sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Presbiopia

Começava a ler um livro
Jornal, revista, bula de remédio
E logo me cansava.
Começava assistir a um filme
Documentário, curta-metragem, comercial de TV
E logo me cansava.
Punha-me à sacada
A contemplar o horizonte na madrugada
E logo me cansava.

Recomendaram-me um oftalmologista,
A idade, me disseram.

- Vista cansada.
E aviou-me o médico
Uns óculos lá de um grau e meio.

Fato raro, animei-me :
Voltaria a ler meus dois livros por semana,
Assistir aos meus corujões, sessões da tarde e cines privês,
A ver a noite jorrar e se diluir no horizonte.

Aos óculos,
Justiça lhes seja feita :
Tornaram maiores e menos bruxeleantes
As letras de meus amarelados livros,
Mais definidas as legendas de meus filmes B,
Mais nítidas as crateras da túrgida Lua Cheia
E até trouxe de volta
Algumas estrelas que haviam se perdido de meu céu.

Mas o cansaço continuou
E continuou.

Finalmente, vi.
O que me estava aos olhos,
O que nenhum oftalmologista poderia ter visto :
Nem me eram tanto as vistas cansadas,
Sim o cansaço de tudo o que vejo.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Cola na Escola, Psicólogos, Cartomantes e Outras Trapaças

Quando o jovem em idade escolar, o educando, o aluno, ou seja lá como se prefira chamar essa hoje tão indefinida (mal definida, na verdade) massa de (não) aprendizes, recebe uma tarefa de seu professor, ele procura a todo custo, por todas as vias, burlar a feitura da incumbência que lhe foi atribuída.
Estudar a matéria dada no dia ao chegar em casa, revisar os pontos principais, esforçar-se no entendimento e, aí sim, depois disso, lançar-se à execução da tarefa para efeito de sedimentar as informações recebidas, pouquíssimos fazem, aliás, poucos sempre fizeram.
Antes, na era pré-internet, os três ou quatro CDFs de cada sala faziam a tarefa e o restante copiava; no mundo ASJ - antes de Steve Jobs -, o santo graal buscado por todo aluno era um exemplar do livro do professor, só ele a conter as respostas ao seu final. Poucos pensavam em ler o livro antes de procurar pelas respostas no final, poucos deviam supor, inclusive, que se o lessem atentamente, não necessitariam das respostas prontas. Sempre a "cola" antes da tentativa real e valorosa.
Hoje, com a internet, o oráculo de silício, a pitonisa binária, nem o CDF faz mais a tarefa - nem existe mais o CDF -; hoje, o bom aluno copia tudo da internet e o mau aluno, do bom.
Aprender é mudar uma situação estabelecida, é romper com uma inércia, logo, é um processo áspero e suarento. Sem as agruras e o desconforto do esforço, não há a recompensa do aprendizado, ele sairá da escola (como estão cada vez mais a sair) sem saber quase nada (e há uma grande dose de condescendência nesse "quase") de Português, Matemática, Biologia, Física, História etc.
Quando o professor recebe a tarefa pronta do aluno, ele percebe claramente que ela foi copiada, "colada" de alguma fonte, que nenhum tempo foi gasto ali de forma honesta; igualmente, ele, o professor, para não gastar seu escasso tempo com quem tempo não gastou com a sua tarefa, aceita a falsificação como verdadeira mostra de aprendizado, faz vistas grossas, vistas cegas, vista a tarefa e dá ao aluno o ponto que irá promovê-lo de série a série.
Mas do íntimo do professor, do alto de sua cabeça, se a situação fosse retratada em uma história em quadrinhos, veríamos brotar um balão de pensamento em forma de nuvem : "Vai, seu idiota, vai achando que me enganou, vai achando que aprendeu alguma coisa, vai achando que está a sair da escola melhor do que quando entrou, que está formado".
E o idiota vai, achando mesmo que é/foi um estudante.
Quando um adulto recebe da vida as suas tarefas - e elas nos vêm num crescente de quantidade e complexidade -, quando recebe da vida dificuldades a serem solucionadas e transpostas, nós górdios a serem desatados, ele procura a todo custo, por todas as vias, burlar a feitura da incumbência que lhe foi atribuída.
Parar, refletir, ponderar sobre a situação, aprimorar-se, aperfeiçoar-se, fazer mesmo um esforço de autoconhecimento, para melhor desfecho dar a um entrave, pouquíssimos fazem, aliás, poucos sempre fizeram.
O adulto também, e numa progressão assustadora, procura por respostas prontas das tarefas que a vida lhe impinge. Ao invés de estudar a si próprio - o que é trabalho árduo e muitas vezes revelador de aspectos que ele preferiria não conhecer de si - para determinar os melhores, ou, pelo menos, os mais viáveis caminhos e soluções para seu problema, específico, pessoal e (deveria ser) intransferível, o adulto também vai à procura dos livros com as respostas já prontas no final : psicólogos, cartomantes, terapeutas freudianos ou coisa que os valha, tarólogos, jogadores de búzios e outros picaretas.
Sim, os supracitados "profissionais" são os livros com respostas no final que o adulto busca para a solução de suas limitações, ao invés de superá-las por esforço e aprendizado próprios. Nem lhe passa pela cabeça ler o livro antes de ir às respostas, impessoais, genéricas e, muito provavelmente, inócuas para o seu problema, meros placebos, quando não prejudiciais.
E sim, psicólogos e astrólogos, terapeutas e ledores de sorte em folhas de chá, padres e pitonisas etc etc são detentores de conhecimentos igualmente "científicos".
Aprender a viver é mudar uma situação estabelecida, é romper com uma inércia, logo, é um processo áspero e suarento. Sem as agruras e o desconforto do esforço, não há a recompensa do aprendizado, ele deixará a vida sem quase nada (e há uma dose maior ainda de condescendência nesse "quase") saber de viver, dele próprio.
Quando a vida recebe a tarefa pronta do sujeito adulto, ela percebe claramente que ela foi copiada, "colada" de alguma fonte, que nenhum tempo foi gasto ali de forma honesta; igualmente, ela, a vida, para não gastar seu infinito, porém, precioso tempo com quem tempo não gastou com ela, aceita a falsificação como verdadeira mostra de amadurecimento.
Mas saída do íntimo da vida, se ela pudesse ser retratada na forma de uma película de cinema, e se apurássemos um pouco a audição, uma narração em off poderia ser ouvida : "Vai, seu idiota, vai achando que me enganou, vai achando que saiu de mim como uma pessoa melhor do que quando veio à minha luz, vai, seu idiota, vai achando que realmente viveu".
E o idiota vai, pensando mesmo que viveu por suas próprias pernas.
Alguns até se orgulham de ter "colado" a vida toda, já ouvi coisas do tipo : "Sou uma pessoa esclarecida, eu faço análise." Faz análise, porra nenhuma! É analisado, isso sim! O que é muito diferente. É analisado! Feito uma bactéria em placas de Petri, feito rato em gaiolas de laboratório, feito merda que se caga em latinha para exame de fezes.
E que se registre : a esses, é tratamento dos mais adequados.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Papai Noel é Vermelho. E, Pelo Visto, Traz Uma Estrela do PT Oculta Por Sob Suas Brancas e Marxistas Barbas.

Da Lei, diz a própria Lei, não se pode alegar, em defesa, ignorância. Pois se não a alego - a minha ignorância -, afinal, de nada estou a me defender, assumidamente a declaro, nada sei da Lei, a não ser que seu desconhecimento em nada servirá de atenuante caso eu resolva infringi-la. Desconhecimento não é argumento de defesa nem de inocência - exceção feita ao ex-presidente Lula.
A exemplo, sempre pensei que indulto de Natal fosse uma permissão para que prisioneiros em certas condições, que atendessem a determinados requisitos, deixassem a cadeia e passassem com suas famílias as comemorações do Natal, o aniversário do não nascido mais festejado do planeta; sempre pensei que o indulto de Natal consistisse de um visto temporário de liberdade, ao fim do qual os detentos retornassem para o xilindró, e os que assim não agissem, fossem declarados foragidos e caçados pela polícia.
Não é nada disso. Isso, copiei do site do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios), é uma "Saída Temporária Especial, fundamentada na Lei de Execução Penal (Lei n° 7.210/84) e nos princípios nela estabelecidos. Geralmente ocorrem em datas comemorativas específicas, tais como Natal, Páscoa e Dia das Mães, para confraternização e visita aos familiares".
Indulto de Natal, ou qualquer outro indulto, fiel ao significado da palavra, é perdão. Perdão à pena do indultado, o recebedor do indulto deixa para sempre a cadeia, tem sua pena cancelada.
Em melhores palavras, do site Dizer o Direito : Com o indulto, apaga-se o efeito executório da condenação. Em outras palavras, extingue-se a pena, caso ainda não tenha sido cumprida. Logo, a pessoa beneficiada pelo indulto não precisará mais cumprir a pena que lhe havia sido imposta. O Estado renunciou ao seu direito de punir aquele indivíduo. Ele está livre do cumprimento da sanção. Foi perdoado".
Vejo que a confusão de entendimento que eu tinha até agora nem foi devida à palavra indulto, que sei, não é de hoje, significar perdão, mas sim a preposição "de". Confundi-a com outra, a para. Não é um indulto para o Natal, é de Natal, ou seja, concedido por ocasião do Natal.
Um baita dum presentão, diga-se de passagem. Presentão que nem Papai Noel tem em seu estoque, nem adianta mandar cartinha ao Bom Velhinho pedindo por tal artigo. Ao Bom Velhinho, não. Mas pode-se tentar um intermediário, alguém, a essa época do ano, tocado e sensibilizado pelo espírito natalino. Se uma cartinha for enviada para o Presidente da República, dizendo que foi um bom menino ao longo de todo o ano, o pedido poderá ser atendido. 
O indulto de Natal só pode ser dado pelo Presidente do país, ou, na sua ausência, pelos, em escala de hierarquia, Procurador Geral da República, Advogado Geral da União ou Ministros de Estado. Uma vez concedido, não há órgão ou instância que possam contestá-lo, ou anulá-lo. O Presidente perdoou, tá perdoado.
Pois bem, e não é que o Papai Noel, através de um intermediário, a não sei se duende ou rena Presidente Dilma Roussef, parece que será muito gentil para com dois dos bons meninos mensaleiros, José Genoino e Roberto Jefferson?
Os advogados de José Genoino e Roberto Jefferson estudam pedir o indulto natalino para seus distintos clientes. Em todo final de ano, a Presidência da República faz a publicação estabelecendo os parâmetros de quem pode e quem não pode solicitá-los. Os condenados, então, entram na Justiça a fim de que tenham seus casos avaliados. Dilma Rousseff ainda não editou o decreto de 2013, o que deve ocorrer nas próximas semanas. 
José Genoino e Roberto Jefferson, segundo seus advogados, encaixam-se na “alínea c” do Inciso X do Artigo 1º da referida lei, a saber:

“Art. 1º É concedido o indulto coletivo às pessoas, nacionais e estrangeiras:
(…)
X – Condenadas
(…)
c) acometidas de doença grave e permanente que apresentem grave limitação de atividade e restrição de participação ou exijam cuidados contínuos que não possam ser prestados no estabelecimento penal, desde que comprovada a hipótese por laudo médico oficial ou, na falta deste, por médico designado pelo juízo da execução, constando o histórico da doença, caso não haja oposição da pessoa condenada;

Notem que nem é necessário o cumprimento de parte da pena, ainda que o ínfimo e vergonhoso 1/6 (um sexto). Vai ser sopinha no mel pros dois.
Para Roberto Jefferson, eu não sei, se o fizer será tão somente para não ser acusada de revanchismo, mas para Genoino, não tenho dúvidas : Dilma Rousseff assinará o indulto com todo o prazer, com um gozo de sadismo nos lábios.
Genoino sairá, então, da prisão com o braço ainda mais em riste do que à entrada, temo até que se lhe destaque do corpo, tal o ímpeto. Sairá da prisão, em caso do indulto requerido e deferido, com ainda maior arrogância, certeza de impunidade e desdém pela Justiça. Uma cusparada na cara do cidadão trabalhador e cumpridor de seus deveres, em suma, do cidadão honesto.
Indultos requeridos e concedidos, enterrem de vez, ó vocês da cristandade, as suas clássicas canções natalinas, sepultem-nas em definitivo. Esqueçam dos sininhos pequeninos, sinos de Belém, dos jingle bells e mesmo de sua paródia gaiata, acabou o papel, não faz mal, não faz mal, limpa com jornal.
Se querem uma canção realmente representativa para o Natal de 2013, toquem em vossas ceias um dos maiores sucessos da emblemática banda punk Garotos Podres, a colérica Papai Noel Filho da Puta. A todo volume!
Papai Noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista

Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Pobres, pobres...
Mas nos vamos seqüestrá-lo
E vamos matá-lo!

Por que?

Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!

Por que?

Papai noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista

Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Manchete e o Fato

Uma foto profética! Nostradâmica! E o melhor é que o vaticínio se cumpriu. 
Repito : não se deixem enganar mais uma vez, os do PT não são vítimas, não são perseguidos, não são presos políticos, são políticos presos, simplesmente. Reles e perniciosos como quaisquer outros corruptos.
 A foto é de Reynaldo Stavale, cujas lentes mágicas fenderam as dimensões do tempo e justapuseram passado e presente

sábado, 23 de novembro de 2013

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(22)

E de todas as dores, a maior : a do corno manso, a do cara que se deixa enredar por uma biscate e dela não consegue se desapegar.
Um clássico da cornagem nacional!!!

A Dama de Vermelho
(Ado Benatti/Jeca Mineiro)
Garçom, olhe pelo espelho
A dama de vermelho
Que vai se levantar
Note, que até a orquestra
Fica toda em festa
Quando ela sai para dançar.

Esta dama já me pertenceu
E o culpado fui eu da separação
Hoje, choro de ciúme
Ciúme até do perfume
Que ela deixa no salão

Garçom, amigo!
Apague a luz da minha mesa
Eu não quero que ela note
Em mim tanta tristeza
Traga mais uma garrafa
Hoje vou embriagar-me
Quero dormir para não ver
Outro homem lhe abraçar.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Um Médico Cubano Para Genoino

Não sou médico cardiologista, também desconheço a razão das coisas feitas pelo coração, mas quem poderia dizer que José Genoíno possuísse tão frágil e melindroso miocárdio?
Quem poderia detectar sintomas de débil musculatura no homem que foi em cana com postura altiva, hirta, com uma saudação fascista no braço esquerdo, firme, sem o menor sinal de tremor, e um semblante que era pura arrogância, prepotência, desdém pelo órgão máximo da Justiça do país e certeza de impunidade? Quem poderia supor que o "grande" Genoino quebrasse quando submetido a uma leve pressão (leve em relação àquilo que os mensaleiros do PT realmente merecem)? Que seu peito varonil pedisse arrego ao primeiro revés verdadeiro sofrido em sua vida política? 
Creio que ninguém. Eu, pelo menos, não. Pois parece que foi o que aconteceu. Fiquei sabendo hoje que, ontem, Genoino teve um piripaque, ou encenou ter tido um.
Li algumas manchetes sobre o assunto, a mais recorrente : "Genoino passa mal e é levado a hospital com princípio de infarto, diz advogado".
Como assim, princípio de infarto? Não sou médico, repito. Mas infarto é a morte de uma região de um tecido (no caso, o miocárdio) causada pela falta de irrigação sanguínea, as células da região afetada deixam de receber nutrientes e oxigênio e morrem. Então, como assim, princípio de infarto? As células começaram a morrer e resolveram voltar atrás? Finalizar suas mortes em um outro momento, em um outro dia?
Sei não... Isso está me cheirando é a princípio de mais uma pizza, de uma enorme e incomensurável pizza, o cheiro de orégano já invade o ar.
Está me cheirando a princípio de mais uma safadeza do PT, uma estratégia duplamente mal-intencionada : livrar um criminoso condenado da prisão e, de quebra, transformá-lo em mártir, Genoino, o mártir da democracia. De novo, a mesma piada, a de que esses ex-guerrilheiros, atuais quadrilheiros, defendem e lutam por uma real democracia. A mesma piada que eles contam há 50 anos. E o povo brasileiro continua a rir dela. Ou sem entendê-la, o que é muito mais provável.
Mas vá lá que seja, vá lá que o infarto de Genoino tenha sido mesmo...genuíno (desculpem, não resisti ao infame trocadilho, nunca resisto). Ele foi internado no InCor, o Instituto do Coração, hospital que é referência mundial em sua especialidade. 
Por que no InCor? 
Genoino deveria ser jogado a uma fila do SUS, aguardar sua vez depositado numa maca de um corredor sujo de um precário posto de saúde sem leitos nem equipamentos, para sentir na pele a falta que faz à população o dinheiro que ele e seus companheiros desviam. E para fechar com chave de ouro : Genoino deveria ser atendido por um médico cubano.
Isso não é Justiça, diriam os defensores dos criminosos, é revanchismo. Pode até ser um pouco, pode até ser muito, mas e daí? Impor a um governante o mesmo castigo com que ele esmaga e humilha a população, ainda que por revanchismo, ou por qualquer outro motivo, deixaria de ser Justiça? Ainda que por vendeta, ver um sujeito desses morrer à míngua, largado à própria sorte, desrespeitado em todos os seus direitos de cidadão, poderia ser considerado injusto, imerecido?
De jeito nenhum!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

São Cagão Rousseff (Ou : Dilma Caganer)

Eu não sabia - e por que deveria? -, mas existe um santo padroeiro dos escatológicos no panteão da igreja católica. É o São Cagão, ou Caganer, possuidor de muitos fiéis na Espanha, sobretudo na região da Catalunha. 
Representado sempre agachado, de calças arriadas (ou será de batina levantada?) e em pleno ato defecatório, ele simboliza a fertilidade e a necessidade de adubar a terra para as colheitas do ano seguinte. Habitualmente, os bonecos são colocados no presépio de Natal, juntamente com as tradicionais figuras religiosas. 
E você que sempre achou que aqueles troços ao lado da manjedoura fossem obra do jumento em cujo lombo José e Maria picaram a mula para o Egito, a fugir de Herodes. Não eram, não na Catalunha, pelo menos. São do São Cagão.
Aproveitando a devoção da população, uma empresa espanhola, a caganer.com, coloca, ao fim de todo ano, personalidades mundiais do esporte, do cinema, da televisão, da música, da política etc na pele do santo, lança bonequinhos de famosos na mesma posição do São Cagão, ou seja, de cócoras, com as calças arriadas e soltando um barro, passando um fax, libertando o Mandela, riscando a porcelana.
Para esse ano, cinquenta e uma novas figuras foram adicionadas aos catálogos da caganer.com. Entre elas, o jogador Neymar, a mascote da Copa 2014, o tatu-bola Fuleco (que, em alguns estados do nordeste, é sinônimo de cu) e a nossa nada querida presidente Dilma Rousseff.
Pããããta que o pariu!!! Pôr a Dilma cagando no presépio, ao lado do menino Jesus, é um puta dum sacrilégio, até para mim, que sou ateu. Ao invés dos Reis Magos, com seus incenso, ouro e mirra, Dilma Rousseff a dar uma cagada. Depois disso, a crucificação chega a ser um alívio, um bônus, um anseio.
Taí, a Dilma Caganer. E nem preciso dizer na cabeça de quem ela caga há quase quatro anos, né?

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(21)

Eu contava com 16 anos quando ouvi O Mundo é um Moinho pela primeira vez, na Rádio Regional FM, de Ribeirão Preto - em um outro dia, falo mais sobre essa estação de rádio e sobre o seu trágico destino.
Nunca tinha escutado nada do tipo. Conhecia Chico Buarque, Elis Regina, Milton Nascimento, Jair Rodrigues e outros, através do velho toca-fitas do carro do meu pai, que sempre os punha a tocar durante nossas viagens. Mas, repito, nunca nada parecido havia me chegado aos ouvidos.
Frases como "em cada esquina cai um pouco a tua vida", decididamente, não era coisa comum de se escutar. O que dizer, então, quando fui posto cara a cara com o cruel realismo do verso "de cada amor, tu herdarás só o cinismo"? O amor cantado por Chico, Tom,Vinícius, e mesmo pelas iniciantes bandas de rock dos anos 80, era amor muito mais leve, mesmo quando dava errado. Quando o intérprete, que eu nem sabia quem era, finalizou com o "abismo que cavaste com teus pés", eu arrepiei até os cabelos que mal tinha no cu. Foi como se eu próprio tivesse despencado para dentro de um abismo, o abismo do novo.
Foi um soco no estômago do garoto que só ouvia as dores de amores do pessoal da bossa nova e dos roqueiros de bermuda do Baixo Leblon e do Arpoador. E não daqueles socos no estômago que simplesmente nos dobram e nos jogam ao chão pela falta de ar; sim daqueles cujo punho nos atravessa a barriga, agarra nossos intestinos e os puxa para fora.
Queria, precisava ouvir de novo aquela música, nem o nome eu lhe sabia, ouvi-la mais uma vez, e outra, e outra, até decorá-la por inteiro.
Na época, para o bem ou para o mal, não havia a internet, nem poderíamos supor que um dia ela haveria. Se ela existissse, seria fácil, bastaria eu colocar um ou dois versos da música no Google. Ele me diria o nome da canção, o compositor, o intérprete, forneceria-me a letra e um link para baixá-la. Em pouco mais de cinco ou dez minutos, eu estaria de posse da música. Fácil e rápido. E chato, chato pra caralho, se querem saber de verdade o que eu acho.
Imediatamente, liguei para os estúdios da rádio. Depois de várias tentativas - o telefone sempre dava ocupado -, consegui falar e perguntei que música era aquela que havia sido tocada, que falava de moinhos e ilusões reduzidas a pó. Soube que era do sambista Cartola e que se chamava O Mundo é um Moinho
Queria adquirir o disco, o LP. O programador me falou que era de um disco antigo, de 1970 e pouco, provavelmente já fora de catálogo, ou, no mínimo, muito raro de se achar nas lojas de discos. 
Perguntei, então, se não seria possível tocá-la novamente, para eu gravar em fita cassete (as boas e velhas fitas BASF), de preferência na íntegra, sem aquelas propagandas das rádios comendo o início e o fim das músicas.
O programador disse que não seria possível tocá-la de novo naquele mesmo dia, e nem nos dois dias subsequentes, a programação já estava toda feita, mas que na sexta-feira, no horário de seu programa, ele a incluiria de novo, só não podia me precisar exatamente a hora. Agradeci pra caralho o sujeito e, na sexta-feira, pus-me de tocaia ao lado do meu finado system 3 em 1. Foram quase quatro horas de espera, mas ela veio, inteira, sem propaganda nem no começo nem no fim.
Escutei-a até a fita desmagnetizar. Não conhecia Cartola, mas já conhecia Augusto dos Anjos, e  na primeira vez em que ouvi O Mundo é um Moinho, muitos de seus versos, na mesma hora, me lembraram do pessimismo pragmático e adorável de Augusto dos Anjos, e me lembram até hoje.
Cartola, dizem, era um semianalfabeto, e compôs O Mundo é um Moinho, As Rosas Não Falam, Autonomia, Cordas de Aço, Tive, sim, Disfarça e chora, A Sorrir, e mais uma batelada de obras-primas. O lirismo triste e levemente amargo de suas letras, arrisco-me em dizer, por muitas vezes, supera a erudita poesia do cultissimo Vinícius de Moraes, no mínimo, equipara-se a ela.
Hoje, os sertanejos, dizem, são universitários, e (de)compõem Ai, se eu te pego.
Isso sim é de deixar qualquer um na fossa. E que fossa, hein, meu chapa, que fossa...
Para finalizar, se alguém que ler essa postagem ainda não tiver escutado O Mundo é um Moinho, faça-o, e aproveitando as facilidades da internet, pesquisem outras músicas desse grande compositor.
O Mundo é Um Moinho
(Cartola)
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

sábado, 16 de novembro de 2013

Freddie Mercury Se Entrega à Polícia Federal

Viva o Queen!!!

O Beijo da Morte do PT Nos Seus Mensaleiros

Luis Inácio Lula da Silva, logo após saber da expedição dos mandados de prisão contra os dois ex-dirigentes do partido, telefonou para José Genoino e José Dirceu : "Estamos juntos", disse aos companheiros.
Então, por que não ficar junto de verdade? Por que não aproveita e vai com eles para a cadeia?
E, pelo visto, mais declarações sobre as condenações, não devemos esperar por parte de Lula, tampouco de Dilma. A estratégia acertada entre Lula e a presidente Dilma Rousseff para não prolongar o desgaste é a lei do silêncio sobre os desdobramentos do mensalão e a condenação e prisão dos ex-dirigentes petistas. "Nós temos um acordo de não falar sobre esse assunto", admitiu o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Ontem, a respeito da declaração de Genoino de que é inocente e que se considera um preso político, ironizando, perguntei aqui : nas décadas de 60 e 70, eles, os do PT, dizem que foram perseguidos pelo regime militar, que não eram criminosos, mas presos políticos, e agora, quem persegue Genoino e os outros condenados pelo mensalão? Que ditadura agora os injustiça tanto? A do PT?
E não é que eu posso muito bem estar certo? E não é que a verdade, muitas vezes, pode ser revelada pela ironia?
Hoje, li em uma matéria do Estadão : "Em três horas e meia de conversa, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliaram ontem que a execução antecipada das penas dos réus petistas do mensalão é mais favorável ao governo que a prisão em 2014. Dilma quer que essa etapa do julgamento termine logo para que adversários não explorem o assunto na campanha eleitoral."
Joaquim Barbosa, ao longo de todo esse processo, deu-nos inúmeras mostras de seu caráter reto e probo, de sua coragem e hombridade, e ponto. Mas e se, além disso, ele também contasse, para pôr os mensaleiros na cadeia, com o apoio velado do resto da quadrilha, com o apoio dos que não foram pegos com a boca na botija e que pretendem dela continuar a se fartar? Não faria mal nenhum, a Joquim Barbosa, saber que sua integridade física está assegurada, que não correm, ele e sua família, riscos de represálias, naturais e esperadas quando se mexe com bandidos. Não duvido que Joaquim Barbosa fosse, algum dia, mandar cumprir as sentenças, não duvido, mesmo. Mas também não duvido que algo possa ter lhe dado mais coragem em sua decisão, dado-lhe mais garantias de que sua ordem fosse cumprida, e ele, protegido de retaliações e vendetas.
Depois de ter lido a matéria da qual reproduzi o trecho acima, não duvido nada, aliás, tenho praticamente certeza, de que os próprios Lula e Dilma tenham ido ter pessoalmente com Barbosa e o autorizado - quem sabe mesmo ordenado  - para que executasse a sentença contra os antigos companheiros.
Se a coisa ainda se desenrolasse por mais tempo - essa patifaria toda de infinitos recursos, embargos infringentes etc - e chegasse às portas da eleição presidencial, decisivos votos poderiam migrar para outros candidatos, uma vez que mais suja que pau de galinheiro estaria a imagem do PT.
Com as sentenças sendo executadas agora, e se fiando na sempre confiável curtíssima memória do povo brasileiro, Lula e Dilma sabem que, em outubro, pouquíssimos eleitores se lembrarão do caso, e menos eleitores ainda o associarão à Dilma e seus cupinchas.
Sim. Genoino, dentro de todo seu cinismo e cara de pau, pode estar certo, ele pode muito bem, mais uma vez, ser considerado um preso político. É quadrilheiro, também, e que isso não seja esquecido; mas, politicamente falando, isso é delito menor, mal chega a ser uma contravenção. O crime maior de Genoino, e de todos os outros condenados, seria o de impedir que o resto da quadrilha continuasse no poder; politicamente falando, o crime dos mensaleiros não foi roubar, corromper etc, foi expor a podridão do PT.
São culpados, isso não se discute, e têm que ser presos, mas é perfeitamente plausível que os condenados pelo mensalão também estejam a ser usados como bois de piranha pelo PT. Umas poucas, e nocivas ao rebanho, cabeças são sacrificadas para que o resto da boiada passe incólume.
A resposta para a minha pergunta - se é a ditadura do PT que agora persegue Genoino - parece ser SIM.
Sim, Genoino, pelo visto, uma outra ditadura o persegue, a de suas próprias fileiras, a de suas próprias hordas, a do PT.
Pãããããta que o pariu! Isso sim é que é justiça. Muito melhor ainda que a do STF. Receber na face o beijo da morte de sua própria máfia, de seu próprio Capo di tutti i capi.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

José Genoino é o Primeiro Irmão PeTralha a Ir Para o Xilindró

José Genoino, ex-presidente da gangue do PT, foi o primeiro condenado no processo do mensalão a receber ordem de prisão do Supremo Tribunal Federal. A ordem foi entregue em sua própria casa, hoje por volta das 17 horas.
O condenado, em companhia da mulher e do advogado, entregou-se, uma hora e pouco depois, à Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo. Na porta da carceragem, militantes do PT gritavam apoio a Genoíno, o seu Ali Babá. 
Propelido pela aclamação dos seus iguais, Genoino, já dentro da Superintendência, levantou o braço à guisa de uma saudação socialista e também gritou : "Viva o PT ", numa última bravata do vencido, do justamente vencido e, o que é melhor, condenado e preso.
Pronto. Agora, Genoino virou o guerrilheiro do mensalão.
Na década de 1960, Dilma Rousseff e seus comandados, os que hoje atendem genericamente por petistas, eram guerrilheiros da pesada, executavam as mais diversas ações subversivas, sequestros de embaixadores, assaltos a bancos e a cofres de governadores, pilhagem a depósitos de armas do exército, planejamento de assassinatos etc.
E não pensem, como pensa e acredita a maioria da nossa triste e ignorante população, que faziam isso em combate e oposição ao governo militar (1964-1985), o período chamado erroneamente de ditadura militar (vejam mais em A Ditadura Que Não Existiu). Nada disso, os atuais petistas já barbarizavam muito antes dos militares assumirem o poder em 1964. Em ações paramilitares de terrorismo e guerrilha, nada queriam com a tal democracia (como continuam nada querendo até hoje), queriam era instalar em terras verdes e amarelas o vermelho do comunismo, o mesmo de Stalin, Mao e Fidel, três dos maiores assassinos da História, a famosa Ditadura do Proletariado.
A verdade é : os militares assumiram o poder para combater o avanço dessa bandidagem, e não o contrário, como seus tendenciosos professores de História e Sociologia sempre lhes ensinaram. 
Tanto que houve, à época do "golpe", em 1964, na cidade de São Paulo, uma Marcha de apoio ao regime militar da qual participaram mais de meio milhão de pessoas - na ocasião, a cidade de São Paulo contava com menos de 3 milhões de habitantes. Hoje, proporcionalmente aos quase 12 milhões de sua população, seriam mais de 2 milhões de pessoas na rua a favor dos militares. Isso é mais do que a parada gay, a marcha para Cristo, a marcha da maconha e a marcha das vadias, somadas (será que esqueci de alguma outra manifestação popular de "importante cunho social"?).
Os subversivos foram capturados pelas forças militares, presos, alguns foram mortos, outros torturados, outros exilados. Consequências, na minha opinão, muito justas para quem comete tais crimes. 
E com que história, com que balela, os criminosos se saíram à época? Que foram perseguidos, que foram vítimas, que é o álibi e refúgio de todo canalha, fazer-se de vítima. Assaltamos bancos, roubamos armas do exército, sequestramos embaixadores etc, mas não somos criminosos, somos defensores da liberdade perseguidos pela terrível ditadura : essa foi a versão deles, que, desgraçadamente, passou para os livros de História.
O tempo passou e a farsa, como sempre acontece, repetida à exaustão, transformou-se em verdade. O povão engoliu a história dos "perseguidos" e os elegeu para o comando da nação, colocou-os no poder.
Claro que os coitadinhos da ditadura militar não mais assaltaram bancos (não à mão armada, pelo menos), não mais explodiram cofres ou sequestraram embaixadores, claro que não; estavam agora em um outro patamar.
Os perseguidos da ditadura militar, os heróis da liberdade, estavam agora mais refinados. Suas práticas mais comuns : corrupção ativa, compra de votos de parlamentares, formação de quadrilha (o que eles, antigamente, chamavam de aparelho, de "célula"), lavagem de dinheiro, peculato, evasão de divisas, desvio de recursos públicos etc.
Eis a democracia do PT.
Contudo, por mais incrível que possa nos parecer, os tão injustamente perseguidos pela ditadura militar foram pegos novamente. Condenados e, a partir de hoje, começarão a ser trancafiados. E com que história eles vêm de novo pra cima da gente? Adivinhem. Com a lenga-lenga de perseguição política.
José Genoino, o primeiro a ver o sol nascer quadrado, disse que não se considera um criminoso condenado, se diz inocente e se considera um preso político.
E quem será que persegue, dessa vez, a tão ilibada figura de José Genoino? Nas décadas de 1960 e 1970, eram os militares, e agora? Que ditadura persegue José Genoino dessa feita? A de seu próprio partido, o PT, uma vez que eles já se encontram no poder da nação há mais de 10 anos?
Se há uma ditadura hoje, é a do PT; se há hoje capaz de perseguir alguém nesse país, esse alguém é o PT.
Quem o persegue dessa vez, pobre Genoino?
Ainda que os condenados do mensalão não permaneçam trancafiados, que suas prisões sirvam, de uma vez por todas, para mostrar a verdadeira atividade do PT à população, o banditismo organizado em partidos. Que sirva para que os votos lhes abandonem nas próximas eleições. 
Ou será que o povão vai, mais uma vez, cair nessa história do coitadinho, da vítima? Vai, né?
José Genoino
Condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa pela compra de votos de parlamentares

Natureza Natimorta

Um quadro,
Horrivelmente desenhado,
Pior ainda pintado,
Proporções que fariam infartar a mais imprecisa das réguas,
Assombrado,
Ao invés de bem sombreado :
Rum,
Chocolates amargos,
Quixotes
E cartas curingas...
Tem gente que não se desapega, mesmo
Que não tem vergonha na cara.
Insiste em exibir para o mundo
A sua repetição de um mesmo tema,
A sua paleta monocromática,
As suas aquarelas desidratadas,
Os seus óleos rançosos :
A sua natureza natimorta.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cristo Dotadão

Olhe com atenção para a imagem abaixo.
Se, por acaso, você viu uma enorme benga ereta saindo da sunguinha do Cristo, você é um filho da puta de um herege, de um degenerado, de um mente suja que vê sacanagem em tudo, até onde ela não existe.
É o que diz o padre  Philip Seeton, responsável pela igreja de Warr Acres, no estado de Oklahoma (EUA), sobre os fiéis que acusam a imagem de blasfema.
Muitos fiéis, constrangidos com o pintão do Cristo, que chega a ultrapassar a altura do umbigo, deixaram de frequentar a igreja. Impossível se concentrarem na liturgia com uma rola gigante dessa às vistas, afirmou uma beata, que preferiu manter-se no anonimato.
O padre diz que a benga está na cabeça de quem vê, e que, na verdade, o imenso relevo é “um abdome distendido”, definido, sarado, que remete à origem de trabalhador braçal do Cristo.
Outra paroquiana, Rita Cook, também se recusa a ficar diante do Cristo bem dotado : “Este crucifixo é embaraçoso para os paroquianos”, disse. “E embaraçoso também para os visitantes e para o nosso Senhor.”
Bom, primeiro que, para Cristo, embaraçoso deve ter sido ser crucificado, o resto é detalhe. Depois, por que ser retratado como um Kid Bengala do reino dos céus embaraçaria alguém? Embaraçado deve ter ficado Davi, ao ser esculpido por Michelângelo com aquela piroquinha ridícula.
Procurada pela imprensa, para que ficasse esclarecido, afinal, o que o Cristo ostenta, a autora da obra, Janet Jaime, lavou as mãos, absteve-se de entrar na polêmica. Saiu-se com o ardil próprio dos poucos talentosos que se metem a ser artistas, disse que a arte não é para ser explicada, é para ser percebida, que a arte per si não é feia nem bela, que o subjetivo de cada pessoa que a contempla é um coautor da obra.
O padre Philip, porém, está impávido e irredutível : “Este Cristo não me incomoda”, afirmou. Por isso, acrescentou, "o crucifixo vai ficar onde está, ninguém tira esse Cristo daqui".
Nem precisava dizer que o Cristo caralhudo não o incomoda , padre. Claro que não incomoda, acho até que o inspira em suas orações.
Analisando um pouco mais a profundo, Cristo ser roludo explicaria muita coisa. Sem dúvida alguma, ninguém fudeu tanto com a racionalidade e o pensamento ocidental quanto o Cristo. Para tamanho estupro, só mesmo tendo um pau colossal, abençoado por Deus e, diria o padre Philip, bonito por natureza.
Explicaria, além disso, a origem da clássica piada.
"Em certa feita, reunido com seus apóstolos, Cristo resolveu testar a lealdade de seus seguidores e começou a chamá-los para perto de si:
- João... beija minha mão.  João foi e beijou;
- Pedro... beija o meu dedo. Pedro foi e beijou;
- Tomé... beija o meu pé. Tomé foi e beijou;
- Nicolau... por que foges de mim?"
Tá certo, o Nicolau! Certíssimo!!!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cerveja-Barata

É bem sabido, pelos poucos que me conhecem e pelos raríssimos leitores do Marreta, que sou grande apreciador de cervejas baratas. Quanto mais barata, melhor.
Não apenas um apreciador, sou um verdadeiro pesquisador de cervejas baratas, um explorador a garimpar as prateleiras dos mercados em busca de novas preciosidades.
Inclusive, sempre que descubro uma marca nova e barata, experimento-a criteriosamente e a indico aqui no blog, na barra lateral, sob o título Boa e Barata.
Cerveja barata, eu aprovo e recomendo. Mas e cerveja-barata? Essa parece ser exclusividade - assim espero - do município de Timon, no Maranhão.
Três biriteiros de Timon entraram com uma ação contra a AmBev, em 02/10/13, pelo ocorrido em um bar da cidade, onde assistiam a um jogo da Copa das Confederações.
Eles já tinham entornado um litrão de Brahma; a primeira garrafa, todo mundo sabe, desce rápido, para lubrificar a goela, mal se sente o gosto. Ao fim da segunda garrafa, porém, notaram um gosto estranho no sagrado líquido. Um deles, desconfiado de que a cerveja estivesse choca, resolveu olhar o prazo de validade à chegada do terceiro litrão.
Enxergou um objeto escuro, indefinido, mas que, iluminado pela luz do celular, revelou-se um puta dum baratão, a boiar tranquilamente dentro da ampola, imerso no famoso suco de cevadis. A barata estava mortinha da silva; morta, sim, mas com um semblante feliz, feliz, garantiram os que olharam o inseto mais de perto.
Dois litrões já tinham descido goela abaixo e tudo estava bem com os pés de cana, apesar do gosto não convencional; no entanto, assim que viram a barata, os manguaceiros passaram a ter náuseas e vômito abundante.
A dona da bodega também entrará com uma ação contra a AmBev, pois a notícia correu pela cidade e seu bar ficou com fama de sujo, o que levou a uma significativa queda de frequência.
Os requerentes já têm planos para a indenização que poderão receber por danos morais e à saúde : vão dar uma festença, tomar tudo em cerveja.
Agora, cá entre nós, tanto barulho por conta de uma barata dentro da cerveja? 
Eu não entendo essa gente, seo moço, fazendo alvoroço demais. Inda mais no Maranhão.
No Nordeste, são famosas as cachaças que trazem os mais variados animais em infusão, em conserva, digamos assim, a dar-lhes um gostinho especial, até mesmo força e virilidade ao seu consumidor. 
Existe cachaça com cobra curtida, com escorpião, com lagartixa, com lacraia, com mandruvá, com caranguejo, e sabe-se lá com mais o quê.
E esses três bebuns vêm reclamar de uma baratinha na cerveja? Viadagem, pura viadagem.

domingo, 10 de novembro de 2013

Os Gatos-Bonsai do Instituto Royal

Um artigo muito esclarecedor acerca das verdadeiras atividades do Instituo Royal e mais esclarecedor ainda sobre os caráteres mal-intencionados de subcelebridades idiotas, burras e desinformadas, feito a praticamente desconhecida apresentadora Luísa Mell e Bruno Gagliasso, atorzinho global do terceiro escalão.
Em quem acreditar? Em um Instituto composto por pessoas altamente qualificadas, que opera dentro da lei, que exibe registros transparentes de seus métodos de pesquisa e que possui, inclusive, dois representantes da Associação Protetora dos Animais trabalhando em conjunto com seus cientistas, ou em idiotas televisivos que mal conseguem decorar suas falas tatibitates, que vivem de aparecer sob os holofotes, verdadeiros esvaziados ceebrais?
Os invasores do Instituto Royal, independente do motivo alegado para o seu ato, deveriam estar atrás da grade, por invasão e depredação de propriedade particular, e por roubo, também, uma vez que surrupiaram material pertencente ao Instituto.
O artigo é de autoria de Rafael Garcia, repórter de ciência da Folha de São Paulo.

"Muita gente que era viva no distante ano de 2000 ainda se lembra do escândalo dos “gatos-bonsai”. Fotos se espalharam pela internet para denunciar a prática de criar gatinhos dentro de garrafas. Bastava colocar o animal dentro de um pote de quadrado para que seu rosto ganhasse o mesmo formato.
Na época, recebi e-mails de amigos que estavam genuinamente revoltados com essa prática, com razão. Eles não sabiam que alguns dias depois a história já tinha sido desmascarada. Era um boato inventado por um estudante americano que fez montagens fotográficas dos animais. Durante alguns anos, porém, o boato ainda circulou pela internet —sem ajuda de Facebook ou Twitter—, e demorou que o planeta inteiro se desse conta de que era mentira.
Hoje, com redes sociais, denuncias de maus tratos a animais têm a capacidade de circular o mundo com uma velocidade sem precedentes, e é o que aconteceu após a invasão do Instituto Royal, na semana passada, um centro de pesquisa pré-clinica com animais em São Roque.
Muita gente recebeu pelo Facebook links com fotos de um cão com olho costurado. Outra mostrava um cão com a pata decepada. Algumas imagens tinham procedência duvidosa, mas outras claramente haviam sido obtidas dentro do Instituto Royal. Muitas mostravam os canis cheios de cocô. Ativistas que divulgavam as imagens buscavam tentar explicar o que tinha acontecido. Um cão tivera a língua cortada, um filhote havia sido congelado para um teste e diversos cães exibiriam pedaços de pele “arrancados”. Um cão velho, por fim, teria sido vítima de um cruel procedimento no qual seus dentes foram colados.
Não é à toa que muitas pessoas ficaram de cabelos em pé. Eu também fiquei. Mas, a exemplo do que fiz com os gatos-bonsai, esperei um pouco antes de espalhar o pânico. E ontem, conversando com a bióloga Sílvia Ortiz e o cientista João Pegas Henriques, da direção do Instituto Royal, descobri o que aconteceu com o beagle dos dentes colados.
O cão passara por um procedimento para fixar uma fratura de maxilar. A fixação dos dentes, longe de ter sido um experimento, havia sido feita para salvar a vida do animal, que se chamava Ricardinho e era um dos machos do centro de reprodução do Royal.
Mas e o cão congelado? Segundo os biólogos, não era um experimento. O animal havia morrido de causas desconhecidas um dia antes e fora congelado para passar por exame anatomo-patológico no dia seguinte.
O animal com língua cortada? Havia se ferido durante a hora de recreação com outros cães, que às vezes se mordem. Depois de tratado pelos veterinários, ficou com uma cicatriz sem prejuízo funcional.
Já os beagles com partes “sem pele” na verdade estavam apenas “sem pelos”. Apenas haviam sido depilados em certas partes para a aplicação de uma pomada antibiótica que estava em teste.
Os montes de fezes no canil haviam sido em sua maioria produzidos por cães apavorados durante a invasão do instituto. Criar animais em lugar sujo, aliás, comprometeria os experimentos, e manter o canil limpo era do interesse dos cientistas.
Mas como justificar arrancar o olho e a pata de um animal? As fotos desses cães não foram tiradas no Instituto Royal. A do beagle com olho costurado já estava sendo usada antes em campanhas da ONG vegetariana Vista-se. A foto da pata decepada ainda não teve a procedência identificada, diz o Royal.
O que eu reproduzo aqui são as palavras do instituto. Cabe a cada um acreditar se elas são explicações razoáveis ou não. Eu acredito que sim.
A julgar por todas as informações que consegui apurar pessoalmente, o Royal está sendo absolutamente transparente com aquilo que era feito lá dentro. Até porque eles não teriam como esconder suas instalações do Concea e da comissão de ética que avalia seu trabalho —da qual participam dois integrantes da Sociedade Protetora dos Animais. Até eles reconhecem que a criação de novos medicamentos não pode abrir mão totalmente do uso de animais.
O Royal, sendo transparente, reconhece até mesmo que a prática de eutanásia dos cães é necessária –em casos raros e em número pequeno. O procedimento é autorizado pelo Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), que leva em conta se o uso dos cães é indispensável para desenvolver uma droga que trará benefícios relevantes a seres humanos. O Concea também avalia se o experimento está usando o número mínimo possível de animais. A praxe após um teste pré-clínico é tratar os cães e doá-los.
Eu não duvido que muitos dos ativistas que invadiram o Instituto Royal fossem pessoas que estivessem querendo apenas o bem dos animais, querendo evitar maus tratos aos cães e coelhos raptados. O resultado da invasão ao instituto, porém, será o encarecimento e o atraso no desenvolvimento de drogas que podem vir a beneficiar pessoas (e outros animais) com infecções bacterianas, inflamações, diabetes, hipertensão, epilepsia e câncer. E alguns dos cães raptados que, como Ricardinho, precisavam de tratamento especial, podem ser prejudicados nas mãos de veterinários incautos. Para praticar o bem, como se demonstrou, é preciso estar bem informado."

sábado, 9 de novembro de 2013

Panis et Facebook

"Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: Ad captandum vulgus, panem et circenses 
(Para seduzir o povo, pão e circo). Esperarei por ti ao lado de Júpiter."
(final da carta do Imperador Vespasiano, às portas da morte, para seu filho Tito, o construtor do Coliseu romano)
 
A casa simples, de paredes caiadas, de Edinéia Conceição, no povoado do Paiaiá, em Santo Estevão (BA), não possui energia elétrica, a luz não chegou por falta de poste.
Edinéia é órfã, não tem ajuda de nenhum dos pais de seus filhos (dois, por enquanto) e seus parcos rendimentos não chegam para as velas necessárias a uma mínima iluminação de sua residência; além disso, as velas representam perigo de incêndio, uma tábua já pegou fogo uma vez, que quase se alastrou.
Edinéia tem um candeeiro, mas a fumaça causa-lhe tosse.
Desesperada, desamparada, abandonada por todos (nem o vizinho que fez um "gato" num poste a 20 m da casa de Edinéia deixa que ela compartilhe do tão honesto recurso), Edinéia só encontrou uma maneira de iluminar um pouco sua casa de três cômodos : usar a luz de seu telefone celular.
Pãããããta que o pariu!!!
Não tem energia elétrica, não tem dinheiro para vela e duvido até que haja saneamento básico adequado em tal cafundó do Judas. Mas tem a porra do celular!!!! 
Edinéia pagou R$ 150,00 pelo celular, mas se queixa de que também não sobram uns trocados para colocar créditos - ô, tadinha -, dessa forma, o aparelho perdeu sua função original e faz as vezes de uma lanterna improvisada.
Alguém desconfia qual seja a fonte dos R$ 215,00? Acertaram. O Bolsa Família. A grana para Edinéia ficar à toa o dia inteiro, a reclamar que não tem isso, não tem aquilo, não tem aquiloutro, sai do meu bolso, dos meus impostos. E nem é para comer sem trabalhar, é para comprar celular, ganha 215 contos e gasta 150 com celular.
Edinéia reclama que não tem luz elétrica, que não tem dinheiro para vela, que a fumaça do candeeiro causa-lhe tosse, que nem tem créditos no celular. Alguém já terá ouvido ela se queixar de que não tem trabalho? Edinéia tem 28 anos, será que a vetusta idade lhe impede de pegar no batente? Antes a impedisse de procriar.
Uma amiga empresta a tomada sempre aos finais de semana. "Carrego o celular, mas a bateria dura só até quarta, quinta. Nunca dá para a semana toda", diz.  Que peninha, né?
O filho mais velho abandonou a escola neste ano, e ela acha, desconfia, tem a leve impressão, de que a falta de luz seja a responsável. Segundo ela, sob a precária luz das velas, ele fazia um exercício da tarefa e parava. Talvez a verdadeira preocupação de Edinéia nem seja o abandono dos estudos por parte do filho em si, mas sim a perda do Bolsa Família, benefício atrelado à frequência escolar e sem o qual ela, horror dos horrores, teria que pensar em arrumar um trabalho.
A responsável pelo abandono escolar do filho não foi a falta de luz. Porra nenhuma. Foi a negligência, a preguiça de Edinéia em cumprir com um dos papéis básicos de uma mãe, acompanhar a vida escolar do filho. Será que Edinéia nunca pensou em se sentar com o filho e acompanhar a feitura de suas tarefas escolares durante o dia, à luz do sol? Ou será que, além da elétrica, a energia solar também não chega ao pequeno povoado baiano? O que ela fica fazendo o dia todo?
Ela, eu não sei, mas o filho, o mesmo que abandonou a escola, tem seu compromisso diário : pouco se lixando para o apagão em seu lar, o adolescente acessa a internet em um centro ao lado de casa e mantém conta em rede social. 
Ela, sem energia elétrica, sem dinheiro para vela, mas com celular; o filho - outro coitadinho, outra vítima do sistema - cansa-se ao fazer uma única questão de sua tarefa por conta da fraca iluminação, porém, enquanto o sol é presente, passa suas tardes na internet, em redes sociais, no facebook.
Este é o tipo de gente que nós, trabalhadores, sustentamos. Esta é a destinação dada ao dinheiro do contribuinte pelo governo canalha do PT. 
É para isso que você trabalha 8 horas por dia : para dar telefone celular para encostados e permitir que neanderthais semianalfabetos se conectem às redes sociais. Para levar pão e facebook ao sertão do Paiaiá, e a tantos outros cus de mundo.
Que é assim que se governa, com pão e facebook. Sempre foi.