quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Implante De Bigode (Ou : Uma Boa Maneira Para Belchior Pagar Suas Dívidas)

Depois dos implantes em silicone de peitos, bundas, bíceps, panturrilhas e até as controvertidas próteses penianas muito usadas pelos atores pornôs para aumentar, digamos assim, os seus talentos dramáticos, uma nova cirurgia estética está a tomar conta do fútil e rentável mercado da aparência. 
Na Turquia, a tendência entre os homens é o implante bigodal, é turbinar el bigodon, le moustache (em Portugal, caso essa moda também por lá aporte, serão as portuguesas as maiores beneficiárias da nova técnica).
Sei que pode parecer mais uma dessas viadagens modernas, essa coisa de metrossexual etc; se bem que o metrossexual segue caminho oposto, ele não implanta nada, menos ainda pelos, ele depila pernas, axilas, tira sobrancelhas, faz limpeza de pele e raspa o saco.
Mas não é nada disso, garantem os turcos desbigodados, porém machos. Acontece que, na Turquia, o bigode é muito mais que uma simples taturana peluda entre o nariz e o lábio superior. Ele pode expressar muitas coisas diferentes, da ideologia política à etnia de seu portador e, sobretudo, virilidade e poder.
Agora, indivíduos com bigodes ralos, que não foram agraciados com uma exuberância capilar lá pelo deus deles do bigode, estão recorrendo às clínicas estéticas para se submeterem ao procedimento chamado de extração de unidades foliculares, nada mais que arrancar uns cabelos do couro cabeludo e reimplantá-los abaixo do nariz. É a Interlace do bigode.
Um bom bigodão custa algo em torno de R$ 5 mil reais e a demanda não cessa de crescer. Integrantes do MSB (Movimento dos Sem-Bigodes) de todas as partes do mundo estão a acorrer à Turquia em busca da parte que lhes cabe desse latifúndio. Agências de viagem já montam pacotes turísticos que incluem uma cirurgia estética bigodal, o cara visita os pontos turísticos da Turquia e volta para a casa com um belo dum bigodão.
E se o cara, além de desbigodado, for também careca? Tira os pelos da bunda? Do saco?
Talvez a solução seja abrir um novo nicho de mercado, paralelo ao do aquecido implante bigodal, o dos doadores de bigode. Os bem-dotados pela natureza venderiam seus bastos e excedentes fios de bigode a peso de ouro. O governo turco bem poderia implementar bancos de doadores de bigode, o que minimizaria o surgimento de um mercado negro de transplante bigodal, bigodudos seriam raptados (ou sucumbiriam vítimas do golpe do boa-noite, cinderela) e acordariam numa banheira cheia de gelo, totalmente raspados, sem os seus bigodes.
E seria, finalmente, uma boa saída para o Belchior, o bigode que canta, saldar suas dívidas e poder regressar ao Brasil, retornar às suas apresentações e voltar a compor suas canções, suas poesias musicadas, que tanta falta fazem ao cenário da música popular. Belchior, lá na Turquia, poderia ganhar como doador e como modelo fotográfico de bigode. Ele, o Rivelino e o Sarney.
Empresário turco, ex sem-bigode, todo felizão com seu novo escovão.
Fonte : BBC Brasil

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Deve Ter Uma Boa Explicação

"O que é que essas aranhas tão fazendo aí no chão?
Uma em cima, outra embaixo
E a cobra perguntando..."
(Rock das Aranhas - Raul Seixas)

domingo, 27 de janeiro de 2013

Tristeza Não Tem Fim

Quero espalhar minha tristeza 
Pelas ruas, casas e fígados 
Fazer dela um novo gás na atmosfera. 
Quero difundir minha tristeza. 
Aspergí-la em espirros: 
Gotículas de muco melancólico 
A salpicar as faces alegres 
(ou burras demais para perceberem que tristes deveriam ser), 
A tornar densas as salas de cinemas, 
A umidificar os bolos de aniversário. 
Exibí-la em gêiseres de urina: 
Chovendo da janela do apartamento sobre os passantes, 
Regando jardins e praças públicas, 
Pichando, na madrugada, dizeres obscenos nos muros. 
Torná-la em campos minados de matéria fecal: 
Pacotes mal-educados a ofender olfatos e fingidas sensibilidades, 
A competir territórios com os vira-latas do bairro, 
A dificultar caminhos e emplastrar as solas dos sapatos.

Quem dera minha tristeza pudesse ser expressa por essas vias. 
Quem dera, por essas vias, minha tristeza ser compreendida. 
Para dizer da tristeza só se permitem as palavras 
E umas poucas e inócuas lágrimas. 
Obstáculo: as lágrimas podem ser tomadas como falsas, e infalivelmente o são. 
Obstante: inodoras, assépticas e anêmicas são as palavras do vernáculo que eu conheço]

sábado, 26 de janeiro de 2013

Expulsos Do Paraíso (Ainda Bem)

Se praias com dunas brancas a perder de vista, com coqueiros etc e tal são mesmo paisagens do paraíso, começo a entender porque Adão resolveu morder a maçã : para ser expulso de lá.
O cartunista Angeli, pelo visto, compartilha de minha opinião.
 quadrinho 1 - Certa vez, minha mulher me levou a um lugar paradisíaco.
quadrinho 4 - O que achou? Horrível.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(15)

Clássica!!!

Volta
(Lupicínio Rodrigues)
Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar
Quando ama?

O calor das cobertas
Não me aquece direito...
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.

Volta!
Vem viver outra vez ao meu lado!
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Tetas Alemãs

Um estranho fenômeno está a acometer e vexar uma tropa de elite do Exército da Alemanha, o Wachbataillon - Batalhão de Guarda.
Os valorosos soldados alemães, tudo cabra macho, descendentes dos cascas grossas dos godos, estão desenvolvendo seios. 
O bravo exército teutão está ficando com tetinhas. Ou melhor, com tetinha, só do lado esquerdo. O crescimento anormal dos seios dos pétreos germânicos pode ser explicado, segundo Bjorn Krapohl, diretor de cirurgia plástica do Hospital Militar de Berlim, pelas manobras militares de apresentação exaustivamente realizadas pelo batalhão.
"Os movimentos repetidos de levar com força o fuzil ao lado esquerdo do peito durante as apresentações e os exercícios militares estão fazendo com que as glândulas sejam estimuladas a produzir hormônios. Isso leva ao crescimento do seio (ginecomastia) em apenas um lado do peito", diz o doutor, que já removeu cirurgicamente os peitinhos de trinta e cinco soldados alemães.
Na verdade, eu não estou nem aí para os soldados alemães e suas maminhas, quero mais é que eles se fodam. É que isso, de movimentos repetitivos realizados de um só lado do corpo levar ao aumento dos peitos, me lembrou de uma antiga história.
Na minha transição para a puberdade, 12, 13 anos - que é quando a molecada começa a praticar o solitário esporte do banheiro -, muitas lendas rondavam o ato da punheta, e é bem possível que até hoje elas assombrem os iniciantes no cinco-contra-um. Lendas terríveis. Histórias para amedrontar e coibir ao extremo a relaxante bronha. Diziam-nos que fazia crescer pelos nas mãos, que dava espinhas, que podíamos ficar retardados, que viciava etc. 
A oposição à punheta se fazia tão grande que cheguei a ouvir de um padre do colégio, quando morei uns anos na região norte, em Rondônia, que a punheta prejudicava a saúde, deixava-nos fracos, e por isso os punheteiros pegavam malária mais facilmente. A gente tocava punheta de olhos abertos, atentos a qualquer pernilongo a voar pelo banheiro, mas tocava.
A desgraça que se abateu sobre os soldados alemães me trouxe à lembança outro mito acerca de descabelar o palhaço, o de que a punheta faria crescer os peitinhos, que o peito situado do lado do braço "trabalhador" cresceria pelo esforço repetitivo, que ficaríamos com um peito maior que o outro e todos saberiam que erámos punheteiros. Lembro que, de uma hora pra outra, depois que a história correu, ninguém andava mais sem camisa, nem para jogar bola, acabaram os times com camisa e sem camisa.
Por via das dúvidas, depois de ler a notícia sobre os alemães, fui ao espelho do banheiro dar uma conferida. Tudo certo. Era mesmo mito. Os peitos estão iguais, simétricos, franzinamente simétricos.
Por questão de bom gosto e porque o blog é espada, evitarei colocar aqui as fotos dos alemães com peitinhos, mas caso interesse a alguém, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Romantismo, por Francisco Daudt

Publicado na Folha de São Paulo, 22/01/2013.
"O amigo ficou horrorizado quando lhe contei alguns fatos da vida: que os partos se dão como rejeição imunológica ao corpo estranho transplantado para o organismo da mãe, que até se segura equilibrado na corda bamba por 40 semanas, mas ao fim delas o organismo expulsa aquele invasor.
Que a quantidade de abortos espontâneos é enorme e invisível, pelo mesmo processo. Que ninguém deve chorar pela perda de um feto antes dos seis meses (afora problemas uterinos corrigíveis), pois a natureza está apenas se livrando de um produto defeituoso.
Que o homem deposita na fêmea de sua espécie três grupos diferentes de espermatozoides, apenas um deles é fecundador. Os outros dois só existem para atrapalhar os gametas de outros homens (que, como a mãe natureza presume, copularam com a fêmea no mesmo período). São os matadores (capazes de detectar espermatozoides alheios, e de destruí-los com suas enzimas) e os obstrutores (que entopem a passagem de outros nos canalículos do colo do útero).
Que, diferentemente do pensamento do senador republicano Todd Akin ("os casos de gravidez depois de um estupro são muito raros" e "se for um estupro de verdade, o corpo da mulher tenta, por todos os meios, bloquear a gravidez"), a mesma mãe natura considera o estupro apenas como uma das formas de reprodução, bem eficaz, a propósito, já que os índices de gravidez pós-estupro são bem mais elevados do que os do sexo amoroso (na Bósnia-Herzegovina, mulheres de 9 a 50 anos engravidaram dos soldados estupradores).
Para piorar a situação, o sexo violento é, em geral, mais fértil do que o delicado, por isso as mulheres engravidam mais dos amantes "bicho-pega" do que dos maridos acomodados.
Que os animais comoventemente monógamos (cisnes, pombos) geram crias bastardas em torno de 20%. Quando começaram os testes de DNA em humanos, surpresa: nos casais mais pobres, o nível de frutos extraconjugais igualava o das aves, caindo à medida que a posição econômica do marido aumentava (mas nunca sumindo).
Que uma pesquisa americana perguntou às mulheres o que elas prefeririam: ter como marido um fiel e pacato classe média, ou ser a quinta concubina no harém de John Kennedy? Preciso dizer que resposta ganhou com ampla maioria?
"Mas, e o romantismo?", perguntou ele.
Vamos por partes. Primeiro, ele não foi uma criação cultural dos trovadores do tempo das cruzadas, maridos lutando, mulheres em torres. Nem começou na idealização dos amores impossíveis.
Com traços mais toscos, ele é produto da seleção natural. Uma forma de reprodução que aposta mais na qualidade, pelo investimento do homem na mulher e suas crias (maior taxa de sobrevivência, melhor alimentação e proteção), do que na quantidade, a estratégia do estuprador.
Logo, não podemos construir nossa ética com base na natureza.
O que faz um leão, antes de se acasalar com uma fêmea sem macho, mas com filhotes? Mata-os a todos, o que produz instantânea ovulação na fêmea.
Não é incomum que um homem tenha o mesmo impulso, mas a civilização tem outros tantos fatores a considerar."

O Ateísmo É A Base Da Viadagem, Declara Papa Bento XVI

O que o Papa João Paulo II tinha de diplomático, de conciliador, de inteligência política, enfim, da hipocrisia polida de que todos gostam, o seu sucessor, o Papa Bento XVI, tem de estouvamento, de rispidez, de falta de tato. E de burrice.
Na tentativa desesperada de conter o sangramento copioso das fileiras católicas frente às novas religiões, sobretudo as neopentecostais, e, quero crer, frente aos crescentes esclarecimento e grau de instrução da população, que levam parte dela a rejeitar as idiotices da fé, o Papa Bento XVI anda a bombardear seus fiéis (e ao mundo, o que é pior) com os mais despropositados pronunciamentos, as mais descabidas declarações travestidas de dogmas.
Desde o início de seu papado, o revigoramento do secularismo e a união homoafetiva legal são dois de seus alvos preferidos, nos quais ele acredita que descer a borduna possa conter o esvaziamento de suas igrejas e que, na prática, dadas as suas desastradas falas, só está fazendo por fortalecê-los.
Agora, num ato próprio de quem está na mais profunda desesperança e na cólera de não poder moldar o mundo à sua vontade, como nos bons tempos da Inquisição, o Papa Bento XVI tenta criar um vínculo de causa e efeito entre seus dois maiores inimigos, declara que ateísmo e viadagem são intrinsecamente ligados, tenta matar dois coelhos com uma só porrada. Resultado : os dois coelhos lhe escapam.
Numa de suas declarações mais estapafúrdias, Bento XVI diz que toda a doutrina que subsidia o casamento gay tem origem no ateísmo.
O Papa mistura alhos com bugalhos e, nesse caso, refere-se à teoria de gêneros, que ele classifica como "uma antropologia de fundo ateu". 
A teoria dos gêneros defende que a identidade sexual é determinada pela educação e o meio ambiente, e não por diferenças genéticas, e é largamente preconizada pelos defensores do casamento gay, que acreditam que a identidade feminina ou masculina não é predeterminada.
Balela. Também discordo da teoria de gêneros. Claro que a pessoa já nasce homem ou mulher, claro que ela já nasce, inclusive, homo ou heterossexual, o que, a meu ver, só legitima ainda mais sua condição e seu direito de exercê-la livremente. Claro que a teoria de gêneros é outra de uma grande sandice pseudocientífica, mas não pelos motivos alegados pelo Papa.
Bento XVI tenta desqualificar a fraca e ridícula teoria de gêneros não pelas suas inconsistências acadêmicas crassas e mais que visíveis, mas através de outra falsa hipótese, a de que ela tenha sido proposta por ateus, a de que os ateus, em uma conspiração global, busquem endossar cientificamente a viadagem para com isso minarem os alicerces da família e, consequentemente, os da igreja.
Antes de mais nada, estabeleçamos o absurdo da fala papal. Ser ateu significa, simples e unicamente, não acreditar em deus. E ponto. A isso, não se segue nenhuma outra regra ou dogma, não vêm anexos nenhum manual ou cartilha normativa de conduta ateia. O ateu pode ser heterossexual ou homossexual, pode ser negro ou branco, pode ser honesto ou canalha, pode ser trabalhador ou vagabundo, pode ser qualquer coisa, independente de ser ateu. Ser ateu não implica em mais nada além de ser ateu, nada diz das qualificações outras nem mesmo do caráter do sujeito. O ateu não nutre amor a nenhum deus, mas bem pode ter amor às suas pregas. Uma coisa nada tem a ver com a outra.
Demos, no entanto, tratos à bola, façamos um exercício de  imaginação e suponhamos que a correlação ateísmo-viadagem feita pelo Papa possa ter um fundo de verdade, consideremos tal suposição, não para apoiarmos o sumo pontíficie, mas, antes pelo contrário, para colocá-lo em maus lençóis, em ainda piores lençóis.
Ao afirmar que o ateísmo é o substrato filosófico da viadagem, Bento XVI também está a afirmar que o ateísmo se faz presente nos fundamentos teóricos da igreja católica. É isso mesmo. É óbvio que sim.
É público e notório que a grossa maioria dos sacerdotes católicos, de alto a baixo na hierarquia eclesiástica, é composta de homossexuais, de bichonas enrustidas sob a batina. Ora, é o mais puro e simples silogismo : 1) O ateísmo é a base da viadagem; 2) A viadagem é a base da igreja católica; 3) Logo, o ateísmo é a base da igreja católica.
Ao tentar vincular o ateísmo às roscas queimadas, o Papa está a declarar que lidera uma igreja predominantemente constituída de sacerdotes portadores das mesmas falhas morais e de caráter que ele, Bento XVI, jurou combater e expurgar do planeta. É a cobra mordendo o próprio rabo. É o ovo do cuco.
O medo que o Papa tem do secularismo é de motivo evidente. Quanto menos idiotas pelo mundo, quanto mais pessoas optando pelo exercício da racionalidade e pela crença em si próprio, menos moedinhas a tilintarem nos cofres santos.
No pavor da união gay, o Papa consegue colocar melhores disfarces, sai-se com a clássica lenga-lenga dos valores éticos, morais, familiares etc, mas a máscara da falsa moral cai facilmente frente a um olhar mais escrutinador. Sacerdotes católicos não podem se casar com mulheres e constituir família, tal proibição consta há séculos dos estatutos, cânones, ou sei lá o quê, da igreja católica; volta e meia, o assunto é até discutido, mas sua proibição já é fato consumado, é líquida e certa.
Pois bem, o grande medo do Papa Bento XVI é que, com a legalização mundial do casamento gay, a padraiada comece a querer se casar entre si. Casar com mulher não pode, e com outro homem, com outro sacerdote? Não há nada previsto nas leis canônicas a esse respeito, nem que sim nem que não.  
Padre com bispo, monsenhor com diácono, sacristão com coroinha, cardeal com cônego... Vai ser uma loucura. O que o Papa mais teme é que a Basílica de São Pedro se torne a catedral mundial da união homoafetiva.
Fonte : G1 Globo

domingo, 20 de janeiro de 2013

Hitler Nosso Que Estais No Céu

Escultura do artista plástico holandês Jeff Van Weereld, inspirada no Papa Bento XVI, nos notórios engajamento e militância do Santo Homem na Juventude Hitlerista.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Bin Laden Está Vivo, Já Seus Assassinos...

Uma nova maldição está a entrar para a  História, muito pior que a de Tutankamon. A maldição de Bin Laden.
Mais da metade da equipe que localizou e matou Bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, em 2 de maio de 2011, está morta. Morreu em "acidentes", em fatalidades "inexplicáveis".
Diferente da maldição do falecido Tutankamon, essa é a maldição do Bin Laden vivo, do Bin Laden que não foi morto.
Porque é óbvio que o barbudão ainda está vivo. Muito bem escondido e protegido pelo governo estadunidense, provavelmente em algum local paradisíaco e a gozar de todas as regalias que conquistou pela ajuda sempre prestada ao governo dos EUA. 
A primeira delas foi assumir o atentado às Torres Gêmeas, o que garantiu a reeleição de George W. Bush; a segunda foi se deixar "matar" por uma operação militar, das mais confusas que já vi, realizada no primeiro mandato de Obama, o que também garantiu a esse o seu segundo mandato.
Será que alguém engoliu mesmo aquela história do Bin Laden ter sido sepultado no mar? De que o governo estadunidense lhe concedeu esse favor em respeito à sua religião? O corpo não foi mostrado porque não houve defunto. Bem diferente do que ocorreu com Saddam Hussein, que teve seu enforcamento assistido mundialmente e o seu cádaver exibido, exaustivamente, durante sei lá quantos dias em todos os meios de comunicação.
Bin Laden está vivo. O que está a matar os integrantes dos comandos militares que o "eliminaram" é a maldição para que o Bin Laden continue a ser dado como morto.  Vai que amanhã ou depois, um dos soldados envolvidos tenha uns 5 minutos de bobeira e revele que tudo foi uma farsa? A maldição de Bin Laden é uma queima de arquivo, das brabas. Todos os envolvidos gradualmente eliminados.
As baixas provocadas pela maldição de Bin Laden não foram poucas e não se restringiram aos escalões menores das forças armadas. O comandante de um dos grupos da missão, Job Price, de 42 anos, segundo informações não oficiais, teria se "suicidado" no dia 22 de dezembro do ano passado.
Além disso, 20 soldados dos SEALs (unidades de operações especiais da Marinha dos Estados Unidos) que participaram da missão estão mortos. Esses nem voltaram para casa, morreram em missão ainda no Afeganistão, ou também, feito Job Price, "suicidaram-se".
A maldição do morto mais vivo do mundo não para por aí. Três meses depois da ação militar, um acidente de helicóptero matou, de uma só vez, 20 homens, em 6 de agosto. As Forças Armadas americanas abriram uma investigação para apurar a circunstância das mortes.
Resultado das investigações? Ora, a maldição de Bin Laden. Querem explicação mais lógica?
Fico a imaginar o Bin Laden, de bermudão, chinelão de dedo, deitadão numa rede em alguma praia particular do caribe, com seu harém a lhe abanar com folhas de coqueiro, a tomar pinãs coladas o dia todo e, vez ou outra, a receber visitas de seus amigos George Bush, Barack Obama e outros, em eterna dívida para com ele.
Uma bela vida para um morto. Até eu queria. Obviamente que dispenso o bermudão florido, o chinelão havaianas, a praia e as visitas dos ianques.

Ódio À Democracia, por Reinaldo Azevedo

"Os passaportes diplomáticos viraram a casa da mãe joana. Depois que Lula os distribuiu até ao papagaio da família, ninguém mais aceita ser cidadão comum. Todos querem privilégios de fidalgo. A última a entrar nessa é a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). O grupo enviou um ofício ao ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores, cobrando o que considera ser um “direito”. Direito??? ABGLT… Em breve, a turma terá de incorporar o XYLZ, né? Afinal, se cada gosto sexual merecer uma militância organizada, faltarão letras ao alfabeto em língua portuguesa. Será preciso importar vogais dos franceses e consoantes dos eslavos. Sigo adiante.
São crescentes a intolerância e o ódio à democracia, exercidos, por incrível que pareça, em nome da… democracia. Quando os líderes evangélicos se incomodaram com o passaporte especial dos cardeais, poderiam, sim, ter reivindicado o fim da distinção. Mas preferiram outro caminho: “Nós também queremos; nós também não somos como os brasileiros reles”. Toni Reis, da dita associação gay, poderia, então, ter feito o que os evangélicos não fizeram: “Chega de privilégios inexplicáveis!”. Mas quê… Também ele não quer ser importunado em aeroportos com exigências feitas a homens comuns. Reis, afinal, não é ordinário como todos nós; não é uma pessoa comum: é um ABGLTXYZ! Como pede isonomia com religiosos, entendo que tal condição lhe dá também alcance pastoral…
Nem nas minhas antevisões mais pessimistas, aquelas dos 20 anos, imaginei que chegaria aos 51 tendo de escrever textos como este.
Uma nota para encerrar: quando de esquerda, eu já me incomodava com os nascentes movimentos que eu chamava, então, “particularistas”: de gays, de mulheres, de maconheiros, de negros, de periferia… Considerava, no calor dos meus 17, 18 anos, que aquela gente não entendia como funcionava o mecanismo fundamental de reprodução da desigualdade: a luta de classes. Aprendi alguma coisa ao longo da vida. Hoje vejo que também eles, além dos esquerdistas tradicionais, não entendiam e não entendem o valor da democracia. Arremato observando que Toni Reis não disse em nenhum momento que a concessão de passaportes diplomáticos a líderes religiosos é inexplicável e arbitrária. Se a sua turma também tiver o seu, na sua cabeça, estará assegurada a igualdade.
É verdade! Estará assegurada a igualdade dos desiguais!"

Para texto na íntegra : Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Tô De Olho No Sinhô...

Ele chegava puxando sua caixinha de fósforo por um barbante, à guisa de um cachorrro de estimação, acomodava-se no banco da Praça e lascava : Tô de olho no sinhô...
Carlos Alberto de Nóbrega já fazia sua cara de desgosto com a chegada do Louco, que de louco nunca teve nada. A conversa seguia e rolava aquela costumeira apostinha no final, 100 reaus, propunha o Louco, e Carlos Alberto concordava, para se livrar logo do Louco e por achar que a aposta era uma barbada. E era uma barbada mesmo, para o Louco. O Louco sempre engambelava o dono do banco da praça.
O ator e humorista Clayton Silva, 74 anos, interpretou o Louco por mais de três décadas. Sempre a mesma história, sempre as mesmas apostas, sempre o mesmo final previsível. E sempre engraçado. Muito engraçado.
Clayton Silva, com câncer há três anos, morreu na madrugada dessa terça para quarta-feira. Mais uma grande baixa no tradicional humor brasileiro, o verdadeiro humor. Clayton se junta a Chico Anysio e, praticamente, a toda a turma original da Escolinha do Professor Raimundo.
Os humoristas antigos estão todos indo para a cova, natural. E o humor brasileiro está a afundar junto com seus últimos representantes, a sete palmos de terra. Não está ocorrendo a renovação do humor nacional. Ou, se sim, ela não nos chega pelos principais meios de comunicação do país.
Casseta e Planeta? Foi pro vinagre, e já foi tarde. Zorra Total? Uma merda só, sem maiores comentários. Danilo Gentili, Rafael Bastos e outros CQCs? Passo longe. Pânico na TV? Tem umas boas bundas. Marcelo Adnet? Dizem que o cara fala não sei quantos idiomas, que é inteligente pra caralho e tudo, não vou dizer que não, mas engraçado? Qual a graça em Adnet?
Ao fim do quadro, irritado com a prolixidade do Louco e pelo prejuízo financeiro da apostinha, Carlos Alberto ordenava : Vai embora, vai!!! E o Louco ia.
E o Louco se foi.
Tô de olho no sinhô...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Valdemiro Santiago Recebe Passaporte Diplomático

Ainda ontem - e em outras inúmeras vezes -, eu disse aqui no blog que a maneira mais segura de se burlar a lei no Brasil é alegar motivos religiosos para a infração, seja ela qual for. Por mais espúrio que seja o ato, basta dar um aspecto religioso à canalhice e o sujeito escapole ileso pelas brechas da justiça, pelas pregas frouxas do cu de nossa Constituição.
O exemplo usado ontem foi o de Geraldinho Rastafári, lider da "igreja da maconha"; ele e seus seguidores querem transformar sua igreja num maconhódromo, numa embaixada da ganja, alegando que a maconha, no caso de sua religião, é de uso ritual, o que lhes garantiria uso livre do cigarrinho do capeta.
Só que Geraldinho Rastafári é uma brincadeira, é só um hippie querendo fumar o seu sem ter problemas com a lei, tem mais é que ser solto do xilindró onde está trancafiado.
O exemplo de hoje é muito mais grave. Muito mais sério.
Uma decisão assinada pelo ministro interino Ruy Nunes Pinto Nogueira, das Relações Exteriores, e publicada ontem, 14/01/2013, no Diário Oficial da União, concedeu o privilégio do Passaporte Diplomático ao chefe da Igreja Mundial, Valdemiro Santiago, e à sua esposa, Franciléia Santiago.
Isso mesmo. Passaporte diplomático! Como se fossem, ele e esposa, representantes do Brasil em viagens ao exterior.
O Itamaraty justificou a medida com base no artigo 6º do Decreto 5.978/2006, segundo o qual o documento especial pode ser concedido “às pessoas em função do interesse do país”.
E que tipo de interesse nacional, que lhe valesse tamanha honraria, poderia ser representado ou defendido por Valdemiro no exterior? Interesses religiosos? Não haveria justificativa legal para tal, uma vez que o Brasil é um Estado laico e, portanto, sem interesses religiosos. E ainda que fossem os interesses religiosos a desculpa para o passaporte diplomático, haveria pessoas muito mais capacitadas a isso que Valdemiro Santiago, já que claros se fazem sua chucriche e semianalfabetismo, o cara não sabe nem falar direito.
A rigor, o passaporte diplomático só poderia ser concedido a presidentes, vices, ministros de Estado, parlamentares em missão no Exterior, ministros dos tribunais superiores e ex-presidentes. 
A decisão do ministro Ruy Nunes Pinto Nogueira elevou Valdemiro Santiago ao mesmo patamar de importância de um chefe de estado, ou rebaixou todos os chefes de estado à condição de Valdemiro.
Isso tem cara de paga de favor político. Quem garante que a Igreja Mundial não patrocinou campanhas políticas de deputados e senadores e agora começa a receber parte do que investiu? Será que esse ministro é evangélico, ou tem alguma ligação, mesmo que indireta, com  a igreja de Valdemiro? Acredito que uma pequena investigação não faria mal nenhum nesse caso.
Gozam dos mesmos privilégios diplomáticos, os cardeais da igreja católica , e também Edir Macedo (da Igreja Universal do Reino de Deus), R.R.Soares (da Igreja Internacional da Graça), e respectivas esposas.
Os portadores do passaporte diplomático não precisam apresentar vistos nos países em que entram; nos aeroportos, não precisam pegar a fila das pessoas comuns, escapando, inclusive, as suas bagagens de serem revistadas.
Lembram do caso dos bispos da Igreja Renascer em Cristo, Estevam e Sônia Hernandez, pegos no aeroporto de Miami com milhares de dólares não declarados em sua bagagem e presos por evasão de divisas e lavagem de dinheiro? Pois bem, se o casal cristão fosse possuidor de um passaporte diplomático, não teria sido pego. Os bispos teriam levado tranquilamente a grana para algum banco estrangeiro, para algum paraíso fiscal, e poderiam ter continuado com a prática até hoje, sem ninguém saber.
Não estou dizendo que a igreja católica, Edir Macedo, R.R. Soares e, agora, Valdemiro Santiago, evadam divisas do país nem que pretendam fazê-lo. Mas o fato é que podem. E dada a quantidade de dinheiro que arrecadam, sem uma declaração fiscal precisa do quanto, é algo a se pensar sobre.
Podem isso e muito mais. O fato é que são imunes às leis que incidem sobre a cabeça da grande maioria dos brasileiros, e dos cidadãos de outros países, também. Aos seus felizes portadores, o passaporte diplomático garante imunidade contra infrações cometidas em outros países. Se o cara, só para citar exemplo dos mais inofensivos, avançar um sinal vermelho na Espanha, em Cingapura, na China, na Rússia, no Nepal etc, nem adiantará o guarda multá-lo, será jogar papel fora, o infrator diplomático vive em outra esfera, a da impunidade.
A voz do povo é a voz de deus, dizem os estúpidos. Só se for a voz da absoluta mudez, da plena afasia. Nem o povo - que só existe como massa de manobra - e nem deus - que não existe - têm voz. Contudo, como são poderosos os que tomam para si as vozes do povo e de deus : os políticos e os líderes espirituais. Em nomes de um povo e de um deus abstratos, eles cometem os maiores descalabros e gozam de privilégios legais inimagináveis para nós, meros mortais. 
E o pior é que o povo e deus - feitos às imagem e semelhança da mesma burrice  - devem achar realmente que eles merecem tais regalias por representá-los. Políticos safados não cessam de ser reeleitos; líderes espirituais escarnecedores não cessam de proliferar.

Em tempo : há uma petição pública online pedindo o cancelamento do passaporte diplomático de Valdemiro, o link da petição, a quem interessar possa, é : www.peticaopublica.com.br/PeticaoAssinar.aspx?pi=P2013N34617
O Marreta já assinou.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Libertem Geraldinho Rastafári

A questão é controversa e aparentemente intrincada.
Drogas consideradas ilícitas podem ser utilizadas livremente dentro de um contexto religioso, em uma cerimônia ou culto? Suas produção e distribuição, tão somente destinadas aos louváveis propósitos da fé, espiritualidade e outras embromações,  podem não ser consideradas como tráfico de entorpecentes?
A resposta, segundo Geraldo Antônio Baptista, o Geraldinho Rastafári, é sim. 
Geraldinho Rastafári, 53 anos, é o Papa da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil, conhecida como “igreja da maconha” e sediada na cidade de Americana (SP). Segundo o guru da chibaba, o cultivo da maconha para fins religiosos é permitido pela legislação brasileira.
Não obstante, Geraldinho foi detido e enquadrado por tráfico de drogas. Geraldinho foi grampeado em 15 de agosto do ano passado, depois que a polícia encontrou 37 pés de maconha palntados em sua casa; aliás, 6 pés a menos que a quantidade encontrada na laje da casa da vovó da maconha, em Diadema (SP).
De acordo com a esposa de Geraldinho, Marlene Martins, que ficou responsável pela igreja e pela saúde espiritual dos fiéis durante, digamos, o retiro espiritual do Sumo Sacerdote da Cannabis, a medida judicial não alterou em muito a rotina dos cultos : “Perdemos nossa liderança, então o movimento cai um pouco. Muitos universitários, principalmente, ficaram com receio após a prisão. Mas continuamos funcionando normalmente”.
Universitários, é lógico. O que seria desse nosso país se não fossem os universitários, sempre ávidos por novos conhecimentos e doutrinas?
Os advogados de Geraldinho Rastafári argumentarão que a maconha pode ser usada de forma ritual nos cultos da igreja e que, ao não permitir que isso ocorra, a Justiça desrespeitaria o item constitucional que garante liberdade religiosa aos brasileiros. 
É claro que tudo isso é uma grande duma enrolação, ninguém está interessado em aperfeiçoamento espiritual porra nenhuma. Claro que é só uma desculpa esfarrapada para fumar maconha. Mas e daí?
O álcool, ainda que legalizado, é a droga que mais mata mundialmente, e o padre não dá lá a talagada no vinho dele durante a missa, no draculesco ritual do sangue de Cristo, que é seguido da canibalesca comunhão do corpo de Cristo? A turma do Santo Daime não vomita até as tripas depois de ingerir suas infusões alucinógenas?
Além disso, as religiões já servem mesmo para tanta merda, para tanta coisa ruim. Guerras, matanças, genocídios, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, tráfico de influências, acobertamento de pedófilos. Se passarem a se prestar também para o sujeito fumar a maconhazinha dele em paz, sem incomodar ningém, será o menor de seus males.
A próxima audiência, que decidirá o futuro do Bispo da Marijuana, está marcada para o dia 17 de janeiro próximo, no fórum de Americana.
Enquanto isso, Marlene, fiéis da igreja da maconha e defensores da causa não estão de braços cruzados. Uma petição online já angariou 3200 assinaturas em prol da absolvição de Geraldinho Rastafári, e o grupo também pede o auxílio de entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Entre outras coisas, Geraldinho Rastafári carrega uma bíblia com uma folha de maconha em dourado na capa e afirma que Cristo operou seus milagres sob o efeito da erva. Não duvido. Não mesmo.
Soltem logo o Geraldinho, porra!!! Libertem Geraldinho Rastafári!!!
Deixem que o sacerdote do cigarrinho do capeta continue a conduzir seu desorientado rebanho pelos vales da morte e das sombras. E da fumaça. 
Geraldinho Rastafári, a rezar fervorosamente.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Ao Poeta Do Hediondo

Encontro-me entre feras, 
Mas não sinto a tua necessidade, Augusto, 
De também ser fera. 
Meu desejo é mais penoso e tem maior custo: 
A vontade de não mais ser humano, em mim impera, 
Mas aí é que dano, Augusto; 
Como perder a humanidade sem me tornar fera? 

Já amputei a mão que afaga, verti cal na chaga 
E beijos, Augusto, nunca mais quererei. 
Ainda assim, a vida em mim naufraga 
Na incerteza de se fera me tornarei. 
E da questão, essa ambigüidade é todo o cerne 
Ah, que vida frugal e sem conflitos 
Deves estar levando aí com seus amigos, Augusto, os vermes. 

Mas sobre esse dilema, uma nova luz incide, 
A dualidade da questão, a resposta em si encerra. 
Podes dormir tranquilo, Augusto. 
Achei a solução! 
Devemos perder – e perderei – a nossa humanidade 
Para que ela jamais nos torne em feras.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Considerações Sobre As Diversas Visões

Acabo de chegar do oftalmologista : ele dilatou os meus olhos (as pupilas);
Semana que vem, tenho consulta marcada no urologista : um temor difuso e de origem indefinida começa a me assaltar...
Lembrei-me do clássico LP de Tom Zé, Todos os Olhos do Mundo, cuja capa é das mais instigantes que já vi, se não a mais.
A bolinha de gude, claramente, faz as vezes de um globo ocular, e o cu em que ela repousa - sim, é um cu -, reza a lenda, não sei se é verdade, dizem ser da Maria Bethânia.
Pode até ser. Esses meninos da Tropicália, sempre metidos com psicodelismos, esoterismos, visão do terceiro olho. Essas coisas. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Mijadinha Ecológica

A prática, em si, não é nova. Todo mundo a faz - ou costumeiramente, ou esporadicamente. É um daqueles pequenos tabus caseiros, não se pergunta a respeito dele, não se comenta sobre, nunca foi recomendado aos filhos que não o praticassem, finge-se que não existe.
É a relaxante urinada que se dá durante o banho, geralmente no início dele, quando o cair da água do chuveiro estimula que mais água venha abaixo, libera a micção. 
Há os que mijam diretamente no ralo, e acredito que componham a maioria, há os que aproveitam o jato de urina para ir empurrando pequenos detritos para o ralo, restos de espuma do banho anterior, fios de cabelo etc.
Quando eu era criança, transformava a pistola numa verdadeira pistola d´água, mijava tentando acertar aqueles mosquitinhos comuns aos boxes de banheiro, uns bem miudinhos, cinzentos. Parei com isso. Não porque eu não seja mais criança, mas porque aqueles mosquitinhos há muito sumiram de meu banheiro.
Bom, se o ato é dos mais comuns e antigos, um vereador propor publicamente que ele seja estimulado entre a população, até onde eu saiba, é fato inédito.
É exatamente esta a sugestão do vereador Bert Wassink, do partido ecológico GroenLinks, da cidade de Drenthe, Países Baixos. Ele quer inserir sua proposta dentro do projeto maior de sustentabilidade e economia de água, carro-chefe da prefeitura de seu município para o ano de 2013.
Urinar durante o banho leva a uma economia de água e de dinheiro. "Se você combina banho e urina, economiza bastante água e dinheiro. Então por que não?", pergunta Bert, e aproveitou para se declarar um antigo adepto do esporte.
É a mijada sustentável! É o mijão politicamente correto! E eu? Que sou ecológico e nem sabia? Puta que o pariu!!!
Só acho que o cartaz acima, o símbolo da campanha de Bert, precisa ser um pouco melhorado. Fica parecendo que o cara tá mijando embaixo de poste de iluminação pública, não de um chuveiro; o que, confesso, também já fiz várias vezes, naqueles madrugadões, as ruas agradavelmente desertas, voltando para casa meio bêbado.
E se formos pensar bem, a mijada num poste, árvore, pneu de carro, banca de jornais etc, guarda, igualmente, um aspecto ecológico. A urina vai, escorre, volta para a natureza, rega as plantas, ajuda a reabastecer os lençóis freáticos, seus compostos nitrogenados são reciclados pelas bactérias. 
O Marreta apoia a iniciativa do nobre edil.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O Carnaval Do Barbosa

Estamos a exato um mês da virada do ano e os preparativos estão a todo vapor. Virada do ano, sim. Que em todo o mundo ocidental, a passagem para o Ano Novo se dá em 1º de janeiro, e nós até que fazemos uma festinha por conta disso. Mas Ano Novo mesmo, no Brasil, só começa, desgraçadamente, depois do carnaval. 
Carnaval, isso sim é que é uma festa de responsa para saudar o novo ano. Foguetinhos a enfeitarem os céus por alguns minutos? Uma champanezinha Sidra Cereser a espocar aqui e ali? Comer umas não sei quantas uvinhas para dar sorte? Usar calcinhas dessa ou daquela cor para atrair os benefícios desejados?
Nada disso. Festa de Ano Novo que se preze dura quatro dias. Não tem nada de fogos de artifício, tem é de ficar de fogo; nada de espumantezinhos, só cerveja e destilados misturados com refrigerantes ou energéticos; e se seu carnaval for dos bons, você nem se lembrará de onde perdeu as calcinhas.
Todo carnaval elege seus heróis, aquelas personalidades cujos rostos transformados em máscaras vestirão os foliões. A máscara do Lula já foi campeã de vendas de carnavais passados, a do Ronaldinho, a do Bin Laden, a do Obama e, mais recentemente, a do palhaço Tiririca, sensação do carnaval de 2011.
Para o carnaval deste ano, a máscara mais vendida, com mais de 25 mil unidades negociadas e já esgotada das prateleiras, é dele, do Justiceiro-Mor da República, Joaquim Barbosa, responsável pela condenação inédita de toda a petralhada de Lula no caso do mensalão.
As máscaras de Barbosa evaporaram das lojas, feito os bons e velhos lança-perfumes dos antigos carnavais. Os fabricantes estão trabalhando no limite de suas máquinas e prometeram um reforço de 15 mil máscaras, reforço que será insuficiente, dizem eles.
Este ano não vai ter nem pro Rei Momo, este ano é do Barbosa e ninguém tasca. A Justiça pode ser meio cegueta, mas usa óculos e tem a cara do Barbosa. A cara da Justiça, nesse país de descarados, é a cara do Barbosa. Ou será apenas a máscara da Justiça?
Dane-se. É carnaval, e todo mundo quer vestir a cara do Barbosa, canibalizar suas retidão e honradez.
Esperemos que o fenômeno Joaquim Barbosa não se mostre um carnaval, de fato. Esperemos que todo o esforço e o risco que ele correu na condenação da alta cúpula do PT (nos últimos dias de julgamento, ele contava com proteção do Exército) não terminem numa triste quarta-feira de cinzas. 
O que parece estar a caminho de acontecer; condenados, muitos foram, presos, ainda nenhum.
De qualquer forma, Joaquim Barbosa fez o seu carnaval, e nós, tolos e eternos pierrots traídos, por quatro metafóricos dias, aderimos esperançosos ao seu bloco, engrossamos o coro de seu cordão.