sábado, 31 de julho de 2010

Educadores? Pois, Sim (2)

Olhem o nível da professorada, dos "nossos" educadores. Tudo matando cachorro a grito e se unindo a pessoas tão educadas e distintas quanto elas (reportagem da Folha de São Paulo, caderno Cotidiano, 31/07/2010) :

"Homem que foi pescar antes do casamento oficializa união com professora em SP"
O pedreiro que fugiu para pescar e a professora abandonada no altar se casaram na manhã deste sábado em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo). Antônio Mondim, 47, e Sueli de Lourdes Andrade Casarotti, 49, oficializaram a união em um cartório da Vila Tibério, zona oeste da cidade.
O casal havia brigado há 15 dias porque Mondim desapareceu às vésperas do casamento, marcado originalmente para o último dia 17 de julho.
Sueli fez queixa na polícia. Ela acusou o homem com quem morava há quatro anos de ter furtado R$ 19 mil de uma herança que ela tinha recebido do ex-marido falecido.
Após toda repercussão do caso, Mondim reapareceu e disse à polícia que havia ido pescar em um rancho na cidade de Ipuã. Sobre o dinheiro, ele afirmou que era dono da metade e que havia pego a quantia por engano enquanto fazia as malas para a pescaria.
A professora perdoou o pedreiro e retirou a queixa. No dia seguinte, o casamento foi remarcado. Já de alianças trocadas, Sueli disse: "Claro que eu o perdoei, por que não perdoaria? Essas coisas acontecem na vida da gente, que não é fácil, não é como na fantasia."
"Até que enfim concretizamos esse casamento depois de toda confusão", afirmou Mondim. O marido já adiantou que pretende sair novamente para pescar, mas só com a autorização da mulher. "Agora ela deixa", declarou.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Educadores? Pois, sim

Como não há uma real valorização do professor no Brasil, os governantes, vez em quando e assessorados pelos peidagogos de gabinete, resolvem fazer o que eu chamo de "agrado semântico" aos queridos mestres.
Várias foram as mudanças na designação do ofício docente desde que eu ingressei nessa barca furada. Professor passou a ser chamado de orientador, norteador, facilitador de aprendizagem e, agora, mais recentemente, de educador.
Num belo dia, a gente acorda de mau-humor, com uma puta ressaca, chega na escola e recebe a boa-nova : professor, de hoje em diante, você é um educador. Puta que o pariu. Que maravilha, que coisa mais solene e lisonjeira. O pior é que 98% dos chamados professores sentem-se mesmo valorizados, reconhecidos, recompensados, até.
Educadores... muito bonito. E igualmente mentiroso.
Antes de tudo porque quem tem que educar a criança e/ou adolescente são o pai e a mãe, é a família e, depois, que professor não tem condição de educar ninguém. No geral, ele próprio não tem educação, o brasileiro não é educado.

Na escola onde leciono, as mulheres da limpeza tiveram de chegar ao absurdo de colar cartazes nas portas dos banheiros dos professores pedindo que se dê a descarga; ainda assim, não raro, vou usar o banheiro quando chego pela manhã e encontro lá um "presente" deixado por algum "colega".
A cozinha da sala dos professores também dá mostras da educação dos educadores. É frequente algumas professoras do período noturno por lá jantarem e deixarem os pratos com restos de comida na pia. Aquilo já está fedendo pela manhã. Confrontada com a situação, uma dessas professoras chegou a manifestar indignação, se nem na casa dela, ela lava pratos antes de dormir, quanto mais na escola.
Que a casa da sujeita seja um chiqueiro, é problema dela e da sua família, mas ninguém tem a obrigação de aturar a falta de higiene dela num local público quando for tomar seu copo d'água ou fazer lá o seu lanche.
O duro é que em reuniões peidagógicas, de pais ou em qualquer oportunidade outra de falar, o discurso desse povo é recheado de éticas e morais.
Nem acendam as suas lanternas de Diógenes, é inútil. Não há educadores no Brasil, o brasileiro não é educado.
Nunca será.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Verme e a Estrela

(Pedro Kilkerry e Cid Campos)
Agora sabes que sou verme
Agora, sei da tua luz
Se não notei minha epiderme...
É, nunca estrela eu te supus
Mas, se cantar pudesse um verme,
Eu cantaria a tua luz.
E eras assim ... Por que não deste
Um raio, brando, ao teu viver ?
Não te lembrava. Azul-celeste
O céu, talvez, não pôde ser ...
Mas, ora enfim, por que não deste
Somente um raio ao teu viver ?
Olho, examino-me a tua epiderme
Olho e não vejo a tua luz !
Vamos que sou, talvez, um verme ...
Estrela nunca eu te supus !
Olho, examino-me a epiderme ...
Ceguei ! Ceguei da tua luz ?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tá Todo Mundo Louco ?

Simão Bacamarte - psiquiatra do conto "O Alienista", Machado de Assis -, com o objetivo de estudar a loucura, instala-se em uma pequena cidade do interior fluminense e, com o apoio da prefeitura, constrói o sanatório Casa Verde, onde vai internando todos os que seus estudos apontam como loucos. Inicialmente, os internos são pessoas tidas como loucas pela própria população local; Simão Bacamarte, depois, começa a internar cidadãos respeitáveis da comunidade, chegando até ao presidente da Câmara e à sua própria esposa. Parece-me que no fim, faz tempo que li o referido conto, depois de ter internado quase toda a cidade, Simão Bacamarte conclui que a "loucura", então, é o normal, e o normal, ele no caso, é o louco; solta todos do sanatório e se autointerna, morrendo meses depois.
Bom, a nova edição de o "Guia Americano de Saúde Mental", que valerá para 2013, dá uma de Simão Bacamarte e decreta que ninguém é normal, todos temos algum distúrbio de ordem psiquiátrica. Nessa nova edição, até a birra infantil é colocada como distúrbio psiquiátrico; há outras novas pérolas : ansiedade depressiva leve, síndrome de risco de psicose, distúrbio de desregulação de temperamento (esse deve ser o famoso "pavio curto").
Enfim, patifarias e picaretagens a mancheias. O tal do psiquiatra nada mais é que um psicólogo que teve estômago para passar por umas aulinhas de anatomia, um psicólogo um pouco menos viado.
É tudo frescura! Criam-se doenças para que remédios sejam vendidos aos milhões. Crianças, hoje, tomam antidepressivos receitados por esses picaretas, e com a anuência dos pais, igualmente idiotas. Só nos EUA, remédios para "déficit de atenção" destinados a crianças renderam 4,8 bilhões de dólares. Déficit de atenção é o cacete. Na minha época, esse era o "avoado", o que vivia no mundo da lua, nada que uma chamada na chincha não resolva. E o tal hiperativo? Na minha época, era o famoso "capeta", nada também que uma boa esfrega não dê jeito.
Essas pessoas têm um único distúrbio mental : a burrice, a incapacidade de construir seus próprios pensamentos, a preguiça para tal, a ingerência do seu próprio ser.
Então, deixam a cargo dos psicólogos e psiquiatras, e esses curandeiros nadam de braçada, é claro. Não tenham dúvidas, se uma pessoa diz que acha que está precisando de uma terapia, seu distúrbio já está detectado : burrice. O resto é comércio de drogas.
Aliás, esse é um outro lado da questão, é muito útil essa psiquiatria toda para pessoas que queiram se drogar legalmente. O cara é um escroto dum viciado, mas com ordens médicas, dá até status pro filho da puta.
As pessoas enchem a boca pra dizer que "fazem terapia", é chique, dá a entender que essa pessoa tem preocupações de autoconhecimento, que é uma pessoa esclarecida, letrada... O caralho!!! As pessoas deviam era ter vergonha em anunciar que fazem terapia; no mínimo, uma certa reserva em sair dizendo por aí que são incapazes de gerir sua própria vida e que dependem dos conselhos de curandeiros e drogas legalizadas.
Simão Bacamarte, ao menos, teve a hombridade de assumir seu erro e, inclusive, a rara decência da autopunição. Mas Machado de Assis, feliz dele, viveu em tempos em que a honradez era ainda bem precioso.
Tá todo mundo louco?
Eu, não!!!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Obrigado, Mr. Hyde

Uma salva de tiros de absinto para Mr. Hyde.
Mr. Hyde é feio, torto,
É sujo, é manco,
Mr. Hyde é um cancro.
Mr. Hyde não é polido
É grosso, tem caspa nos cantos da boca
Mr. Hyde sua pus
Tem ereções em público
E hálito inflamável e pestilento.
Mr. Hyde é ser sem mínima civilidade ou lisura,
É criatura a se sedar,
Agrilhoar e botar em jaula escura.

Mas, às vezes, os sedativos cochilam,
Os grilhões se abrem em bocejo
E a clausura de sombras não vê a sombra de Mr. Hyde passar.
E Mr. Hyde torna à erupção,
Desencoleira sua matilha,
Destrava sua pesada artilharia,
Rompe o tecido da tranquilidade dos boçais.
Escroto, mas fulgurante
Impossível de não se olhar
Feito fogos de artifício em virada de ano.
Asqueroso, sebento
Mas incontestável, irrefreável
Sem dó da burrice gorda do homem comum
Grudada feito colesterol nos rostos idiotas.
Mr. Hyde não joga a merda no ventilador,
A joga em si próprio
E corre a abraçar e a lambuzar a manada.

Um brinde do mais forte opiáceo a Mr. Hyde,
Que hoje concedeu-me o ar de sua graça;
Um buquê de papoulas desatinadas a Mr. Hyde,
Que hoje delegou-me o condão de sua arruaça,
Fez-me menstruação no pano branco das calças.
Uma salva de tiros de absinto a Mr. Hyde,
Que nem a ouvirá!
Pois já dorme tranquilo,
De volta à sua jaula,
Saciado, apaziguado...
Depois do estrago feito,
Depois da clareira atômica,
Depois do orgasmo proporcionado.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pequena e Plena Lua

Sabes código Morse, pequena Lua?
És boa no jogo de mímica?
Lês lábios?
Decodificas sinais de rádio?
Tens aí contigo um receptor FM?
Quantas e belas músicas te enviaria...
Entendes a linguagem dos sinais?
Sabes Braile?
Sabes que eu existo?
Sou esse pequeno astronauta de mármore,
Essa pequena pulga amestrada que há tempos te orbita
E que passa pela tua face iluminada
De tempos em tempos.

Tens senso de humor, voraz Lua?
Ri-te de piadas,
Piruetas e cabriolas?
Gostas do meu número, exigente Lua?
Achas que sou virtuoso,
Espirituoso e divertido?
Já me achaste?
Já me viste?
Sou esse palhaço cá embaixo
A exibir para ti
A minha dança torta, tímida e bamba.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ferrugem

Foi-se-me a coerência,
Já nascida com icterícia em mim.
Foi-se minha pouca ciência,
Inexata, imprecisa, minha imitação de método.

Fixaram-se-me a malária,
A respiração precária, minhas órbitas sem sóis
Nem peônias.
Fixaram-se em mim a insistente vida,
Seus canteiros de feridas
E as rosas cicatrizadas.

(molho a ponta do dedo com ralo cuspe e esfrego a mancha marrom-claro de sujeira no dorso da mão. Mancha que não sai, sujeira que não limpa... minha primeira mancha senil).

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Van Gotham


"No céu de Gotham City há um sinal,
Sistema elétrico e nervoso contra o Mal."

O Português Está Certo

FARO -- Um homem de 42 anos invadiu anteontem um prédio da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, em Faro, Portugal, com uma retroescavadeira, que pegou emprestada de um amigo. O incidente não deixou feridos, mas causou prejuízo de 100 mil euros (aproximadamente R$ 224 mil).
Segundo o jornal português "Público", o templo, localizado no largo de São Sebastião, foi invadido no fim da tarde. Eleutério Cortes acusa a igreja de ter se "aproveitado de sua fragilidade" e de ter se apoderado de "todos os seus bens", segundo a publicação que cita a polícia portuguesa.
Em entrevista ao canal de televisão SIC Notícias, Cortes disse ser um ex-fiel da igreja e que teria começado a frequentá-la em 2004. Entretanto, em uma nota divulgada ontem, a Igreja Universal afirmou que o homem "não tem qualquer ligação com a igreja nem nunca foi membro" dela.
De acordo com o site português da Iurd, o suspeito teria destruído as portas da frente do templo, o saguão de entrada, cadeiras, paredes e parte do teto.
Alguns fiéis presentes em um culto religioso ten
taram impedir o ataque, mas não obtiveram sucesso. Após destruir parte da igreja, o homem teria ficado esperando a chegada da polícia, segundo testemunhas.
O invasor foi detido e deve se apresentar ao Tribunal de Faro. Policiais irão vigiar o templo religioso por "tempo indeterminado".
Segundo a imprensa portuguesa, informativos que foram colados na igreja em Faro indicam que os cultos "serão realizados nos horários habituais" e que a porta de emergência será usada como entrada para os fiéis.

E Qual A Surpresa?

Saiu uma matéria na "Folha de São Paulo" com o seguinte título: "Só pública que seleciona aluno lidera Enem", dizendo que as escolas públicas com grandes êxitos no Enem são as que escolhem seus matriculados e contam com professores com pós-graduação.
Qual a surpresa?
Em qualquer atividade, seja ela qual for (física, intelectual, profissional, de lazer e etc), o êxito passa pela seleção dos mais aptos a ela. Não existe única atividade que seja "para todos".
Não há segredo: escolham os melhores e ponham os melhores para treiná-los.
Por que só na escola é que há um consenso de que tudo pode funcionar sem seleção e aprimoramento?
Escola para todos! Balela! Patifaria! Mais uma embromação do governo para tirar o dele da reta, no que ele é canalhamente apoiado pela hedionda e desprezível raça dos pedagogos.
Não é todo mundo que nasceu para estudar!!!
À maioria basta uma boa alfabetização, o cara não precisa e nem quer nada mais que isso. Alfabetizados, que sejam soltos no mercado de trabalho, do trabalho braçal, repetitivo, mecânico, que o mundo sempre foi assim : um pensando e algumas centenas executando. Para a maioria, já é o suficiente saber ler o itinerário do ônibus e chegar certeiramente em casa .
Basta um exemplo simples e cotidiano, um supermercado, só há um gerente, uma cabeça pensante, o resto é pra renovar estoque, arrumar prateleira, atender em balcão, trabalhar na caixa registradora (que para a sorte dos analfabetos, hoje faz troco automático).
Hoje, mais da metade de uma sala de aula do ensino médio já não deveria mais estar ali ocupando espaço, já deveriam estar cuidando da vida ao invés de atravancar o estudo dos que verdadeiramente são aptos a tal.
Quando comecei a estudar havia as salas "A", "B", "C", etc. Os filhos das putas dos pedagogos dizem que isso é discriminar. Não concordo. E se fosse? E daí? Discriminar é diferenciar, distinguir. Não somos diferenciados, classificados, rotulados, a nossa vida inteira? E há outro modo? Não, claro que não.
O que sei é que quem estava na sala "B" estudava feito louco para que no ano seguinte passasse para a "A", quem estava na "C", mais ainda. Para mim, isso é incentivar a produção do indivíduo, mas dizem que isso traumatiza, traumatiza é o caralho.
Os das salas "D" pra baixo, esses não tinham mesmo jeito, logo eram eliminados do sistema com seu diploma de alfabetizados, mas bem alfabetizados. Hoje, o aluno sai com 17 anos da escola mal sabendo ler.
E em relação à qualidade do quadro docente? Que tipo de profissional com ensino superior se pretende atrair para as escolas públicas com a remuneração inicial de 900 reais por uma jornada de 32 horas? Qualquer cargo público que exija 2º grau paga mais que isso.
Tem que haver seleção, sim. O resto é peidagogismo barato.
Ou se espera o quê? Que cada analfabetozinho, contando com a sorte e mil maracutaias, chegue, um dia, à presidência da República?
Não! Sinceramente, torço para que não.
Mas, para nossa desgraça cada vez mais crescente, isso até que é bem possível.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

São 5 e 60

O comediante Gilberto Fernandes, conhecido por Gibe, morreu na manhã desta sexta-feira (16) em São Paulo. Ele estava internado há alguns dias no Instituto do Coração (INCOR) e foi submetido a uma cirurgia na válvula na noite de quinta-feira (15), mas não resistiu à intervenção e faleceu às 8h20 de hoje, com falência múltipla dos órgãos.
Gibe tinha 75 anos e surgiu na TV ao interpretar o personagem Papai Papudo, do programa Bozo. Ele era o assitente consultado sobre as horas pelo palhaço, olhava em seu relógio e soltava seu jargão: "São 5 e 60"
Segundo informações da assessoria do SBT, o velório de Gibe acontece nesta sexta no Cemitério do Araçá, em São Paulo, até às 18h. Em seguida, o corpo segue para Registro (SP), cidade em que o comediante morava e onde será sepultado.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Lastimável Multi-Homem

Ser múltiplo
É para os esquizofrênicos
E para o Pessoa.

Ser Um, um bom Um,
Não é restringir :
É aprimorar,
É ser Ímpar,
É ser Único.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Transplante Fecal

Dizem que do boi só se perde o berro, em alusão às diversas utilidades de suas partes dadas pelo ser humano, carne, couro, cascos, chifres, tutano, etc etc.
Pois do bicho-marido não se perde é nada.
Em Minnessota, uma mulher ficou acometida por uma infecção intestinal durante 8 meses, ao longo dos quais perdeu 27 quilos. A bactéria Clostridium difficile, cujo sobrenome já diz muito a seu respeito, resistia a todo e qualquer bombardeio de antibióticos. O médico colheu uma amostra de fezes do marido, combinou com uma solução salina e injetou no intestino da mulher : a infecção sumiu em um dia e não voltou mais. As bactérias sadias das fezes do marido expulsaram a Clostridium e colonizaram os intestinos da esposa.
Não é à toa que a mulherada é doida pra casar, o bicho-marido a tudo provê, até a merda marital é de extrema utilidade. Abaixo um trecho da reportagem:

"Bactéria fecal de marido salva mulher de infecção fatal"
"Em 2008, uma paciente foi admitida em um hospital do Estado de Minnesota apresentando um quadro grave de diarreia. O médico que a atendeu, Alexander Khoruts, tratou a infecção com um coquetel de antibióticos, após ter identificado que o agente causador da doença era a bactéria Clostridium difficile. Mas nada funcionou. A paciente perdeu 27 quilos em oito meses.
A única solução aparente seria um transplante de intestino, algo complicado, já que não havia doadores disponíveis no curto prazo e a paciente poderia morrer rapidamente. Khorus então decidiu fazer algo aparentemente inusitado para leigos: obteve uma amostra de fezes do marido da paciente, misturou com uma solução salina e aplicou a mistura no intestino dela. A infecção por Clostridium difficile desapareceu em um dia e não voltou mais.
O resultado foi descrito mês passado por Khoruts, que trabalha na Universidade de Minnesota, no periódico "Journal of Clinical Gastroenterology". O procedimento que ele aplicou, conhecido como "terapia bacteriana" ou "transplante fecal", já foi realizado algumas vezes nas últimas décadas. Khoruts já realizou 15 transplantes, 13 dos quais curaram os pacientes. "
Para a reportagem completa, é só clicar aqui no meu combalido, mas ainda poderoso MARRETÃO.
E viva a escatologia!!! E os maridos!!!

Chocolate Bucaneiro

A moléstia continua. Hoje está pior.
Dores maiores e mais espalhadas pelo corpo.
Febre mais alta e menos cediça.
Mas não deixei de cumprir com nenhuma de minhas obrigações previstas, ainda que a músculos estirados. Sou forte, mais teimoso que forte. O vírus, seja lá ele qual for, pode até me bater e levar a luta ganha por pontos durante 11 rounds; o nocaute, contudo, será impetrado por mim.
Vou experimentar, hoje, uma nova receita de chocolate quente, peguei na net : vai leite condensado, creme de leite e canela.
Inevitável, pensei em um ingrediente adicional, uma licenciosa dose de rum, poderia batizá-lo de chocolate bucaneiro, em referência aos piratas que saqueavam as Antilhas, terra do rum, durante o século XVIII. Daria uma boa calibrada com um rum Oro e envergaria a caneca com minha insígnia.
Mas os bucaneiros, assim como o rum em minha vida, pertencem ao passado.
"Deixemos de coisa, cuidemos da vida".

terça-feira, 13 de julho de 2010

É Isso Que Dá Parar Com A Homeopatia

Ontem, meu filho me destroçou. O Raul tem 9 meses, 10 kg de puro movimento e energia para tocar uma pequena termoelétrica; e eu, essa pouca cinza fria.
Não sei o que levou a quê. Se a exaustão física que minou minhas defesas e facilitou o assédio micro-orgânico, ou se a ação ainda incipiente de algum vírus, durante o dia todo, que me pôs fisicamente de quatro, arreado.
O que sei é que acordamos, eu e minha esposa, às quatro da manhã, com a prometida chuva da tarde. Eu corri à sacada para retirar a ração e a caixa de areia das gatas e já senti todos eles em mim, todos os sintomas de uma infecção viral : músculos fisgados por choques elétricos a cada contração, cabeça pesada, dolorida, o ar entrando quente pelas narinas e, o mais irrefutável deles, o saco murcho, pendente, escorrendo do meio das pernas, uma coisa triste de se ver.
Ao longo dos anos, desenvolvi uma escala termométrica baseada no estado de langor escrotal e o quadro verificado nessa madrugada sugeria temperatura corporal em torno de 38,5º C, com possível desvio de 0,2 ºC, para mais ou para menos.
Não tive ânimo para saudar a tão esperada chuva nem prestar respeitosa reverência a Thor. O corpo só queria voltar para a cama e se fundir ao cobertor, formar uma crisálida com ele. E foi o que eu fiz.
A verdade é que eu, passado dos 40 anos e esquecido disso, relaxei na profilaxia, prevariquei de meu tratamento homeopático. Até há uns dois meses, bebia todas as noites, metodicamente, de 2 a 3 latas de infusão de cevada em álcool a 5%, a famosa cerveja, e nem um mal me acometia há tempos.
Não digo que tenha zerado, abandonado de todo a terapêutica, mas reduzi bem. E o resultado está aí, ou melhor, aqui.
Pode ser uma gripe comum, pode ser a tal da suína, pode ser dengue... a natureza anda pródiga em patógenos invisíveis.
Meno male, estou de férias, ops, de recesso, e posso distribuir minha escassa energia entre cuidar do Raul, combater o agente infeccioso nas horas vagas e dar também uma forcinha para minha esposa, que, descobriu hoje, está com dengue. Além disso, sempre fui essa miséria orgânica, de modo que estou acostumado e hábil a me virar com pouco. Mas o fato é que a uruca anda braba aqui em casa. Tá precisando vir uma benzedeira aqui, um padre exorcista, um pajé, um xamã, um druida, um babalorixá, a puta que o pariu.
Vendo o lado bom, ganhamos, os três, umas férias inesperadas, longe das ideais, mas das quais tentaremos tirar algum proveito. Hoje terá sopa de tomate (daqui a pouco) , chocolate quente mais tarde e, se o corpo permitir avançadas horas, quem sabe, um bom filme na TV.
Correção: o Raul pesava 10 kg ontem; hoje, com essa minha penúria fisíca, ele deve estar beirando os dezoito.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Previsão do Tempo, Horóscopo e Naves Espaciais

Estou de férias. Ou melhor, de recesso. Duas semanas.
Independente disso, eu sempre acordo cedo. A esposa não está de férias, e tem também o filho pequeno, 9 meses, e criança nessa idade ainda não descobriu como é bom dormir até mais tarde, uma vez que eles dormem na hora em que bem entendem.
Aproveito, então, e dou uma olhada todos os dias no jornal televisivo "Bom Dia, São Paulo"; inicialmente, isso há alguns anos, por causa da apresentadora Mariana Godoy, aliás, sumida do matutino (será que as férias delas coincidem com as minhas?). É um noticiário leve, rápido, gostoso de se assistir.
Hoje, deu na previsão do tempo a ocorrência de chuvas vespertinas seguidas de queda de temperatura. Previsão do tempo é aquela coisa que a gente escuta meio que distraído, como se fosse algo a acontecer longe, bem longe de nós, é algo que ouvimos até como uma espécie de curiosidade, como quem escuta ou lê seu horóscopo. A propósito - parece que tem pesquisa a respeito -, sabem que as pessoas acreditam mais em horóscopo que em metereologia?
Pela hora do almoço, o céu aqui de casa começou a nublar, a ventar, o sol sumiu. Lembrei da moça da previsão do tempo. Nesses casos, eu que sou costumeiramente do contra, gosto que as previsões se concretizem. O tempo anda seco, nível de umidade do ar inferior ao salutar e uma temperatura que começa a se aventurar por regiões de verão do termômetro.
Bom seria se a previsão se concretizasse. O tempo mais friozinho criaria um ambiente para uma espessa e rubrarrosa sopa de tomates com manjericão e raspas de provolone (faço uma muito boa, sem nenhuma modéstia). E daria um bom pretexto para tomar um vinho tinto seco, demi sec se a esposa fosse beber.
O tempo armou, rugiu, tremulou rufos e toldos e botou uma gigantesca nuvem chumbo a pairar no horizonte, uma enorme nave-mãe prestes a invadir o planeta. Como diria um conhecido meu da época da faculdade, viado : "que baita nuvão". Sabiam que as pessoas acreditam mais na existência de naves espaciais extraterrestres que em metereologia?
Eu fechei as janelas e fui para a sacada, esperar a chuva no peito, um magricela e raquítico Thor. Recebi muito vento e poeira, mas nem uma única gota.
A nave cor de chumbo resolveu sondar outras paragens e foi se distanciando lentamente. Nem sinal dela agora, quase 16 horas.
A previsão não se concretizou, outra vez. O tempo continua seco, de ferir narinas e rachar lábios, e as temperaturas retomam suas escaladas pelos termômetros.
Não haverá um ambiente para uma boa sopa de tomates.
Nem pretexto para um bom vinho.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Bukowski, Sempre

Um poema de amor
todas as mulheres
todos os beijos delas as
formas variadas como amam e
falam e carecem.

suas orelhas elas todas têm
orelhas e
gargantas e vestidos
e sapatos e
automóveis e ex-
maridos.

principalmente
as mulheres são muito
quentes elas me lembram a
torrada amanteigada com a manteiga
derretida
nela.

há uma aparência
no olho: elas foram
tomadas, foram
enganadas. não sei mesmo o que
fazer por
elas.

sou
um bom cozinheiro, um bom
ouvinte
mas nunca aprendi a
dançar — eu estava ocupado
com coisas maiores.

mas gostei das camas variadas
lá delas
fumar um cigarro
olhando pro teto. não fui nocivo nem
desonesto. só um
aprendiz.

sei que todas têm pés e cruzam
descalças pelo assoalho
enquanto observo suas tímidas bundas na
penumbra. sei que gostam de mim algumas até
me amam
mas eu amo só umas
poucas.

algumas me dão laranjas e pílulas de vitaminas;
outras falam mansamente da
infância e pais e
paisagens; algumas são quase
malucas mas nenhuma delas é
desprovida de sentido; algumas amam
bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre
são as melhores em
outras coisas; todas têm limites como eu tenho
limites e nos aprendemos
rapidamente.


todas as mulheres todas as
mulheres todos os
quartos de dormir
os tapetes as
fotos as
cortinas, tudo mais ou menos
como uma igreja só
raramente se ouve
uma risada.

essas orelhas esses
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto e a
carência me
sustentaram, me
sustentaram.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Assim Não Tem Cristo Que Aguente

A Playboy portuguesa, a única revista em que as mulheres raspam o buço, e não a buça, para fotografarem, terá seu contrato rescindido pela Playboy Entertainment e sairá de circulação.
O motivo foi a polêmica capa em homenagem ao escritor José Saramago, mais especificamente em alusão ao seu livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo". Na capa, Jesus finalmente se dá bem e aparece na cama com uma gostosa seminua e de belos peitos, supostamente Maria Madalena.
Pronto! Foi o que bastou para a franquia ser cancelada.
Quer dizer que o cara (Jesus) só pode se fuder? Ser crucificado, pode; mamar uns peitinhos, não? Vir à Terra para redimir todos os pecadores e tomar muita chicotada no lombo, tá liberado; dar uma bimbadinha para relaxar da faina, não? Carregar e aturar 12 encostados, tudo bem; descabelar o fariseu, não?
Puta que o pariu.
Afinal, o cara também é filho de deus.
Ei-la:

Alguém precisa dar um jeito de mandar uma cópia da edição pro Saramago, lá no inferno.

Para Dar De Presente à Sogra

O PT venderá bonecos do presidente Lula (R$ 5,00 a unidade) nas lojas do partido e em eventos de campanha para arrecadação de fundos e, lógico e principalmente, pois fundos para campanha, eles roubam de nós, fazer aquele marketing.Taí um bom presente para a sua sogra, seu chefe, sua coordenadora pedagógica, seu vizinho tocador de vuvuzela, seu cunhado, sua ex-mulher, ou atual amante que já esteja querendo dispensar.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Pequeno Conto Noturno (14)

- Você acredita em vida em outros planetas? - Selene pergunta a Rubens, sem tirar os olhos da metálica e despudorada Lua cheia das duas horas da manhã.
- Carl Sagan, e o cara foi um dos maiores astrônomos da história, disse que se não houver vida em outros pontos do Universo, tudo isso que vemos por aí, pra dizer o mínimo, é um enorme desperdício de espaço - responde Rubens.
- E você concorda com ele? - Selene vira a garrafa para reabastecer seu copo e a encontra vazia de cerveja, nem uma mísera espuma.
- Eu não cito pessoas com as quais não concordo - e Rubens vai até a cozinha, volta com nova garrafa e serve Selene.
- Eu quero dizer, acredita em algum tipo de vida inteligente em outro planeta? - Selene toma o copo de um só fôlego e torna a enchê-lo.
- Em vida inteligente, não acredito nem nesse planeta.
- Será que têm escritores por lá? Músicos, pintores? - Selene sem tirar os olhos da Lua.
- Isso nem faço ideia - Rubens sem tirar os olhos da luz da Lua nos peitos de Selene.
- Será que existem poetas em outros planetas, Rubens?
- Ah, sim. Isso sim. Poetas existem, com certeza.
- Nossa! Por que tanta convicção? Se duvida até de vida inteligente... - Selene vira de costas para Rubens, exibindo sua sinuosa linha dorsal.
- Primeiro, quem disse que poeta pode ser considerado uma forma de vida inteligente?
Selene ri, ela se considera poeta.
- E depois - segue Rubens -, se não existirem poetas em outros planetas, tudo isso que vemos por aí, pra dizer o mínimo, é um enorme desperdício de Luas.
- Humm... bonito, gostei - Selene terminando mais um copo.
- Eu tenho meus momentos.
- E você vai continuar assim? Desperdiçando sua Selenezinha, toda peladinha e enluarada?
- Carl Sagan não me perdoaria.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Viúva E O Cowboy

Texto de Luiz Felipe Pondè, publicado na Folha de São Paulo, Ilustrada, em 05/07/2010
"Não gosto de arte como ferramenta de cidadania. Uma palavra que, com o tempo, passou a me encher o saco foi "cidadania".
"Faixa cidadã" (faixa para motocicletas), "teologia cidadã". Desta, então, eu não tenho a mínima ideia do que seja.
Talvez (arrisco uma hipótese, toda minha, mas inspirada no que poderia ser a defesa da "cidadania bíblica dos gays"), seja uma releitura da Bíblia a partir da "Queer Theology" ("teologia bicha")? Ou seja, quem sabe Jesus e seus discípulos formavam uma comunidade gay e a traição de Judas teria sido uma crise de ciúmes porque Jesus preferia "meninos" como João. Humm...
Tem mais: "Pedagogia cidadã" (seria: "Não reprove ninguém, respeite os direitos dos alunos não saberem nada da matéria e permitam que eles construam as avaliações coletivamente"), ou "geografia cidadã" (no lugar de ensinar a localização dos países na aula de geografia, obrigue os alunos a saberem de cor a gloriosa história do sindicato dos boias-frias), ou "sexo cidadão" (deve ser sexo sem invadir a intimidade do/a outro/a!!).
Nem o coitado do Rousseau (e seus tarados jacobinos), que amava a humanidade, mas abandonou os filhos e a esposa, imaginou que levassem tão longe seus pobres delírios em suas caminhadas solitárias.
E o pior é a história do "voto cidadão" e "a festa da democracia para a qual o título é seu convite". Sou obrigado a votar e ainda chamam isso de "direito cidadão". Quer saber? Deixem-me em paz e não me obriguem a votar. Acho que o voto deveria ser facultativo no Brasil, como é na maioria dos países civilizados do planeta.
Mas eu dizia que não gosto desse negócio de arte como ferramenta de cidadania. Por quê? Porque faz da arte coisa de retardado.
Antes de tudo, nada contra o uso de arte nas escolas. Mas, é claro, a maioria de nós (incluindo a mim mesmo que não sei desenhar nem uma casinha) não é capaz de qualquer arte. Este papo de que "todo mundo tem uma competência que lhe define" é conversa mole de pedagogo de autoajuda.
Melhor logo dizer que o universo conspira a favor de todos os alunos e que basta se concentrar que você vira Da Vinci ou Shakespeare. A história do mundo, seja ela artística, política, econômica, social ou científica, sempre foi feita por alguns poucos seres humanos. A maioria nunca fez nada além de tocar sua vidinha medíocre e continua assim, afora a "publicidade cidadã".
Num sábado de preguiça, eu e minha bela esposa assistimos na TV a um filme de cowboy, desses antigos nos quais homem é homem e mulher é mulher (que saudade...), com James Stewart, Rachel Welch, Dean Martin e George Kennedy chamado "O Preço de um Covarde".
Nada deste papo furado de "filme cidadão", onde as mulheres lutam com espadas para provar que são iguais aos homens (ou melhores do que os homens), ou heróis se emocionam diante de uma lagartixa em agonia ou lutam em favor de um país africano onde todo mundo é santo, menos os brancos interesseiros. Enfim, essa arte com compromisso social é sempre lixo.
O filme apresenta a vida como ela é: sem coerência, sem roteiro moral prévio, submetida ao acaso desarticulador de toda esperança vã. Rachel Welch é uma recém-viúva milionária. É pega como refém pelo bando de Dean Martin, condenado à forca, mas que é salvo pelo irmão James Stewart.
Este é um homem generoso que busca salvar seu irmão não só da forca, mas do desencanto com a vida que o levou ao crime. George Kennedy, xerife da cidade e apaixonado por Rachel Welch, é um homem honesto e virtuoso que irá corajosamente à caça do bando.
Dean Martin encontra na inesperada paixão entre ele e Rachel Welch o motor suficiente pra fazê-lo escutar o conselho de seu irmão: "Deixe a vida criminosa e vá fazer uma família".
O xerife, quando consegue prender o bando, pede a mão da bela mulher, mas ela recusa, ainda que ele seja honesto e devoto a ela. Ela prefere o criminoso. Este, em claro processo de redenção, acaba morto (junto com seu irmão), destruindo toda a esperança.
Qual é a moral dessa história? Nenhuma.
Ou, arrisquemos uma: a vida é cega."

domingo, 4 de julho de 2010

"Humanidades" Puxam Pós-Graduação No País

Matéria publicada hoje, em Folha Ciência, mostra aumento dos cursos de pós-graduação na chamada área de humanas em detrimento da chamada área de exatas ou tecnológicas. Primeiro que isso de ciência humana, exata ou biológica é uma puta duma idiotice, parece até classificação feita por alguém das humanas. Idiotice, sim. Quem estabeleceu os fundamentos, conceitos, teoremas, axiomas e regras da matemática, da química, da física ou da biologia? E.T.s? Até onde sabemos, não. Foram humanos, pois não? Então TODAS as ciências são humanas. Claro que o número de pós-gradução em humanas aumentou. São cursos que não necessitam de laboratórios, de atividades práticas, aliás não necessitam nem de que se comprove alguma coisa, são cursos de blá-blá-blá. Quando eu ingressei em minha primeira faculdade, lá pelos idos de 1985, fazer uma pós-graduação, ainda que em blá-blá-blalogia, era algo mais sério, restrito às universidades públicas, que conseguiam dar um aspecto um pouco mais austero a essas ciências chamadas de humanas.
Hoje o quadro é calamitoso. Qualquer um abre um curso de pós-graduação, à distância, on-line, não-presencial e a puta que o pariu. E pior: qualquer um "frequenta" um curso desses e sai de lá arrotando um diploma de pós-graduado.
Acreditem em mim, o tipo de gente que recorre a esses cursos não está interessada em ilustrar e aprimorar seu pensamento humanista, está interessada em um diploma rápido, fácil e barato, diploma que, se as coisas fossem um pouco mais corretas, ela jamais seria capaz de obter. Por pura e absoluta falta de cerébro. Trabalho em escola e sei do que falo, conheço um monte, que aumenta a cada dia, de verdadeiros asnos, analfabetos do ponto de vista acadêmico, que se dizem mestrados e etc. Principalmente os mais "encostados" e improdutivos, diretores de escola, vice-diretores, coordenadores pedagógicos e professores que se dizem polivalentes, que dão aulas de "tudo", história, geografia, sociologia, psicologia, filosofia, ensino religioso, o que vier o cara diz que tasca; são pessoas que, inclusive, em sua grossa massa, nunca foram capazes de sequer serem aprovadas em um simples concurso público para a função que dizem desempenhar tão bem.
São essas pessoas que engrossam as estatísticas dos pós-graduados no país. Sinceramente, não vejo motivo para comemoração.
Qualquer idiota se pós-gradua em "humanas"; eu prefiro dizer, já que há a necessidade de uma classificação, que existem as ciências exatas e as ciências incertas, e esse aumento nos "nossos" mestrados e pós-graduados se dá nelas, nas ciências incertas, bem de acordo com a cara e o potencial do brasileiro. Enquanto isso, a Petrobrás, só para citar um exemplo, um raro caso de uma empresa brasileira que atingiu níveis internacionais de excelência, tem sido obrigada a adotar um regime de exceção e aceitar a inscrição de estrangeiros em seus concursos públicos, dada a falta de mão-de-obra nacional. Milhares de pós-graduados discutindo Piaget, Paulo Freire, Lacan, Freud, Platão, e o Brasil continuando a pagar royalties de computadores, carros, eletrodomésticos, roupas e remédios. E o Brasil sem desenvolver tecnologia própria, eternamente a se fascinar pela tecnologia estrangeira, eternamente a se embasbacar pelo espelhinho do português. Aliás, esse aumento nas pós de humanas me lembrou uma piada, que tentarei narrar aqui de maneira resumida: "Um deputado visitou uma reserva indígena para ouvir pedidos da indiarada, que queria melhorar a educação da tribo e pleiteava cursos superiores. Ouviu um a um e todos foram categóricos: queriam faculdade de pedagogia na tribo. O deputado comentou com o cacique a sua estranheza, pois ele esperava que os índios requisitassem cursos de agronomia, piscicultura, zootecnia, assuntos mais ligados ao seu modo de vida, e perguntou o porquê da predileção pelo curso de pedagogia. O cacique respondeu: é que o MOBRAL é muito difícil, né?" E é isso!

sábado, 3 de julho de 2010

Mandem Um Abraço Ao Durval E Ao Grillo


Da esquerda para a direita, Grillo (cover do Raul) e Durval, dono do Paulistânia Rock Bar, o único verdadeiro bar de rock de Ribeirão Preto, e que re-reinaugurou essa semana.
Existem, é verdade, outros ambientes na cidade onde se apresentam bandas de rock, mas daí a serem bares de rock, vai uma distância imensa.
Bar de Rock em Ribeirão é só mesmo o Paulistânia.
O Durval ainda é o homem do rock em Ribeirão Preto.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Toquem Suas Vuvuzelas Agora, Seus Filhos de Puta

Ah, o silêncio. O abençoado silêncio dos derrotados.
Nada de rojões a poluir céus e tímpanos, nada de carros a esgoelar suas buzinas, nada de vozes a gritar e comemorar conquistas alheias e, sobretudo, nada de vuvuzelas. Nada do som daqueles berrantes plásticos a tanger o gado brasileiro. Todas as vuvuzelas mudas. Pudera. Todas estavam enfiadas em vosso cu, Brasil do futebol. A Holanda vos enrabou com vossas próprias vuvuzelas, um a um. Sem vaselina.
Viva a Holanda!!!
O jogo já começou com vantagem para a Holanda, que trajava seu tradicional uniforme alaranjado, a clássica "Laranja Mecânica"; enquanto que o Brasil não envergava seu uniforme amarelo, cuja simples menção faz os adversários tremerem, segundo os compêndios futebolísticos; jogava com um uniforme azul que bem podia ser de qualquer outra seleção, Itália, França, Nova Zelândia, Eslováquia...
Não entendo porra nenhuma de futebol, mas sei um pouco de totens e mitos. E o caralho que o hábito não faz o mito; faz, sim. Ponham o Batman para patrulhar as ruas com um traje, digamos, salmão ou verde-água e vejam quantos ele consegue amedrontar, é bem capaz dele levar porrada de punguistazinho de quinta categoria.
A camisa canarinho é o objeto de temor das outras seleções e não quem a veste. O mito não é o homem, é seu invólucro, sua casca, é o que ele mente. Mas adorei que tenha dado chabu.
Rárárá. A seleção brasileira de futebol se fudeu. Rárárá. O Kaká, a bichinha de Cristo, se fudeu. O Robinho, o saci de duas pernas (segundo o José Simão), se fudeu. E se fuderam todos os outros de quem nem sei os nomes. Rárárá, a nação do futebol se fudeu.
Nem é questão de eu gostar que o Brasil perca, até porque existem diversos Brasis. O que eu gosto de verdade, mas de verdade mesmo, é que ESSE Brasil perca. O Brasil da bola.
O Brasil derrotado hoje foi o Brasil do analfabetismo supervalorizado, o do malandro, o da preguiça, o da Lei de Gérson (não à toa jogador de futebol), o da indolência, o da cesta básica feita em profissão, o da manemolência, o do despreparo, o do deixa estar pra ver como é que fica, o Brasil do "se for a vontade de Deus", do "Deus vai ajudar". O Brasil derrotado hoje foi o Brasil do futebol e o Brasil de Deus. Puta que o pariu. Duas ignorâncias institucionalizadas com uma cajadada só. Ou, no caso, com uma tamancada só, vindo a bordoada da Holanda.
Viva a Holanda !!!
O Brasil desclassificado hoje foi o que desmerece o estudo, o trabalho e a disciplina como formas de obter uma vida digna. Como eu posso não exultar com tal derrota?
E justamente por desmerecer tais atributos é que ele perdeu. Porque o tal do futebol brasileiro só é muito bom enquanto está ganhando, dificilmente consegue reverter um quadro de desvantagem quando sofre um revés. E por quê? Simples. Porque reverter um prejuízo requer método, planejamento, estudo, disciplina, tudo o que o brasileiro não tem. Um pouco tivesse e teria conseguido manter o resultado positivo do início ou até mesmo empatado e ido para a prorrogação.
Mas para que planejamento? Para que táticas de jogo? Para que métodos? Não somos os melhores do mundo? Já não nascemos assim? O que se viu depois do segundo gol da Holanda, não foi um time, foram onze times, cada um atirando prum lado. É isso que dá viver num país de "campeões".
O Brasil eliminado hoje foi o da crença num talento nato (e inexistente) dado por Deus, também um brasileiro. De novo, como posso não ficar feliz com essa derrota? Não consigo tirar esse sorriso idiota da cara.
O brasileiro diz ser especialista em cerveja, mulher e futebol. Ora vejamos, cervejas, os holandeses as têm em muito maior número e qualidade; mulheres, muito mais loiras e tetudas; e agora melhores até no futebol.
O que sobrou para você, brasilzinho da bola? Brasilzinho de merda?
Torcer para que a Argentina também seja eliminada amanhã?
Foi o que eu ouvi no supermercado: "o negócio agora é torcer pra Argentina perder", um idiota na fila dos frios, daqueles que pedem "duzentas" gramas de "mortandela".
É isso o que te sobrou, brasilzinho do futebol, brasilzinho de merda? Antes você festejava a vitória da seleção como se sua fosse, agora vai comemorar a derrota de uma outra seleção por uma outra seleção como se vitória sua fosse?
Antes você gozava com o pau do outro, agora vai começar a gozar com o cu do outro?
Rárárá. A Seleção Brasileira de Futebol se fudeu.
Amanhã todas as bandeiras já estarão arrancadas das ruas, dos mercados, dos carros.
Lá fora, na rua, permanece o silêncio dos vencidos, nada de cornetagem.
Cortaram as cordas vocais das suas vuvuzelas, brasilzinho de merda.
Meu sono será mais tranquilo hoje.
E não só por conta do silêncio.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Menino Voador

O menino sempre gostou de voar.
E nisso
Já rachou moleira, cortou supercílio,
Criou muito galo na testa,
Esborrachou nariz e ralou queixo.
A cada salto, uma contusão
A cada levante, o chão.

Porém entre o pulo e o tombo,
Não via a queda, o menino :
Via o voo.
Curto, quase instantâneo, mas voo.
E se perguntado dos machucados,
Não dizia que foi caindo.
Foi aterrissando, sorria ele.

O menino ainda existe hoje,
Com toda a sua vontade de voar.
Só que mora num corpo de 50 anos,
Impróprio para voos,
Que engaiola o menino.
E o corpo já mostra sinais de fim:
Hipertensão, úlcera péptica, reumatismo, lombalgia
Taquicardia, artrose, trombose, cólica renal
Cefaleia, indisposições generalizadas.
É a idade, tenta se convencer o corpo de 50 anos.

Que nada!
É o menino lá dentro,
Ainda a pular e se estabacar,
A rachar moleira, a ralar queixo,
A voar.
A tirar o sono do velho.

Oswaldo Montenegro

No Final da Brincadeira
(Roberto Menescal/Oswaldo Montenegro)
Deixa eu tentar
Mesmo que não seja o mesmo lugar,
Mesmo que não seja a mesma canção,
Deixa eu fingir que é possível tentar.
Faz isso não
Não me conta que o destino escapuliu,
Que não há como ir buscar o que partiu,
Deixa o tempo andar pra trás.
Tenta deixar
Que não seja como sempre será,
Tudo igual ali no mesmo lugar,
Vento morno ranço e desespero.
Deixa estar,
Não demora a gente volta a brincar
Como se o começo fosse voltar
No final da brincadeira.

Eu Sempre Desconfiei

Sempre achei muito estranha aquela história da Cleópatra ter se suicidado pela peçonha da áspide, serpente do Egito. Afinal, ninguém do Antigo Egito foi mais versada em "picadas" de cobra que Cleópatra. Relatam as crônicas da época que ela se fazia picar várias vezes por dia, e por diversas cobras, de todos os tipos : egípcias, hebreias, romanas, núbias, mambas negras, etc e etc.
A mulher tinha todo um Instituto Butantã correndo nas veias. E aí vem uma aspidezinha de nada e a derruba com uma simples mordidela entre os peitos? Sempre desconfiei.
Agora - publicado hoje na Folha de São Paulo, caderno Ciência - Christoph Schaefer, historiador alemão e professor da Universidade de Trier, encontrou provas de que drogas, não veneno de cobra, foram a causa da morte.
Ela provavelmente tomou uma mistura de ópio, cicuta e acônito. Naquela época, essa era uma mistura que levava a uma morte sem dor em apenas algumas horas, enquanto a morte por veneno de cobra poderia levar dias, além de ser uma modalidade lenta de morte, causava também a desfiguração da pessoa. E Cleópatra, famosa por sua beleza, não teria se sujeitado a isso.
Cleópatra matou-se aos 39 anos, alguns dias após o suícidio de Marco Antônio, derrotado pelas forças de Otaviano na batalha de Ácio.
E qual a importância dessa descoberta "histórica"?

Nenhuma. Absolutamente nenhuma.
Só mesmo falta de assunto. Minha e do historiador alemão.