Que Jesus Cristo foi um puta dum esquizofrênico, doido de pedra, eu sempre soube e disse. Um cara que se proclama filho de deus, e que na verdade seria o próprio encarnado, só pode ser muito louco.
Só que eu, o Azarão, humilde portador da marreta, dizer isso, não é de nenhuma significância. As pessoas riem e defendem sua fé insana creditando meus arroubos aos meus notórios mau-humor e azedume, e não como sendo impressões deveras procedentes.
E se um dos maiores especialistas de todos os tempos em processos neurais, para quem as causas da esquizofrenia é (são?) mera brincadeira de criança, dissesse o mesmo? E se um renomado neurocientista, professor de neuroengenharia da Universidade de Duke (EUA), referência na pesquisa com próteses neurais, cujo trabalho integra a lista das "Dez Tecnologias que Vão Mudar o Mundo", do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), afirmasse exatamente o mesmo?
Pois foi o que fez o brasileiro Miguel Nicolelis, dono de todas as qualificações supracitadas e que atualmente se divide entre seus projetos no Brasil, EUA e Suiça.
Em entrevista à revista Planeta (janeiro de 2012), ao ser perguntado se a esquizofrenia é um distúrbio de algum processo químico do cerébro, ele disse que sim, e que, curiosamente, a humanidade é dominada atualmente por três esquizofrênicos que ouviam vozes.
Quem seriam esses esquizofrênicos?, perguntou a revista. Jesus Cristo, Maomé e Abraão. Muito provavelmente os três precisavam de haldol, respondeu Nicolelis (haldol, eu não sabia, é um remédio para o controle da esquizofrenia, tarja preta dos brabos).
E não só eles, sigo eu adiante. Grande parte das figuras principais da bíbilia - ou de qualquer outro livro considerado sagrado por algum povo - demonstra quadros agudos de esquizofrenia, praticamente todos os chamados profetas que tiveram lá seus circunlóquios com deus.
Ora, deus não existe, se o sujeito diz ouvir a voz do dito cujo, só pode ser mesmo um esquizofrênico com ilusões de grandeza. Ou, como bem disse o emérito doutor em medicina, especialista em diagnósticos, Gregory House : se você conversa com deus, você é religioso; se deus conversa com você, você é esquizofrênico.
Atualmente, ser portador de uma boa saúde, li certa vez numa dessas revistas que ficam nas salas de espera de consultórios médicos, significa congregar os bem-estares físico, mental e espiritual. Não estou dizendo que concordo, só que li. Mas vamos lá que seja. Vejamos em que pé estamos.
Na parte espiritual, a quase totalidade da humanidade deixa a "saúde da alma" sob as orientações e cuidados de três malucões, Cristo, Abraão e Maomé;
Na parte física, segue os modismos cada vez mais absurdos e passageiros das dietas, dos exercícios, das cirurgias plásticas, dos cremes rejuvenescedores etc;
Na parte mental, deita confortavelmente num divã e pauta sua sanidade pelos delírios de um cocainômano, comedor de merda e de mãe, Freud, o velho mamador de charuto.
Quem é que ainda ousa vaticinar um futuro longo e promissor para a humanidade? Quem ainda pode levar fé numa espécie desta? Quem ainda pode acreditar na "sustentabilidade" do ser humano?
Só mesmo Cristo. Ou um outro esquizofrênico qualquer.