choro é a renúncia dele ao Verbo,
Ao Fez-se.

...A Chorar Nos Braços Meus

Acabei de baixar um disquinho do blog umquetenha.org, disquinho das antigas, Dick Farney e Claudette Soares (1976), baixei-o sem esperar muita coisa, e, para minha surpresa, ele conta com "Apelo", de Vinícius de Moraes e Baden Powell, entre suas faixas. Essa música é um clássico, uma porrada.

APELO

(Composição: Vinícius de Moraes e Baden Powell)
 
Ah, meu amor não vás embora
Vê a vida como chora, vê que triste esta canção
Não, eu te peço, não te ausentes
Pois a dor que agora sentes, só se esquece no perdão
Ah, minha amada me perdoa
Pois embora ainda te doa a tristeza que causei
Eu te suplico não destruas tantas coisas que são tuas
Por um mal que eu já paguei
Ah, minha amada, se soubesses
Da tristeza que há nas preces
Que a chorar te faço eu
Se tu soubesses num momento todo arrependimento
Como tudo entristeceu
Se tu soubesses como é triste
Perceber que tu partiste
Sem sequer dizer adeus
Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus
(falado por Vinícius de Moraes)
De repente do riso fez-se o pranto,
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento,
Que dos olhos desfez a última chama,
E da paixão fez-se o pressentimento,
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente não mais que de repente,
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo, o distante,
Fez-se da vida uma aventura errante,
De repente não mais que de repente.
(novamente no ritmo da música)
Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus.
Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus.

Não É Carnaval, Mas É Madrugada (3)

Retalhos De Cetim
(Benito de Paula)

Ensaiei meu samba o ano inteiro
Comprei surdo e tamborim
Gastei tudo em fantasia
Era só o que eu queria
E ela jurou desfilar pra mim.

Minha escola estava tão bonita
Era tudo o que eu queria ver
Em retalhos de cetim
Eu dormi o ano inteiro
E ela jurou desfilar pra mim.
Mas chegou o Carnaval
E ela não desfilou
E eu chorei, na avenida eu chorei
Não pensei que mentia
E cabrocha que eu tanto amei.

Mas chegou o Carnaval
E ela não desfilou
E eu chorei, na avenida eu chorei
Não pensei que mentia 
A cabrocha que eu tanto amei.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ferreira Gullar

Realmente fica muito fácil governar um país quando seu antecessor deixou a casa em ordem, basta manter. Claro que a manutenção também requer certa habilidade, mas bem menor que a de quem organizou pela primeira vez, habilidade bem menor que aquela da qual Lula ficou se jactando por 8 anos, ele, mais sua equipe que ele, apenas e tão-somente manteve a casa arrumada, do jeito que a encontrou. Fosse Lula ter que arrumá-la e estaríamos na merda. Um governo com tudo pronto, eu também quero para mim. 
Lula é bem parecido mesmo com os que lhe são simpatizantes, os sem-terra, por exemplo. O Lula fez com o governo FHC o mesmo que os sem-terra fazem com as terras que reivindicam. A corja do MST quer terra na beira da estrada asfaltada, já com energia elétrica, água encanada, todas as benfeitorias instaladas, campos arados, semeados de preferência. Terra assim, eu também quero. Agora, vê se um MST quer uma gleba lá nos cafundós do Acre? Quer é o caralho que quer. Ele não quer ter trabalho, corrigir solo, arrancar toco, desmatar, não quer pôr a casa em ordem. Tenho certeza de que quando um sem-terra invasor recebe outro de sua laia, diz com orgulho : tá vendo tudo isso?, é graças ao meu trabalho. O caralho que é.
O Lula foi o sem-terra do Fernando Henrique. Abaixo, texto primoroso de Ferreira Gullar sobre isso, publicado na Folha de São Paulo, Caderno Ilustrada, hoje. Os destaques em outra cor são por minha conta.

Ferreira Gullar - Quando Dois e Dois São Quatro
Talvez seja esta a última vez que escreva sobre o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil. Com alívio o vi terminar o seu mandato, pois não terei mais que aturá-lo a esbravejar, dia e noite, na televisão, nem que ouvir coisas como esta: "Ele é tão inteligente que fala todas as línguas sem ter aprendido nenhuma". Pois é, pena que não fale tão bem português quanto fala russo.
É verdade que tivemos, ainda, que aturá-lo nos três últimos dias do mandato, quando "inaugurou" obras inexistentes e fez tudo para ofuscar a presidente que chegava.
Depois de passar a faixa, foi para um comício em São Bernardo, onde, até as 23h, continuava berrando no palanque, do qual nunca saíra desde 2002.
Aproveitou as últimas chances para exibir toda a sua pobreza intelectual, dizendo-se feliz por deixar o governo no momento em que os Estados Unidos, a Europa e o Japão estão em crise.
Alguém precisa alertá-lo para o fato de que a crise, naqueles países, atinge, sobretudo, os trabalhadores. Destituído de senso crítico, atribui a si mesmo ("um torneiro mecânico") o mérito de ter evitado que a crise atingisse o Brasil. Sabe que é mentira mas o diz porque confia no que a maioria da população, desinformada, acreditará.
Isso dá para entender, mas e aqueles que, sem viverem do Bolsa Família nem do empréstimo consignado, veem nele um estadista exemplar, que mudou o Brasil? É incontestável que, durante o seu governo, a economia se expandiu e muita gente pobre melhorou de vida. Mas foi apenas porque ele o quis, ou também porque as condições econômicas o permitiram?
Vamos aos fatos: até a criação do Plano Real, a economia brasileira sofria de inflação crônica, que consumia os salários. Qual foi a atitude de Lula ante o Plano Real? Combateu-o ferozmente, afirmando que se tratava de uma medida eleitoreira para durar três meses.
À outra medida, que veio consolidar o equilíbrio de nossa economia, a Lei de Responsabilidade Fiscal, Lula e seu partido se opuseram radicalmente, a ponto de entrarem com uma ação no Supremo para revogá-la. Do mesmo modo, Lula se opôs à política de juros do Banco Central e ao superávit primário, providências que complementaram o combate à inflação e garantiram o equilíbrio econômico. Essas medidas, sim, mudaram o Brasil, preservando o valor do salário e conquistando a confiança internacional.
Lembro-me do tempo em que o preço do pão e do leite subia de três em três dias. Quem tinha grana, aplicava-a no overnight e enriquecia; quem vivia de salário comia menos a cada semana.
Se dependesse de Lula e seu partido, nenhuma daquelas medidas teria sido aplicada, e o Brasil -que ele viria a presidir- seria o da inflação galopante e do desequilíbrio financeiro. Teria, então, achado fácil governar?
Após três tentativas frustradas de eleger-se presidente, abandonou o discurso radical e virou Lulinha paz e amor. Ao deixar o governo, com mais de 80% de aprovação, afirmou que "é fácil governar o Brasil, basta fazer o óbvio". Claro, quem encontra a comida pronta e a mesa posta, é só sentar-se e comer o almoço que os outros prepararam.
A verdade é que Lula não introduziu nenhuma reforma na estrutura econômica e social do país, mas teve o bom senso de dar prosseguimento ao que os governos anteriores implantaram. A melhoria da sociedade é um processo longo, nenhum governo faz tudo. Inteligente, mas avesso aos estudos, valeu-se de sua sagacidade, já que é impossível conhecer a fundo os problemas de um país sem ler um livro; quem os conhece apenas por ouvir dizer não pode governar.
Por isso acho que quem governou foi sua equipe técnica, não ele, que raramente parava em Brasília. Atuou como líder político, não como governante, e, se Dilma fizer certas mudanças, pouco lhe importará, pois nem sabe ao certo do que se trata. Para fugir a perguntas embaraçosas, jamais deu uma entrevista coletiva. Afinal, ninguém, honestamente, acredita que com programas assistencialistas e aumento do salário mínimo se muda o Brasil.
O tempo se encarregará de pôr as coisas em seu devido lugar. O presidente Emílio Garrastazu Médici também obteve, em 1974, 82% de aprovação.

Pequeno Conto Noturno (19)

- Só acredito em Deus numa única situação - começa Rubens e interrompe em seguida, para mais um gole de whisky, e prossegue -, em um único momento sinto a presença Dele, é quando meu pau tá duro, duraço, latejando, roxo de quase estourar, só reconheço o semblante de Deus na cabeça inchada do meu pau. E até isso vem acontecendo cada vez com menor frequência - e emborca o resto do whisky, mais gelo que whisky.
Ante o exposto, Brígida suspira - um suspiro de toalha jogada ao ringue - e desiste de argumentar. Desiste mesmo de começar o boquete que tinha em mente e colocar Rubens a postos para o segundo round. Puxa o lençol até a cintura, vira para a parede, dá as costas a Rubens e procurará dormir.
Rubens não a demove, não tenta dissuadi-la.
Sai da cama, pega o quarto de garrafa restante de cima do criado e sai para a pequena sacada dos fundos, sai para a madrugada abafada, sem sereno ou relento.
Sozinho. Sabe que ficará melhor sozinho hoje. A olhar para a cidade, para o firmamento, para tudo o que seus olhos conseguem captar. Sozinho mesmo. Não há a presença de Deus em nada do que vê, Rubens não O sente ou pressente em lugar algum.
Nem na cabeça do seu pau, essa noite.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Laerte, Genial !

Perfeito !

Marretando Mais Um Mito

Já faz muito tempo que digo que cerveja não engorda, o que engorda são os acompanhamentos, torresmo, linguiça, batata frita e frituras em geral. Além disso, basta fazer pequenas caminhadas para acabar de eliminar o que não saiu no mijo. A cerveja tem os mesmos nutrientes da cevada da qual é oriunda, ácido fólico, vitaminas, ferro e cálcio. O verdadeiro bebedor de cerveja come pouco, a bebida já o supre, quem gosta de comer muito tomando cerveja é o gordo. Sempre falei tudo isso, e crédito nunca me foi dado pela choldra ignóbil, pela plebe ignara e invejosa de minha esbelta forma física. Para vocês, a reportagem publicada no Estadão em 12/01/2011. É outro mito que se vai. Não é bem melhor viver sem eles? Vou até tomar umas a mais hoje.

'Barriga de chope é mito', segundo estudo médico espanhol
Um estudo do Colégio Oficial de Médicos de Astúrias revela que "a barriga de chope é um mito", pois um consumo moderado da bebida, de até meio litro diário, associado a uma dieta como a mediterrânea, não engorda e reduz o risco de diabetes e hipertensão.
Epitacio Pessoa/AE
Estudo mostra que consumo moderado da bebida não engorda e reduz o risco de diabetes e hipertensão
O modelo de homens e mulheres com barriga grande é próprio da cultura anglo-saxã, onde se ingere grandes quantidades de cerveja e comida rica em gorduras saturadas com quase nenhuma atividade física, asseguraram nesta quarta-feira, 12, os autores do estudo.
O padrão alimentar dos consumidores moderados de cerveja na Espanha é mais próximo ao da dieta mediterrânea, segundo o trabalho elaborado por Hospital Clínic, Universidade de Barcelona e Instituto de Saúde Carlos III, que foi apresentado nesta quarta-feira no Colégio Oficial de Médicos de Astúrias.
Os médicos Ramón Estruch, do Serviço de Medicina Interna do Hospital Clínic, e Rosa Lamuela, do departamento de bromatologia e Nutrição da Universidade de Barcelona, asseguraram que o estudo demonstra que a cerveja bebida com moderação não provoca aumento da massa corporal nem acúmulo de gordura na cintura.
O teste, realizado em 1.249 participantes, homens e mulheres com mais de 57 anos, que pela idade têm um maior risco cardiovascular, confirmou que a cerveja é saudável, segundo os autores.
As pessoas que participaram do estudo se alimentando com uma dieta mediterrânea acompanhada de cerveja em quantidades entre um quarto e meio litro por dia, "não só não engordaram, mas, em alguns casos, perderam peso", indicaram os cientistas.
A dose recomendada pelos médicos é de dois copos diários para as mulheres e de três para os homens, com comidas equilibradas e sempre que as pessoas tiverem uma vida normal, praticando algum exercício.
A cerveja é uma bebida fermentada, que recebe as propriedades alimentares dos cereais com que é produzida, assim como o vinho da uva, ou a cidra da maçã, explicou a doutora Rosa.
A bebida fornece uma quantidade de ácido fólico, vitaminas, ferro e cálcio maior que outras, e provoca um efeito "protetor" sobre o sistema cardiovascular.
As pessoas que bebem quantidades "normais" de cerveja apresentam uma menor incidência de diabetes mellitus e hipertensão, e um índice de massa corporal inferior.
Além disso, estas pessoas "manifestaram consumir uma maior quantidade de verduras, legumes, pescado, cereais e azeite de oliva, e realizar uma maior atividade física", indicou Estruch

Não Esperem Por Noé

Onde está vosso Deus,
Que não segura as encostas,
Que não detém os deslizamentos,
Que não impede o sufocamento de crianças na lama?
Onde está vosso Deus,
Que não vos manda Noé redivivo a bordo de um transatlântico,
Que não vos dá um cruzeiro de luxo
Com direito a Roberto Carlos a embalar os casais escolhidos?
Onde está vosso Deus,
Que não vos muda dessa favela chamada Terra
Para planetas mais urbanizados 
E com tecnologia antienchente, antiterremoto e antifuracão?
Onde está vosso Deus,
Que não vos envia arcas interplanetárias,
Enterprises timoneadas pelo Capitão Kirk e pelo Sr. Spock
(casalzinho que nunca me enganou)
A recolher as novas e esdrúxulas modalidades de casais?
Ora, não sejamos por demais severo com vosso Deus,
Não exijamos tanto dele.
Crianças continuarão a asfixiar na lama,
Novos Noés não chegarão,
Se muito, a Defesa Civil.
Vosso Deus está por demais atarefado,
Deem um desconto a Ele,
Acham que é fácil gerar um dilúvio e jogá-lo sobre vossas cabeças?
Agradeçam a Deus, rezem alto a Deus - menino que se diverte a mijar em formigueiros.
E admitamos : vocês bem que gostam.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Mulheres No Cio Gostam De Homens Com Cara De Homem

Mais uma "grande" descoberta da ciência. Steven Gangestad e Randy Thornhill, da Universidade do Novo México, e Christine Garver-Apgar, do Instituto de Genética do Comportamento da Universidade do Colorado, com certeza há muito tempo sem pegar mulher, resolveram "descobrir" o que atrai as mulheres num homem.
Descobriram o que qualquer um, que não viva enfurnado em laboratórios, o que qualquer um que se embebeda e sai à noite, à caça, já sabe há muito tempo : mulher gosta de homem com cara de macho, com jeito de bicho. Algumas, mais modernosas e ditas independentes, até afirmam publicamente a sua predileção pelo tal homem sensível, o cara que chore com elas numa comédia romântica, que as acompanhem a vernissages e faça comentários inteligentes para orgulhá-la frente a seus amigos intelectuais (leia-se gays) de óculos de aros grossos e retangulares, que verse, converse e tergiverse sobre o prato francês que melhor harmonize com aquele vinho chileno etc etc. Tudo encenação, tudo farsa. Tudo balela. Mulher de verdade gosta de macho de verdade.
A pesquisa mostrou que mulheres, sobretudo no período fértil, mostram-se atraídas por exemplares masculinos de feições quase neandertais, queixo quadrado e acentuado, mandíbula forte, olhos estreitos e sobrancelhas grossas e bem definidas. Ainda segundo os pesquisadores, as mulheres no período fértil sentem-se atraídas pelo George Clooney. É só você ter a cara do George Clooney e o resto fica fácil. E fica mesmo.
Para total desespero dos pesquisadores, outro dado coletado mostra que a inteligência masculina não tem influência alguma sobre as mulheres em seu período fértil. Óbvio, de novo. Mulher no cio quer pinto, pau, piroca, rola, trabuco, pistola, tarugo. Fazer o que com um cérebro? 
Garver-Apgar diz que a falta de um tesão semelhante pela inteligência masculina é desconcertante. Entendo o desconforto desses cientistas. Cientista, em geral, é aquele cara pouco agraciado fisicamente, pele tangendo o translúcido, queixo à la Noel Rosa, quase imberbes, míopes de microscópio, e que tem em sua inteligência a última - e ilusória - esperança de se dar bem com alguma gostosa.
Tentarei confortá-los, caros cientistas, de quem já fui simpatizante: no período de cio da mulher, desistam, não há como para vocês. Depois ou antes dele, contudo, vocês têm um tempo para pôr em prática a vossa tão propagandeada inteligência. Bolem cantadas, arapucas e ardis para ir enredando a mulherada, vão comendo pelas beiradas, vão aplainando o terreno, vão cevando a pesca, que nos períodos de calmaria, a inteligência é fator atrativo para as mulheres.
Mapa da mulher : período fértil, homem com cara de homem; períodos outros, inteligência.
Por sorte, eu tenho as duas coisas.

A Maldição De São João Batista

Gasolina batizada,
Whisky batizado,
Pessoas batizadas.
Batizou, perde a integridade,
Batizou, perde o caráter, descaracteriza.
Batizou : pode verter ralo abaixo,
Que já é argila seca,
Irrecuperável,
Malcozida e malmoldada.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Profissão : Dublê De Baiano

Para que não me venham com mais aleivosias e acusem meu blog de propensão exclusiva ao escárnio e ao maldizer, o Marreta desarma tal falácia e reafirma o seu compromisso de cunhos social e de utilidade pública.
A honrar esse compromisso, trago mais uma postagem da série "profissões de futuro". Sendo, eu, um homem de meia-idade e com certa experiência do prosaico e do mundano, não poderia me furtar em compartilhar o que sei com as atuais gerações, essa valorosa geração tão ávida por conhecimento e aprimoramento pessoal. Não é a primeira vez que apresento dicas de novas e promissoras carreiras profissionais. Já mostrei as inovadoras e vanguardistas Universidades de Cabelereiro e do Hambúrger.
Nessa mesma linha empreendedora, tomei ciência, hoje, de nova profissão, e a vos trago : Axezeiro.
Isso mesmo, puta que o pariu! Profissão : Axezeiro, profissão : baiano temporário. Nos mesmos moldes do comércio lojista, que contrata vendedores para as festas de fim de ano, a cidade de Porto Seguro (BA) está contratando jovens de todo o país para atuarem como dançarinos temporários de axé, e suprir a grande demanda do verão baiano, sobretudo no carnaval.
O cara vai ser estagiário de trio elétrico, vai ser trainee de baiano. Puta que o pariu, de novo! Tá faltando baiano para trabalhar no carnaval. Também queriam o quê? Que, justo no carnaval, o baiano trabalhasse? Porto Seguro tá importando baiano! De Minas Gerais, de São Paulo, do Paraná, do Espírito Santo! O recrutamento é feito pela internet e os selecionados são registrados e tudo, carteira assinada, FGTS e férias proporcionais, vale-transporte etc; o salário chega a dois mil reais.
Para quem gosta de areia enfiada no toba e sunga apertando as bolas, é um prato cheio, são férias remuneradas. O bônus vem na forma de bucetinhas e pirocões, que o/a dublê de baiano ainda pode angariar em suas horas de descanso, quando não está trabalhando duro, ou bucetões e piroquinhas se for pessoa de menos sorte.
De repente, se o cara se destaca como temporário, pode até ser efetivado como baiano, ganha dupla cidadania, vira baiano honorário. Caso contrário, na pior das hipóteses, volta para casa com o currículo enriquecido : Axezeiro do Carnaval de Porto Seguro 2011. Puta que o pariu, de novo de novo! Isso é melhor que MBA, é melhor que PhD.
Mesmo que não seja efetivado como baiano, o futuro profissional do cara tá garantido, ele será o mais disputado e o melhor remunerado axezeiro dos carnavais fora de época de seu estado, seja qual for. Com um know-how desse, o carnaval é dele e ninguém tasca. Mesmo com a chegada da idade e das inevitáveis perdas da forma física e agilidade, o cara não precisa se alarmar, ele está capacitado para atuar na área de Consultoria de Micaretas, pode também abrir uma franquia, ser um ombudsman regional do Axé.
Não sei como ainda não existe a UFA (Universidade Federal do Axé). A Carla Perez e a Sheila (a morena) seriam as decanas da Instituição, as donas da cátedra, o reitor seria o Jacaré e o patrono, óbvio, com direito a busto de bronze nas escadarias de entrada, Gilberto Gil, desencadeando brutal crise de ciúmes em Caetano, que, em represália, fundaria a Universidade do Eu Acho o Axé Lindo, Ou Não. A monografia ou o TCC (trabalho de conclusão de curso) seria o cara descer o cu na boca da garrafa (no caso de professores mais tradicionais) ou apresentar a coreografia do Rebolation para uma banca examinadora presidida pelo compadre Washington.
Deixo registrada, aqui, a ideia da Universidade Federal do Axé. Se ela for criada um dia, quero receber meus royalties. Quer dizer, quero receber se não tiver que ir buscá-los na Bahia, senão, abro mão deles. Em nome da cultura nacional.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Uma Virtude, Ao Menos

"Em sua primeira semana, Dilma Rousseff fez mudanças em seu gabinete. Substituiu um computador de mesa por um laptop e retirou a Bíblia da mesa e o crucifixo da parede. (Folha de São Paulo, 09/01/2011)".
Será essa louvável atitude a primeira quebra de compromisso de Dilma com seus apoiadores? No caso, o bando de idiotas cristãos, católicos e evangélicos, que a apoiaram no segundo turno, talvez com a esperança de um conversão da mesma; cristão adora converter os outros, adora partilhar sua ignorância.
Digo que não. Dilma Rousseff não quebrou nenhum compromisso de campanha essa vez. Nem quebrará algum em seu mandato.
Dilma Roussef, e que meu braço seja dado à torção, nunca mentiu ou fez promessas infundadas em sua campanha presidencial. Seria impossível : nunca houve uma campanha "sua", ela nunca foi candidata, nunca se coligou a ninguém, não assumiu compromissos de espécie alguma. Sempre foi a campanha de Lula, em prol de seu terceiro mandato. Lula a fez candidata ante a impossibilidade de sê-lo, Lula mentiu, coligou, prometeu, fez conchavos e assumiu compromissos eleitoreiros; Dilma foi a fiadora de Lula, digamos assim, alguém que irá pagar o "pato" se algo desandar.
Prova disso que Dilma Roussef nunca tentou esconder seu passado, até porque sua ficha criminal correu net afora : guerrilheira, assaltante de banco, sequestradora, comunista (o que, diferente dos predicados anteriores, não é crime, embora, à época, fosse assim considerado) e ateia - uma virtude, ao menos. Dilma não ocultou tampouco desmentiu seu passado de fora-da-lei. Não precisava. Como, de fato, não precisou.
Uma ficha dessa derrubaria candidatura de síndico de prédio, mas não derrubou a da presidenta. Fato estranho e obscuro? Não. Claro, nítido e em HD : não derrubou a candidatura de Dilma porque a candidatura era de Lula. Talvez milhões tenham lido a ficha de Dilma, mas e daí se ela foi sequestradora, assaltante etc?, o negócio não era com ela. Milhões leram a ficha de Dilma e mantiveram seu voto : em Lula, o verdadeiro candidato.
Razão pela qual os ataques à pessoa de Dilma nas retas finais das eleições não causaram flutuações significativas nas pesquisas de intenção de votos. Seus opositores cometeram um erro crasso, tornaram Dilma em alvo de suas injúrias e tentativas de difamação, quando ela nunca foi o alvo dos votos da população. Para vencer Dilma, Serra e sua equipe deveriam ter escarafunchado os podres de Lula. Agora é tarde.
A eleição de Dilma é realmente um fato histórico inédito, não só no Brasil, talvez no mundo. Ela não só foi a primeira mulher presidente de Pindorama, ela foi o primeiro presidente que ganhou sem ter tido um único voto, todos os votos foram pra Lula, como bem observou e expôs Ferreira Gullar em sua coluna de ontem, na Folha de São Paulo.
Não ter recebido nenhum voto, em meu ponto de vista, dá à Dilma uma enorme liberdade de decisões, ela, sim, poderá falar com toda a tranquilidade, quando cobrada de algo, que nada sabia. Ela não sabia, mesmo. Não prometeu nada a ninguém. Liberdade para tomar decisões como essa - eu adorei -, tirar crucifixo e bíblia do gabinete, que lugar disso é em igreja ou na casa de cada um. Se cobrada pelos cristãos, ela ainda poderá dizer que não foi uma atitude da ateia Dilma, mas da estadista Dilma a cumprir a Constituição, proclamada laica em nosso país. Que delícia deve ser cumprir uma lei que conjumina com nossas convicções pessoais.
E se ela resolve tomar conta da casa e não cumprir os compromissos assumidos por Lula com os aliados? E se ela começar a desagradar suas bases? Sofrerá pressões enormes da canalhada, isso sem dúvida. Não nos preocupemos, no entanto, com nossa presidenta, nem nos apiedemos dela se isso vier a ocorrer. Ela aguenta o tranco. Duvido que ela tenha perdido a perícia com uma submetralhadora nas mãos.