sábado, 31 de agosto de 2013

Igreja Católica Quer Vetar o Sepultamento de Animais de Estimação

O que você acharia de enterrar seu animalzinho de estimação no mesmo jazigo da família? Sepultar aquele poodle chato junto aos seus avós, tios etc?
Confesso que, a mim, a ideia não é das mais naturais, mas até aí o próprio ato de sepultar não é natural, é ritual criado pelo ser humano, e como, hoje em dia, o cachorro está mais que domesticado, está humanizado (ou o ser humano é que está "caninizado", sobretudo no QI), nada mais coerente (dentro da loucura) que as pessoas que tratam seus animaizinhos como se filhos fossem queiram realizar um funeral decente às suas passagens. Ou, morrendo antes de seus bichinhos, queiram revê-los depois, no mundo do além, na barriga dos vermes.
A Câmara Municipal de São Paulo, sempre atenta às necessidades básicas do cidadão, está trabalhando nesse sentido. Tramita um projeto, ainda a ser votado, que autorizaria o sepultamento de cães, gatos e outros animais de estimação onde já se encontram os restos mortais de seus donos. 
Depois de uma vida juntos, dono e bicho (figuras que muitas vezes se confundem, ficando difícil saber quem é o dono de quem e quem é o bicho de quem), separados pela Inclemente da Foice, voltariam a se encontrar num grande petshop do céu. E todos viveriam felizes para sempre, ops, morreriam felizes para sempre, certo?
Não! Não se depender a Igreja Católica, que já não suporta ver a felicidade das pessoas durante a vida (a tudo que dá prazer lhes proíbe), que dirá, então, depois da morte?
A Igreja Católica, entre outras canalhices, é notória especialista em se meter na vida alheia. E não só na de seus fiéis, que esses, por suas burrices e pela preguiça de deixarem de ser burros, bem que merecem ter suas condutas ditadas por outrem, suas intimidades escarafunchadas por deus, ou, dada a inexistência dele, por aqueles que se dizem seus representantes, padres e que tais, os aspones de deus.
A Igreja em tudo se mete, ou quer se meter. 
Vive querendo atravancar o avanço da ciência. Toda nova descoberta científica, sobretudo na área médica, é logo taxada de antiética, antinatural, "contra as coisas de deus", pelo homens da Igreja. 
Também está sempre à espreita para se intrometer no Legislativo da nação. Quer fazer passar leis que estejam de acordo com o que "diz" a Bíblia, e vetar outras que estejam em desacordo com ela, livro que a própria Igreja escreveu, ou, ao menos, editou para as suas conveniências, mutilou partes, desfigurou outras, enxertou a maioria delas.
Querem proibir tudo, desde pesquisas genéticas até o casamento gay, como se só os padres tivessem o direito de serem felizes dando a bunda. A Igreja morre de saudades da Idade Média, quando seu poder se confundia com o do Estado, e mesmo se sobrepunha ao dos reis.
Acharam, então, que ela não iria se meter no reencontro póstumo das pessoas com seus animaizinhos de estimação? É óbvio que iria; como de fato já está.
O projeto nem foi ainda votado e Dom Odilio Sherer já teve um encontro com o prefeito Fernando Haddad, a quem caberá sancionar o projeto depois de sua aprovação.
Aliás, eu nem sei porque um prefeito recebe e dá ouvidos a um religioso : o estado é laico, não tolera (não devia tolerar) intromissões da Igreja. Prefeito, preciso conversar seriamente com o senhor, diz um padre ao telefone; vá para a puta que te pariu, vá cuidar de suas beatas frígidas, deveria o prefeito lhe responder.
Dom Sherer argumenta que a aprovação da lei seria a deflagração de um processo de depreciação da dignidade humana, colocar homens e bichos de estimação no mesmo patamar, palavras dele, "seria inaceitável".
Depreciar a dignidade humana? E o que Dom Sherer chamaria de promovê-la? Torturar e fazer churrasquinho de hereges? Dar apoio tácito, como a Igreja deu, aos regimes totalitaristas da Segunda Guerra Mundial, nazismo e fascismo, sendo que por esse último foi até agraciada, via Tratado de Latrão, com um território próprio, autônomo e soberano, o Vaticano? Enviar missionários à África, o continente mais infectado pela AIDS, para pregarem contra o uso da camisinha, para dizerem que deus é contra os preservativos? Acobertar pedófilo? Esses são os projetos da Igreja Católica em prol da dignidade humana ?
O autor do projeto, o vereador Roberto Trípoli, justifica : "Quando um deles [animais] vem a falecer, além do extremo sofrimento da perda, as pessoas em geral se desesperam sem saber para onde destinar o cadáver".
Além disso, os jazigos são propriedades privadas, a pessoa que compra o espaço pode usá-lo como quiser, o túmulo das pessoas não é de alçada da Igreja. Se ela quiser enterrar um cachorro ali, qual o problema? Tem gente que enterra até a sogra no mesmo túmulo!
Fora a costumeira intolerância, Dom Sherer revela também uma crassa burrice com sua oposição a essa lei. Ele desmerece os cachorros, gatos etc, todos esses, segundo o delírio das religiões, também "filhos de deus". Dom Sherer está a renegar outras criações de seu Criador. 
Às vistas do Criador, isso é classificado como crime hediondo, com pena eterna no Inferno, sem direito a pagamento de fiança nem recurso junto ao Joaquim Barbosa do Céu.
E no Inferno, padre é igual a estuprador quando chega na cadeia, a demoniada e os condenados fazem a festa com o toba dele. Dom Sherer purgará no mesmo caldeirão de enxofre fervente que o Belzebu Pé-de-Mesa.
E não sei o porquê da implicância com essa lei. Os padres também poderão se beneficiar dela, também poderão ser sepultados com seus bichinhos de estimação, os coroinhas, os sacristãos etc, a quem tanto deram amor e carinho em vida, a quem conduziram pelas mãos, a quem tanto deram colo, principalmente.
Dom Odílio Sherer, que, pelo visto, está muito do desocupado, num ócio desgraçado, ele e seu deus. E vejam a cara ruim, de gente frustrada, recalcada, cujo único prazer é impedir o prazer alheio. São os empata-fodas de deus.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Morcegando

 "Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que o teu olhar, flor na janela 
Me faz morrer..."

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cerveja GLS (Ou : o Complô Para o Embichamento do Planeta Continua)

Que há um complô mundial muito bem orquestrado para o embichamento do homem, para o desatarraxar das pregas do gênero masculino do Homo Sapiens, não tenho mais dúvidas.
Substâncias químicas sabidamente afeminantes são adicionadas de propósito aos mais variados alimentos e produtos destinados ao consumo humano; objetivo : reduzir a testosterona do macho, enviadá-lo.
Aqui no blog, já postei vários exemplos desse complô, mais que exemplos : provas cabais de que um embichamento químico vem sendo imposto à população. A quem possa se interessar, lembro de alguns agora : Geração Leite de Soja, A Marreta do Morales, O que é que o cu tem a ver com o saco Eu, o Alfaiate das Coincidências, e outros.
Acontece que, venho percebendo nos últimos tempos, o plano é muito mais sórdido do que pensava, é um projeto muito mais amplo que a simples transformação química, não adianta somente embichar o sujeito, esse é só o primeiro estágio do processo, e o mais fácil; o segundo, mais trabalhoso, é mantê-lo embichado.
Não basta embichar a pessoa, há de se embichar também o seu entorno, para evitar recaídas de macheza do recém-enviadado. Se o cara enviada e continua com os hábitos e atividades de seu tempo de macho, uma recaída é inevitável, só questão de tempo até a sua reprogramação ruir.
Há de se tornar o embichamento não apenas completo, mas também irreversível. A frescura tem que rodeá-lo, tornar-se parte de seu ambiente : nos filmes a que assiste (sempre tem uma bicha engraçada e simpática nos filmes; até cowboys viados já inventaram), nos jornais e revistas que lê (sempre tem alguma notícia a respeito do movimento gay, briga por direitos etc), nas roupas que veste (alguém já tentou, de uns tempos para cá, achar, por exemplo, uma calça jeans de macho, reta, simples, básica, sem botõezinhos brilhantes, bordadinhos e outras firulas? Não existe.), nos hábitos de higiene pessoal (hoje, é "normal" homem se depilar, tirar sobrancelha, fazer limpeza de pele, passar creminho nas mãos, fazer tintura nos cabelos) etc etc.
Há de se criar uma Matrix gay, intrincada e entrelaçada, para que o recém-embichado nunca mais sequer se lembre que um dia foi macho - e ela está sendo criada.
Agora, de uns tempos para cá, um dos últimos emblemas da macheza e virilidade vem sofrendo ataques sutis e sub-reptícios, para desfigurá-lo gradativamente, para também inserí-lo na Matrix GLS, para também enviadá-lo : é a cerveja nossa de cada suado dia.
A cerveja é a bebida do macho por excelência. Amarga, rústica e solitária, a ela nada se acrescenta, nem gelo, a ela nada se combina, nada de suquinhos adocicados, de licorezinhos cremosos, nada de folhinhas de hortelã, de rodelas de abacaxi ou de guarda-chuvinhas a enfeitarem o copo.
Aliás, a verdadeira cerveja nem tem copo próprio para ser servida, vai naquele copo americano mesmo, no copo de requeijão, no de massa de tomate. Ou direto no gargalo. É bebida de ogro, do macho careca e barrigudo, que, não obstante, mantém o pau em riste e sai a comer as bucetinhas sentadas à beira do caminho.
Porém, lentamente, estão submetendo a rude e tosca cerveja a um processo de sofisticação, de suavização, estão tentando transformá-la em mais um item do kit gay, estão tentando levar a cerveja de nossos ancestrais para a "irmandade".
O mais forte indício são as tais cervejas artesanais, das quais já falei na postagem Sommelier de Buceta, que são aquelas cervejas cheias dos guéri-guéris, feitas para paladares sensíveis, para viadinho degustar. Mas vai daí que, por curiosidade, até por ingenuidade, pode acontecer do macho desavisado experimentar uma dessas, e começar a gostar, começar a degustar ao invés de entornar. Aí, já era. É caminho sem volta. Uma vez degustador, as pregas nunca mais voltam ao lugar.
Macho que é macho só conhece um tipo de cerveja : a mais barata! A em oferta no mercado da esquina!
Se o cara começar a dizer de cerveja Ale para cá, cerveja Stout para lá, Irish acolá, podem desconfiar dele. Desconfiar, não! Podem ter certeza : o cara é mais chegado no "casco" escuro que na loira gelada.
Não bastassem as artesanais, cientistas da University of Griffith, na Austrália, garantem ter desenvolvido uma cerveja antirresaca. O cara pode beber à vontade, que nunca correrá o risco de acordar com uma puta duma ressaca, cabeça a martelar, vomitando até as tripas.
A cerveja antirressaca recebeu a adição de minerais como o sódio, o potássio e outros, que se unem numa solução iônica de mesma concentração salina que o corpo humano, impedindo assim a sua desidratação pelo álcool, uma das principais responsáveis pelo gosto de cabo de guarda-chuva na boca. São os mesmos sais usados nas bebidas isotônicas destinadas às práticas esportivas, explicam os australianos.
Pããããããta que o pariu!!! Isso não é cerveja! É gatorade, porra! Aquela bebidinha coloridinha com aroma de frutinha que o viadinho toma na academia, depois de puxar - e também de levar - uns ferros.
Cerveja isotônica!!! Perto disso, até dar o cu fica parecendo coisa de macho!
Quer dizer que o florzinha quer tirar uma de machão, mas não quer o risco de uma dor de cabeça no dia seguinte? E a famosa ardência no cu? Com essa ele não se preocupa, né?
Macho que é macho entorta o caneco sabendo do inimigo à espreita, sabendo que a ressaca poderá estar de tocaia para emboscá-lo ao seu despertar. Macho que é macho não foge da ressaca, enfrenta-a, aprende a se defender dela, desenvolve técnicas para lutar os 12 rounds sem ir a nocaute, caleja o fígado.
Se ainda assim, às vezes, a ressaca lhe pega à traição, macho que é macho não fica tomando analgésicos nem antiácidos, macho que é macho, no máximo, se permite o auxílio luxuoso de um macerado de boldo, planta milagrosa de  nossa farmacopeia, indispensável e obrigatória na casa de todo macho. 
E nem o fato do cara morar em apartamento justifica a ausência do boldo. O boldo é, antes de tudo, um forte, uma planta valorosa e aguerrida, cresce em qualquer vaso, canto ou fresta, em qualquer época do ano, bata sol ou faça sombra, seja adubada ou não. O cara nem precisa ter mão boa para plantar, enfiou um galho de boldo na terra seca e logo ele se ergue em uma pequena árvore; até porque essa coisa de mão boa para plantar também não me parece muita macheza, fulano tem mão boa para plantar orquídeas...fudeu!
E nem pense em conversar com seu boldo para fazê-lo melhor crescer, pôr música clássica e cantar para ele, então, nem pensar. Cante para seu boldo e ele morre na hora, sua bichona!
Cerveja isotônica é a puta que o pariu!
Tem medinho de tomar cerveja e acordar de ressaca? Então, vá tomar Amarula, Martini, St. Remy e outras viadagens que tais.
E já aproveita para cortar o pau fora!!!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Médicos Cubanos Que Conseguiram Escapar da Venezuela Processam Cuba, Venezuela e Petroleira PDVSA por Trabalhos Forçados

Artigo do blog cinenegocioseimoveis.blogspot.com.br, por sugestão do comentário de Osvaldo Aires na minha postagem Te Cuida, Negão, Que a Lei Áurea Foi Assinada a Lápis.
Mais uma prova inconteste das "democracias" cubanas e do PT, da canalhada vermelha.

MÉDICOS CUBANOS ESCAPAM DA VENEZUELA E PROCESSAM CUBA, VENEZUELA E A ESTATAL PDVSA POR IMPOR TRABALHO ESCRAVO EM TRIBUNAL DE MIAMI (EUA). PEDEM INDENIZAÇÃO DE MAIS DE US$ 50 MILHÕES.

Sete médicos e um enfermeiro cubanos estão processando Cuba, Venezuela e a PDVSA (a petroleira estatal venezuelana) por conspiração para obrigá-los a trabalhar em condições de “escravos modernos”, como pagamento pela dívida cubana com o Estado venezuelano por fornecimento de petróleo, segundo informação do site venezuelano Noticias24.

Os médicos e o enfermeiro conseguiram escapar, chegando aos Estados Unidos, país que lhes outorgou vistos. Essa ação foi proposta em 2010, todavia adquire importância no momento em que o Brasil inicia contrato similar a esse que suscitou a demanda apresentada nos Estados Unidos. 

Segundo a petição a que teve acesso a agência internacional de notícias Efe, os demandados intencional e arbitrariamente", colocaram os profissionais da saúde em “condição de servidão da dívida” e esses se converteram em “escravos econômicos” e promotores políticos.

A demanda foi interposta ante um tribunal federal de Miami (EUA) pelos médicos Julio César Lubian, Lleana Mastrapa, Miguel Majfud, María del Carmen Milanés, Frank Vargas, John Doe e Julio Cesdar Dieguez, e o enfermeiro Osmani Rebeaux.

Com esta ação proposta perante a Justiça americana, os demandantes buscam uma indenização que ultrapassa US$ 50 milhões de dólares, revelou Pablo de Cuba, um dos advogados do grupo cubano.

“Queremos estabelecer o precedente da responsabilidade patrimonial dos Estados sobre seus cidadãos. Isto é uma conspiração pré-determinada e dolosa desses governos e da empresa para submeter a trabalho forçado e servidão por dívida a esses médicos”, salientou o advogado.

Na demanda, o advogado Leonardo Aristides Cantón, que lidera a defesa, argumentou que os demandantes viajaram à Venezuela sob “engano" e “ameaças” e foram forçados a trabalhar sem limite de horas na missão “Barrio Adentro” (programa social do chavismo) em lugares com uma alta taxa de delitos comuns e políticos, incluindo zonas da selva e a “beligerante” fronteira com a Colômbia.

Os países, segundo o advogado, uniram-se numa conspiração sem precedentes na história contemporânea, com a única exceção da escravatura na Alemanha nazista, no uso do trabalho forçado.
Sublinhou também que “o convênio dos governos de Cuba e Venezuela constitui uma flagrante confabulação (maquinação) comparável ao comércio de escravos na América colonial".
O governo venezuelano persegue, intima, captura e faz regressar a Cuba os médicos e outros profissionais da saúde que se negam a realizar trabalhos forçados ou que tentem obter sua liberdade para sair do país sul-americano, segundo consta na petição entregue à Justiça de Miami (EUA).

Os demandantes afirmaram que viviam internados em residências alugadas ou em casas de pessoas ligadas ao regime Venezuela, enquanto trabalhavam sem a devida licença para exercer a medicina na Venezuela violando as leis desse país.

Os médicos e o enfermeiro foram submetidos por funcionários de segurança de Cuba e Venezuela a uma estrita vigilância e controle de seus movimentos, de suas relações, além de serem intimidados e coagidos, segundo consta na petição.

Esta é a segunda demanda por “escravidão moderna” que se interpõe num Tribunal de Miami (EUA).

Em outubro de 2008, um juiz determinou que o estaleiro Curacao Drydock Company pagasse indenização de US$ 80 milhões de dólares a três cubanos que alegaram que foram enviados por Cuba para trabalhar na reparação de barcos e plataformas marítimas de Curaçao sob condições “desumanas e degradantes” para pagar dívidas do Estado cubano.

Os advogados disseram nessa ocasião que a sentença representava a “primeira vez que um tribunal dos Estados Unidos responsabilizou uma companhia que negocia com Cuba por trabalhos forçados e abusos aos direitos humanos incorridos de forma acordada com o regime cubano”.Do site Notícias24 - Hacer CLIC AQUI para leer la historia en español

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Madre Teresa, Em Qual Cu Tá?

Vestida com hábitos simples e calçada em passos trôpegos, a Madre Teresa de Calcutá ia por entre os doentes, passava pelas esteiras postas ao chão em que os miseráveis ficavam depositados em penúria física e moral, distribuía-lhes acenos, bençãos, afagos em suas frontes febris, preces, e alguns lenitivos para lhes mitigar o sofrimento. Curvada, encarquilhada, seguia lenta e frágil como se a gravidade pusesse forte cola aos seu pés, como lenta e frágil também era a esperança daquele povo, aparentava mais fraqueza do que muitos pelos quais velava, era possível pensar que só mesmo uma força superior a estivesse pondo em movimento, a força da fé que supera a debilidade em prol do bem ao próximo, o altruísmo e a abnegação personificados, uma santa, certo?
Errado! Apenas a imagem de uma falsa santa, inventada e vendida aos meios de comunicação pelo jornalista Malcolm Muggeridge, da BBC, que lhe dedicou em 1969 o documentário “Algo bonito para Deus”, apresentando ao mundo a figura frágil de uma missionária que se dedicava aos pobres e doentes da Índia. Em 1971, o jornalista publicou um livro com o mesmo título.
Mas Madre Teresa nada teve dessa anciã caridosa e benevolente, pelo contrário, foi mais uma das canalhas que muito lucrou com a miséria humana falando em nome de deus. Madre Teresa foi apenas mais um dos agentes coletores da Igreja Católica, empenhadíssima em engordar mais e mais os tesouros do Vaticano, foi só mais uma que usou os pobres para aumentar as riquezas da igreja.
É o que garantem Serge Larivee, Carole Senechal e Geneviève Chenard, da Universidade de Montreal, Canadá, em seu estudo “O Lado Escuro de Madre Teresa”.
Segundo eles, as chamadas "casas para doentes" de Madre Teresa nunca tiveram o objetivo de curar ninguém, e sim o seu cruel avesso, a ideia era manter as pessoas naquele estado lastimável, a ideia era apenas juntar o maior número possível de desgraçados sob o mesmo teto para usá-los a chamariz de doações para a Igreja Católica.
A cada vez que as fotos de suas casas para doentes, muito assemelhadas a campos de concentração se olharmos com mais atenção, eram publicadas nos principais jornais, ou suas imagens corriam o mundo via satélite, milhões em doações chegavam às mãos artríticas e nada honestas de Madre Teresa.
E bota doações nisso. Recebeu centenas de milhões de dólares para as suas casas de doentes. Pessoas faziam doações, governos contribuíam, e até o sanguinário ditador Papa Doc, do Haiti, aderiu à causa da boa velhinha.
Milhões lhe chegavam e suas casas para doentes continuavam na mesma situação, milhões lhe chegavam e as imagens mostravam sempre o mesmo ambiente sub-humano, nada melhorava, e foi assim por anos e anos. Curioso, não?
Acontece que Madre Teresa foi uma grande duma estelionatária, uma desviadora de fundos de fazer inveja a Paulo Maluf. Nem um único centavo das doações foi usado de forma efetiva para sanar a miséria, a peste e a fome daquele povo, os poucos trocados que ali ficavam eram destinados justamente para manter inalterada aquela visão do inferno, que mesmo a miséria precisa de um mínimo para se manter viva, a ideia era mantê-los vivos e miseráveis. O grosso das doações, obviamente, Madre Teresa desviava para os cofres do Vaticano.
Era tudo tão evidente e só agora veio à tona, era tão claro e quase  ninguém nunca desconfiou; nem mesmo eu, admito, essa velhinha me enganou direitinho.
Os pesquisadores analisaram mais de 500 documentos e registros, entre eles, várias denúncias de médicos sobre o estado precário em que eram mantidos os doentes, os médicos classificavam esses locais como as "casas da morte" ou de "necrotérios". Denúncias também chegaram à Organização Mundial de Saúde, órgão da ONU, acusando as casas para doentes de serem locais de epidemias.
O jornalista britânico Christopher Hitchens já a havia denunciado em seu livro "A Intocável Madre Teresa de Calcutá", de 1995 : “Tenham em mente que a receita global da Madre Teresa é mais do que suficiente para equipar várias clínicas de primeira classe em Bengala. A decisão de não fazê-lo [...] é deliberada. A questão não é o alívio do sofrimento honesto, mas a promulgação de um culto baseado na morte e sofrimento e subjugação."
Milhões e milhões em doações e nem um único leito decente era comprado, sempre aquelas esteiras imundas perfiladas pelo chão; milhões e milhões e nunca nenhum moderno aparelho de uso hospitalar chegava às casas; milhões e milhões e sempre a mesma desnutrição dos doentes; milhões e milhões e nunca foi mostrada uma única dessas casas que tivesse passado por uma reforma, ou por qualquer outra benfeitoria; milhões e milhões e nenhuma delas se tornou um ambulatório de primeiro mundo, a que o dinheiro era mais que suficiente; milhões e milhões e, muitas vezes, não havia sequer uma aspirina, ou ataduras limpas para os desgraçados.
Madre Teresa mandava a grana para o Papa e mantinha os doentes minimamente vivos, no limite da subsistência, conservava-os no mesmo sofrimento de uma cobaia de laboratório, mantinha-os como uma vitrine mórbida, para que as doações não cessassem de chegar.
Se os doentes fossem curados, a miséria vencida, a peste erradicada, e isso mostrado ao mundo, as pessoas deixariam de enviar doações à Igreja, desnecessárias que se tornariam.
Os doentes, uma vez curados, os miseráveis, uma vez assistidos, realmente não precisariam mais de doações, mas a Igreja, sim. Sim e sempre. É insaciável a gula da Igreja pelo dinheiro dos homens de boa vontade.
Madre Teresa foi além do estelionato, sua especialidade, fez participações especiais em outro pecado muito recorrente na Igreja Católica, a pedofilia. Em 1993, acobertou um notório enrabador de menininhos, o padre jesuíta Donald McGuire, que estava afastado de suas funções eclesiásticas por denúncias de abuso.
A boa madre usou de sua influência para que o padre voltasse à ativa, jogou o lobo de volta ao meio das ovelhinhas. E o padre voltou mesmo à ativa : nos anos seguintes, várias outras queixas de pedofilia foram apresentadas às autoridades, e o amiguinho da Madre Teresa foi condenado a 25 anos de prisão.
Isso tudo me lembrou uma piada:
Estava lá a Madre Teresa, em uma de suas casas, com uma bandeja de supositórios na mão, os quais, pacientemente, um a um, ia introduzindo nos doentes. Aí, entrou uma enfermeira e disse que havia uma ligação telefônica para ela, Madre Teresa, na sala contígua. A Madre deixou a bandeja de supositórios com a enfermeira e pediu que ela continuasse com o trabalho. Sem saber a partir de qual paciente seguir, a enfermeira chamou a freira e perguntou-lhe : Madre Teresa, em qual cu tá?
No cu do povo, como de costume, respondo eu à confusa enfermeira, no cu do rebanho do Senhor. Que, no fim, rebanho serve é mesmo para isso, ser tosquiado por seus pastores.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Dejavú

Quem acha que os executivos de grandes e burocráticas empresas, de sisudos e metódicos conglomerados industriais, não possam ser capazes de um inspirado senso de humor e até, por que não dizer?, de laivos poéticos, está redondamente enganado.
É possível, sim, o gaiato e traquinas espírito humano (de alguns) sobreviver mesmo em meio à mais exaustiva das tarefas, em meio à mais massacrante das linhas de produção e montagem. E explico.
Hoje pela manhã, a poucos quarteirões de chegar ao meu local de trabalho, trajeto que faço sempre a pé, vi no meio-fio de paralelepípedos de uma esquina a caixinha de um remédio, azul e vermelha, vazia, já bem suja, pisoteada e achatada. Chamou-me a atenção, em grandes letras brancas sobre o fundo azul, o nome do remédio : Dejavú.
Na mesma hora, ainda que não soubesse à cura de quais males ele se prestaria, achei bonito pra caralho alguém pôr o nome Dejavú em um remédio. Abaixei-me para pegar a caixinha e saber do que ele tratava, já com uma ideia preconcebida do que pudesse ser; supu-lo, em virtude do nome, uma droga para ativação da memória. Enganei-me.
Procurei pelo seu nome genérico, o seu princípio ativo, e ele estava lá, em letras menores logo abaixo do nome de fantasia : citrato de sildenafila. É o viagra!!! O azul e redentor viagra!!! A guloseima preferida dos vovôs, o curinga escondido na manga dos machos atuais. Aí, achei mais bonito ainda. Quase tocante.
Originário do idioma francês, Dejavú - pronuncia-se dejavi, que é só para o francês poder fazer aquele biquinho de que ele tanto gosta - quer dizer "já visto", e é uma das palavras mais poéticas que há.
É o termo utilizado para designar a sensação que temos, ocasionalmente, de já termos visto ou vivido algo que, paradoxalmente, está a nos acontecer pela primeira vez. Uma lembrança do que nunca vivemos, em suma.
O dejavú se manifesta das mais diferentes formas. Lugares nunca visitados e imediatamente reconhecidos, fragmentos de conversas nunca tidas e que nos parecem o replay de um filme, rostos de desconhecidos com que cruzamos nas ruas e que nos são automaticamente familiares etc.
O dejavú, embora haja uma explicação científica para ele, permite-nos um sem-número de elocubrações mais mágicas, menos técnicas. 
Ele poderia ser um pequeno flash de memórias trancafiadas lá na infância, fotos amareladas que não lembramos de ter tirado e que saem das gavetas vez em quando; poderia ser uma reação neurológica a desejos nunca consumados, amordaçados, que surge na forma de uma "lembrança" difusa, a nos dar o consolo e o benefício da dúvida de termos ou não saciado-os; poderia ser até, dizem os que acreditam nisso, recordações de vidas passadas.
No caso do Dejavú, o genérico do viagra, acho que a coisa é mais ou menos como vou dizer. O brocha toma lá o Dejavú, daí a pouco, o pau há muito falecido transforma-se num baita dum caralhão em riste, pulsante e viril. Emocionado, o brocha olha para aquilo e pensa : acho que já vi isso acontecer um dia, acho que já passei por essa situação antes, estou tendo um dejavú.
Pãããta que o pariu! O cara tem um dejavú da paudurescência! Recorda-se vagamente de uma época em que o pau subia!
E depois dizem que os exatos executivos e cientistas são desprovidos de sensibilidade. Chamar o viagra de Dejavú... Isso é que é inspiração. Isso é que é licença poética!
Para não dizerem que estou a inventar, ei-lo, o Dejavú.
Fica aqui a dica de utilidade pública do Marreta. Se você anda com a "memória" a falhar, se já começou a sofrer com eventuais "esquecimentos", não prolongue mais o seu padecer e sua "amnésia", vá de Dejavú.

Em tempo : registro aqui meu agradecimento ao Pedro, que comentou essa postagem e me enviou o link com a foto do Dejavú.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Bicho Era Um Homem

Às segundas, quartas e sextas-feiras, o caminhão da limpeza pública passa a recolher o lixo aqui da rua, geralmente tarde da noite, já à boca da madrugada.
Nesta terça-feira, saí cedo para o trabalho e, como já vem se estabelecendo por costume, dei de cara com uma manhã repleta de lixo, tudo espalhado pela calçada do pequeno prédio em que moro. Latas reviradas e emborcadas, caixas de papelão destroçadas, sacos plásticos dilacerados, todos os detritos pelo chão.
Como se, antes do lixeiro, um bando de animais selvagens houvesse por ali passado em alucinada rapina. Uma orgia de carniceiros.
Urubus psicopatas, ratos traiçoeiros, hienas hidrófobas, Caro Manuel? Não. O bicho não era um urubu, não era um rato, não era uma hiena, estrelado Bandeira : o bicho era um homem.
Eles andam ou sozinhos, ou, no máximo, em dois ou três; se em bandos, não suportariam o próprio cheiro, ou se canibalizariam em competição pela imundície.
São mais uma das subespécies de humanos criadas pelo meio urbano, são os fuçadores de lixo. Passam revirando o lixo alheio às portas das residências, à cata de latas, papelão, plástico, qualquer coisa que possam vender para a reciclagem, são bactérias e fungos hipertrofiados. E o que não lhes interessa, não devolvem aos sacos, esparramam pelo chão. Se rasgam um saco e nada ali lhes serve, aí sim é que, só de raiva, jogam tudo para fora e pisoteiam. São parasitas mal-agradecidos.
À minha infância, cachorros de rua chafurdavam no lixo, era a simpática figura do vira-lata. Era comum vermos as donas de casa, gordas, de avental, ranzinzas e mal-humoradas pelo exaustivo e não reconhecido trabalho doméstico, enxotarem os vira-latas com suas indefectíveis vassouras em punho.
O vira-lata virava um corisco, desaparecia rapidinho rua abaixo, não sem levar algum butim à boca, um osso de frango, uma muxiba de carne etc.
No dia seguinte, estava lá o vira-lata, de novo a provocar a dona de casa. Eram inimigos profissionais, que se gostavam; não haveria a menor graça para o vira-lata revirar o lixo se não corresse o risco de levar uma vassourada, a carreira que levava da dona de casa valorizava sua caça; a dona de casa, por sua vez, não terminaria bem o seu dia se não pudesse xingar e esbravejar com alguém, se não pudesse descarregar no vira-lata toda a raiva e frustração que gostaria, na verdade, de despejar sobre o marido, sobre os filhos, sobre os vizinhos; a corrida ao vira-lata nos fins de tarde era uma espécie de calmante, um prozac da época.
No fundo, no fundo, o vira-lata sabia que a dona de casa jamais o alcançaria, ou o machucaria de verdade, por isso, sempre voltava; a dona de casa também sabia que nunca alcançaria o bichinho e que seria incapaz de realmente quebrar-lhe o crânio à vassouradas, queria que ele voltasse. Eram inimigos de desenho animado, Tom e Jerry, Coiote e Papaléguas (bi! bi!), Batman e Coringa etc.
Bons tempos.
Hoje, não há mais vira-latas em nossos lixos. Não vemos mais a fugidia figura do cachorro magro e sarnento em nossas portas. Os vira-latas foram enxotados de vez de nossos lixos. Enxotados não pelas donas de casa, numa final e definitiva batalha. Enxotados por animais muito mais perigosos, perniciosos, verdadeiros predadores : os humanos fuçadores de lixo.
Enxotados para nunca mais voltarem, pois sabem do real perigo que os fuçadores representam. E esses, os escrotos e desprezíveis fuçadores, ninguém enxota. A dona de casa não sai a brandir sua vassoura contra eles, ninguém escorraça com eles, ninguém lhes chama sequer a atenção para que, no mínimo, não espalhem o que não forem aproveitar.
Ninguém mexe com eles.
Talvez por nojo, o que é procedente; animais que vivem em tocas e covis são mais limpos e asseados que eles, ao menos, enterram seu lixo e seus excrementos, os fuçadores desenterram e espalham os dos outros.
Talvez por medo, o que é justificável, podem mesmo ser muito agressivos, os fuçadores; o racional deve de fato temer o irracional, tente ao chacal tomar-lhe a carniça da boca.
Talvez por pena e compaixão, por os considerarem desvalidos, excluídos, injustiçados, vítimas. Vítimas de quem? Minhas é que não. Talvez, para alguns, dar-lhes um pouco de seu lixo aplaque o sentimento de culpa que guardam mofado por serem mais favorecidos; nada mais errado. 
Se tenho o que tenho, é o que tenho é o básico, uma boa casa, um emprego, uma vida razoavelmente confortável no aspecto financeiro, é porque trabalhei para isso. Com que direito o fuçador de lixo olha de modo intimidador para as pessoas, como a dizer que elas são as responsáveis por sua miséria, e que, portanto, têm que os aturar a embostearem suas portas?
Pena e compaixão dos fuçadores não têm a menor base ou fundamento. Não podemos, nunca, estabelecer conclusões absolutistas, mas ouso dizer, com certa tranquilidade em não errar, que a maioria deles não se sente excluída porra nenhuma, que se sente muito bem e à vontade sendo fuçadores.
Ofereça um emprego formal a um deles, com 8 horas diárias a cumprir, com metas a responder, com patrão a encher o saco, tendo que ir trabalhar chova ou faça sol, com horas determinadas para almoço, tendo que recolher impostos etc. Ofereça e espere pelo pior. Espere pela ira do bicho que não quer caçar para obter comida.
Já presenciei um caso, ao vivo e a cores. Uma ex-vizinha ofereceu um emprego a uma dessas fuçadoras que sempre passava pela rua; uma amiga dela precisava de uma empregada doméstica e faria tudo nos conformes da lei, a registraria e tudo. A fuçadora perguntou à mulher se, por acaso, ela estava pedindo emprego para alguém, se parecia que ela estava precisando trabalhar? E seguiram-se uma série de impropérios contra aquela que se pensou uma benfeitora, agressões verbais pesadíssimas. E já ouvi contarem vários e vários outros casos semelhantes .
Eles não são excluídos! Simplesmente pertencem a uma realidade diferente da sua. Eles não querem ser incluídos em outra realidade. Eles não querem a vida que você tem, eles só querem seus restos, seu lixo. Ofereça-lhes algo diverso e, repito, espere pelo pior.
Eles estão perfeitamente inseridos e adaptados à realidade deles, acharam um nicho que muito lhes apraz nesse nosso esgarçado e roto tecido social. Estão satisfeitíssimos em serem os rola-bostas dessa inusitada e bizarra cadeia alimentar que é a sociedade humana, cadeia que a natureza jamais ousou supor.
Sim, Bandeira, o bicho no lixo não era um bicho, era um homem, que era um bicho. Não se horrorize da situação nem se apiede dele em seus românticos versos modernistas. Apiede-se, antes, de si. Passe longe do bicho, poeta, corra dele.

Funcionários

Ser funcionário público
É a liberdade absoluta.
Tão ancha e plena
Que a ela ficamos presos,
Acomodados.
Acomodados ao calabouço da liberdade,
A mais eficiente das carceragens.
Não há masmorra mais inescapável
Que aquela em que somos cativos
E carcereiros.

Ser funcionário público
É ser livre para não ser de nenhuma função
Ou utilidade
Ou até ser
Mas poder escolher não exercê-la.

É ser tão livre
Que dessa liberdade
Contamos os dias para nos livrar,
Para nos aposentar.

Ser funcionário
É poder não funcionar, 
Já que a ineficiência
É o que é esperado de nós.

É poder 
Não ter que puxar o saco de eunucos,
É poder não erguer altares
Para pequenos e podres poderes.

É poder devolver ao mundo,
Impunemente,
O mau humor
Que ele nos causa.

domingo, 18 de agosto de 2013

Sommelier de Buceta

Adquiro rapidamente um profundo nojo por certas palavras ou expressões que viram modismo, sempre usadas de forma errada, ou por ignorância em relação à língua mátria, ou por má-fé mesmo, ou, aposto, por ambas, com uns 80% de predominância do primeiro motivo.
Com essas palavras ou expressões, querem fazer parecer que certos produtos sejam superiores aos seus demais similares, até mesmo que tenham qualidades e atributos inerentes e exclusivos.
Alimento orgânico é um dos mais abjetos exemplos disto. Tomate orgânico, arroz, morango, trigo, batata, melão, a lista é quase tão interminável quanto são os tipos de alimentos. Anunciam que tal coisa é orgância como se falassem da ambrosia dos deuses.
Ora porra, todo alimento é orgânico!!! Todo alimento provém, direta ou indiretamente, de um ser vivo, todos têm ou origem animal, ou vegetal, ou ainda são produtos de bactérias e fungos. Portanto, são formados pelo onipresente átomo de carbono e suas diversas faces, carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e ácidos nucleicos. Tudo orgânico, sem exceção.
Ou alguém já comeu um tomate inorgânico? Feito de pedra, de areia, com sílica em lugar do carbono?
Quando dizem "orgânico", querem dizer que aquele alimento foi cultivado sem aditivos químicos, agrotóxicos ou fertilizantes. Querem dizer que ele foi cultivado à base de adubo natural. Ou seja, ao invés de dizerem alimento orgânico (uma vez que todos o são), deveriam dizer : alimento adubado com bosta! Que a bosta é, por excelência, um dos compostos mais orgânicos que há.
De uns tempos para cá, outro modismo vem enchendo o meu saco e os bolsos dos que dele se utilizam para cobrar de seus produtos muito mais do que eles valem e enganarem os trouxas. É o tal do produto artesanal.
É queijo artesanal, móveis artesanais, perfumes artesanais, roupas artesanais, molhos artesanais, chocolates artesanais etc. Você passa e vê uma puta duma fábrica com a placa : doces e geleias artesanais. Quanto mais explícita a patifaria, menos o povo vê.
E, agora, o tal do artesanal invadiu um dos últimos territórios do verdadeiro macho, um dos últimos rincões livres da frescura e da viadagem, o mundo das cervejas.
Até no mercado aqui perto de casa, a coisa já ganhou volume. E é mercado mesmo, popular, não é delicatessen, rotisserie, nenhuma dessas boiolagens. Tem lá uma gôndola, bem no meio do corredor, com um cartaz, cervejas artesanais.
Eu passo longe, tanto pela propaganda enganosa quanto pelos abusivos preços. Tenho um escorpião de estimação que carrego sempre ao bolso, o escorpião Margá, o pobrezinho infartaria ao ver o preço de uma dessas.
Aí, um dia desses, em meu local de trabalho, no intervalo, peguei a conversa de dois novos professores, desses que aparecem e desaparecem todos os anos das escolas, desses da nova leva de aprendizes. Eles debatiam sobre a qualidade das cervejas Colorado e Baden Baden, um defendia uma e outro defendia a outra.
Para mim, Bavaria Premium, Brahma Extra e Kaiser Bock são o máximo de requinte a que um sujeito pode se permitir sem pôr em risco as pregas. 
Portanto, nada de útil eu aproveitaria da conversa sofisticada dos dois rapazes (ou moçoilas, mais me pareceram), a não ser reforçar ainda mais o meu desprezo pela estirpe dos seres humanos "sensíveis e refinados", que assim se autointitulam e se consideram o próximo degrau evolutivo da humanidade, quando, na verdade, a humanidade ruirá justamente por isso, pela delicadeza adquirida.
Fiquei ouvindo, nunca é demais reforçar nossos preconceitos.
O rapaz da Baden Baden dizia que a sua preferida obtivera mais estrelas numa prova cega de sommeliers belgas.
Eu já ia me esquecendo, agora tem isso de sommelier, os provadores, os degustadores, aqueles caras que põem a bebida na boca, fazem biquinho, bochecham, gargarejam e cospem. Tem sommelier de vinho, de whisky, de pinga, de café, de cerveja e até, vi um dia desses, de água mineral.
Não obstante o maior número de estrelas da Baden Baden, a Colorado, argumentou o outro rapaz, apresenta maior teor de cevada e lúpulo, e é obtida em um processo de baixa fermentação mais complexo, no qual são controlados até o número de bolhas.
Corto o meu saco se a rapazola tiver a mínima noção do que seja um processo de fermentação, o sensível lê o rótulo ou alguma resenha sobre o produto e sai a citar o que decorou.
O outro não se deu por vencido, disse que não são apenas os sommeliers belgas de cerveja que aplaudem a Baden Baden, os maiores cozinheiros do mundo, os gourmets dos principais restaurantes, consideram a Baden Baden como a cerveja com maior potencial de harmonização com pratos dos mais diversos. Gourmet é a puta que o pariu, e harmonia perfeita é o meu pau enterrado num jilozinho.
Achei que o simpatizante da Colorado estava para capitular, mas, estrategista que se revelou, tirou sua mais poderosa arma da manga e disse, como quem desfere um touché, um xeque-mate : a Colorado é confeccionada com cevada, malte e lúpulo orgânicos. E o preço mais alto nem deve ser discutido, concorda? Afinal, cerveja artesanal é para degustar, não é para beber.
O da Baden Baden foi a nocaute.
Na mesma hora, imaginei : um sommelier a degustar um cerveja artesanal feita de cevada orgânica. Pãããta que o pariu!!! Nada pode ser mais viado que isso! Perto disso, até dar o cu fica parecendo coisa de macho!
Cerveja não é para beber? Realmente, não. É para entornar, para emborcar, para encharcar, empapuçar!!! Para se botar pela urina, pela transpiração e pelas ventas!!!
Fiquei imaginando esses rapazolas afetados dando de cara com um bom bucetão. E nem digo de um bucetão legítimo, das antigas, cabeludão e babento, que a verdadeira buceta lhes faria torcer o nariz a ponto da bicanca quase lhes fugir do rosto, faria-lhes os estômagos saírem pela boca. 
Aceito, para não me dizerem intransigente com os rapazolas, esses simulacros de bucetas que andam por aí, raspadinhas e perfumadas por sabonetes íntimos. Imagino o da Baden Baden se aproximando da buceta e aspirando-lhe os odores, sentindo o bouquet; em seguida, o da Colorado passaria muito delicada e rapidamente a língua pelos entrelábios, buscando decifrar notas mais ou menos acres, buscando lhe adivinhar a safra.
E quando a dona da buceta lhes perguntasse : e aí, não vão comer, não?, eles responderiam em uníssono : buceta é para degustar, não para comer!
Sommelier de buceta, é só o que está faltando. Se é que está, se é que já não tem. Talvez para escolher elenco de filme pornô.
O que acho é que esse pessoal adepto do correto e do limpinho gosta mesmo é de um bom fumo de rolo preto, artesanal e muito do orgânico.

sábado, 17 de agosto de 2013

Não é Carnaval, Mas é Madrugada (13)

Cravo Branco, de Paulo Vanzolini, certamente não é uma música de carnaval. Acontece que os seus versos, Ai, o pobre, caído no chão/De bruços no sangue/Com o cravo branco na mão, lembraram-me muito d'outros versos, A vista incerta/Os ombros langues/Pierrot aperta/As mãos exangues/De encontro ao peito/Alguma cousa/O punge ali/Que ele não ousa/Lançar de si,/O pobre doido!/Uma sombria/Rosa escarlata/Em agonia/Faz que lhe bata O coração..., esses do poema a Rosa, de Manuel Bandeira, incluído no livro Carnaval. Está aí o carnaval.
São imagens fortíssimas, tanto o Pierrot que traz a rosa escarlate enraizada ao branco peito de cetim quanto o pobre de Vanzolini, de bruços no sangue com o cravo branco na mão.
Imagens fortes construídas pelo contraste e pelo inesperado, contraste entre o sereno branco e o revolto vermelho, o inesperado da morte, seja a morte literal, do corpo todo, ou a metafórica, do coração que é arrancado em rosa e arremessado à sarjeta, abandonado por seu dono, que se põe a andar - e a viver daí por diante - com um buraco no peito, mais à sarjeta que a rosa que tivera que abandonar.
Mais que pelo constraste e pelo inesperado, pelo confronto e pelo abrupto. 
O confronto entre o branco, ilibado e porvindouro, e o vermelho, carregado de culpa, remorso, devassidão e pestilência. 
O abrupto da morte que não se podia adivinhar, o solavanco do vivo-agora-morto-um-segundo-depois, a morte que não concede tempo para planejamentos, para avisar e preparar os familiares, escrever testamentos, despedir-se dos amigos, cometer última loucura; enfim, a morte mais temida de todas, e, paradoxalmente, a mais piedosa, também. A morte que não nos dá tempo de pensar nela, de sofrer de antecipado com a sua ideia, a morte que não dá tempo de ficarmos com autocomiserações, como disse o próprio Vanzolini em outra de suas letras : Quando eu for, eu vou sem pena, Pena vai ter quem ficar.
De qualquer maneira, é cada vez mais raro e espaçado no tempo uma música me arrepiar, aquele arrepio de pããããta que o pariu, que coisa bonita do cacete; cada vez mais raro e esporádico uma música fazer com que eu a retroceda no toca-CD e a reouça várias e várias vezes, até decorar-lhe a letra.
Acho que ficar velho é um pouco isso, é cada vez menos se surpreender, se emocionar e se arrepiar, é não ter vontade de rever qualquer filme, de reler qualquer livro, reescutar qualquer música... sabe-se que não se têm mais grandes tempos. E Cravo Branco me surpreendeu, me arrepiou.
Não é música de carnaval, mas, de qualquer forma, é madrugada. De qualquer forma, o fundo de minha caneca já se deixa ver, mal oculto pela fina lâmina residual de cerveja, quente e sem espuma, a última da noite, ou a primeira do dia.
Cravo Branco
(Paulo Vanzolini)
Saiu de casa de terno tropical,
Camisa creme,

Lenço e gravata igual,
Jantou e saiu satisfeito,
Pra antes da meia-noite,
Morrer com um tiro no peito.

(bis)
Ela lhe deu o cravo,
O outro se ofendeu,
Ele olhou no revólver,
Dava tempo e não correu,
Dobrou o joelho, desabou no chão,
Os olhos redondos,
E o cravo branco na mão.


Ai, o pobre, caído no chão,
De bruços no sangue,
Com o cravo branco na mão.


Ai, o pobre, caído no chão,
De bruços no sangue,
Com o cravo branco na mão. 

A música está no CD Paulo Vanzolini Por Ele Mesmo e também no CD 1 da coletânea Acerto de Contas. Para apenas ouvi-la, sem precisar baixar, você pode clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Al Pacino e Deus

Nada como um católico notório e convicto, como Al Pacino, para nos dizer como deus funciona. 
 
 “Eu pedi a Deus uma bicicleta, mas eu sei que Deus não trabalha dessa forma. Então eu roubei uma bicicleta e pedi perdão.” 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Pequenas Desilusões

Em um avião
A 10.000 m de altitude
Me disseram
Uma dose de bebida
Tem o efeito de três
Pela pressão, 
Pela menor quantidade de oxigênio
Me disseram
Para algo dizerem
Por não terem o que dizer.

Até que um dia
Tomei duas boas taças de vinho
Em um avião
A 10.000 m de altitude.
Afundei-me na poltrona
Fiquei esperando
O azul iridescer
As nuvens abaixo
Dançarem um rock'n'roll
Um anjo embriagado 
Se sentar à minha direita
Do lado de fora
Sobre a asa do avião.

Emborquei duas boas taças de vinho
Em um avião
A 10.000 m de altitude
E fiquei esperando
A porrada de mais de um litro
Respirei fundo
Fechei os olhos
Dei meu queixo a nocaute bordô.

Entornei duas boas taças de vinho
(uma terceira, a aeromoça não me deu)
Em um avião
A 10.000 m de altitude
E foi exatamente o que me pareceram :
Somente duas taças de vinho.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Carta ao Desmemoriado Amigo Fernandão

Grande e corno amigo,
abri ontem minha misantrópica caixa de e-mails e dei lá com uma mensagem tua. Há tempos não enviavas tuas minimalistas missivas eletrônicas; as reais, com folha pautada, envelope, selo, remetente etc, nunca as recebi de ti. Folgou-me saber de tua lembrança, e confesso que, a princípio, animei-me com o título de teu e-mail :  A peludinha da REVISTA PLAYBOY - Nanda Costa - Agosto/2013‏.
Abri e estavam lá tuas poucas e mal digitadas linhas :  Essa é um mimo pra vc se deliciar...........vc gosta de peluda ms q eu sei. Estilo claudia......kkkkkkkkkkk.
Começaste acertando, lacônico amigo, bem sabes de minha predileção pelo mato alto. Neste aspecto, poucos são mais ecológicos que eu. Sou pela preservação plena e irrestrita das matas de várzea, ciliar e grã-labial.
Devo dizer que não fazia a mínima ideia de quem pudesse ser Nanda Costa, mas fosse ela, como garantiste em tua fala, dona de uma portentosa caranguejeira, isso é o que menos importava. Baixei as fotos para apurada apreciação.
Decepcionei-me! Nem tanto com a glabra Nanda Costa, a quem não conhecia e de quem, portanto, não esperava grandes cousas, mas com tua falha percepção em confundir parca vegetação de caatinga com densa, úmida e quente floresta equatorial.
Confesso-te : preocupei-me!
Foste uma lenda em tua época, possuías avantajada - e justificada - fama, detinhas poderes inimagináveis para reles mortais, feito eu e o Margá; não havia kriptonita para ti.
Entristeceu-me ver-te assim, desmemoriado, olvidado do que seja um verdadeiro bucetão.
Será a idade, que avança tirana? Ou o hábito do álcool a congestionar-te as sinapses? Idade, tenho mais que ti; cerveja, poção mágica à qual me iniciaste, acredito que hoje te supere em quantidade e frequencia. Não obstantes os dois fatores considerados, ainda identifico mui bem uma verdadeira cabeluda.
Talvez a falta de sono, notória algoz da boa memória, fruto de suas noites passadas em claro nas mesas de pôquer. Sim, há de ser isso.
Cambiaste um vício por outro. Trocaste o lanoso felpudo das caranguejeiras pelo ralo e sintético feltro das mesas de baralho. Donde não consegues mais estimar com aguda precisão - longe disso, aliás - com quantos pelos se faz uma Cláudia Ohana.
Cláudia Ohana, com quem, inclusive, comparaste a imberbe moçoila Nanda Costa. Blasfêmia, caro amigo! Heresia das brabas! Claúdia Ohana é a deusa suprema da pilosidade e da bucetância. Faltaste com respeito aos deuses, velho amigo. Temo pelo castigo que advirá à tua incauta pessoa, quiçá a concretização da praga do Cristiano, o Mineiro.
Com igual desrespeito, portaram-se Nanda Costa e a produção da revista Playboy. Tendo as fotos sido feitas em Cuba, terra de Fidel, um dos barbudões-mores do planeta, Nanda Costa deveria ter recebido orientações da revista Playboy para deixar a barba crescer livre, desgrenhada e selvagem. Uma atitude de respeito para com El Comandante, e mesmo uma digna homenagem.
Porém, nada vi de barbas de Fidel nas fotos que enviaste, corno amigo. Vi bigodinhos de Hitler!
Para finalizar, reforço minha preocupação contigo e o convite feito em minha rápida resposta ao teu e-mail. Se estiveres por cá nesse próximo fim de semana, telefones para teu velho e devoto amigo, para entornarmos umas geladas, relembrarmos antigas histórias e falarmos mal da vida alheia.
Também pretendo iniciar teu tratamento de recuperação. Passar-te-ei, à socapa, à distração de nossas mulheres, a clássica edição da Playboy com a Cléo Brandão. Lembra-te dela? Pois ainda a guardo em boa e segura gaveta. Cléo Brandão é outro ícone do desmatamento zero, outra cabeluda de respeito, e que se tanto não parece às primeiras olhadas, é pelo alourado translúcido dos pelos.
Ela até perde para a Cláudia Ohana, mas dá trabalho, não perde por nocaute, não, é peleja das mais acirradas, uma disputa urna a urna, com direito a recontagem dos pentelhos e segundo turno. Quero crer que ela começará a desanuviar tua memória em relação ao que seja uma verdadeira peludona.
No mais, despeço-me em reverência e aguardo por alvissareiras notícias tuas.
Azarão, o mestre do azar.