quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Meus Pêsames, Mafalda, Meus Pêsames

Quino "Joaquín Salvador Lavado"
1932 - 2020

Polícia Para Quem Precisa, Polícia Para Quem Precisa de Polícia

Mais uma prova da calhordice do povinho da esquerda! Mais uma prova de que ideologia é o cacete! Mundo justo, iguais oportunidades e arrazoada divisão de renda é o caralho! O que os vermelhinhos querem, e sempre quiseram, e só não vê quem não quer, ou quem lhe é conveniente, é o poder. Eles querem é (nos) phoder!
Com a eleição do capitão reformado Jair Bolsonaro ao posto político mais elevado da nação e do general Hamilton Mourão ao papel de seu vice, houve um aumento exponencial de candidatos policiais e militares concorrendo às prefeituras e às câmaras municipais deste pleito de 2020. Entre policiais militares, civis e membros das Forças Armadas, as eleições municipais de 2016 contaram com 188 candidatos; nesta de 2020, eles contabilizam 388. Já em 2018, o número de homens da lei que foram eleitos para o Legislativo - deputados estaduais, federais e senadores - quadruplicou em relação ao ano de 2014 : foram 73 eleitos em 2018, contra 18 do sufrágio anterior.
Frente a este fenômeno eleitoral, a esquerdalha grita, esbraveja, protesta e esperneia. Nem tanto por serem militares, os novos eleitos do povo; muito mais, simplesmente, por estarem a perder a boquinha, a mamata. Frente ao voto de farda, a esquerdalha faz birra, dá chilique e alerta para o ressurgimento e a ascensão de um Estado militarizado, autoritário, fascistão etc.
Não bastasse apanhar e levar merecido cacete de policiais e militares nas ruas, durante as arruaças às quais ela chama de "manifestações pacíficas", a esquerda começou a levar mais merecida surra ainda também nas urnas. Talvez cansada da dupla surra que vem levando da direita fardada, ou, muito mais provavelmente, só mesmo por falta de caráter, a esquerdalha não pôde deixar de se atentar e de se sentir tentada por essa nova mina de ouro eleitoral, por este novo escoadouro dos votos dos brasileiros, os policiais e os militares.
Resolveu, pois, a esquerdalha juntar-se ao inimigo. Melhor : fazer o inimigo juntar-se a ela. Pela primeira vez na história, a esquerda lança candidatos militares para concorrerem aos legislativos municipais sob as suas vermelhas legendas. Um tom de verde-oliva no vermelho-sangue-revolucionário?
Em Salvador, o PT aposta numa candidata policial militar para disputar a prefeitura da capital baiana, a major Denice Santiago. 
No material de campanha da major, o partido do Sapo Barbudo faz questão de frisar, de dar destaque e relevância à carreira militar da candidata. No jingle de campanha "Major Denice na Missão", lançado na segunda-feira (28/09), há referências à "ronda na rua" e "ela dá carinho, mas bota na linha". 
Dá carinho, mas bota na linha? Qualquer semelhança com a famosa frase "hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás" será mera coincidência? É a Che Guevara do PT! Pããããããta que o pariu!!!!
Em Goiânia, o mesmo PT aposta suas viciadas fichas na ex-delegada Adriana Accorsi para também disputar a prefeitura da capital goiana.
Igualmente à de Denice Santiago, a campanha da goiana dá ênfase à sua carreira na polícia, que a apresenta aos eleitores como "especialista em segurnaça pública e ciências criminais".
No Paraná, o PT também escolheu um policial para ser vice do candidato Paulo Opuszka (PT), Pedro Felipe, delegado da Polícia Civil.
E deixei o melhor para o final : no Rio de Janeiro, o PSOL - sim, o PSOL - também lançou um coronel da reserva da Polícia Militar, Ibis Pereira, como vice da deputada estadual Renata Souza para disputar a prefeitura da capital fluminense.
Polícia para quem precisa, meus caros, polícia para quem precisa de polícia. Quando a vaca torce o rabo e a porca vai pro brejo, até a esquerda chama a polícia. Valha-me São Tony Bellotto!

terça-feira, 29 de setembro de 2020

A Democracia é Uma Merda (2)

Agora é oficial! Foi dada a largada para a corrida ao ouro eleitoral de 2020. A busca pela urna milionária ao fim do arco-íris da corrupção, da propina e das maracutaias em geral. Todo mundo querendo uma boquinha, uma sinecura, uma teta pra mamar sem ter que se preocupar com a chifrada do boi. Me ajeita que eu te ajeito, é a ideologia vigente entre os candidatos, independente de partido. E, com ela, a divulgação da lista oficial dos candidatos pelo TSE, dos nossos pretensos futuros legisladores.
Vai começar o circo de horrores, meus amigos. Preparem-se, o estandarte do sanatório geral vai começar a passar.
Donald Trump Bolsonaro! Pããããããta que o pariu!!!!! O cara é a suprassíntese dos maiores pesadelos do povinho encostado e vitiminha da esquerda. Só por isso, caso meu título de eleitor fosse de Brusque (SC), meu voto seria dele.
Mas quais serão as promessas de campanha de Donald Trump Bolsonaro? Proporá a construção de um muro a fechar as fronteiras Brasil-Venezula, barrando a imigração ilegal dos dissidentes do feliz, justo e igualitário regime esquerdista de Maduro? Cada país tem o Donald Trump e os mexicanos que merece.
Mas não é só em Brusque (SC) que o bilionário Donald Trump, que só pagou 750 dólares de imposto de renda no ano em que se elegeu e nada nos dez anos anteriores, vem inspirando seguidores e candidaturas.
Aqui em Ribeirão Preto (SP), a Capital da (mono) Cultura, terra de povo festivo, hospitaleiro e chucro feito boi de rodeio, Donald Trump também está a servir de modelo a um dos candidatos a vereador para 2020. Yes, nós temos Ronald Trump
Presenciará, o nefasto ano de 2020, a ascensão de um Triunvirato Trumpiano? Donald Trump reeleito por lá; Donald Trump Bolsonaro e Ronald Trump eleitos por aqui?
A democracia é uma merda!

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Todo Castigo Pra Corno é Pouco (33)

Mário Lago foi ator, produtor, diretor, compositor, radialista, escritor, poeta, autor de teatro, cinema, rádio e TV, advogado e boêmio. Um intelectual na acepção mais vernacular da palavra. Destes que estão a nos morrer os últimos e o Brasil não tem mais em seu estoque para repor. Nem tornará a ter. Só para citar outros nomes que lhe foram contemporâneos, coloco-o, por minha conta e sem nenhum risco, parelho a um Millôr Fernandes, a um Ariano Suassuna, a um João Ubaldo Ribeiro, a um Rubem Fonseca, a um Paulo Vanzolini.
Não obstante a sua genialidade, Mário Lago, sim, meus caros, também foi corno. Já o disse aqui e o repetirei enquanto for preciso : o bom e velho chifre é a mais democrática de nossas instituições. O chifre é pop, o chifre não poupa ninguém. Indistingue cor, credo, classe social, idade, nacionalidade, gênero musical, orientação sexual ou, no caso, Q.I.
Mário Lago mereceu o chifre. Teve em suas mãos a bela, recatada e do lar Amélia, a mulher de verdade, a que não tinha nehuma vaidade, a que passava fome ao seu lado e achava bonito não ter o que comer. Teve mulher de moral ilibada por companheira. E o que fez o Mário? Que Mário? Aquele que abandonou a Amélia atrás do armário. Trocou-a por uma vã e fútil; por uma vagabunda duma biscate, enfim.
Em Ai, Que Saudades da Amélia, quando nos cantou as virtudes de Amélia e o arrependimento de não mais tê-la ao seu lado, Mário Lago já se encontrava nas garras da leviana. Talvez poucos tenham se apercebido disso ao ouvir a canção, ou até notaram, mas logo se esqueceram, pois a tônica da música é a exaltação das virtudes da Amélia, mas a ficha da barca furada em que entrara já caíra para Mário Lago. Queixa-se ele da biscate : "Nunca vi fazer tanta exigência nem fazer o que você me faz, você não sabe o que é consciência, não vê que eu sou um pobre rapaz. Você só pensa em luxo e riqueza, tudo o que você vê, você quer..."
E Mário para por aí. Porém, a seguir o natural da vida, qual o próximo passo da biscate, assim que Mário não mais conseguir lhe prover tanto luxo e riqueza? Chifre! Galha! A velha e justiceira guampa! E foi o que aconteceu. Todo castigo pra corno é pouco!
Em que tipo de corno Mário Lago se revelou? Do brabo? Do manso? Do ateu (aquele que não acredita no chifre)? Nada disso. Mário Lago se revelou um corno Brahma. Aquele que sabe que a mulher vive em um eterno rodízio de pirocas, mas crê que é somente a ele que ela ama, que ele é o número um.
Como nos conta, em parceria com o não menos genial Benedito Lacerda, na canção Número Um. Que eu também chamaria de A Vingança da Amélia.
A história é a mesma de sempre, diria-a mesmo universal. O corno é um filantropo, um benemérito, acolhe a biscate, tenta tirá-la da vida perdida e ela lhe retribui com o chifre. Não culpemos a biscate. É da natureza dela. Feito a fábula do sapo que transporta o escorpião às suas costas. Relata-nos, Mário Lago :  "Chegaste na minha vidacansada, desiludida, triste, mendiga de amor. E eu, pobre, com sacrifício, fiz um céu do teu suplício, pus risos na tua dor, mostrei-te um novo caminho". Mas biscate só conhece um destino, o do carrossel de picas : "Tudo porém foi inútil, eras no fundo uma fútil, e foste de mão em mão". Porém, a certeza do corno em ser o único verdadeiramente amado, fá-lo perdoar a biscate : "Não guardo frios rancores, pois entre os teus mil amores, eu sou o número um".
É sim, corno, ô se é! É o corno medalha de ouro!
Número Um é uma belíssima seresta. Gravada por inúmeros cornos deste nosso Brasil dantes mais varonil, Altemar Dutra, Carlos José, Nélson Gonçalves, Orlando Silva. A versão cujo link deixarei ao fim da postagem é com Caetano Veloso, faixa do LP Maria Bethânia e Caetano Veloso Ao Vivo, de 1978.
Número Um
(Mário Lago/Benedito Lacerda)
Passaste hoje ao meu lado
Vaidosa, de braço dado
Com outro que te encontrou.

E eu relembrei comovido
O velho amor esquecido
Que o meu destino arruinou.

Chegaste na minha vida
Cansada, desiludida
Triste, mendiga de amor.

E eu, pobre, com sacrifício
Fiz um céu do teu suplício
Pus risos na tua dor.

Mostrei-te um novo caminho
Onde com muito carinho
Levei-te numa ilusão.

Tudo porém foi inútil
Eras no fundo uma fútil
E foste de mão em mão.

Satisfaz tua vaidade
Muda de dono à vontade
Isso em mulher é comum.

Não guardo frios rancores
Pois entre os teus mil amores
Eu sou o número um.
Para ouvir a canção, é só clicar aqui, no meu poderoso e número um MARRETÃO.

A Democracia é Uma Merda

Agora é oficial! Foi dada a largada para a corrida ao ouro eleitoral de 2020. A busca pela urna milionária ao fim do arco-íris da corrupção, da propina e das maracutaias em geral. E, com ela, a divulgação da lista oficial dos candidatos pelo TSE, dos nossos pretensos futuros legisladores.
Vai começar o circo de horrores, meus amigos. Preparem-se, o estandarte do sanatório geral vai começar a passar.
Para começar já indo fundo na bizarrice, uma candidata a vereadora pela cidade de Heliópolis - BA
Margarete de piroca! Não conheço a plataforma de trabalho da aspirante a edil, mas suponho que ela levante a bandeira da causa transgênero, travestis, travecões, bonecas e afins. O mastro, ela já tem.
Essa, eu quero que passe bem longe da abertura da minha inviolável urna!
Pããããããããta que o pariu!!!!!!
Que o "demo" da democracia brasileira não é "povo", é o demo mesmo, é o Cramulhão.

sábado, 26 de setembro de 2020

Verbo Vicário

És a minha palavra-curinga,
Quando não estou com meu dicionário à mão
E a minha memória para sinônimos e rimas se esquece de mim.
 
És meu adjetivo pátrio,
Me salvas da minha incapacidade de sorrir elogios
E da minha naturalidade em cuspir críticas e vitupérios.
 
És minha partícula apassivadora,
Me resgatas de minha própria ira contida e fermentada
E me serves chá de cidreira com vodka para que eu tenha uma noite de insônia mais serena.
 
És meu verbo vicário,
Quando tenho que me satisfazer em outro corpo
Que não o teu.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Cerveja-Feira (29)

Não temos sempre a impressão de que, antigamente, a infância era muito mais doce e idílica? Mais infância, enfim? Que as crianças eram sempre mais coradas, alegres e robustas; vivas, enfim? Não temos sempre a sensação de que as crianças de antigamente - ainda da era pré-tv - eram muito mais felizes e ajustadas que as de hoje, já neuróticas, já a se deitarem em divãs de psicólogos, psiquiatras, terapeutas etc juntamente com seus pais mais loucos ainda, já diagnosticadas com transtornos disso, daquilo, daquiloutro?
Pois vos digo que não é impressão ou sensação. Tampouco algum tipo de saudosismo barato. É fato. As crianças das antigas eram muito mais alegres e equilibradas. Muito mais crianças, enfim.
E por quê? Por que podiam ser bichos soltos a brincar e a pinotear em brincadeiras pelas ruas? Por que eram bem cuidadas pelas mães, que lhes ensinavam modos e maneiras, que lhes alimentavam com comida de verdade ao invés de miojos, congelados e fast food, que lhes davam Biotônico Fontoura e Emulsão Scott antes do almoço, que lhes atribuíam deveres e obrigações em casa, criando desde cedo um senso de responsabilidade? Por que havia o terapêutico chinelão das mães, que, aplicado diariamente e em doses homeopáticas, não só curava como também previnia qualquer transtorno de déficit de atenção, de hiperatividade etc?
Sim. Por tudo isso. Também por tudo isso. Mas não só. Nem principalmente por tudo isso.
As crianças das antigas eram mais alegres, coradas, felizes e bem-dispostas porque bebiam uma cervejinha!!! Sim, meus caros. Nas décadas de 1920, 30, 40, 50, a cerveja ainda não havia sido demonizada pelo politicamente correto. A cerveja era tida, inclusive, como um tônico, um fortificante. E o risco de induzir as crianças ao vício, ao alcoolismo? Duvido que houvesse, proporcionalmente aos dias atuais, mais ou menos alcoólatras nas décadas citadas. E vício por vício, todos são compulsões. A obesidade, que é decorrente do vício, da compulsão por comida, mata mais que o alcoolismo. Em 2019, segundo dados da FAO (a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), mais de quatro milhões de pessoas pelo mundo morreram de obesidade, do vício por comida. Em 2018, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), três milhões de bebuns pelo mundo morreram em decorrência de seu vício. A obesidade mata mais que o alcoolismo. Mata mais que o câncer, que os acidentes de trânsito, que o crime. É a segunda maior causa de morte global, só perde para o tabagismo. 
Será que, em breve, deixaremos também de dar arroz e feijão para as crianças pelo risco delas se tornarem viciadas em comida?
Abaixo, algumas propagandas antigas de cerveja, alguns reclames que faziam, literalmente, a alegria e a festa da molecada.
E a coisa já começava na fase de lactância! A mãe tomava, depurava a cerveja e a fornecia via peitaria para o seu filhote! A cerveja é nutritiva, diz o cartaz, em bom francês! Este bebê bebe, referindo-se ao da esquerda; este não bebe, ao da direita. E as mães, então? Vejam o viço e a turgidez da mamadeira da primeira; o abatimento e a muxiba da segunda. Nesta época, se eu fosse pai, eu também trocaria o gargalo pelo mamilo!
A criança cresceu um pouco? Já consegue pegar objetos e levá-los à boca? Mamadeira e chupeta é o caralho!!! Um  bom canecão de cerveja, isso sim. Tenho certeza de que, nesta época, criança não tinha cólica, não fazia birra e, o principal, dormia feito um anjinho a noite inteira.
Mais crescidinhos? Já sabendo se sentarem e a bem se portarem à mesa?  Uma malzebier no lanche da tarde com a mamãe. Um tônico contra a anemia e a palidez!
Visita à  casa do vovô? Ki-suco e grosselha vitaminada Milani é o cacete. Valha-me São Bepim! Uma boa breja, isso sim. Benéfica para o jovem e para o velho, garante a Seattle Brewing & Malting Co. A cerveja é feito o programa do Bozo : alô criançada, a cerveja chegou, trazendo alegria pra você e o vovô! E o cartaz continua : cultive o hábito de tomar a Rainier Beer. Traz um brilho para a saúde e dá um novo sopro de vida... nenhum medicamento pode igualá-la como tônico. Se fosse hoje, o bom velhinho seria acusado e preso por corrupção de menores e por intenções pedófilas.
É por essas e por outras que, sempre que nos referimos ao passado, dizemos : bons tempos, bons tempos...
Za Zdorovye!!!

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Mais Notícias da Gamificação do Ensino, por GRF

A respeito da postagem Gamificação do Ensino. Que Patifaria é (mais) Essa?, o ex-estranho (ele é que pensa) GRF teceu genial comentário, que não pude me furtar em publicar.

"EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Professora é presa por tentar ensinar aluno a mexer no joystick!

Nível da aprendizagem de alunos da escola pública de SP sobe de easy para hard!

Extinta a moda do namorar pelado! Extinta a moda da ficação! A moda agora é gami-ficação!

BolsoDoristas aprovam medida para que cada professor ganhe um console novinho em folha! É o fim da mamadeira de piroca, é a nova era!

Rede elétrica sofre apagão no Estado de São Paulo. Alunos que estavam na última fase do ensino médio perdem seus dados e retornam para o primeiro nível do ensino fundamental!

Valha-me São Pavlov!"
 
Sem dúvida, caro GRF, as professoras - e muitos professores, também - vão adorar receber consoles novinhos em folha. Pãããããããããta que o pariu!!!!!!!!

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Gamificação do Ensino. Que Patifaria é (mais) Essa?

Sou professor há 26 anos. Nesta pandemia, temos nos desdobrado entre as aulas on-line e o recebimento e a correção de atividades e tarefas virtuais que enviamos aos alunos. Os professores da rede pública do Estado de São Paulo, o que é o meu caso, têm ainda a obrigação de assistir, semanalmente, à reuniões pedagógicas de duas a três horas de duração, preparadas pelo Estado e transmitidas através do aplicativo Centro de Mídias, reuniões antes realizadas pelos coordenadores de cada escola.
São as chamadas - e famigeradas - ATPCs, as Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo, cujo objetivo oficial e declarado é o de dar suporte ao professor nesta nova realidade, trazer-lhe sugestões, propostas inovadoras e auxiliá-lo em sua prática docente em tempos de isolamento social. Balela. Conversa pra inglês ver e o boi dormir. Como tudo o que é oficial neste país. 
Nunca houve nada de útil numa ATPC. Nem quando eram realizadas nas escolas e muito menos agora. Pudera. Uma vez que elaboradas e conduzidas por burocratas da educação : ou teóricos de gabinete, que nunca empunharam um giz, ou ex-"professores", que, ineptos e incompetentes, nunca deram conta de seu serviço, de suas salas de aula, e que, puxando um saco aqui, lambendo um cu ali, conseguiram uma "boquinha", um carguinho em alguma Diretoria de Ensino. E que, longe das salas de aulas, empossados em suas sinecuras, pedantes do cu sujo, vêm botando banca de experts em educação, vêm posando de star, vêm querendo ensinar aos verdadeiros professores, aos que nunca desertaram do campo de batalha, o que nunca souberam : dar aulas. Desprezo profundamente todos os professores que ocupam hoje algum cargo ou função numa D.E. - Diretoria de Ensino.
Eu, que faço parte da área "Matemática e Ciências da Natureza", assisto às ATPCs sempre às quintas-feiras; sempre às quintas, a minha cota semanal de penitência; sempre às quintas, o meu quinto dos infernos. A cada semana é um desfile medonho de baboseiras, bobajadas e egos inflados de peidos. Muito blá-blá-blá e pouca mão na massa; muita peidagogia e nada de estudo e conteúdo. A cada semana, dois ou três paus mandados do Estado jogam os seus festivais de sandices para cima de nós, os seus sambas do crioulo doido. Na quinta-feira passada, no entanto, os calhordas babadores de ovo do Dória se superaram, surprenderam-me. Positivamente? Claro que não.
Até tirei um "print" (olha o Azarão nessa frescura) para provar o que logo direi, porque só a minha palavra, tenho certeza, não lhes seria suficiente para crerem. A grande contribuição dos canalhocratas da Educação do Estado de SP, o tema da ATPC da quinta passada foi :  "Jogos, atividades lúdicas e gamificação".
Jogos, atividades lúdicas e gamificação do ensino. Captaram o que é a tal da "gamificação"? Não? Aguardem. Não darei spoiler
Esta preciosa e inestimável sugestão peidagógica - notem - não está a ser direcionada para docentes do ensino infantil - maternal, jardim de infância, pré-primário, 1º e 2º anos do primeiro ciclo do ensino fundamental etc -, etapa do ensino em que ter uma parte de suas aulas - uma parte - tomada por este tipo de prática bem se justifica.
Nada disso. Os técnicos e peidagogos do Dória estão a propô-las para o Ensino Médio, o antigo e saudoso Colegial, para alunos que já estão com o pé mais na idade adulta que no berçário. Para alunos que estão prestes a se lançar ou ao mercado de trabalho, ou a um curso superior, ou mesmo às duas coisas. Alunos que têm de deixar os muros escolares sabendo algo de útil e prático. A vida extramuros escolares não está nem nunca esteve para brincadeira. Muito menos para o ludismo e a "gamificação".
Para quem ainda não relacionou, "gamificação" é um termo bastardo à nossa língua derivado de "game", jogo em inglês, mas hoje aplicado mais especificamente a jogos eletrônicos, de videogames. O sagrado conhecimento acadêmico e científico transformado em fliperama. É o que propõem os especialistas em educação deste nosso Brasil dantes mais varonil. O pior : tá cheio de "professor" por aí que aplaude a ideia.
Não é de hoje que esta patifaria vem sendo orquestrada. Há quase 30 anos que a licenciosa e esquerdista LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), junto ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), esta cartilha de formar bandido, vem transformando o que outrora era estudo em, literalmente, brincadeira de criança. Uma puta duma brincadeira de mau gosto.
O viés esquerdista impresso em cada linha da LDB, que só visa desestruturar toda e qualquer ordem, hierarquia e disciplina, implodir todo e qualquer respeito e valor moral, apregoa que a escola tem de ser um ambiente sempre alegre e festivo para o aluno, sob a pena de, se assim não o for, traumatizar o apedeuta, oprimir a pobre vítima de um sistema tirano em que ela tenha que... estudar.
A atual LDB transformou as escolas em centros de lazer, em colônias de férias. Alunos vão às escolas, hoje em dia, para comer, namorar, ouvir música, jogar baralho, fumar maconha etc. Tudo em nome de seus bem-estares, tudo em nome de serem bem acolhidos. Tudo com a chancela da LDB.
Estudar não é engraçado. Não é lúdico. É processo árduo; penoso, muitas vezes. E não é para qualquer um. Muito menos para todos. Várias vezes, alunos me perguntaram por que eu não dou uma aula "diferente", uma aula, dizem eles, em que "a gente aprenda brincando". Em repetidas e exaustivas ocasiões fui questionado quanto a isso. Minha resposta, assim como minha convicção neste assunto, é sempre invariável, pétrea, digo-lhes : "ninguém aprende brincando; alguns conseguem aprender estudando, botando a bunda na cadeira, os olhos no livro e a caneta na mão. E se tem algum professor que lhes disse isso, que é possível aprender brincando, é porque ele próprio está muito mais afim de também brincar do que de dar uma aula de verdade". Claro que o aluno leva isso ao(s) seu(s) lúdico(s) mestre(s). Já fiz muitas inimizades por conta disso. Tô cagando e lecionando.
Gamificação? Transformar a aula em um jogo de videogame? De professor, fui rebaixado (ou promovido, na visão destes escrotos) a quê? A Mário Bros? A Pac Man? A Donkey Kong? Sai o giz e entra o joystick? Bem sabemos onde e no de quem esse joystick vai entrar. O aluno, que antes suava pra passar de ano, vai agora o quê? Passar de fase?
Gamificação. Nem um nome em português, estes impostores e prevaricadores da Educação se dignaram a cunhar para a sua patifaria.
Não é à toa que, em todas as avaliações internacionais de ensino fundamental e médio, o Brasil figura sempre entre os últimos colocados. No último PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o de 2018, prova realizada a cada três anos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), foram avaliados 600 mil estudantes, de 79 países. Em leitura, o brasileiro "conquistou" a 59ª colocação; em Ciências, a 67ª; e em Matemática, a 72ª.
Mas que sujeito chato é você, Azarão, que não acha nada engraçado. A educação brasileira, e mais ainda a paulista, está melhorando, está em franca recuperação, contestarão-me aqueles que ouviram boas novas sobre o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em começos da semana passada.
O caralho! Vos digo.
O Ideb é um indicador de qualidade do ensino fundamental e do ensino médio. A nota, que vai de 0 a 10, considera dois fatores: quantos alunos passam de ano e qual o desempenho deles em português e matemática. Sendo de fundamental importância frisar que as provas que avaliam tal desempenho não são elaboradas pelas escolas, mas sim por técnicos de educação do governo federal. O ensino médio do Estado de São Paulo "subiu" de 4,2, em 2017 e 2018, para os estratosféricos 4,6, em 2019; resultado que motivou tantas notícias e festa por parte do governo. Quatro vírgula seis numa escala de zero a dez. 
Ainda que o Ideb esteja de fato em ascenção, estará também num crescente o nível educacional dos alunos? Ora, retrucarão com certo estranhamento os que acreditam em tudo o que ouvem no Bom Dia São Paulo, uma coisa não é consequência da outra? Uma coisa, o resultado do Ideb, não está atrelada à outra, um melhor preparo do aluno? Deveriam estar. Porém, no Brasil da LDB paulofreirista, elas nunca estiveram tão divorciadas. Tão em litígio. Acredito até que haja um ordem de restrição judicial impedindo que se aproximem.
O Ideb cresce, alheio ao nível educacional cada vez mais baixo, por uma simples razão, por um simples e descarado artifício : embora de forma gradual, é clara e evidente a redução, ano a ano, do nível de dificuldade das provas elaboradas pelo governo, cujos resultados compõem o Ideb. O aluno não está a estudar mais - pelo contrário, cada vez mais preguiçoso e desrespeitoso -, são as provas governamentais aplicadas é que estão cada vez mais fáceis, ridículas.
O Tiririca gabaritaria numa dessas provas. Tiraria dez com louvor! E o adolescente paulista, o modernoso e conectado adolescente paulista, muitos dos quais não têm outra obrigação que não a escola, chega lá num quatrinho, num quatro e pouco. É o velho e safado ardil : o paciente continua com febre? Mudemos a escala do termômetro.
Mas está tudo certo. Daqui em diante, com a tecnologia dos games aplicada às nossas aula, tudo irá de vento em popa. O negócio é esse, mesmo. Vamos brincar, rir, festejar. Vamos gamificar a vida.
Enquanto isso, o chinesinho, o coreano, o japonês, estão lá, estudando 12 horas por dia. Só não fiquemos de choramingos se empresas e mais empresas continuarem a ser fechadas e empregos a serem perdidos em virtude da "desleal" concorrência oriental.
A valer a máxima de Monteiro Lobato, um país se faz com homens e livros, e ela vale, estamos fodidos. Sempre estivemos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A Cerveja do Jânio Quadros

Em pouquíssimas ocasiões, lamentei não portar um celular, ou telemóvel, como é dito em Portugal. Nunca pela sua serventia como telefone. Menos ainda pelos seus aplicativos de mensagens e de redes sociais. Sim pela sua funcionalidade de câmera fotográfica. E hoje foi uma dessas raras ocasiões.
De volta da escola do meu filho, à qual me dirijo todas as segundas-feiras pela manhã para pegar o material impresso das atividades semanais complementares às aulas on-line, resolvi entrar num supermercado da rede Dia. O preço da muçarela (jamais me acostumarei a escrever assim) anda pela hora da morte nos mercados perto de casa.
Logo à entrada, ao fazer girar e transpor a catraca de acesso à loja, eu já "ganhei" o dia. Um cartaz de oferta, escrito amadoristicamente à mão, letra cursiva. E foi o dito cujo cartaz que me fez querer ter um celular naquela hora. Na falta do registro fotográfico, só me resta pedir que acreditem nas minhas palavras. E na "arte" gráfica que obrei com a intenção de reproduzi-lo o mais fielmente possível.
Trezentos e cinquenta gramas!!! Pããããããããããta que o pariu!!!!!
É a Pátria Educadora do PT! É a Progressão Continuada do Paulo Freire e da Luiza Erundina (PT)!
Na hora, lembrei-me do ex-presidente Jânio Quadros e sua célebre frase : "Bebo porque é líquido; se sóldio fosse, comê-lo-ia". Pois se ainda fosse vivo, o sonho de Jânio Quadros teria se concretizado. Jânio "comê-la-á-lo-ia" de garfo e faca! Empanturrar-se-ia de Amstel. É a comida enlatada do bebum!
Até desisti da muçarela. Vai que quisessem me vendê-la aos litros? E que eu tivesse que ter levado o "casco", o vasilhame vazio?
Ao centro, Jânio Quadros, o Presidente que prometeu que varreria a corrupção do Brasil (sim, essa história é antiga) com seu poderoso vassourão, e que acabou, ele próprio, varrido do poder pelas "forças ocultas".
Bem feito! Ninguém mandou tomar um pileque e inventar de condecorar o Che!

domingo, 20 de setembro de 2020

Setembrochove !

Por vários anos, venho afirmando e confirmando aqui no Marreta : Setembrochove!!!
Pouco importam as predições em contrário ou em negação : Setembrochove!!!
A previsão do tempo, a tal da Meteorologia e seus prognósticos pouco exatos, sempre sujeitos a chuvas e a trovoadas, só são de certa confiabilidade em onze meses do ano.
Inúteis, em setembro. Besteira. Perda de tempo consultar a previsão do tempo em setembro. Setembro é uma zona morta para os balões e sondas meteorológicos. Até para os satélites do Inpe. Digam o que digam os instrumentos dos homens, Setembrochove! E ponto.
Inda ontem reclamei aqui da aridez de Atacama que estava a se abater sobre a cidade, do seu ar mais seco e empoeirado que cu de camelo. Numa quase esperança motivada pelo desespero, ainda que a sabendo vã, consultei um site de meteorologia. Nada. Nenhuma gota prevista para a Califórnia brasileira nos próximos 15 dias.
E não é que hoje, domingo, acordo e respiro um ar mais úmido ao ir fazer o café e abrir a janela da cozinha? Saí à sacada e o asfalto estava molhado, bem molhado. O cenário esbranquiçado a ocultar parte da paisagem ainda persistia, porém, nuvens de boa água substituiam a névoa seca. Vai ver alguma deusa da chuva apiedou-se de meus queixumes e decidiu nos aspergir do turgor de suas generosas tetas.
Negue o quanto você quiser, leitor do Marreta : Setembrochove.
Uns quarenta minutos depois, ela voltou a cair. Em bom volume. Chuva boa, prazenteira. Sem ventos, estardalhaços e estragos. Como costumam bater por aqui as primeiras chuvas depois de longo estio.
Quando, por volta da hora do almoço, estava a sair para comprar cerveja num posto a uns quatro quarteirões de casa, ainda precipitava fina garoa. Vendo-me à porta sem um guarda-chuva, minha esposa me alertou de que ainda chovia. Tô sabendo, eu disse. E saí. Sem lenço, sem documento e sem guarda-chuva. Apenas com máscara.
A garoa me abraçou, molhadinha. Abracei-a de volta. Saí a calçar um genérico do chinelos havaianas, propositalmente. Esquiei meus pés pelas enxurradas residuais. Suspiraram em alívio, meus calcanhares rachados. Cheguei em casa com as roupas úmidas, os pés molhados e a prata do cabelo orvalhada.
Assim que entrei, meu filho, que me esperava à tocaia atrás da porta, apontou para os meus pés : - andou na enxurrada, né? Eu sabia. Meu filho nunca pôs os pés descalços numa enxurrada. Não por falta de oportunidade. Não por falta de insistência de minha parte. Muitas vezes, a caminhar comigo após uma chuva, tentei fazê-lo descalçar-se e me acompanhar no caminho das águas. É sujo, ele diz. Tem nojo, para o meu desgosto.
Apesar da educação das antigas que recebe, ele parece já ter nascido mesmo parte dessa geração atual, dessa geraçãozinha do "limpinho", do "nojinho" do que é natural. Ele nem sequer mija na piscina! Sai da água para ir urinar no banheiro. Dá pra acreditar?
O que terá ele para se lembrar quando tiver a minha idade? Se dos doces prazeres da infância, nem do de chapinhar os pés numa enxurrada barrenta e do de dar uma mijadinha na piscina, ele se aproveita? De minha parte, eu mantenho os dois. Sempre que posso. Mas já o adverti várias vezes : se adolescente, ele se meter a besta de depilar as pernas e o saco, eu o boto pra fora de casa! Pãããããta que o pariu se boto!
E a chuva voltou. Enrodilhou-se o dia todo, feito gato no céu.
Setembrochove, meus caros. É inevitável.

sábado, 19 de setembro de 2020

O Céu(?) de Ribeirão Preto

Foto tirada na manhã de hoje, sábado, 19/09/2020, às 08:27 h. Olhem ao fundo, todo tomado por uma grande mancha branca. Acreditem-me, façam um esforço e acreditem-me, dentro dela existem dezenas de edíficios.
Neblina? Cerração? Um agradável clima de montanha?
O caralho! Névoa seca. Nevoeiro fotoquímico.
O céu de Ribeirão Preto? O Inferno, isto sim. Como sempre foi. E só piora.
Nunca houve um ano tão seco. Umidades relativas do ar em 10%, 11% em alguns dias da semana. 
Água já a faltar nas torneiras. Lençóis freáticos vampirizados até as últimas gotas.
Mas celebremos. É o progresso, enfim.
Celebremos os dois ou três carros nas garagens de cada casa; símbolos de nosso sucesso e de nossa pujança econômica.
Celebremos a quase total ausência de árvores; degoladas para dar espaço a essas garagens maiores.
Celebremos o fantasma de nossa Mata Atlântica, guilhotinada, no passado, para a lúxuria dos barões do café; hoje, para a ostentação da ignorância do novo rico, dos usineiros.
Ouro verde é o caralho!
Celebremos. Estamos na Califórnia Brasileira. 
Meu filho me perguntou : pai, o que é essa coisa branca, é neblina?
Névoa seca, lhe respondi. 
Do que isso é feito?, ele quis saber.
De poeira, fumaça de carros e fuligem de queimadas de cana-de-açúcar. O que você está vendo, bichinho, é o ser humano em sua forma de aerossol.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Mandem Notícias do Mundo de Lá...

O ser humano é o mais autoinsuficiente dos seres. Assola-o, a simples possibilidade da solidão; aflige-o, a simples desconfiança ou impressão de que está sozinho. Não lhe basta viver em família, em cidades de uns poucos milhares de habitantes, ou de dezenas ou centenas de milhares, ou mesmo de milhões. Não lhe basta sequer saber que está acompanhado por mais de sete bilhões de almas tão conturbadas quanto a sua na face do planeta. Ele precisa de mais. Precisa ter a certeza de que sua miséria existencial se estende para além da órbita terrestre; preferencialmente para fora dos limites da galáxia.
Ele não descansará enquanto não obtiver provas concretas de que seu infortúnio é cósmico e universal, que se estende a outras esferas e estrelas. A angústia do ser humano nem é tanto por não saber se está sozinho ou não no Universo, é por não ter a certeza da existência de outros desgraçados feito ele.
É muito mais o consolo da existência de uma infelicidade interplanetária do que exatamente uma curiosidade científica que o impele a buscar incessantemente por vida em outros planetas; ou, ao menos, por outros planetas que reúnam condições climáticas, atmosféricas etc capazes de abrigar a vida tal como a conhecemos. Isso e, claro, a nossa natureza parasita e predatória, que nos levará, em breve, depois de termos sangrado e esgotado a Terra, a um necessário êxodo de parte da espécie para uma outra esfera habitável. Ou a total extinção. Sempre torci pela segunda opção. A curiosidade puramente científica por vidas extraterrestres vem, se muito, em terceiro lugar na lista de motivos desta busca frenética.
Contudo, as distâncias literalmente astronômicas que nos separam de outras possíveis biosferas, em contraste e confronto com nossa primitiva e ridícula tecnologia aeroespacial, impede que os cientistas constatem in loco as propícias condições desses exoplanetas. Só sendo possível que tais observações e análises se deem de forma indireta. Uma das ferramentas mais úteis neste tipo de investigação são as bioassinaturas.
As bioassinaturas são substâncias ou moléculas indicativas da presença de vida como o ser humano a entende e a reconhece, a vida baseada em carbono. Água, ozônio, metano, dióxido de carbono e amônia são exemplos dessas bioassinaturas. Mas há de ser notado que as citadas bioassinaturas não são necessariamente produzidas e/ou liberadas por seres vivos, não são geradas exclusivamente por algum tipo de metabolismo. Elas são tão-somente fundamentais em um ambiente para que a vida tenha a ínfima possibilidade de nele se organizar, surgir e se manter. Elas tornam a vida provável, não certa.
E se houvesse uma substância, uma bioassinatura a ser buscada na atmosfera ou na superfície de um planeta que fosse resultante, única e exclusivamente, da presença já estabelecida de vida? Pois esta substância existe e passou a ser utilizada recentemente e com resultados surpreendentes.
É a fosfina. Um gás cuja molécula é composta por um átomo de fósforo (P) ao qual se ligam, em conformação piramidal, três outros átomos de hidrogênio (H). A presença da fosfina na atmosfera de um planeta só pode indicar duas coisas : atividade industrial ou a existência de micróbios anaeróbios.
Pois um estudo conjunto entre Reino Unido, EUA e Japão, publicado agora na prestigiada revista Nature Astronomy, traz-nos notícias da presença de fosfina nas nuvens de Vênus, a Estrela D'Alva que em nosso céu desponta. Supondo que o planeta não conte com a presença de parques industriais, há por lá uma infinidade de micro-organismos venusianos proliferando sem parar sob as bênçãos da deusa do Amor.
Não há uma terceira explicação, diz a astrofísica portuguesa Clara Sousa-Silva, do MIT (EUA) : "Com o conhecimento atual que temos sobre química e sobre Vênus, não existe uma explicação possível para a presença de fosfina nas nuvens do planeta que não seja vida".
A constatação da fosfina em Vênus empolga muito mais pela proximidade com a Terra que por sua detecção em si. A ideia de procurar fosfina por perto, especificamente em Vênus, foi da líder da equipe, Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido: “Quando descobrimos os primeiros indícios, ficamos em choque!”, disse a astrônoma.
Ideia em termos. Ideia não tão original assim. O literalmente pica das galáxias Carl Sagan levantara essa bola há mais de 50 anos, ao publicar, em 1967, na revista Nature, o artigo intitulado "Vida na superfície de Vênus?". Como Carl Sagan "previu" esta possibilidade há mais de cinco décadas? A resposta, nem um pouco científica, porém, não menos exata por causa disso, é dada pelo astrobiólogo Douglas Galante : "Porque ele era o Sagan!".
Carl Sagan era astrônomo e, sobretudo, macho das antigas. Ser um puta dum astrônomo, é claro que ajuda muito em fazer certos vaticínios, mas basta ser um macho das antigas, neste caso, ter sempre sabido da existência pujante e pulsante de vida no planeta Vênus. Talvez, é bem verdade, não em todas as regiões do planeta, uma vez que Vênus apresenta um variado mosaico de condições climáticas em sua extensão, com amplitudes térmicas em suas superfícies que vão de -220ºC a 480ºC, e temperaturas em torno de 30ºC em suas nuvens, onde foi detectada a fosfina. Mas numa de suas regiões, no seu mais célebre acidente geográfico, o Monte de Vênus, sempre foi pública e notória a existência de vida. Que macho das antigas não sabe desde sempre que a vida sobeja e escorre em mel, néctar e ambrosia no Monte de Vênus? Sabem de nada, esses inocentes astrônomos de hoje!
Abaixo, duas fotos do sempre densamente habitado Monte de Vênus; a primeira, mais antiga, e a segunda, atualíssima.
Esta foto é parte do acervo das primeiras fotos coloridas do Monte de Vênus, tiradas em 1982 pela sonda russa Venera 13, do programa Venera, ativo de 1961 a 1985.
E esta foi tirada ainda neste ano de 2020, pelo telescópio Hubble, da Nasa. Foto que revela uma evidência de vida em Vênus muito maior e mais cabal que a presença de fosfina em suas nuvens : o desmatamento criminoso do Monte de Vênus. Também conhecido, entre os astrônomos brasileiros, por Capô de Fusca ou A Testa da Bezerra.
Pããããããããããta que o pariu!!!

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Lula Faz Curso de Libras, Mas Por Não Ter um Dedo é Considerado Fanho

Texto do divertidíssimo O Porão da Mamãe, do Mafinha.
 
"Luis Inacio Lula da Silva, conhecido como ex presidente ou condenado de 9 dedos resolveu se dedicar aos estudos pela primeira vez em 70 anos. O ex-presidiário entrou no curso da lindíssima primeira dama Michele Bolsonaro para aprender Libras (linguagem para surdo-mudos).
Como sempre, a polêmica acompanha o pudim de cachaça. Segundo o professor de libras Dédalos Maurício, o ex-presidiario está atrapalhando o curso: “Olha é o seguinte, a gente tenta ser inclusivo com todos, mas além de sempre vir bêbado para a aula os alunos não entendem o que ele fala porque ele não tem um dedo, o que significa ser fanho na línguagem surdo-muda”.
O corrupto parece não se importar com a dificuldade, e já disse que o seu próximo curso vai ser boas maneiras e como tomar cafezinho com o mindinho levantado."

domingo, 13 de setembro de 2020

Ficar Bêbado

Ficar bêbado,
Não é fugir da realidade.
É acender uma lareira,
Calçar uma pantufa,
Cozinhar um pinhão;
É transformá-la em um chalé
Em serra nevada,
É trazer araucárias
E gralhas azuis
E neblinas chorosas
E nuvens cabisbaixas
Para a minha janela.

sábado, 12 de setembro de 2020

Tem Salsicha Nesse Hambúrguer

Uma campanha publicitária finlandesa do Burger King, encomendada à agência TBWA/Helsink, sela a paz e celebra a união entre a sua mascote, o rei Burger King, e a mascote de sua rival McDonald's, o palhaço Ronald McDonald. Aliás, união, não. Neste caso, os mais justos termos seriam o engate, o catracar  do rei e do palhaço, haja vista o cunho homoafetivo da propaganda, viadesco no osso!
Os cartazes e outdoors exibem um beijaço entre o rei Burger King e Ronald McDonald. De língua e bigodão. 
Notem como as figuras unidas do rei e do palhaço desenham um coração. Pããããããta que o pariu!!!!
A campanha "O Amor Conquista Tudo" foi pensada em homenagem à Semana do Orgulho Gay de Helsinki e, segundo os seus idealizadores, "a ideia por trás da campanha surgiu do nosso desejo de celebrar o amor em todas as formas e demonstrar nosso respeito ao público LGBTQI+".
O caralho! Não acredito de jeito nenhum nesse tal respeito que algumas marcas e empresas dizem ter pelo público que escorrega gostoso no quiabo; aliás, por qualquer público que seja. Não é um respeito genuíno, afirmo. O respeito de quem vende qualquer coisa sempre foi e será pelo dinheiro. Business is business. Tenho cá pra mim que, pelo menos, uns 90% de todo esse "respeito" ao público gay deriva do fato de seu alto poder de compra.. A bicharada tem dinheiro e não tem dó de gastá-lo. O gay padrão é o consumidor ideal, uma criatura híbrida, a tão desejada e mítica quimera sonhada pela indústria, comércio e publicidade : ele ganha dinheiro feito homem e o gasta feito mulher.
Qualquer marca que adicione um selo LGBTQI+ ao seu produto, irá encher, literalmente, o cu de dinheiro. De quebra, ainda fica bem na fita do politicamente correto.
E o McDonald's, o que pensa disso, do embichamento de sua mascote? E o palhaço, o que dirá ou quem sairá em defesa de sua masculinidade e de suas pregas? Palhaço é ladrão de mulher, porra! Palhaço é espada, não engolidor de espadas! Que palhaçada é essa com o palhaço?
Sim. Porque a campanha foi feita à revelia de qualquer consulta à rede McDonald's, à revelia de qualquer aprovação dela.
Selar a paz entre as duas gigantes mundiais do fast food é o caralho! A Burger King pôs o McDonald's numa sinuca de bico, pôs foi no toba do Ronald McDonald, a seco, sem nem dar uma lubrificadinha com um sachê de maionese. Vai dizer o quê, o McDonald's? Que se opõe à campanha? Pedir a censura e a retirada dos cartazes e outdoors? Que o Ronald, do clã McDonald, escoceses todos machos e highlanders das antigas, não é dado a viadagens? Qualquer insinuação ou medida tomada nesse sentido farão a ruína do McDonald's. A marca será, instantaneamente, taxada de homofóbica, de fascista e de filha do Bolsonaro nas redes sociais, que são o sumo reduto dos idiotas, que são justamente os maiores consumidores deste tipo de comida. Melhor que o McDonald's nem se manifeste. Que finja que a história nem é com ele.
Se a campanha ultrapassar o âmbito e o território finlandês e ganhar o mundo, as duas redes de fast food terão de acrescentar uma nova opção aos seus cardápios : um super cachorro-quente com uma salsicha de 25 cm! Tem salsicha nesse hambúrguer! Pãããããããta que o pariu!!!
Sai o Big Mac e entra o Big Dick! Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, PICA, num pão com gergelim! E o Mac Lanche Feliz? O Mac Lanche Feliz, que é aquele fac-simile de hambúrguer que vem acompanhado de um brinquedinho, geralmente personagens de animações e de videogames, vai virar o Mac Lanche Rapaz Alegre! E trará bonequinhos do Village People, do Bob Esponja chupando a rola do Patrick Estrela e modelos variados e multicoloridos de plugs anais, que são aquelas guloseimas para o cu!
Pããããããããta que o pariu!!!!

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Cerveja-Feira (28)

Advertência : a postagem a seguir contém imagens de extremo mau gosto, porém, necessárias para ilustrar o texto.
 
O cerveja-feira desta semana vai para a inseparável, embora indesejável, famigerada e, como veremos, muitas vezes injustiçada, companheira de todo bom bebedor de cerveja : a barriga de cerveja.
Mas será, de fato, a cerveja a grande responsável pela pança de macaco bugio que acomete 9 entre 10 de seus apreciadores? Balela, meus caros, balela. Adoram falar mal das loiras. Para mim, isso sempre foi um mito; pior, uma falácia. Sempre acreditei e professei que o que engorda não é a cerveja, ou que muito pouco ela o faça, o que torna paquidérmicos os bebuns são os acompanhamentos, as más companhias que se achegam a ela, os petiscos, os tira-gostos.
Prudente, fui pesquisar um pouco para redigir esta postagem, não correr o risco de falar muita besteira, e só fiz confirmar a minha impressão, a minha hipótese. Mais uma vez, sem nenhuma modéstia, só agora a ciência vem descobrindo o que o Azarão já sabe há tempos, por vivência, empirismo e um agudo senso dedutivo. Como dizia o Raul : eu não preciso ler jornais, mentir sozinho, eu sou capaz.
De fato, como eu sempre apregoei, a cerveja per si engorda pouquíssimo, o que torna os seus amantes em rolhas de poço é o entorno que acaba por cercá-la. Não há calorias suficientes na cerveja nem nutrientes tão pesados que possam nos hipopotamizar.
Declaro-me agora o Advogado da Cerveja e apresento provas irrefutáveis de sua inocência.
Primeira : por conta das reações químicas de que participa em nossas vias metabólicas, a cerveja - o álcool contido nela - nos estimula o apetite. Quem está na faixa dos cinquenta anos para mais, e chegou a conviver com seus avós e bisávos, já deve ter visto várias vezes, pouco antes do almoço, o avô tomar um "aperitivo", um traguinho de pinga, para "abrir o apetite". Claro que bebum arruma qualquer desculpa para tomar uma, porém, neste caso, o ardil de nossos progenitores não era totalmente sem base. Vejam : não é a cerveja que traz em si algum elemento engordativo, mas sim a comida que não estaríamos comendo caso não estivéssemos bebendo. Ela abre o apetite? Abre. Mas isso é problema seu. Você que tome vergonha na cara e tenha o autocontrole de não comer até o cu fazer bico.
Segunda : o tipo de comida que a cerveja "chama" para si. Você nunca ouviu alguém, depois da segunda ou terceira lata, dizer : ai, que vontade de beliscar uma alfacinha, um brotinho de alfafa, de roer um talo de salsão. A cerveja chama para si a turma da pesada, torresmo, calabresa acebolada, amendoim, provolone, batata frita. De novo : nada na cerveja em si é indicativo do efeito barriga.
Terceira : tudo o que ingerimos, seja sólido ou líquido, terá de passar pela barreira alfandegária do fígado, onde serão processados, degradados, metabolizados e encaminhados aos seus adequados destinos. Acontece que, a depender das quantidades de álcool e de gordura a serem processados, o fígado poderá não dar conta de tudo ao mesmo tempo e terá de optar por um deles. Como o álcool é uma substância tóxica para o organismo, o fígado acabará por se ocupar dele primeiro. Aproveitando o assoberbamento do fígado, as gorduras vão passando de fininho, na surdina, sem serem degradadas. Com isso, vão mais e mais se acumulando na circunferência abdominal. De novo : se tomarmos amostras do conteúdo adiposo da pança e as analisarmos, apenas ínfimos traços - ppms, ppbs, até - dos componentes da cerveja serão encontrados.
Quarta : o período do dia em que o consumo da cerveja se dá habitualmente : a noite. Justamente quando o nosso metabolismo está a desacelerar, a reduzir a marcha para irmos dormir; quando estamos com menor poder de queima das calorias. Fator que, somado aos anteriores, acaba por criar uma verdadeira represa de gordura de Brumadinho no bucho. Mais uma vez : a cerveja é uma boa menina, não engorda ninguém mais do que alguns gramas, mas uma boa menina que não sabe se defender de maus elementos.
Quinta : um copo de 200 ml de cerveja tem o mesmo número de calorias que o volume equivalente de suco de laranja (sem ser adoçado), e menos que a mesma quantidade de um suco de maçã ou de leite. Se bem educarmos a nossa cerveja, se bem a orientarmos no sentido de evitar as más influências, poderemos usufruir de sua companhia sem virarmos supositórios de baleia.
Uma única coisa depõe contra a cerveja, exclusiva e isoladamente contra ela : a quantidade, a quantidade em que a consumimos. Mesmas calorias que um suco de laranja, correto? Sim. Mas eu não conheço ninguém que, numa reunião entre amigos com duração de umas quatro ou cinco horas, beba, por exemplo, dez copos de suco de laranja, o equivalente a dois litros. Menos ainda de leite. Quanto à cerveja, tomar dois litrões é moleza, é coisa de iniciante, de estagiário. Suco de laranja não chama mais suco de laranja. Cerveja chama por mais cerveja. Nada também que não possa ser compensado por uma boa caminhada no dia seguinte.
Eu mesmo me coloco agora como uma sexta e definitiva prova, uma prova (ainda) viva de toda essa preleção. Sou consumidor habitual de cerveja, mas raramente, raramente mesmo, como alguma coisa enquanto bebo, quem me conhece sabe disso. Não sou de misturar cerveja com comida. Tenho 53 anos, 1,81m, nunca entrei numa academia em toda a minha vida e estou - pesei-me há uma semana - com 68,2 kg. Abaixo, a evidência fotográfica do que digo; eu, de camiseta cinza, caneca na mão, ao lado de meu corno amigo Fernandão, em começos deste ano.
Claro que minha barriga não é retinha e firme como era quando dos meus 20, 30 anos; claro que já revela certas dobras e flacidez, que são muito mais consequências da idade, dessa invenção humana que é a velhice, da podridão, meu velho, que da cerveja.
Prosit!!!