terça-feira, 31 de março de 2020

Pequeno Conto Noturno (80)

Para Rubens, boas noites de sono são como boas mulheres : não se lembra de ter tido muitas. Raramente, caem-lhe nas mãos. Menos ainda hoje - já 01:38 h da madrugada -, que Rubens apagou vespertinamente por uma hora e tanto, quase duas horas. Sono turbulento, doente, mas sono.
Chá de camomila? Capim-cidreira? Composto de valeriana e mulungu? Rivotril? O caralho! De rum, Rubens decide se sedar.
Serve-se de licenciosa dose dupla de rum, pega seu toca-CD, agora também com entrada USB, para que não digam que Rubens é um homem das cavernas, vai para a sacada, põe as centenas de músicas no pen drive no modo randômico e se senta a beber e a olhar a noite. A observar a dança da Lua - ora odalisca com véus de nuvens, ora atriz pornô desnuda e túrgida -, a esperar pela visão de OVNIs e de estrelas cadentes. 
Põe-se, enquanto bebe e espera pelo imponderável, a pensar na vida, no seu dia. Rubens também está, teórica e oficialmente, em regime de quarentena. Quarentena para os outros - pensa Rubens, durante um gole de rum -, para a maioria, para a grossa massa. Para Rubens, fora o fato de não ir ao trabalho, a tal quarentena é o seu dia a dia normal.
Rubens termina a primeira dose dupla e se recorda da caminhada, da volta que deu, pela manhã, pelo bairro e por sua principal rua comercial. 
Papelaria fechada. Já tenho mais canetas Bic e papel do que serei capaz de, respectivamente, esgotar as tintas e deflorar as brancas pautas, pensou Rubens, ao passar por suas portas de metal corrugado; posso passar muito tempo sem entrar em uma papelaria.
Ópticas. Três delas. Fechadas. É bem verdade, pensou Rubens na hora, que o 1,5 graus de meus óculos de leitura não se ressentiriam de uma recalibragem, mas, sob boa luz e boas letras, ainda dão para o gasto, poderão durar por muito tempo. Além do quê, pensou também Rubens, depois de certa idade, pouca coisa ainda há para se ver, há muito mais coisas para serem lembradas, e a lembrança sempre pode ser editada e ampliada em letras garrafais, sem depender de lentes ou de outras muletas a servirem de máscaras negras de nossas decrepitudes. Depois de certa idade, a lembrança é muito mais fundamental que a realidade e o futuro. As ópticas fechadas e os meus óculos obsoletos também não me são itens de urgência, concluiu Rubens.
Uma grande loja de produtos de beleza - perfumes, cosméticos, xampus. Fechada. Para o sovaco, pensou Rubens, ao passar por suas amplas portas de vidro, outrora de hálito perfumado e ornada por vendedoras vestidas em seus uniformes e maquiagens engomadas e bem passadas, sempre usei a eficiente mistura de álcool e bicarbonato de sódio; para os cabelos, sabonete do mais barato. Perfume? Nunca comprei nem pra presente. Para Rubens, mais uma ruína sem sentido e sem saudade, a grande loja de produtos de beleza.
Restaurantes self-service e de pratos executivos. Quatro deles. Fechados, todos. Igualmente, pensou Rubens, ao trafegar livremente pela calçada lateral de um deles, antes tomada por mesas e pessoas falando alto e comendo com as bocas abertas, não me farão falta se extintos forem; nunca me sentei às suas mesas, nunca os cheiros saídos de suas cozinhas me despertaram o apetite, nunca provei de seus sabores, nunca nem pus os olhos em seus cardápios.
Uma concessionária de automóvies usados, adjunta a uma de instalação de som automotivos. Outro ponto para o coronavírus, pensou Rubens, ao passar pelo portão em grades a rodear a loja e a deixar entrever os carros em oferta com preços pintados nos para-brisas, nunca tive carro, não tenho nem habilitação, e o mundo ficará melhor sem o pigarro dos motores e o ribombar dos alto-falantes, as vozes amplificadas dos idiotas. Muito melhor, aos pulmões, o ar poluído apenas pelo silêncio. Se bem que, ponderou Rubens, dando tratos à bola, os pôres-do-sol, perderão seus reflexos castanhos-arroxeados sem o óxido nitroso. Um sacrifício válido.
Uma barbearia. Aliás, barbearia, não, barber shop. Fechada. Foda-se, pensou Rubens, ao mirar sua fachada retrô, vintage. Só corto cabelo, quando muito, duas vezes por ano, uma no equinócio do outono, outra na da primavera. A barba, então...
Posto de combustível e sua loja de conveniência. Trabalhando a passo de tartaruga, permitindo a entrada e o atendimento de duas pessoas por vez. E com o latão da Lokal a R$ 1,99. Secando a segunda dose dupla de rum, Rubens se lembra de que entrou, dispensou o álcool gel à porta, as luvas plásticas disponíveis entre as prateleiras, comprou quatro latões, os responsáveis por seu sono vespertino, e saiu. Atravessou a rua, subiu dois quarteirões, tomou uma rua paralela.
Uma loja de 1,00 Real. Nunca comprei, pensou Rubens, querendo chegar logo em casa para entornar os latões, sequer um "tupperware" nestas pequenas chinatowns, sequer um prendedor de roupas, um pano de prato ou de chão, uma extensão elétrica, uma chave de fenda, um sachê perfumado para banheiros, um capacho de "welcome" para pôr à soleira da porta do apartamento.
Uma academia de cross fit. Fechada. Nem merece comentário - pensou Rubens, apressando o passo para a cerveja não perder muito o "gelo".
Tudo fechado. Volta a pensar Rubens agora, às 02:43 h da manhã, a se servir de sua terceira dose dupla de rum. Tudo fechado. Tudo o que nunca precisaria ter sido, de fato, aberto.
Nos poucos lugares em funcionamento - supermercados, farmácias, padarias e pet shops (sim, o melhor amigo do homem também precisa comer) -, assim como naquelas lagoas barrentas em meio à aridez das savanas, em que girafas, zebras, gnus, hienas, leões e elefantes se reúnem em reverente distância, as pessoas não mais se abraçam, não mais se tocam, não mais oferecem as mãos em cumprimento; quando muito, sorriem-se à distância de 1,2 metros e por detrás de suas máscaras hospitalares.
Nenhuma intimidade. Nenhuma cordialidade. Só a convivência básica e indispensável.
03: 12 h da matina. Rubens gargalha. Se levanta da cadeira, ajeita as bolas do saco dentro da cueca e, novamente, gargalha. Seca a terceira dose de rum.
Finalmente, pensa Rubens, o seu estilo de vida, o isolamento social, está a receber o seu devido valor, está a ser reconhecido. Rubens ri, agora silenciosamente, a mirar a paisagem da cidade acesa, porém de ruas vazias; as lâmpadas dos prédios, dos postes, dos estabelecimentos comerciais não mais a atraírem as mariposas noturnas; sim a se prestarem de velas em funeral. Quer sobreviver? Faça como Rubens, evite as pessoas. 
O novo coronavírus, pensa Rubens a preparar sua quarta dose, transformou a todos em Rubens.
À tal conclusão, Rubens, já de volta à sacada, sorri um sorriso de canto de boca; sempre no canto esquerdo. Não um sorriso de vingança, como muitos poderiam supor. Um sorriso - mais até um esgar - de como quem diz : eu te disse, eu te disse. Um sorriso de profecia cumprida, de mãe cuja praga rogada ao filho pegou. Um sorriso triste de quem sempre teve a razão e nunca a ilusão por desjejum e travesseiro.
O novo coronavírus - pensa Rubens, tentando se acostumar à ideia - transformou todo mundo em Rubens. Está obrigando todo mundo a encarar e confrontar e acordar e almoçar e jantar com o seu Rubens interior. Com o seu Rubens interior e com os de seus filhos, esposas, maridos, companheiros etc.
Com a convivência forçada com seus Rubens, pensa Rubens, será que o número de mortes evitadas pelo contágio do coronavírus não será superado pelo número de suicídios? Pelo de divórcios, certamente. Outras duas questões que também não me preocupam - Rubens dando uma boa talagada.
Mais penosa, no entanto - e o semblante de Rubens torna-se taciturno frente a tal pensamento - será, pelo visto, a quarentena de bucetas. Também todas fechadas, as bucetas. Ao menos, as que Rubens conhece, ao menos aquelas de quem ele ainda guarda os telefones, aquelas que ainda lhe dirigem a palavra.
Pela tarde, antes de ser render ao apagão provocado pelos latões de Lokal, Rubens ligou para Virna, Yrina, Selena, Brígida e Suzana. Brígida não atendeu. Todas as outras, sim, e se declararam reclusas pelo coronavírus. 
- Mas a gente não precisa beijar na boca, só dar uma metidinha - tentou ainda Rubens, sem conseguir convencer a nenhuma delas, sem sequer lhes arrancar uma risada, mesmo uma risada forçada, fingida como a maioria dos orgasmos delas.
A mulherada anda com mais medo do coronavírus que do HIV, pensa Rubens, e drena a quarta dose.
Mais penosa lhe será, ao que tudo indica, esta quaresma de buceta. Logo eu - pensa Rubens, sentindo-se um tanto injustiçado -, que nem cristão sou, que adoro uma carne vermelha, embebida em sangue pagão, de preferência.
04:02 h da manhã. Na geladeira, o rum dá pra mais uma moderada quinta dose. Rubens terá de se contentar com ela. Tempos de contingência, pensa Rubens. Tempos de contingência, conforma-se.
(no randômico do toca-CDs, a "agulha" cai em Raul, O Dia em que a Terra Parou)

O Poço

Para quem tem estômago forte - muito forte -, vale a pena pra caralho assistir! Está no Netflix.

segunda-feira, 30 de março de 2020

REMs e Poluções Noturnas

Há tempos,
Há sei lá quantas ampulhetas,
Meus passos entraram em hibernação,
Minha vontade, em incubação,
Meus ânimos e brios, em câmara criogênica,
Meus prazeres, de maçã envenenada da bruxa má se fartaram,
Meu rosto dorme em velhas fotos e em espelhos sépias.

Por que diabos, então, 
Eu não consigo dormir?
Por que cargas d'águas, ora porra,
Eu não consigo uma noite ininterrupta de sono?
De REMs repletos de voos
E de poluções noturnas?

domingo, 29 de março de 2020

Fiiuu, Algodão Doce Pra Vocês

Daniel Azulay
1947 - 2020

O Novo Coronavírus é um Vírus Comunista, Sim!

Tudo parado.
Ninguém trabalhando.
Todos à espera de subsídios governamentais.
Se ainda havia alguma, agora não resta mais nenhuma dúvida :
O novo coronavírus é, sim, um vírus comunista!!!
De esquerda, inconteste. Até a medula!!!

sexta-feira, 27 de março de 2020

Pequeno Conto Noturno (79)

- Por que resolveu se ir? - pergunta Selene.
- Resolvi? - diz Rubens.
- Tá... por que se vai?
- Talvez por não poder ficar.
- Não poder? - instiga Selene.
- Não conseguir.
- Destino, então, Rubens?
- Quando havia opções?
Rubens e Selene secam o resto de cerveja em seus latões.
- Livre-arbítrio, então, meu homem perdido, meu ateu devoto?
- Livre-arbítrio? Quando todas as opções são exatamente a mesma escolha?
- Por que, então, a mudança, o movimento? - e Selene abre mais um latão para si e outro para Rubens.
- Talvez para não morrer à míngua, como os tubarões, que, parando de nadar, não importa para onde, deixam de receber o oxigênio que lhes passa pelas fendas branquiais, dissolvido na água, na inércia aos seus redores.
- Faria diferença, então, ficar e morrer?
- Se fosse em uma de suas crateras isoladas acusticamente, em um de seus úteros anaeróbios, não. Não faria diferença partir ou ficar.
- Mas não poderá ser, né? Não será, não é mesmo? - Selene, sentindo faltarem-lhe a gravidade e a atmosfera.
De um fôlego, Rubens drena o latão recém-aberto e se encaminha para a cozinha. Fazer o último café dos dois.

Travessuras de Menina Má (27)

quinta-feira, 26 de março de 2020

Decidi : Vou Virar Caloteiro!

Pããããããããããta que o pariu!!! É o cu dividido em três vezes e sem juros!!! É o cu pré-datado!!!
Depois dessa, adotarei o velho lema dos inadimplentes : devo, não nego, pago quando e se puder!!!
Fico com fama de caloteiro. Peço moratória e concordata!
Abro falência, mas não abro o cu!!! 
Já o meu amigo ex-boiola terá crédito ilimitado na praça!!!
Pãããããããta que o pariu!!!!!!

terça-feira, 24 de março de 2020

O Coronavírus é Made in China, Sim.

O governo chinês anda a se ofender com a automática associação que o resto do mundo tem feito entre a China e o surgimento e a propagação do novo coronavírus. A chinesada anda cheia de mi-mi-mis com o assunto, toda doloridinha, dizendo-se vítima de preconceito, injustiçada etc. Está parecendo até as "minorias" brasileiras.
E a ditadura chinesa tem o apoio e a vassalagem de jornalistas e políticos brasileiros de esquerda, jornalistas e políticos que não poderiam se expressar livremente se estivessem na China. Tem gente dizendo de xenofobia, ou, melhor, de sinofobia, aversão não ao estrangeiro de forma geral, sim específica e direcionada ao chinês.
O deputado federal mais votado das últimas eleições, Eduardo Bolsonaro (outros disseram o mesmo, mas é claro que o Dudu é alvo preferencial) disse que o coronavírus é um vírus chinês. Foi execrado pela imprensa, por muitas alas políticas e pelas redes sociais. Querem que ele - ou qualquer outro que tenha dito que o coronavírus é um vírus chinês - se ajoelhe em desculpas e retratação à maior ditadura comunista do planeta.
O ex-senador Cristovam Buarque disse ter sido desrespeito e preconceito contra o povo chinês. Não é desrespeito para com o povo chinês atacar o regime opressor ditatorial comunista que o massacra. Cristovam Buarque defende o modelo chinês, isto sim é um desrespeito para com a democracia brasileira, democracia que o elegeu por várias vezes, da mesma forma e com a mesma legitimidade que elegeu Eduardo Bolsonaro.
Ciro Gomes propôs a cassação de Eduardo Bolsonaro, logo ele que, segundo o que ouvi o jornalista Rodrigo Constantino dizer, tem no site oficial do PDT uma parceira com o PCC, o Partido Comunista Chinês, para que este o apoie no Brasil; está no site oficial do PDT, não é teoria da conspiração; fica parecendo que Ciro Gomes é um agente da ditadura chinesa querendo cassar um deputado eleito por um regime democrático.
Mas, enfim, por que tanto melindre e prurido do governo chinês e seus simpatizantes tupiniquins com este assunto? Algum espanhol se ofende com o termo gripe espanhola? Alguma corrente ideológica, ou conglomerado de mídia se revoltam e querem banir tal designação, gripe espanhola? Acho que nem mesmo os catalães e os bascos, mais dados às porradarias, se importam, ou se sentem ofendidinhos.
Por que ficar, então, tão cheios de dedos com o vírus chinês? Por que tanta frescura e viadagem em torno do tema?
Primeiro, porque a China pode exigir um cala-boca global sobre o assunto, é a principal parceira comercial das nações mais poderosas do planeta, é a comunista com mais - e as mais importantes - parcerias capitalistas do mundo; segundo, porque a associação entre o novo coronavírus e a pátria do genocida Mao Tsé-tung não é questão de preconceito nem de sinofobia : é clara, óbvia e inequívoca, é a mais pura verdade. Fosse uma mentira deslavada e descabida, a China não estaria a se doer deste tanto, estaria cagando e andando.
Eduardo Bolsonaro disse que o novo coronavírus é um vírus chinês. Disse-o de forma desastrosa, nada diplomática? Sim, disse. Eduardo Bolsonaro é um idiota, um boçal, um despreparado, um falastrão inconsequente, que se aproveita da situação para atacar a esquerda, os seus opositores ideológicos? Sim, ele o é; sim, ele se aproveita. Mas, neste caso, em nenhum momento, Eduardo Bolsonaro mentiu, ou distorceu a verdade. O novo coronavírus é mesmo chinês. Falhas à parte, e elas são incontáveis, ainda prefiro um desbocado inepto eleito democraticamente a um ditador comunista.
Vamos aos fatos, ao que se tem de concreto.
Onde foi que o novo coronavírus, devido a certos hábitos alimentares "exóticos" da população, como se deliciar com sopa de morcegos, por exemplo, transferiu-se do animal, infectou pela primeira vez a espécie humana e daí se pôs a circular e a se disseminar pelo planeta? Foi na Noruega? Na Alemanha? Na Austrália? Não, né? Na China. Estudos publicados na conceituada revista científica Nature confirmam que a província de Wuhan foi o epicentro da pandemia.
Ainda que, como querem os teóricos da conspiração, o novo coronavírus não tenha sido propositalmente criado em laboratórios chineses como forma de arruinar a economia mundial e fortalecer a sua própria - o que vem "coincidentemente" acontecendo -, o fato é que o novo coronavírus encontrou um ambiente muito bem protegido e propício à sua propagação : o regime comunista chinês, a censura vermelha.
Jornais de pendores esquerdistas e, portanto, insuspeitos neste caso, feito o New York Times, nos EUA, e a Folha de São Paulo, no Brasil, noticiaram e documentaram que Xi Jinping, Presidente da República Popular da China, e o prefeito de Wuhan tinham conhecimento do novo coronavírus há muito mais tempo do que admitem publicamente, que o regime comunista chinês trabalhou para calar médicos dissidentes, que queriam alertar para o problema.
Estudos ingleses mostram que se o governo chinês tivesse agido de pronto e de acordo com a gravidade da situação, a propagação do novo coronavírus poderia estar, hoje, dois terços menor. Ou seja, se os comunas tivessm agido decentemente, de cada três casos de infectados pelo novo coronavírus que há no mundo, dois poderiam ter sido evitados. Nem seria uma pandemia.
Mesmo que o acaso de uma fatídica mutação no vírus tenha tornado a China em involuntária manjedoura do novo coronavírus, o regime comunista chinês esmerou-se em se tornar a sua mais perfeita incubadora, na qual o vírus pôde se proliferar, avolumar-se, ganhar força e partir para a conquista de novos territórios.
Sim, o regime comunista chinês tem relação direta com a pandemia do novo coronavírus. Não é preconceito. Negar os fatos e pedir desculpas a uma ditadura comunista cujos métodos conduziram o planeta a este caos? Nem fodendo. Pedir desculpas pelo quê, a um governo deste? Só mesmo porque a esquerda lavada cerebralmente brasileira quer, né?
No ano passado, por ocasião das queimadas na Amazônia, queimadas que sempre ocorrem e ocorreram no período de seca daquela região e cujo recorde se deu, sem muito alarde e notícias, no governo Lula, o viado francês Emmanuel Macron vilipendiou internacionalmente o presidente Jair Bolsonaro, atribuindo-lhe, sem nenhum indício concreto, toda a responsabilidade pelos incêndios, sugerindo-os até propositais, deixando subentendida, embora de forma muito clara, no mínimo, uma conivência de Bolsonaro com as queimadas, até mesmo um incentivo de sua parte para que elas fossem criminalmente provocadas. Nem eram mais as queimadas da Amazônia, passaram a ser as queimadas de Bolsonaro.
Não me lembro de nenhum político, intelectualoide, ou órgão de imprensa a cobrar nem provas do que Macron vomitava aos quatro ventos nem tampouco a exigir algum tipo de desculpas, ou de explicação pelas acusações feitas a um líder político - repito - eleito num regime democrático por milhões de brasileiros.
Associar, sem provas e impunemente, o Presidente da República de um regime democrático à devastação dolosa de um dos mais importantes biomas do planeta, pode, né?
Agora, associar, à luz dos inegáveis fatos, uma ditadura de esquerda, comunista, ao acobertamento da gênese de um novo e preocupante vírus e, consequentemente, à facilitação de sua disseminação pelo mundo, não pode?
Não pode é o caralho que não pode!
A novo coronavírus é made in China, sim!

domingo, 22 de março de 2020

O Que o Cu Tem a Ver com o Coronavírus?

Depois do álcool em gel (eu continuo preferindo o em latão), o produto mais disputado nos corredores e prateleiras dos supermercados da vida tem sido o bom e velho papel higiênico.
Pelo que tenho observado em minhas rápidas incursões aos supermercados, o brasileiro está a comprar mais papel higiênico que arroz e feijão. Vai chegar uma hora em que não haverá mais o que cagar, mas o estoque de papel higiênico estará a sair pelo "ladrão".
Até há poucos dias, por exemplo, um carrinho de compras cheio de picanha e de fardos de cerveja puro malte era um dos símbolos de ostentação no supermercado. Clientes menos afortunados, os que só têm o que basta para uma fraldinha, uma asinha de frango e meia dúzia de subzeros e bavárias, olhavam para aqueles carrinhos com um misto de inveja e cobiça.
Hoje, tudo mudou. Hoje, ostentação é um carrinho abarrotado de fardos de papel higiênico - compre 12 e pague 11, e assim por diante. Se for de folha dupla, então, é que o orgulhoso condutor do carrinho mais atrai para si olhos de lascívia e concupiscência. Ele desfila pelo mercado como se fosse (e neste momento ele o é) o mais bem-sucedido dos homens.
A manter-se tal quadro, o IBGE já estuda em mudar o parâmetro de um dos principais indicadores de riqueza e prosperidade da nação, a renda per capita, que é a renda nacional, em reais, dividida pelo número de habitantes, ou seja, é o quanto de dindim, do faz me rir, em média, que cada brasileiro ganha por ano (per capita do latim, por cabeça).
A consolidar-se tal conjuntura, a renda per capita será substituída pelo rolo per capita. O papel higiênico passará a ser o principal indicador socioeconômico da nação. Tanto mais próspera, com melhor divisão de renda e justiça social será a nação quanto mais rolos de papel higiênico por habitante ela produzir e consumir.
O motivo para a corrida ao papel higiênico só pode ter uma explicação : o brasileiro - e o resto do mundo - está se cagando de medo do coronavírus.
Porém, a psiquiatria e a psicanálise - ah, o que seria de nós se não fossem a psiquiatria e a psicanálise... - discordam de mim e fornecem uma explicação alternativa à minha, menos escatológica e cheia de vocabulário de divã, uma explicação "racional".
Não é somente o papel higiênico a sumir das prateleiras, também houve grande aumento na demanda por produtos de limpeza em geral. O que é normal em períodos de pandemia, garantem os psicopicaretas. Como o ser humano faz uma associação direta entre doença e sujeira, o simples fato dele se guarnecer e se ver cercado de produtos de higiene e limpeza já o faz se sentir mais seguro e protegido.
Com a palavra, a psicanalista francesa Sonja Saurin : 

“O papel higiênico está relacionado à limpeza. Enquanto você está evacuando, o seu corpo rejeita o que não serve mais. Então, há uma associação metafórica desse papel higiênico, feito para limpar, e a vontade de evitar contaminação, além de evacuar os medos. Nesse momento, vemos homens que sempre tiveram barba raspando, pois tudo o que pode ser sujo lembra contaminação. O que podemos dizer também, de um ponto de vista psicanalítico, é que quando há pânico as pessoas se fixam sobre certos objetos".

Um caralho que vou raspar minha rasputínica barba!!! 
Mas não é só, a coisa não para por aí. Seguido e se somando a isto, instala-se o "efeito manada", o "efeito maria-vai-com-as-outras", macaco vê, macaco imita. Basta que um "serumaninho", médio e normal, veja um outro comprando e possuindo algo em grande quantidade para que ele desenvolva a urgente necessidade de também se apossar daquilo. Se o outro precisa, também eu.
Confesso que também não sou totalmente imune ao "efeito manada", a automaticamente pensar que preciso do que o outro tem; confesso que, às vezes, sou tão refém deste ditame biológico evolutivo quanto o resto do rebanho. Sentia muito fortemente o "efeito manada" quando via, a exemplo, fotos do Brad Pitt abraçando a Angelina Jolie. Instantaneamente, o "efeito manada" apossava-se de mim, tomava-me feito uma entidade, eu tinha que possuir aquela mulher.
Mas "efeito manada" por papel higiênico? Ora, vão à merda!
Que sejam reativados e reinaugurados todos os bidês do mundo!!!
E o pior : de nada valerão montanhas de papel higiênico contra o coronavírus. Com a palavra, o psiquiatra Fábio Barbirato, professor de pós-graduação em Psicologia da PUC, que reitera a associação sujeira-doença, mas alerta :

"Isso é uma grande bobagem. Na transmissão do coronavírus, não vai fazer diferença se na casa tem dez pacotes ou um de papel higiênico. O vírus é passado pela via aérea. O papel não vai proteger nem aliviar nesse caso".

Ou seja, não se pega coronavírus pelo cu! Se o cu nunca teve nada a ver com as calças, menos ainda com o coronavírus! O medo e o pânico, talvez, estejam a desorientar e a confundir o povo : pelo toba, pelo brioco, pelo roscofe, se pega é um outro vírus, o HIV.
E, neste caso, as medidas profiláticas são outras, são bem outras. Como bem nos explica, com uma eloquência de fazer inveja a qualquer orador romano, o saudoso comediante Costinha, em seu LP de piadas O Peru da Festa, volume 2. Orienta-nos, Costinha:

"Eu descobri um remédio pra não pegar AIDS, rá, rá, rá, um remédio pra não pegar AIDS, éééée´... um remédio, um remédio pra não pegar AIDS. Fácil, muito fácil. É só ir num galinheiro, pegar uma galinha, arrancar uma pena do cu, mas tem que ser do cu,  não tem problema que esteja suja de bosta, e guardar sempre no bolso ou na carteira. Moral da história : quem tem pena do cu, não pega AIDS".

Pããããããããããta que o pariu!!!! 

A Casa Caiu Para a Casa di Conti

Não há pandemia que me iniba, ou que me tolha de prosseguir no desbravamento de novos territórios - eu, o bandeirante das cervejas gerais -, de continuar a experimentar cervejas nunca dantes degustadas, de me embrenhar em mercados, mercearias, armazéns, bodegas e lojas de conveniência na eterna busca da boa e barata perfeita.
Ontem, ao ir na loja de conveniência da rede de postos Sewal, para comprar meus latões de Lokal (473 ml) por R$ 1,99 a unidade, deparei-me com ela, a puro malte (assim dizia o rótulo) Moinho Real, R$ 1,89 a lata de 350 ml.
Além dos latões de Lokal, comprei duas latinhas da Moinho Real.
Confesso que, desta vez, a compra não chegou a ser um tiro no escuro; talvez a velhice, inimiga de toda a testosterona, tornou-me mais precavido, mais temeroso, enfim, mais cagão mesmo. Pus a lata na horizontal a procurar por seu fabricante, procedência etc.
Animei-me : produzida e envasada pela tradicional e conceituada Casa di Conti, de cuja lavra também são as boas e baratas 1500 e Tag Bier, já devidamente mostradas, comentadas e condecoradas aqui no Marreta.
Desta feita, todavia, a minha persistência na procura pelo Santo Graal do bebum sovina não foi recompensada. Lembrei do filósofo Dr. Gregory House : "perseverança não é igual a merecimento".
Apesar da embalagem caprichada e estilosa, a Moinho Real é ruim. Muito ruim. Deu o que fazer para tomar as duas latas. Sem espuma, cheiro meio rançoso. Mesmo gelada, quase ao ponto de empedrar, dá-nos a impressão de morna, zero de refrescância. Mais gosto de tubaína sabor maçã que de cerveja. Só "ganha" de uma cerveja que tomei até hoje, da Royal Beer, mas a respeito desta, tenho dúvidas até hoje de que seja cerveja.
Não sei o que houve, mas há algo de podre no reino da Casa di Conti. E, este algo, é a cerveja Moinho Real.

sábado, 21 de março de 2020

A Bandeira Contaminada

Uma charge genial, pra lá de bem sacada, publicada no jornal dinamarquês Jyllands-Posten - não consegui descobrir o nome do chargista - irritou a chinesada, a tal ponto do governo chinês exigir um pedido de desculpas por parte do periódico, uma retratação.
A embaixada chinesa se diz profundamente indignada pela ofensa à pátria do genocida Mao Tse-Tung e declarou que o jornal "ultrapassou o limite inferior da sociedade civilizada e o limite ético da liberdade de opinião e ofendeu a consciência humana".
A China falando em ética, sociedade civilizada e consciência humana? Não é justamente a China que está a comprar ações e comoddities por valores baixíssimos agora na pandemia e que irá lucrar imensamente com eles quando a crise passar? Não é a economia chinesa que irá se fortalecer ainda mais quando a poeira baixar? Como já aconteceu durante a gripe aviária, a gripe suina e a peste suína da África?
E a China vai ficar querendo o tal pedido de desculpas. O editor-chefe do Jyllands-Posten, Jacob Nybroe disse que não vai pedir desculpas porque não considera que tenha feito algo de errado. E mesmo que a chinesada comedora de morcego queira levar a "gravíssima" ofensa para o tapetão, para esferas maiores, também tomará na tarraqueta, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, defendeu o jornal e disse que há liberdade de opinião na Dinamarca. "Temos uma tradição muito forte não apenas de liberdade de opinião, mas também de desenhos satíricos, e vamos continuar a tê-la no futuro." 
Abaixo a charge, uma ideia genial, a melhor que já vi até agora sobre o tema, quereria eu tê-la tido.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Você Sabe Calcular Porcentagem?

Não sou adepto nem mesmo simpático às tais aulas videoaulas. A youtubers "engraçadinhos" metidos a professores, uns merdas do caralho, isso sim. Antes pelo contrário, tenho profundas repulsa e aversão a esta modalidade de "ensino".
São "aulas" fast-foods, sem gosto, superficiais, ocas até a medula. Não é de se espantar que tanto tenham caído no gosto e na preferência da corrente geração.
Ontem, no entanto, travei contato com uma exceção. Com uma honrosa e honorabilíssima exceção. Frente a qual, só posso dar meu braço a torcer, minha mão à palmatória e meu saco a chute.
E por três motivos.
Primeiro. Por se tratar de um tema cuja ignorância é unanimidade nacional : a porcentagem. Parece-me mesmo que algum atavismo, que alguma danosa mutação no DNA ancestral da nação tupiniquim tornou o brasileiro totalmente imune e refratário ao conceito da porcentagem. Do analfabeto ao engenheiro; que direi, então, do pedagogo?
Segundo. Pela coesão, pela eloquência e pela clareza com que a docente - ou a "docenta", como tenho a certeza de que ela exigiria ser chamada - expõe o indigesto e espinhento componente curricular. Depois de assistir aos poucos segundos da videoaula, garanto-vos que será virtualmente impossível e impraticável que o apedeuta não aprenda, de uma vez por todas e para todo o sempre, as artimanhas da famigerada porcentagem. Mais fácil, doravante, ele se esquecer de como se anda de bicicleta e de como se toca uma punheta do que como se calcula uma porcentagem.
Terceiro. Por ser a "docenta" - como muitos de vocês já podem ter desconfiado - ninguém mais ninguém menos que ela, a ex-presidanta (e eterna anta) Dilma Rousseff, um dos grandes vultos (ou das grandes vultas) da recente e triste História do país. Um dos grandes vultos, não; melhor, uma das grandes assombrações de nossa recente História.
Usando o pré-sal como mote e fio condutor de sua videoaula, e mostrando que é hábil em estabelecer interdisciplinaridades, intertextualidades e em se utilizar de elementos do cotidiano do aluno como ponto de partida de sua preleção, como prega a acéfala pedagogia, Dilma Roussef nos dá um show de prática de ensino, esbanja e sobeja didática.
Abaixo, a transcrição literal (deu-me um trabalhão do cacete transcrever o dilmês para o bom português) da videoaula, seguida pela videoaula em si, que deixaria, se vivos ainda estivessem, Pitágoras, Euclides, Tales de Mileto, Euler, Isaac Newton, Descartes, Fibonacci, Fermat, Bhaskara, Pascal, Laplace e outros aquilatados que tais, cheios de vergonha. Até eu fiquei. Além da porcentagem, Dilma também aborda, como assunto correlato, a língua portuguesa; sobretudo a concordância verbal e nominal, quando diz, a exemplo, "não 'é' 30% dos recursos".

"Não é 30% dos recursos da exploração, é 30% de 25%, ou 30% (pausa) de 30%. Portanto, não é 30%, está entre 7,5 ou um pouco mais, 12,5 %. Não se trata de 30%, se trata que a distribuição é 70 a 75% pra a União, Estados e Municípios, os outros restantes, esta é a lei, os outros restantes é que são 30, a Petrobrás tem direito a 30% de uma parcela de 25 a 30%. É isso que é o pré-sal".

Engraçadíssimo, o vídeo. E só não é mais engraçado porque esta desgraça de "presidenta" foi eleita por duas vezes pelo povo brasileiro para ser a sua líder política maior. Ah, mas o povão é ignorante...
Não foi só o povão que elegeu esta excrescência. Foram também as "mentes pensantes" das universidades; sobretudo o pessoal das "humanas", Sociologia, História, Geografia, Filosofia, Pedagogia, Ciências Sociais e outros gastos inúteis do dinheiro público.

terça-feira, 17 de março de 2020

Coronavírus no Cu dos Outros é Refresco

KY - álcool gel lubrificante 
Vai que alguém, sem querer, por descuido, "espirre" dentro do seu toba.

Pequeno Conto Noturno (78)

02:47 h. Rubens, acordado não por pesadelo, ou insônia, ou ansiedade existencial, sim pela velha bexiga a pedir por alívio, lê o e-mail de Selene :
"Rubens, posso passar sem me encontrar com você, sem tomarmos café, sem chocolate e sem cafuné, mas continue a escrever e a me mandar seus contos (como vai você? eu preciso saber da sua vida...). Envie-os para mim envelopados e selados em garrafas esvaziadas da sua bebida púrpura, em forma de recado dobrado em quatro e guardado no meio dos peitos de uma Valquíria, na ogiva de uma estrela cadente teleguiada".

03:13h. Rubens, sabendo que não voltará a pegar no sono, prepara uma dose tripla de vodka-tônica e responde ao e-mail de Selene :
"Doce e sempre túrgida Selene, também posso passar sem te ver, sem café, sem boiarmos à deriva nas bordas de nossa Atlântida, sem sobrevoarmos a velha praça num tapete voador, sem sábados de rock'n'roll, mas, ainda assim, continuar a escrever e a te enviar meus contos?
Achas mesmo que eram de dentro de mim que eles germinavam em rascunhos e supuravam para o papel? Minha adega de bebida púrpura, minhas revoadas de Valquírias, minhas chuvas de meteoros de kryptonita, nunca desconfiaste mesmo de onde vinham?
Achas mesmo que se construíam e zarpavam de dentro de mim?"

04:22 h. Uma chuva, iniciada fina, ganha corpo, relâmpagos e caudalosidade. Isto sim bem pode ter nascido aqui de dentro, pensa Rubens, com outra dose tripla na mão. Desta minha zona de baixa pressão.

sábado, 14 de março de 2020

New Vírus on the Block

O covid-19
Está bombando na rede mundial,
É o top 1 no trend topics,
É o viral do momento, 
Da moda.

Cadê seus likes agora, seus escrotos?
Cadê suas curtida agora, filhos das putas?
A imagem é "arte" roubada lá do Blogson Crusoe, o blog da solidão ampliada; "obrada" por Jotabê.

O Ministério da Saúde Recomenda

sexta-feira, 13 de março de 2020

Cerveja-Feira (9)

Hoje, eu vou de Corona, é claro!!!!

Pandemia Quem, Cara-Pálida?

Peste negra?
Gripe Espanhola?
Varíola?
Tifo?
Cólera?
AIDS?
Ebola?
Gripe suína?
O (fake) new corona vírus?

Iniciantes, meus caros, iniciantes...
Estagiários ineptos,
Meros meninos de recado do Apocalipse.

O ser humano
É a pior pandemia
Que já se abateu sobre o planeta.

E qualquer coisa
Que tenha a mínima chance
De dizimá-lo
É sempre muito bem-vinda.

Qualquer agente
Que tenha a mínima chance
De erradicá-lo
Não é praga
Não é doença.

É antibiótico
É quimioterapia
É amputação da gangrena.

Em 2009, palco da última pandemia anunciada, a da gripe suína, também me manifestei aqui : 

terça-feira, 10 de março de 2020

Céus de Março

Há a Estrela D'Alva,
A deusa Vênus,
No meu céu crepuscular de março,
Que vai arroxeando,
Camaleoneando hematomas,
Tomando faces de gangrena.

Há vikings 
E Thor e Odin e Freya
E sexo pagão na grande tela em minha sala,
Meu céu de março particular.
(são as janelas da alma de nossa triste e doente sociedade, as grandes telas).

Há,
À guisa de ansiolítico,
De fármaco tarja preta,
De tapete vermelho estendido a Morpheus,
Vodka com tônica em meu copo,
Buraco negro em meus céus de março.

Há estrepes e espinhos
Estorvos e urtigas
Em meu sono
(nem em minha pequena morte, eu descanso em paz):
Quebradiço, sobressaltado,
Natimorto e morto-vivo,
Abreviado :
Um infanticídio campal de jovens estrelas de meus céus de março,
Uma ejaculação precoce,
Estéril e tinta de sangue.

domingo, 8 de março de 2020

O Evangelho Segundo Maiakovski

"Melhor morrer de vodka que de tédio"
Vladimir Maiakovski
Vodka com tônica
Com suco de laranja
Com café e canela queimada
Com menta
Com chá de camomila
Com coca-cola
Com anilina azul para bolos
Com aspirina
Com própolis e vick vaporub.

Uma vez que a vida
É o máximo condutor,
É o solvente universal para a dor,
Que seja a vodka
O excipiente para todos os seus antídotos,
Ao menos, para todos os seus mitigadores,
Para os seus anódinos.

Vodka com sol a pino
Com crepúsculo
Com madrugada
Com o canto do galo.
Vodka com Bukowski e Augusto dos Anjos
Com Leminski, Gessinger e Trevisan.

Que seja a vodka
O bote salva-vidas
A ludibriar e a prorrogar o naufrágio definitivo.
Quando, finalmente, 
Os pacienciosos tubarões
Banquetear-se-ão de nossa carne curtida 
E marinada na desesperança.

(e não haverá Céu, Paraíso, ou Valhala;
para nenhum de nós)

8 de Março - O Dia Internacional da Xavasca

"Ai, meu Deus, que saudade da Amélia, aquilo sim é que era mulher..."
8 de março, o dia internacional da mulher.
O Marreta, óbvio, não poderia deixar de prestar a sua singela e sincera homenagem a esta tão importante efeméride.

Ai, Que Saudades da Amélia
(Mário Lago/Ataulfo Alves)
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, o que se há de fazer!
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade.
Para matar a saudade da Amélia, é só clicar aqui, no meu empoderado MARRETÃO.

sábado, 7 de março de 2020

Gato Seminômade

Dizem
(provavelmente os idiotas que gostam dos idiotas dos cachorros)
Que o gato gosta mais da casa que do dono;
Que a casa é a verdadeira dona do gato,
Sua senhora e senhoria.

Assim sendo,
Uma vez que a verdade do idiota
É a verdade do mundo,
Sou gato.

Sou gato
- E fiz as contas agora
e nem sei por quê -
Que já passou por 12 casas,
Que, logo,
Já fui 11 vezes despejado de minhas donas,
Natimorto 11 vezes de minhas mães,
Se não, de minhas incubadoras,
De minhas manjedouras de plástico, ou de alvenaria.

Não me lembro bem de nenhuma delas
Nem do que dentro delas eu vivi;
Só sei que me acolhiam,
Só que nelas sobrevivi.

De novo,
E, de novo, não sei por quê,
Fiz as contas :
Tive mais casas que mulheres : 
Duas casas a mais;
(Ou, duas mulheres a menos).

Sou gato que já passou por 10 mulheres,
Por 10 tigelas de água,
10 tipos de ração,
10 tipos de sofás para afiar minhas unhas,
Por 10 castrações.
Que, logo,
Já fui 9 vezes desmamado,
Que já tive
Por 9 vezes
Tirados de minhas patas 
Os meus novelos de lã
De penugem
De pelagem
De pentelhos;
Nos quais tanto gostava de me embrenhar.

Igualmente às minhas anteriores 11 casas,
Não me lembro bem de minhas anteriores 9 mulheres,
Nem do que dentro delas eu vivi.
Só sei que me acolhiam
Só sei que nelas sobrevivi.

(e que vou sobrevivendo...)