quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Silvio Santos Perde Seu "Lá, Lá, Lá, Lá..."

Não pode ser mero azar. Alguém fez uma macumba muito braba pro lado do Senor Abravanel, o Silvio Santos. Puseram o nome dele na boca do sapo, fizeram um boneco vodu. Ou, no caso, armaram uma cabala e um Golem dos bons contra o careca mais cabeludo do Brasil.
Primeiro, ele perdeu o banco Pan-Americano; até aí, tudo bem. O que é um banco para o Homem do Baú? Em seguida, para pagar o rombo deixado pelo banco, teve que vender o Baú. Aí, a coisa já ficou mais séria. Perdeu-se a imagem quase atávica daquela capinha do carnê do Baú que povoava nossa imaginação desde a infância. Quem nunca teve ao menos um avô que comprava o carnê do Baú, nunca ganhava nada, e no fim do ano trocava por presentes pros netos nas lojas Buri e Tamakavy? Ou por panelas para a avó?  Desde que, é claro, estivesse rigorosamente em dia com as mensalidades. Mesmo os vendedores do carnê do Baú, espalhados pelas ruas dos centros urbanos, deixaram uma lacuna impreenchível.
Foi um golpe duro para Senor Abravanel, mas ele não esmoreceu. Continuou seu programa dominical com toda galhardia que lhe é peculiar. Até faz propaganda e vende os restos de seu estoque - o rescaldo do Baú - a cada final de bloco de seu programa, honrando sua origem de judeu e bom mascate.
Silvio Santos só não tombou por um simples motivo. Tudo o que ele perdeu, foram bens materiais, e isso, um judeu recupera do dia pra noite. Não caiu porque o mais importante, ele ainda conserva. Sua essência, seu anima, seu savoir-fare
Silvio Santos só não desmoronou até agora porque manteve seu totem, o famoso "Silvio Santos vem aí, lá, lá, lá, lá, lá, lá". O mojo do Senor Abravanel é o lá, lá, lá, lá, lá, lá. É, e sempre foi, sua artilharia de frente. Ele nem precisa entrar no auditório, basta tocar o lá, lá, lá, lá e suas colegas de trabalho se agitam como se lá ele estivesse.
O lá, lá, lá, lá é o mantra que Silvio Santos recita antes de dormir, está em sua secretária eletrônica, em seu toque de celular, em seu despertador, no alarme de seu carro. Quando dá uma fincada na helen-ganzaroli-banheira-do-gugu, goza cantando o seu lá, lá, lá, lá. O lá, lá, lá, lá é o que o impulsiona, o que garante sua pujança e sua paudurescência.
Pois agora, Silvio Santos pode perder sua alma, o seu lá, lá, lá, lá. O Golem está com suas poderosas mãos em torno do pescoço do Senor Abravanel.
Archimedes Messina, que diz ser o criador do jingle de Silvio Santos, venceu em 2001 o processo que movia contra o SBT por danos morais e materiais pelo uso da música sem pagamento por mais de 40 anos.
Não é de se duvidar. Silvio Santos é exímio na arte de usar o que é dos outros e nada pagar. 
O caso mais clássico é o do palhaço Bozo. Reza a lenda que Silvio Santos teria pago pelos direitos de uso da figura do palhaço por apenas um ano. Depois, criou personagens que não existiam no original americano : vieram a Bozolina, o Papai Papudo, a Vovó Mafalda, o Salci Fufu (o saudoso Pedro de Lara) etc, ou seja, descaracterizou o produto e bem o utilizou por uma década sem pagar porra nenhuma ao detentor da marca, na faixa. Além dos personagens alienígenas ao original, criou quadros muito instrutivos e pedagógicos. Como a Bozo Corrida, em que a molecada ligava pro programa e apostava num páreo entre três cavalinhos mecânicos, o branco, o preto e o malhado.
Depois de muitos recursos e apelações, o processo foi encerrado. Não cabe mais recurso por parte do SBT. Messina venceu a ação em que pede uma indenização de cerca de R$ 5 milhões à emissora, e o pagamento de cessão de direitos da música.
 “Nos próximos dias, assim que sair a publicação da decisão da Justiça, o SBT terá de parar de executar a música ou comprar os direitos dela”, diz a advogada de Messina, Eliane Jundi.
Caso venha de fato a perder seu lá, lá, lá, lá, tenho certeza de que Silvio Santos não resistirá. Capitulará frente a esse novo e injusto revés. Todos temos que ter nosso lá, lá, lá, lá.
Ou o Senor Abravanel compra seu mojo de volta, ou morre de vez. Sem banco e sem baú, podemos muito bem viver. Sem nosso lá, lá, lá, lá, definitivamente não.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Vaia A Tom Jobim E Chico Buarque

O canal por assinatura A&E está a exibir uma série de programas com Chico Buarque de Holanda, cada episódio enfoca uma fase da vida do compositor.
Não sei quantos programas são, ou os dias e horários de suas exibições, não sei nem o número do canal. Não decoro ou lembro de nada disso, vou pulando pelos canais e paro quando algo me apetece. O ruim é que raramente vejo algo na íntegra, o bom é que não me frustro se algum contratempo impede que eu assista a uma programação que muito quisesse.
Assisti a uns quarenta minutos do programa - de um total de noventa -, mas foram suficientes para eu ver uma das cenas mais deprimentes do mundo do entretenimento : a famosa e longa vaia à bela "Sabiá", composição de, simplesmente, Tom Jobim e Chico Buarque, vencedora do III Festival Internacional da Canção, 1968.
Tom e Chico vaiados. Puta que o pariu !!! Pior : vaiados em favor a Geraldo Vandré e sua tosca, pobre e panfletária "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", a preferida do público. Foram vinte mil pessoas vaiando dois dos grandes e últimos gênios de nossa música por dez ininterruptos minutos.
Essa vaia é um fato no mínimo curioso. Suscita algumas dúvidas quanto à elite intelectual da época e ao suposto estrago que o governo militar, extremamente atuante então, teria lhe causado. 
Quando digo que foi a elite intelectual que vaiou Tom e Chico, estou sendo exato e preciso em minha afirmação. Não era o povão a lotar o Maracanãzinho, palco do festival; não era o povão que via as transmissões nas antigas TVs em preto-e-branco e torcia por esse ou por aquele compositor - ainda bem que não, por isso, os festivais tiveram boa qualidade.
Os aparelhos de TV eram caríssimos naqueles dias, só uma fatia mais abastada da população os podia adquirir; o povão ouvia rádio, as AMs, e lá a coisa não diferia muito do que vemos hoje. Elite financeira e elite intelectual eram grupos coincidentes na década de 1960. Com esparsas exceções, formavam basicamente um único estrato social. Uma coisa levava à outra. Se o sujeito tinha dinheiro, investia pesado em sua própria educação e na dos filhos. Ou embora pobre, se esforçado e capaz, conseguia se instruir em uma boa escola pública e colocar-se profissionalmente com bons ganhos.
(Diferente de hoje. A elite financeira atual gasta em carrões feitos à semelhança de blindados de guerra, escuta sertanejo universitário e se diverte tomando cerveja de madrugada em lojas de conveniência de postos de gasolina)
Logo, se era o rico e instruído, ou o instruído e rico, que compunham o público dos festivais (e eram), como justificar a fragorosa vaia a Tom e Chico? Onde se escondeu, naquele momento, toda a pretensa cultura dos que vaiavam e protestavam contra um governo militar que, diziam, estava dilapidando sua educação?
Os cultos da época tomaram a canção de Vandré como um protesto ao regime vigente, e até era, aquela merda toda de quem-sabe-faz-a-hora, de-soldados-armados-amados-ou-não, de caminhando-e-cantando-e-seguindo-a-canção, etc etc. E mal interpretaram a belíssima "Sabiá" como sendo uma mera canção de amor, até uma espécie de alienação de seus compositores ao atual momento.
De novo, onde estavam a cultura e o senso crítico da elite que os militares "destruíram"? A canção "Sabiá" versa claramente sobre os exilados do governo militar. Igualmente a Vandré, abordava a conjectura política da época, mas com muito mais beleza, inteligência e lirismo; como não podia deixar de ser, rebento que era de Tom e Chico. 
"Sabiá" faz patente alusão à "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias. Será que a elite que se dizia oprimida em sua sensibilidade pelos militares não tinha cultura o bastante para se aperceber disso?
Sempre achei muito mal contada essa história de que os militares demoliram a educação e a intelectualidade brasileiras em rápidas duas décadas. Se tivesse existido de verdade toda essa inteligência e ilustração antes de 1964, vinte anos de repressão mal tornariam baço o seu verniz. Antes pelo contrário, a verdadeira genialidade mais reluz e aflora sob pressão. Que foi o ocorrido em raros casos : Tom e Chico são excelentes exemplos disso. E foram vaiados.
Uruguai, Argentina e Chile passaram por ditaduras militares piores que a nossa (que nem ditadura foi, e sim um governo militar com vários presidentes eleitos por voto indireto; pode até não parecer, mas é bem diferente). Hoje, Uruguai, Argentina e Chile são os melhores colocados  sul-americanos no ranking de Educação da Unesco; o Brasil, pra encurtar a história, na América do Sul, só "ganha" do Suriname. Por que o governo militar destruiu nossa educação e não destruiu a deles?
Em 1980, apenas uma década e meia pós-golpe, eu com 13 anos, tive aulas com professores que já nos consideravam uma geração perdida por conta da intervenção militar. Meros 15 anos de censura e toda uma cultura e intelectualidade se perde? 
Só se houvesse muito pouco a se perder!
E acho que foi isso mesmo. Começo a considerar que os militares tenham efetivamente dizimado a intelectualidade brasileira. Nem teve como ser diferente. Havia muito pouco a ser posto ao chão, e em tarefa fácil deve ter se constituído. Brincadeira de criança, subjugar uma elite que acreditava nas flores vencendo o canhão. Ou na música (seja qual for) depondo governos.
O que poderia ter sido mais fácil - e inevitável - que destruir uma intelectualidade que vaiava Tom e Chico?

sábado, 26 de novembro de 2011

Água Fresca, Beeem Fresca

Vivemos em tempos temerosos; o tempo do não-tempo, segundo os Maias. Em nossos dias, todo cuidado é pouco, ao menor vacilo, as pregas do seu cu podem rodar.
Já falei aqui do caso de um francês que garante ter virado boiola após um tratamento para o mal de Parkinson, mais recentemente falei do ex-jogador de rúgbi inglês que virou viado depois de um AVC. Isso sem contar os inúmeros exemplos já citados no Marreta do inegável complô para o embichamento planetário : hormônios nos alimentos, produtos à base de soja nas merendas escolares, substâncias químicas como os ftalatos e os bisfenóis dos plásticos, usados amplamente em utensílios de cozinha, brinquedos infantis e mamadeiras, o timerosal nas vacinas etc etc.
Agora, o perigo vem da própria mãe natureza.
José Benítez Pantoja, prefeito de Huarmey, no Peru, garante que as águas que servem sua cidade fazem a homarada ficar com tesão na argola. A água, disse o prefeito após receber o resultado de uma análise química, é rica em estrôncio, que interfere na produção do hormônio masculino, reduzindo sua taxa no organismo.
Desse jeito, os homens de sua cidade correm o risco de ficar iguais aos de Tabalosos, cidade vizinha de onde vem a água que abastece Huarmey e onde vivem 14 mil homens gays, assegura o prefeito e fiscal das pregas da população.
A teoria do prefeito foi refutada por Roberto Castro Rodríguez, decano do Colégio de Química Farmacêutica de Lima. Rodríguez explica que o estrôncio em grandes quantidades pode provocar câncer ósseo, anemia e problemas cardiovasculares, mas não há registros de casos de homossexualidade.
Não há registros associando estrôncio e viadagem. Não há registros. Não significa que não existam casos. Uma coisa é muito diferente da outra. O próprio decano do Colégio cita distúrbios cardiovasculares. E o que é que faz o pau levantar? No caso, o Peru subir? Não é o sangue? Pois é. A diabetes causa problemas cardiovasculares e, sabidamente, a paumolescência. Por que não o estrôncio?
É um caso a se estudar profundamente, não a se rechaçar de pronto. Se está sendo veementemente negado, sem nenhuma análise mais atenta, é porque aí tem.
Não é de hoje que a sabedoria popular  relaciona a água de certas localidades com a prática da viadagem.  A sabedoria popular, na minha opinião, é uma memória genética da espécie, um tipo de instinto coletivo de sobrevivência; não podemos dar-lhe crédito cego, porém dela, é recomendável nunca zombar ou escarnecer. No Brasil, temos o notório exemplo de Campinas. Viajante tarimbado que por lá passa , garante que não toma de suas águas de jeito nenhum, leva sempre um galão de água mineral. Tomou água de Campinas, dizem, não tem por onde: o sujeito embicha na hora, fica gostando de levar bolada no queixo, cabeçada no céu da boca, umbigada na testa etc.
Os prefeitos de Campinas e Huarmey bem que poderiam estabelecer uma parceria para o estudo dos efeitos de suas águas nas contrações do esfíncter anal dos machos da espécie humana, via Unicamp.
Outro líder político sul-americano alertou recentemente para o perigo da viadagem químico-adquirida. Evo Morales, da Bolívia, acusa os hormônios da carne de frango pelo embichamento de seus conterrâneos; quem a consome, "têm desvios em seu ser como homens", afirmou Morales.
Nunca pensei em viajar para o Peru, mas acabei de verificar as localizações geográficas de Huarmey e Tabalosos no Google Earth, bem como a de outras cidades abastecidas por suas águas frescas. Só para saber, só por via das dúvidas. 
Sei lá, é melhor prevenir do que costurar as pregas depois.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Santos Seios (E Nádegas E Etc)

A organização do Miss Bumbum Brasil 2011 precisou se desculpar com pessoas e grupos ligados à Igreja que se sentiram ofendidos com o cartaz da divulgação do evento. O cartaz é uma releitura da obra de Leonardo da Vinci, "A Última Ceia". Ao invés do Cristo e seus comparsas reunidos e manguaçando em torno da mesa, o cartaz exibe as finalistas do concurso em bíquinis até que bem comportados.
 Não vejo motivo para a ofensa alegada pelos fanáticos religiosos. Deve ser porque o cartaz mostra mulheres, bonitas, desejáveis e adultas, e a Igreja, como sabemos, é composta de padres homossexuais e pedófilos, e beatas de bucetas encarquilhadas que ninguém mais come desde os tempos do Antigo Testamento. Daí, a ofensa, só pode ser. Além do mais, a Igreja, até onde eu sei, não é proprietária ou detentora dos direitos de imagem da obra de da Vinci.
Tudo bem que concurso de rabeta é uma das coisas mais ridículas que se possa conceber, mas o cartaz, queiram ou não, é uma produção artística. Envolveu uma ideia, uma concepção, e sua realização mobilizou fotógrafos, cenógrafos, figurinistas, maquiadores, câmeras, contrarregras, iluminadores, artistas gráficos etc.
Muito mais que a simples proibição ao cartaz, há a censura à ideia. É a ideia, é o livre pensar que a religião quer matar, sempre quis. Ou ela perderia sua clientela.
Se o produto final é de gosto questionável, é outra história; o que não pode ser censurada, ou censurável, é a ideia que levou à sua produção. Ainda mais pelo simples fato de que "ofende" a pequenos grupos, incapazes de criar qualquer coisa que seja. 
Há várias maneiras de queimar homens e livros, sem necessariamente atear-lhes fogo como a Igreja fazia há pouco tempo. A censura do politicamente correto é uma dessas maneiras. Tal obra não agradou ao grupo A, proíbam-na; tal livro melindrou o grupo B, vetem-no; tal filme ultrajou o grupo C, tirem-no de exibição. É a censura dos ofendidos e dos incapazes. 
Em vez de produzirem uma outra obra artística para contestar e combater a que lhes desagradou, simplesmente "queimam-na". Não têm talento para criar nada, então se valem dos meios mais canalhas para "queimar" quem o tem. A Inquisição continua, companheiro.
Agora, deixando a profundidade de lado (como diria Belchior), se alguém quiser ver as finalistas do Miss Bumbum Brasil em fotos mais artísticas, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

Aninhando A Pomba

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Bolsonaro Manda Dilma Sair Do Armário

O deputado Jair Bolsonaro, macho das antigas e militar dos bons, revoltou-se mais uma vez, e com toda a razão, contra a insistente tentativa de embichar cada vez mais o jovem brasileiro. 
Para mim, o tal do kit gay já era caso morto e enterrado. Mas parece que não. O kit gay é um material "didático" que iria ser distribuído no início de 2011 a crianças das escolas públicas, crianças na faixa etária dos sete aos dez anos. Com o pretexto de ensinar a tolerância, o kit gay pregava explicitamente a viadagem, a queimação de rosca, exaltava a ré no quibe, como fosse a coisa mais normal do mundo. O material só não chegou às escolas graças à ação providencial do deputado Bolsonaro.
Repito o que sempre digo aqui, quer dar, que dê, ninguém é fiscal de cu de ninguém, mas não queiram tornar a boiolagem em comportamento padrão. Porque ela não é.
Em outras palavras, ainda mais incisivas e viscerais que as minhas, esse foi o recado que Bolsonaro mandou à presidente Dilma. Disse que se o negócio dela é amor com homossexual, que assuma. E não fique usando de seu poder para instalar a homossexualidade no currículo escolar da escola pública. Sim, porque duvido que os pais que têm filhos em escolas particulares aceitassem tal aberração.
Bolsonaro, mais uma vez, está certíssimo. Não tem que usar do poder para oficializar uma condição sexual particular. Isso é canalhice. Algumas falas de Bolsonaro:
"São 180 itens. O kit gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas do primeiro grau! Tudo o que foi tratado ontem foi com a temática LGBT para os livros escolares. Criam aqui bolsa de estudo para jovem LGBT, estágio remunerado para lésbicas, gays, bissexuais etc.!" 
(Bolsa para viado? Bolsa-Queima-Rosca? O cara vai receber um benefício só porque entuba? E a competência profissional? Viado agora virou item de currículo? Viado virou profissão? Se ainda não, é uma das coisas que esse pacote-gay a ser aprovado no congresso quer oficializar.  É a bolsa-KY. Isso é discriminar, isso é segregar. Mas como é uma discriminação boa, a viadada não reclama.) 
"Então, pessoal, é o presente de Natal que a Dilma Rousseff está propondo para as famílias pobres do Brasil. Ou seja, o dia em que a maioria da garotada nas escolas for homossexual, está resolvido o assunto... Será que o [Fernando] Haddad [ministro da Educação], como prefeito de São Paulo, vai implementar a cadeira de homossexualismo nas escolas do 1º Grau?".  
Aí, a defensora da viadada, Marta Suplicy, falou um monte de besteiras contraditórias, como é de seu feitio. Exigiu medidas disciplinares contra Bolsonaro. A dondoca, dublê de sexóloga e, pior, mãe do Supla, alega que Bolsonaro fez insinuações a respeito da sexualidade da própria presidente da República, quando a opção sexual de qualquer ser humano é uma questão de foro íntimo. 
Sim, a sexualidade é uma questão de foro íntimo. Então, porque temos que aturar e bater palmas pra viadada nas paradas gays, exibindo publicamente e esfregando sua sexualidade fedorenta nas fuças de toda uma nação? É intimo? Concordo. Pois então, proibamos as paradas gays. Se é questão de foro íntimo, por que a lei tem que conceder privilégios a essas pessoas, que devem se declarar legalmente como tais para usufruí-los?
Se é questão de foro íntimo, por que a própria Marta Suplicy, na iminência de ser derrotada  no segundo turno para a prefeitura de São Paulo em 2008, fez insinuações a respeito da sexualidade de Kassab? Por que ela, que se apresenta como amigona do povo que beija pra trás, tentou roubar votos de Kassab dizendo que ele era viado? Para quem não lembra disso, vão aí dois links que confirmam o que eu disse :
Bolsonaro é o cara!!! Fala o que a maioria da população pensa. Se fosse feito um plebiscito sobre os privilégios aos pregas frouxas, ele receberia o repúdio da população.
O viadinho pode até ser muito "bonito" lá na novela da Globo, na Malhação, no programa da Xuxa, mas na vida real, duvido que alguma família anseie que seu filho seja gay, ou comemore o fato.
Que pai ou mãe se encheriam de alegria e júbilo com aquele clássico diálogo:
- Pai, acabei de ter minha primeira relação sexual - diz o filho, de 14 anos
- Ô, meu filho - diz o pai animado e orgulhoso de sua cria -, senta aqui e me conta tudo.
- Aiii, pai, sentar eu não posso!
Puta que o pariu!!!
Longa vida a Bolsonaro e aos seus aliados. Longa vida ao heterossexualismo e ao Orgulho do Macho.

Berlusconi, Vero Amore

Berlusconi lança "Vero Amore"
O cara é mesmo uma das maiores figuraças do século, do passado e desse. Se antes, como primeiro-ministro da Itália e tendo que manter um certo decoro, ele já aprontava as dele, imaginem agora longe do poder. Longe do poder entre aspas, Berlusconi sempre será uma das figuras mais poderosas do país da bota, que o digam as 33 putas que ele comeu em dois meses.
Homem romântico e sensível que é, Berlusconi, longe de suas obrigações políticas, retoma sua carreira artística de cantor, o homem da pistola de ouro já foi crooner de cruzeiro em priscas eras.
O CD Vero Amore se compõe de 11 canções de amor de sua autoria em parceria com o cantor e guitarrista napolitano Mariano Apicella e é o quarto trabalho conjunto da dupla. Antes, o ex-primeiro-ministro já havia lançado "Melhor uma canção", em 2003, "O último amor", em 2005 e "Nápoles no coração", em 2006.
Alguns comentários femininos sobre o CD do Berlusconi:
"Eu acho que, com sua grande experiência, ele vai ser capaz de escrever canções de amor muito boas", disse Maria Grazia Merilli, uma turista de Florença, perto de uma loja em Roma, onde o CD está à venda. "Não, absolutamente não, eu nunca iria comprá-lo."
Outra transeunte foi menos receptiva aos dotes musicais de Berlusconi. "Eu não gosto dele nem como político nem como compositor. Ele é nojento", disse Maria Rossi.
Tudo baranga ressentida e recalcada! Tudo puro despeito pelo prêmie não ter lhes passado a brachola.
A boa propaganda vem da parte da putas que Berlusconi traçou. Apesar de serem suas inimigas judiciais, admitem as virtudes do ex-premiê: recentemente, uma das prostitutas acusadas de participar de orgias com o ex-primeiro ministro afirmou que ele tinha "muita energia" e que gostava de fazer sexo com cada uma das garotas que participavam de suas conhecidas "festas".
O CD do Berlusconi vai emplacar no hit parade dos motéis napolitanos, sicilianos etc. E na zona! O que vai ter de puta e corno bebendo, cantando e chorando ao som do Berlusconi não tá escrito.
O Berlusconi é o Wando da Itália.
Ainda não encontrei o CD do Berlusconi pra baixar da net, mas ficarei atento, assim que encontrar um link, baixarei e postarei o endereço aqui.
Em tempo : até o George Clooney já participou das festas bunga-bunga e será uma das testemunhas de defesa do ex-premiê. Puta que o pariu!

A Igualdade Entre Os Gêneros

 (Que dura até a hora de pagar a bat-conta do restaurante, de trocar o pneu do batmóvel etc)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Denis Diderot

Bukowski, O Carteiro

The Postman (Cartas na Rua, no Brasil) foi o primeiro romance de Charles Bukowski, em que ele desfia suas peripécias e infortúnios de mais de uma década como carteiro de Los Angeles. Por coincidência, foi também o primeiro livro que li do Bukowski. Cartas na Rua é Bukowski puro e primal, em seu estado mais bruto. Triste e hilariante; melancólico e confortador, culpado e sem remorso, uma visão sem medo da realidade.
Abaixo um trecho:
"No Natal, convidei Betty. Ela assou um peru, e nos embebedamos. Betty sempre gostou de enormes árvores de Natal. A nossa devia ter uns três metros e meio de altura por um e meio de largura, coberta de luzes, lâmpadas elétricas, lantejoulas, e bugigangas. Bebemos várias doses de uísque, trepamos, comemos nosso peru, bebemos mais um pouco. O prego do suporte estava folgado e o suporte não era grande o suficiente para sustentar a árvore. Fui tentar apertá-lo. Betty, esticada na cama, ignorava tudo. Eu estava bebendo no chão, de cuecas. Depois me estiquei. Fechei os olhos. Alguma coisa acordou-me. Abri os olhos : deu tempo de ver apenas a enorme árvore coberta de luzes quentes inclinar-se lentamente em minha direção, com uma estrela pontuda caindo sobre mim como um punhal. Não percebi direito o que era. Parecia o fim do mundo. Não podia me mover. Os braços da árvore tinham me envolvido. Fiquei debaixo dela. As lâmpadas estavam vermelhas de tão quentes.
- AH, AH, MEU DEUS, SOCORRO! DEUS ME AJUDE! DEUS! SOCORRO!
As lâmpadas estavam me queimando. Rolei pra esquerda, não consegui sair, aí rolei pra direita: ZAPT!
Finalmente consegui sair. Betty estava de pé.
- O que houve? O que foi?
- NÃO ESTÁ VENDO? ESSA MALDITA ÁRVORE TENTOU ME ASSASSINAR!
- O quê?
- É, OLHE PRA MIM!
Eu tinha pontos vermelhos no corpo todo.
- Ah, coitadinho!
Dei um passo e desliguei o fio da tomada. As luzes se apagaram. A coisa morreu.
-Ah, minha arvorezinha!
- Ah, sua pobre arvorezinha?
- É, ela era tão linda!
- Eu a arrumarei de novo pela manhã. Não confio nela agora. Dou-lhe folga o resto da noite.
Ela não gostou. Farejei o início de uma discussão e aí resolvi levantar a coisa, colocá-la atrás de uma cadeira e reacender as luzes. Se aquela droga lhe tivesse queimado as tetas ou o cu, ela a teria jogado pela janela. Achei que estava sendo bastante gentil."

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Duff, A Cerveja Do Homer Simpson

Pois é, vivendo e aprendendo (sobretudo coisas inúteis). Eu não tinha a mínima ideia de que a cerveja Duff, a cerveja que Homer Simpson toma no Moe's, não fosse uma cerveja estadunidense e que, tampouco, não existisse fora dos desenhos até 2007.
A Duff surgiu em 2007 e não tem vínculo algum com a Fox, produtora do desenho Os Simpsons. Ela é uma parceria entre o empresário mexicano Rodrigo Contreras e a cervejaria belga Haatch Brewery, sendo comercializada na Europa e alguns países da América do Sul, como Chile e Colômbia.
A Duff foi lançada oficialmente no Brasil no dia 17/11, será produzida pela catarinense Saint Bier e custará cerca de 10 reais a long neck. De repente a cerveja é até muito boa, catarinense é tudo alemão e alemão entende de cerveja, mas não é barata, então não merece figurar na galeria do Azarão.
Por esse preço, no que depender de mim, vai ficar tudo encalhada lá nos mercados de Springfield.

domingo, 20 de novembro de 2011

Skinheads Patrulharão Campus Da USP

Três alunos da USP foram pegos com maconha por policiais que patrulhavam o campus da universidade e, infratores que são, receberam as devidas reprimendas. Normal. Nada de mais.
Acontece que os delinquentes, mimados pelas famílias, psicólogos, pedagogos e pelo ECA (sim, desgraçadamente os universitários de hoje já são crias do permissivo estatuto da criança e do adolescente), sentiram-se ofendidos, feridos em seus "direitos". Direito de quê, de fumar maconha?
Junte-se a isso o fato de serem alunos da USP e se julgarem a nata da ricota, a coisa deu no que deu. Os maconheiros se consideraram no direito de cometer crimes "maiores" : invasão, ocupação e depredação de patrimônio público.
Sinceramente, não acompanhei o desenrolar e as negociações da Revolta da Chibaba (não confundir com Revolta da Chibata), até porque reivindicação de maconheiro, por mais que a imprensa tenha interesse em estender o fato e dar-lhe ares de "conquista social", é uma só : fumar maconha. Os fumeiros querem a polícia fora do campus para que eles possam fumar seus cigarrinhos do capeta.
Se a maconha deve ser, ou não, legalizada, é outra questão; se ela faz mais ou menos mal que o cigarro de nicotina ou a bebida alcoólica, é ainda outra discussão. O fato é que, hoje, a maconha é ilegal no Brasil. Logo, seus portadores são infratores, criminosos, foras-da-lei literalmente. E como tais devem ser tratados.
Achei a PM até muito boazinha nesse caso. A Universidade não pode se tornar uma embaixada para o infrator, e nem seus matriculados, cidadãos com imunidades especiais. A PM deveria ter adotado o procedimento-padrão de quando pega um maconheiro na rua e este reage à sanção, deveria ter descido o cassetete nos "estudantes".
Não sei em que pé andam as negociações e nem quero saber, o que parece é que logo, logo, esses delinquentes mimadinhos terão o que merecem por acharem que cagam mais cheiroso que os outros. Se não pelo poder estabelecido do Estado, por um poder paralelo a ele, que é o sempre ocorre quando o oficial se omite ou é negligente. Nesse caso, os famosos skinheads prometem assumir a bronca, terão a coragem que a Lei não teve, ou, pelo menos, não terão a preguiça e a desfaçatez dela.
Cartazes foram espalhados no campus pelos skinheads : "Atenção drogado: se o convênio USP-PM acabar, nós que iremos patrulhar a Cidade Universitária!"; "maconheiro, aqui você não terá paz"; "se te pegarmos consumindo drogas,enfiaremos tudo no seu rabo". O recado é bem claro, não dá margem a dúbias interpretações, não dá pra neguim dizer que não foi avisado.
Caso o acordo entre USP e PM for desfeito, levando à retirada dos policiais, os skinheads garantem compor uma milícia para patrulhar o campus. Com uma semana de patrulha skinhead, aqueles bostinhas da USP vão implorar de joelhos pela volta da PM ao campus. 
Conheço bem a porra desses liberais de universidade - vivi no meio deles -, quando infringem a lei em ganho próprio, estão protestando contra um Estado autoritário e castrador; quando outros infringem a lei e os prejudicam, são os primeiros a chamarem a polícia e a cobrar resguardo do poder público, o mesmo que contestam e desafiam. São hipócritas, cagões e bundas-moles.
Polícia para quem precisa, polícia para quem precisa de polícia; os Uspianos verão que eles também precisam. Os skinheads seriam excelentes professores para esses merdinhas, fariam-nos sentir na carne (inchada, dolorida, roxa e sangrando) a real necessidade das leis e seus agentes em uma sociedade.
Ser cidadão e, sobretudo, livre é obedecer às leis e, contando com que todos façam o mesmo, usufruir dos benefícios e proteção que elas asseguram. Liberdade não é poder transgredir as leis impunemente, ou evocá-las apenas quando conveniente. Liberdade e cidadania, numa sociedade minimamente organizada, é toma lá, da cá, é ação e reação, é terceira lei de Newton.
Os skinheads seriam bem capazes de ensinar a verdadeira cidadania e o conceito de liberdade coletiva aos filhinhos da USP, muito mais que qualquer acadêmico empoado de sociologia, filosofia ou ciências políticas.
Abaixo um dos cartazes colados pelo campus:
Fonte : Folha de São Paulo

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Vá Abençoar A Puta Que O Pariu

Antigamente - e bons tempos eram - só ouvíamos falar de religião caso entrássemos em uma igreja, templo ou merda que o valha, salvas as eventuais "visitas" na hora do almoço de domingo das testemunhas de Jeová e suas revistinhas Sentinela.
Hoje, a religião virou uma praga, uma pandemia perigosíssima. Estou sendo muito condescendente, corrijo : a religião sempre foi uma praga, uma pandemia, mas só contaminava os que eram dos grupos de risco, digamos assim, os que a ela se expunham sem nenhuma proteção, entenda-se por proteção um mínimo de inteligência e bom senso.
Atualmente as religiões empesteiam o ar, poluem a atmosfera feito - e através delas - as ondas de rádio, TV e celulares. Mesmo quem não tem o menor interesse na enxurrada de absurdos que compõe uma religião, acaba sendo importunado por elas. É como se o sujeito fosse capaz de contrair o vírus HIV sem ter mantido relações sexuais, recebido transfusão de sangue, compartilhado seringas etc. Por mais que não queiramos, e ainda que por breves segundos, acabamos por esbarrar em algum padre, pastor, ou idiota do tipo, dentro de nossas casas.
Há alguns meses, eu estava em um lugar onde a televisão era abastecida por uma antena parabólica. Contei trinta e três canais no total, onze dos quais eram religiosos. Fora os de venda de produtos inúteis para a sua cozinha e banheiro, e de leilões de tapetes, quadros, joias e bois. Talvez sobrassem uns cinco canais de programação "normal".
Canais católicos, evangélicos e até um japonês da Seicho-no-ie. E não estou dizendo de canais que têm certos horários de sua programação destinados às religiões. Falo de canais que transmitem baboseiras de suas bíblias em tempo integral. Nem Cristo teria paciência pra eles.
Percebendo o filão religioso, vendo o quanto é fácil ganhar dinheiro em cima dos fanáticos, vários canais estão "descobrindo" sua religiosidade, várias emissoras estão, como diriam os evangélicos, "aceitando Jesus em seus corações".
Além da Record, que é do bispo (p)Edir Macedo, a Globo e o SBT também estão se convertendo à Palavra (de novo como dizem os porras dos evangélicos). A Globo terá um especial de Natal gospel, fora com Roberto Carlos, o negócio agora é Jesus Cristo Superstar. 
Um parentêses : dando uma pesquisadinha rápida aqui pela net, fiquei a par de que o expoente atual da gospel music é a banda Diante do Trono. Eu já fiquei diante do trono hoje, virei-me de costas para ele, sentei-me e dei minha grande contribuição diária à humanidade, hoje a coisa passou do nível da água, sinto-me leve e ungido.
Mas, nessas breguices e ignorâncias, o SBT, a TV (ainda) do Senor Abravanel, é primorosa, beira o insuperável. Raul Gil já promove um show de calouros gospel, até aí tudo bem. A novidade imbatível (tomara que seja, assim espero) vem do Domingo Legal, apresentado pela figura simpática e inócua de Celso Portioli : o programa irá sortear uma benção do picareta Padre Marcelo Rossi. É isso mesmo, as pessoas se inscrevem, enviam cartas lamuriosas para o programa, sei lá, e concorrem em um sorteio cujo "prêmio" é uma visita do padre Marcelo às suas casas e uma benção do safardana.
O padre Marcelo Rossi já vendeu milhões de livros e DVDs, quanto será que ele está cobrando do SBT pela benzida? Cachê é a paga ao artista, michê, à puta (hoje, muitas vezes, cachê e michê se misturam), qual seria o nome da paga para a participação especial de um "homem de deus"?  Filhadaputê? Ou melhor, filsdeputê, para preservar o galicismo.
De quanto será o filsdeputê pago pelo SBT ao padre Marcelo? Acho que dá pra comprar um caminhão do Faustão.
Ora, vá abençoar a puta que o pariu.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pequeno Conto Noturno (24)

- Me esqueceu? - estranha Margô, que viera toda animada à casa de Rubens, ele em retorno de viagem.
- Sim.
- Me esqueceu ?!?!
- Minha memória, não; minha vontade, sim - tergiversa Rubens.
- Como? Você nem ficou fora tanto assim.
- O desejo é algo estranho e esquivo, Neil Gaiman o retrata como um andrógino de pele pergaminácea e olhos dourados.
- Neil Gaiman, quem é esse viado?
- Nada mais, nada menos, que o criador da mais bela das mitologias modernas, mas não estou com ânimo pra explicar.
- Acho que nem eu pra ouvir - rebate Margô -, eu até trouxe um whisky... foi como começamos... - tenta ela protelar.
- Então, ele será um adequado e irônico ponto final.
- Ponto final... às vezes esqueço de como você é de extremos, de tudo ou nunca mais, e de como transita rapidamente entre eles, até parece bipolar.
- Bipolar é redundância - Rubens, evasivo.
- Não gosto de pontos finais - segue Margô -, prefiro as reticências...
- Eu sei. Tomemos, pois, uma dose - sugere Rubens.
- Pra quê? Não me deseja mais...
- Mas sim ao whisky, que é bebida à parte dos ódios e afeições humanas.
Rubens vai à cozinha e volta com dois copos recém-enxaguados. Margô abre a garrafa, rótulo preto, coisa fina, e serve uma comedida dose para cada um.
- Brindemos e emborquemos - ordena Rubens.
Há um retinir de copos e uma enxurrada de lava a descer pelas gargantas.
- Sirva mais uma - pede Rubens -, que a primeira é sempre do diabo.
- Quer dizer, então, que aquela história toda de você passar um tempo em sua cidadezinha natal, reencontrar suas origens, era tudo desculpa? Tudo pretexto pra me esquecer? - e Margô serve doses triplas para cada copo, ganhar tempo, talvez.
- Não - diz Rubens em meio a uma bebericada -, eu não preciso de subterfúgios para esquecer ninguém. Vez em quando, preciso morrer, me enterrar fundo. E que melhor maneira de morrer que voltar às origens? No processo, meu desejo lhe olvidou.
- Um efeito colateral imprevisto? - tenta ainda entender Margô.
- Digamos que sim. As relações humanas não vêm acompanhadas de bulas.
- Simples assim?
- Não sei se simples, mas assim.
Margô vira o resto do whisky, uma entornada de fazer páreo a Clint Eastwood, e guarda a garrafa na bolsa.
- Rubens, apesar de não ter mais desejo, tem ainda algum apreço por mim?
- Claro.
- Me atende a um último pedido?
- Diz.
- Vai tomar no meio do seu cu ! - e Margô sai em direção à porta.
- Margô - chama Rubens -, e você, tem ainda algum apreço por mim?
- Só até atravessar essa porta.
- Me atende a um último pedido?
- Diz.
- Deixa a garrafa comigo?

Kill Bill

Ontem, pulando por canais de TV, enrolando para acabar com a latinha de cerveja, dei de cara com Kill Bill vol.2. Já vi o filme algumas vezes, mas como estava quase em seu final, onde David Carradine (ex-pequeno gafanhoto) realiza um dos monólogos mais interessantes do cinema, resolvi reassisti-lo parcialmente. Abri mais uma latinha, esperei e saboreei o monólogo de Carradine em cujas considerações Quentin Tarantino dá uma nova dimensão a um dos heróis mais chatos dos quadrinhos, o Super-homem.
Reproduzo-o abaixo :
"Bill (David Carradine) atira um dardo com o soro da verdade em Beatrix Kiddo (Uma Thurman). Enquanto a droga não faz efeito ele conversa com ela sobre o seu quadrinho favorito. Roteiro: Quentin Tarantino
 
Bill – Como você sabe, eu sou um grande fã de quadrinhos. Especialmente os de super-heróis. Acho a mitologia dos super-heróis fascinante. Por exemplo, meu herói favorito, o Super-Homem. Não é um grande HQ, nem é bem desenhado. Mas a mitologia não só é genial, ela é única.
Beatrix – Quanto tempo essa merda leva para fazer efeito?
Bill – Uns 2 minutos. O suficiente para eu concluir minha idéia. Todo mito de super-herói tem o herói e seu alter ego. Batman é Bruce Wayne. O Homem-Aranha é Peter Parker Quando acorda pela manhã ele é Peter Parker. Ele precisa pôr um uniforme para virar o Homem-Aranha.
E é aí que o Super-Homem se diferencia dos demais. O Super-Homem não virou Super-Homem. Ele nasceu o Super-Homem. Quando ele acorda de manhã ele é o Super-Homem.
O alter ego dele é o Clark Kent. Seu uniforme com o “S” vermelho é o cobertor no qual os Kent enrolaram o bebê quando o acharam. Essa é a roupa dele. 
O que Kent usa, os óculos, o terno, este é o disfarce que o Super-Homem usa para se passar por um de nós. Clark Kent é como o Super-Homem nos vê. 
E quais são as características de Clark Kent? Ele é fraco, inseguro e covarde. Clark Kent é uma crítica do Super-Homem à raça humana."

Vãs filosofias à parte, é claro, deleitei-me também com Uma Thurman, que ninguém é de ferro; só o Super-homem, que é de aço.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Macaco Fica Com Olho Roxo Após Briga Com Bêbado

O bêbado que invadiu o fosso dos macacos-aranha no zoológico de Sorocaba, no domingo (13/11), tomou uma bela surra dos bichos, mas também deixou sua marca. 
Ainda que em desvantagem numérica (e sob mordidas, arranhadas e dedos enfiados no cu), o mêcanico João Leite conseguiu acertar uma senhora muqueta num dos macacos, deixando o bichinho de olho roxo.
Como já dito aqui no blog, o mecânico foi socorrido pelo Samu e levado a um hospital de Sorocaba. A novidade é que após ser medicado e a bebedeira passar, o cara picou a mula do hospital, fugiu, escafedeu-se.
O macaco já estava reestabelecido na manhã de ontem, terça-feira, e brincava alegre com os amigos. E já anunciou que vai querer marcar uma revanche com o mecânico.
Macaco com olho roxo após briga com bebum

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SWU : Rock'n'Roll x Viadagem

Uma verdadeira cena do verdadeiro, bom e velho rock'n'roll pôde ser vista no tal SWU.
(Nem sei direito que porra é SWU, sei que é um festival de música que parece querer promover a tal sustentabilidade, que nem vou discutir muito aqui porque simplesmente não existe sustentabilidade em nenhuma atividade humana, a espécie humana não é viável ou sustentável, é tudo pura promoção, pura jogada comercial, festival de rock é para encher a cara e, com alguma sorte, papar umas bucetinhas)
Por conta das fortes chuvas, houve um atraso no palco da apresentação do grupo Ultraje a Rigor, liderado por Roger Moreira, palco onde se apresentaria em seguida um fulano de nome Peter Gabriel, desconheço quem seja. Aí, a equipe do gringo começou a bater boca com o pessoal do Ultraje, exigindo que o grupo do Roger tocasse apenas meia hora, garantindo assim que Peter Gabriel começasse no horário previsto, os gringos chegaram a desligar o som.
O Ultraje não teve dúvida, desceu o sarrafo na equipe gringa, socos e pontapés puderam ser vistos num dos cantos do palco por alguns espectadores. Roger e equipe puseram os filhos das putas ingleses no lugar deles, tocaram o show na íntegra e foram aplaudidos pelo público
Roger declarou à plateia : "É foda! Artista gringo vem aqui cagar na nossa cabeça. A gente já fica com o som pior e vem um babaca desse fazer merda aqui". Esse é o autêntico espírito do rock'n'roll. Roger ainda encheu seu twitter com mensagens provocativas, chamando Gabriel de babaca etc.
Agora, parece que o inglês ligou para Roger e está tentando pôr panos quentes, irá publicar  na imprensa uma nota de desculpas ao Ultraje. Isso não é rock, isso é politicamente correto, é a famosa viadagem. Rock não é bonzinho, polido ou educado, aí já é frescura no osso, é coisa de Herbert Vianna, uma babaquice só.
Parabéns, Roger, tem que dar porrada mesmo. 
Aproveitando o ensejo, e atendendo ao pedido de um primo meu que anda a reclamar da falta de beldades aqui no blog, coloco uma foto de outro dos signos do legítimo rock'n'roll : as gostosas.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Bebum É Foda! (II)

É por essas e por outras que fica difícil saber quem evoluiu de quem.
O mecânico João Leite dos Santos, mamadaço, pra lá de Marrakech, foi fazer um passeio lúdico ao zoológico de Sorocaba, andou, andou, e parou em frente ao recinto dos macacos-aranha para tomar um fôlego, recinto circundando por um fosso cheio de água. 
Palavras do próprio, ele ficou olhando aquela água e a achou muito bonita (imaginem o estado do sujeito). Resolveu entrar e ir dar uma nadadinha com seus primos de rabo e pelos. Os macacos não gostaram da visita inesperada do parente (e quem gosta?), seis macacos atacaram o pudim de cachaça, arranharam-no, morderam-no, e um, mais sacana e filho da puta, até enfiou o dedo no cu do mecânico (macaco também é foda), o mecânico gritava de dor.
O pé-de-cana foi socorrido pelo Samu e encaminhado ao Hospital Regional de Sorocaba. Apesar dos ferimentos, o pinguço passa bem. Um dos macacos ficou com olho roxo e pretende pedir indenização por acidente de trabalho junto ao IBAMA.
Fonte : EPTV.com

Bebum É Foda !

Algumas verdades são tão patentes e absolutas que muitas vezes são esquecidas, são ignoradas em sua infalibilidade. Cu de bêbado não tem dono é uma delas. Todos sabem que é a mais certa da verdades, ainda assim, fingem não sabê-la, arriscam-se em desmenti-la.
É o que aconteceu no dia 2 de novembro, finados, na cidade de Rondonópolis, MT. Dois colegas de trabalho foram tomar umas e outras para aproveitar o feriado, beber em memória dos mortos. Papo vai, papo vem, um deles foi em direção ao outro e o obrigou a fazer sexo com ele, forçou o amigo a lhe dar o rabicó, a dar ré no quibe.
A vítima, de 51 anos, que prestou queixa na delegacia, disse que tentou resistir à enrabada, mas que estava muito bêbado e não teve forças para evitar a vara lhe rasgando o brioco. Sei não, acho que ele deu mesmo, quis saber como era cagar pra dentro, depois se arrependeu e se saiu com essa de estupro. Segundo ainda o recém-despregueado, algumas horas depois, o amigo (mui amigo) quis repetir a dose e tentou comê-lo de novo, porém, já menos alcoolizado conseguiu resistir.
O papa-cu foi preso. Fosse eu o juiz a mediar o caso, absolveria o comedor. Ele não respondia por si, era mero títere das forças da Ordem e do Caos, do fluxo do Universo e da inexorabilidade de seus desígnios : cu de bêbado é para ser papado. E ponto.
A "vítima" disse que rompeu definitivamente a amizade, e que nunca mais vai tomar a cerveja Nova Schin. Ressaca, vômito e dor de cabeça, tudo bem; ardência no cu já é demais.

domingo, 13 de novembro de 2011

Três Pessoas, Um Só Desassosego

I)
Não sou porra nenhuma
À parte isso,
Ex-trago em mim todos os sonhos do mundo.

II)
Nunca fui porra nenhuma
À parte isso,
Estragaram-se-me todos os sonhos do mundo.

III)
Não quero ser porra nenhuma
À parte isso,
Tragou-me, o mundo, todos os sonhos.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

(H)Ela, Afinal.

Que a Morte me chegue
Como a vida sempre me veio,
Inesperada, sem planos
Sem nada falar.

Que a Morte me seja
Como a vida sempre me foi,
Sem hora marcada, sem compromissos
Sem avisar.

E que venha me buscar
Depois de um banho
Quando eu ainda estiver com o cabelo molhado
Despenteado, esparramado pela testa.
Simplesmente bata à minha porta
E diga,
" - Vamos, estamos atrasados para a festa."

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Isso É Que É Sequela !!!

O AVC (Acidente Vascular Cerebral) é causado por um distúrbio na circulação cerebral que leva a uma redução do abastecimento de oxigênio às células cerebrais adjacentes ao local do dano, ocasionando na morte dessas células.
O AVC é a segunda causa de morte no mundo e as vítimas, que a ele sobrevivem, podem carregar várias sequelas pelo resto de suas vidas. As mais frequentes são a hemiplegia (paralisação total de um dos lados do corpo) ou a hemiparesia (fraqueza de um dos lados); ainda são relatados problemas de pensamento, cognição, aprendizado, atenção, julgamento e memória, e depressão.
Acontece que Chris Birch, 26 anos, jogador inglês de rugbi, foi mais desafortunado. Sofreu um AVC durante uma partida e quando acordou no hospital, assim de repente, do nada, disse que era gay aos amigos e familiares que o rodeavam. A declaração causou estranheza, Chris estava fazendo preparativos para em breve ir morar com a namorada. Imagino a cara da família, o sujeito macho, inglês, anglo-saxão, sangue viking nas veias, simplesmente acorda e diz que é viado. Puta que o pariu!!!
"Parece estranho, mas, quando ‘voltei à vida', eu me senti diferente. Eu não estava mais interessado em mulheres. Eu definitivamente era gay", contou o jogador ao jornal britânico Daily Mail.  
Chris procurou um neurologista. O médico disse que a causa da mudança pode ter sido a abertura de uma parte até então inativa de seu cérebro. É foda. Ao invés de abrir uma parte do cérebro para o cara se tornar um novo Einstein, abre uma para ele ser o novo Clóvis Bornay. Abriu parte do cérebro, o caralho; abriram as pregas do indivíduo, isso sim. Isso se ele não estiver usando o AVC como desculpa para assumir a bichona que sempre foi.
Ele era bancário e passava os fins de semana bebendo e assistindo a jogos de rúgbi com os amigos. Taí outra coisa de que sempre desconfiei, desses caras que vivem jogando bola com os amigos. Pós-AVC, Chris notou também que não gostava mais de esportes, virou cabelereiro e começou a namorar um "homem".
Puta que o pariu!!! Isso é que é sequela. Eu prefiro ficar com a boca torta.

Padre De Franca (SP) É Condenado Por Pedofilia E Estupro

O padre José Afonso Dé, o padre Dé, como é conhecido na cidade paulista de Franca, foi condenado a 60 anos e oito meses de xilindró por atentado violento ao pudor, pedofilia e estupro. O padre, de 76 anos, foi condenado por abusar sexualmente de seis adolescentes na faixa etária dos 12 aos 16 anos, entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010. Os meninos seriam coroinhas do padre.
Não sou de defender padre ou qualquer outro líder religioso, muito pelo contrário. Padre, pastor e similares, é tudo safado e filho da puta, isso é ponto pacífico, mas algumas coisas não me parecem bem explicadas nesse caso. 
Há anos ele está à frente da paróquia São Vicente de Paulo, e só resolveu virar pedófilo agora, há um ano atrás, e por um período de 2 meses? Será que deu um surto de tesão no velhinho e ele saiu comendo menininhos? Será que o espiríto cristão, mais forte na época do Natal, levou o padre a colocar os púberes em seu colinho e obrigá-los a tocar o seu sino pequenino, sino de Belém?
Segundo denúncia anônima feita ao Conselho Tutelar de Franca, o padre molestava os coroinhas dentro da sacristia e na casa paroquial. Peraí. Se o cara é coroinha , o padre começa a passar a mão na bunda dele e ele não está gostando, é só não voltar mais à Igreja. Molestava-os também em sua casa? Quer dizer que, além da igreja, os meninos também iam visitar o padre em casa? 
E tem mais: que o padre seja acusado de pedofilia, de ser afeito a fazer uns carinhos em efebos, eu até acredito. Mas estupro? O da batina tem 76 anos, tá mijando no pé, com muita ajuda do espírito santo deve conseguir uma meia-bomba. Conseguir pegar a muque um adolescente de 16 anos? Essa molecada de hoje é tudo gigante. Uma boa muqueta nas fuças (ou um chute no saco) desferida por um jovem desses, colocaria o padre fora de ação por muito tempo.
Para mim, aí tem coisa. A denúncia anônima está me parecendo coisa de beata ressentida, de carola que devia gozar (literalmente) de certos privilégios na paróquia e que, por alguma razão, foi preterida e trocada por outra. 
Ouvidos, os meninos disseram ter sido beijados pelo padre e acariciados em seus órgãos sexuais. Quantas vezes? Quantas vezes eles retornaram à casa paroquial depois da primeiro "abuso"? Não estou dizendo que seja o caso, mas adolescente é foda, o pau tá com tudo, sobe a qualquer hora e por qualquer coisa, adolescente está sempre a fim de uma punhetinha, e se encontra alguém disposto a bater...
Mas vai ver que baixava aquela culpa católica-cristã depois da gozadinha - a culpa mais hipócrita de todos os tempos -, dava aquele medo de queimar no inferno, e, repito, orientados por alguma beata rançosa, os meninos resolveram corroborar a denúncia anônima.  
Além disso, aos 15, 16 anos, o adolescente não é mais nada ingênuo, já sabe muito bem a "fruta" de que gosta. Não estou dizendo que o padre não tenha alguma culpa, mas seria conveniente fazer uma investigação mais a fundo da índole e caráter dos denunciantes.
O advogado do padre já entrou com pedido de habeas corpus para que o pároco aguarde  a decisão do Tribunal de Justiça em liberdade .
Acredito que o padre Dé, até pela avançada idade, não chegue a efetivamente ver o sol nascer quadrado. Mas, caso aconteça, anotem o que vou dizer : vai formar fila de ex-coroinhas na cadeia nos dias de visita. Visitas íntimas. Feito mulher de malandro.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Minguante

Espinafre,
Lua Cheia,
Superamendoim,
Picada de inseto radioativo,
Vodka...
SHAZAM !!!
Patética bravata vã.
O dia será melhor amanhã :
Mas ainda serei eu.

Pequeno Conto Noturno (23)

Cinco horas e dezoito minutos, é o que mostra o relógio da loja de conveniência em que Rubens entrou depois de andar por quase três horas pelas ruas quase vazias e quase escuras da cidade. Em sendo horário de verão, e a bem da verdade, são, portanto, quatro horas e dezoito da manhã.
O relógio mente sem se dar conta de. As máquinas terminam por assumir os mesmos comportamentos de quem as manipulam, feito aqueles cachorros poodles idiotas que assimilam os QIs do donos, e mais idiotas se tornam, pensa Rubens.
Rubens nunca alterou seu relógio (quando ele ainda possuia um) desde que começou essa palhaçada de horário de verão, mentalmente ele alterava a hora de seus compromissos (quando os tinha), ele passava a entrar no trabalho às seis horas, almoçar às onze horas e assim por diante.
Não mexer em coisas que não se entende sempre foi uma das diretrizes da vida de Rubens; o tempo é uma delas. À sua própria regra, direito lhe seja dado, faz única exceção : as mulheres. Igualmente ao tempo, não as entende; diferente dele, têm peitos e bucetinhas. Então ele se arrisca.
- Rubens? - uma voz às suas costas.
- Ainda.
- Quanto? Uns quatro anos? - segue Dalila, a dona da voz.
Pessoas há muito tempo sem se verem não se acolhem logo de cara com um abraço, faz-se necessário perguntar, antes de tudo, "há quanto tempo?". Talvez como forma de fugir à justificativa pela ausência de um na vida do outro, ainda mais se ficou a cargo de um retomar o contato e ele procrastinou. Estabelecer o tempo perdido é matá-lo, fixá-lo em formol, fundar um novo marco zero.
- Acho que um pouco mais - e Rubens simula cara de quem faz cálculos mentais desse tempo -, cinco, talvez quase seis anos.
- Esse é o seu café da manhã? - E Dalila aponta com os olhos para a lata de cerveja na mão de Rubens.
- Digamos que seja meu chazinho da noite, para ir dormir.
Ela sorri. Ele se aproxima, tira a boina da cabeça dela com as duas mãos, ajeita a franja amassada.
- Você é linda.
- Sempre me achou linda?
- Não.
-Você não muda - e sorri de novo -, sempre péssimo em fazer elogios, e quando os faz, não consegue sustentá-los por muito tempo.
- A culpa é sua, das pessoas - Rubens acaba com a lata, pega outra no freezer, vai ao balcão, paga e volta com um café para Dalila.
- Por quê? Eu e as pessoas não somos suficientemente elogiáveis?
- Você é.
- Então...
- É que vocês ficam questionando os elogios como forma de obterem reforços a ele, "você acha mesmo?", "não está dizendo só pra me agradar?", ficam querendo a confirmação do elogio. A  gente salpica um pouco de confete e vocês logo querem um baile de serpentinas.
Ela ri mais uma vez, com mais gosto e liberdade.
- Te odiei quando sumiu, mas agora vou lembrando do porquê, estranhamente, gostei tanto de você.
- Isso é um elogio? - pergunta Rubens.
- Para você, sim; para mim, não.
- Não achei você bonita de começo, e nem durante algum tempo. Mas depois que passei a achar, não deixei de. Acontece muito das pessoas que achamos bonitas irem enfeando, você permanece.
- Humm.. isso já é um elogio mais decente.
- Claro que pode ter relação com o fato de eu nunca ter te comido.
- Lá vem... não podia ter parado, né?
- Não comi, não senti seus odores, seus suores, suas asperezas, seus rostos matutinos, suas viscosidades, seus atoleiros, seus humores e mal-humores. A imagem que tenho de você é a que pintei no momento em que lhe descobri bonita, não houve desgaste nem corrosão.
- E só por isso continuo linda?
- Talvez.
- Continuo bonita numa espécie de Retrato de Dorian Gray que pintou de mim.
- Exato. E ele continua aqui, nos meus porões, intacto e viçoso. Não termos trepado evitou o ressecamento da tinta, impediu seu desbotar e amarelamento.
- Não sei se gosto disso. Parece meio mórbido, parece coisa de quem faz aqueles quadros de borboletas espetadas com alfinetes. Pega mais um café pra mim?
Rubens vai e volta.
- Por que  não sabe se gosta? Você não adquiriu uma ruga sequer, as maçãs do rosto não arrefeceram, não há culotes, estrias ou celulite. Quer maior elogio do que ser mantida sempre  bonita, intocada pelo tempo?
- Os museus de cera fazem isso, e os embalsamadores. É doente. Não gostei do rumo que a conversa tomou. Foi a melhor desculpa que já ouvi de alguém que não tenha querido me comer, mas não gostei - Dalila baixa os olhos para a xícara de café e cala.
Rubens levanta, pega outra lata, volta e espera que o silêncio seja rompido por ela, tempo suficiente para ele acabar a terceira e começar a quarta lata de cerveja.
- Quatro latas? - retorna Dalila 
- Não bebo desde as duas da manhã.
Outro silêncio. Brevíssimo.
- Rubens...
- Diz.
- Isso do meu Retrato de Dorian Gray...
- Sei.
- Eu já tenho uma certa idade...
- Todos temos.
- Se você me convidar agora para irmos à sua casa, ao seu quarto, garanto que não vou me importar de ganhar umas ruguinhas em torno dos olhos, uns pezinhos de galinha...
- É?
- É.
- Se você topar também umas boas olheiras arroxeadas, eu convido.