domingo, 30 de janeiro de 2022

Chico Amarelou Frente aos Vermelhos

Chico Buarque amarelou frente à comunistada. Acovardou-se diante da nefasta doutrina que sempre defendeu e professou - se algum dia a praticou de fato, é uma outra história. Chico jogou vergonhosamente a toalha já no primeiro round contra o politicamente correto, contra o Ivan Drago do cancelamento.
Chico "decidiu" não mais cantar uma de suas mais belas canções, a Com Açúcar, Com Afeto, por suas conotações supostamente machistas.
Caso alguém não seja desse planeta, caso alguém não conheça a canção, ela trata de um dia na vida de uma dona de casa cujo marido malandrão e folgado sai cedo de casa a dizer que irá em busca de trabalho, mas que fica vadiando pelas ruas, pelas praias e rodas de samba com os amigos em botecos. E quando o safado chega em casa tarde da noite, faminto e exaurido pela esbórnia, ele encontra não uma mulher carrancuda a brandir um rolo de macarrão, sim uma amélia a lhe esperar de braços abertos e com um prato de comida pronto. 
Ao fim da música, composta por Chico em eu-lírico feminino (a sua maior especialidade), a mulher diz : e ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado, como vou me aborrecer? Qual o quê... logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato e abro meus braços pra você.
Bonita pra caralho! Triste, também; como a maioria das coisas belas. Quem disse que o triste e até o cruel não podem ser belos? Se não pudessem, poucos de nós suportariam a realidade.
E Chico não está dizendo que concorda com a submissão da dona de casa de Com Açúcar, Com Afeto, nem que a condição dela seja algo aceitável, desejável e normativa. Chico apenas narra a letra da música, sem nenhum tipo de julgamento de valor. Aliás, nem é Chico quem canta, é a mulher.
Chico, dizem, é um dos melhores tradutores e intérpretes da alma feminina, o cara cujos versos têm o poder de fazer abrir quaisquer pernas, são um abre-te-sésamo de xavasca. Ora, porra, exceto nas novelas da Globo e nas vidas das feministas suvacudas, que não possuem um pinto pra chamar de seu, as vidas das mulheres reais, de carne e osso, são permeadas, contaminadas e, muitas vezes, fustigadas pelo machismo. E mais ainda eram nas décadas de 1960, 1970, época em que Chico compôs a música.
Assim, como Chico poderia ter bem retratado o cotidiano de uma mulher comum, de uma dona de casa das décadas de 1960, 70 se tivesse subtraído dele o onipresente machismo? Seria até desonestidade do artista.
Chico não inventou a circunstância descrita em Com Açúcar, Com Afeto. E parar de cantá-la, óbvio, não a eliminará da sociedade e das relações amorosas. A música não inspira ninguém a ser canalha, ou submissa. Parar de cantá-la, não fará certos ordinários deixarem de ser machistas; nem fará libertar todas as amélias do jugo de um relacionamento desigual.
Chico é macho das antigas, gosta (e muito) do artigo mulher. Ao compor e cantar músicas que expõem o machismo, Chico presta um favor e uma contribuição muito maiores às mulheres e ao, com perdão da má palavra, feminismo do que deixando de escrevê-las e interpretá-las, do que deixando de denunciá-lo, do que se calando. Afasta de mim esse cálice, Chico.
Sim, pois a música Com Açúcar, Com Afeto, ao meu ver, é claramente uma crítica, uma denúncia contra o machismo, não uma apologia a ele. Da mesma forma, a clássica Mulheres de Atenas, recheada da mais pura e fina ironia. Mas para enxergar isso, deve-se ser capaz de ler nas entrelinhas, de ler o subtexto, ou seja, deve-se ser minimamente letrado. Coisa que essa atual geração de esquerdistas, nascida e amamentada na cartilha do PT e nas tais pautas progressistas, claramente não o é. Estão longe, muito longe disso, aliás.
E no meio desse imbróglio, Chico tentou safar-se com uma declaração, essa sim, com laivos machistas. Disse que a iniciativa de escrever Com Açúcar, Com Afeto, não partiu dele, não foi sua ideia, que a música foi feita sob encomenda, a pedido de Nara Leão.
Chico jogou a culpa (que culpa?) para cima de Nara Leão, uma mulher. Igual ao Lula, que jogou a culpa (nesse caso, sim, culpa) do Triplex do Guarujá nas costas da esposa, Dona Marisa Letícia Enfiem-as-panelas-no-cu, um modelo de finesse e de primeira-dama.
Chico Buarque, reza a lenda construída em torno dele, lutou contra a Censura do Governo Militar, estoicamente, nunca cedeu ou se rendeu a ela. Agora, pelo visto, capitulou frente à censura dos seus, à ameaça do cancelamento, à mordaça da esquerda, da qual sempre foi dos mais célebres garotos-propaganda, quedou-se de joelhos aos vetos dela.
O pior é que temer e ceder à censura alheia e aleatória costuma instalar no sujeito a pior e a mais irreversível das censuras, a autocensura. A autocensura não prejudica, inibe, tolhe e solapa apenas as presentes e futuras criações do artista, mas pode fazer com que ele renegue e apague parte de sua obra passada, de seu legado. E Chico tem um imenso e mais que respeitável legado.
Mas talvez não seja nada disso. Talvez a decisão de Chico retirar Com Açúcar, Com Afeto do repertório de suas apresentações, não tenha nada a ver com cobranças feministas ou questões ideológicas. Acho mesmo que Chico está cagando e andando para ideologias. Talvez a decisão do velho bardo tenha se dado apenas no sentido de evitar polêmicas e "debates" inúteis e  infrutíferos em torno de sua pessoa, de evitar cair em bocas de Matildes. Talvez Chico esteja tão-somente a comprar seu sossego. De mais a mais, Chico, segundo ele próprio, nunca gostou muito de fazer shows, acho que, se pudesse, não deixaria de cantar apenas Com Açúcar, Com Afeto, mas sim todas as suas músicas.
Talvez Chico só esteja querendo tranquilidade para desfrutar de seus derradeiros anos a flanar pelas ruas parisienses, a escrever seus livros em seu apartamento na capital francesa, refúgio, diga-se de passagem, mais do que merecido, dada a grandeza de sua obra. Talvez Com Açúcar, Com Afeto tenha sido o boi de piranha sacrificado por Chico para se manter longe do mugido, da algazarra e da língua do populacho.
Se for esse o caso, respeito ainda mais o sujeito.

Com Açúcar, Com Afeto
(Chico Buarque)

Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê!

Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa

Você diz que é um operário
Sai em busca do salário
Pra poder me sustentar
Qual o quê!

No caminho da oficina
Há um bar em cada esquina
Pra você comemorar
Sei lá o quê!

Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol

E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol

Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre "ma non troppo"
Você vai querer cantar

Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Quando a noite enfim lhe cansa
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
Qual o quê!

Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração

E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer?
Qual o quê!

Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.
Para ouvir a música, é só clicar aqui, no meu poderoso e machotóxico MARRETÃO.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Valha-me Santo Olavo de Carvalho!!!

Meu amigo virtual Jotabê, católico moderado, praticante pero no mucho, está emputecido como nunca antes o percebi!!!
Estão querendo canonizar o Olavo de Carvalho!!! 
Em um comentário aqui no Marreta, ele extravazou toda a sua indignação : "E o mais louco descobri agora: um lunático está defendendo sua canonização pela Igreja Católica! Um dos argumentos é que quase três mil pessoas converteram-se ao catolicismo por sua causa. Com um argumento desses o Edir Macedo deveria ser proclamado deus".
Ué, mas o Edir Macedo ainda não é deus?
Como desconhecia a informação, fui dar uma fuçada no Google e de fato. Discípulos do professor Olavo querem que ele vire santo. A iniciativa é do médico psiquiatra (e ainda tem gente que toma os remédios que essa raça prescreve) Ítalo Marsili.
De acordo com o psiquiatra, Olavo de Carvalho merece a canonização por ter promovido o retorno de uma multidão de almas à Igreja Católica : "o espírito santo, sem dúvida, utilizou a vida do professor Olavo para tocar as nossas. Uma multidão de almas voltou para a fé e para a igreja através dele", disse Marsili.
Curiosa e coincidentemente, sem nem saber desse pedido de canonização, ouvi um depoimento parecido da deputada federal pelo PSL Bia Kicis. Ela conta que estava há tempos afastada da fé católica e que o seu retorno se deu através da leitura das obras de Olavo de Carvalho.
Marsilis afirma estar de posse dos relatos e dos testemunhos de fé de mais de 3 mil pessoas, que teriam se convertido (ou retornado) ao catolicismo pelas mãos bentas de Olavo de Carvalho. Para embasar ainda mais o seu pedido de canonização, ele quer continuar a coletar depoimentos e pede que mais pessoas que tiverem sido tocadas por Olavo enviem seus testemunhos para as suas redes sociais.
Três mil (re)convertidos... Nada mal. Em tempos de expansão das igrejas evangélicas, nada mal, mesmo. Duvido que a grande maioria dos padres, bispos etc possam se orgulhar de tal marca; antes pelo contrário, muitos muito mais afugentam do que arrebanham ovelhinhas.
Nada entendo da Fé, de seus caminhos e de seus trâmites, mas não vejo entrave ou óbice algum na canonização de Olavo de Carvalho. Ele tem boas qualificações para santo em seu currículo. Muitos santos foram filósofos. São Tomás de Aquino foi filósofo. Santo Agostinho foi filósofo. Olavo de Carvalho, idem.
Deixe, pois, de intransigências e de velhos (pre)conceitos Jotabê, afinal, muitos santos foram homens de pecados, até mesmo ex-hereges. São novos tempos. A Igreja precisa de novos santos. De novos tipos de Cruzados. Além do quê, convenhamos, o Vaticano não está em posição de ficar exigindo muito, não.
Quem sabe a canonização de Olavo de Carvalho não seja mesmo a vontade de Deus, famoso por seus mistérios e por seus desígnios insondáveis e inescrutáveis?
Quem sabe a canonização de Olavo de Carvalho não seja Deus escrevendo certo pelas linhas tortas do professor?
De mais a mais, às vistas de um Deus que calcinou e atomizou Sodoma e Gomorra, as Hiroshima e Nagasaki do Velho Testamento, Olavo de Carvalho nada tem de radical, é até comedido demais, um verdadeiro modelo de ponderação. 
Um santo, enfim.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Homens Ficam Mais Bonitos com Máscaras Antivírus Chinês, revela Pesquisa

Uma importantíssima pesquisa realizada pela Escola de Psicologia da Universidade de Cardiff, no País de Gales, tão vital quanto um tratado ou de pedagogia ou de sociologia ou de psicologia mesmo, promete elucidar novos aspectos da pandemia e, quiçá, até mesmo mudar os rumos da Peste Chinesa.
Esses pesquisadores desocupados descobriram que homens a usar máscaras antivírus chinês são mais atraentes aos olhos femininos, mais desejáveis. 
A pesquisa pediu às mulheres que avaliassem, numa escala de 0 a 10, o  quanto se sentiam atraídas por homens sem máscaras, com máscaras de pano, com máscaras cirúrgicas ou com um livro a ocultar a área da face que seria coberta pela máscara. A maioria da mulherada deu maiores notas para os homens mascarados, principalmente os com máscaras cirúrgicas.
E a enorme abrangência, magnitude e espaço amostral da pesquisa tornam inquestionáveis e irrefutáveis os seus resultados : foram entrevistadas 43 mulheres. Pããããããta que o pariu!!!! Quarenta e três... Método científico Dilma Rousseff, só pode ser. Esta merda não pode ser considerada nem mesmo uma enquete. Sem contar a facilidade em se induzir o resultado da pesquisa. Quem garante que não colocaram um cara feito o George Clooney com máscara cirúrgica e um outro feito eu ou o Jotabê sem máscara? Ou o contrário, a depender do que a pesquisa pretendia "provar"?
De qualquer forma, acredito no resultado, e não vejo nenhum mistério por detrás dele.
Os entendidos em antropologia e demais áreas do comportamento das sociedades humanas preconizam que a percepção humana a respeito do que é belo ou não é multifatorial, não é restrita apenas aos atributos físicos do ser desejado, nem definitiva; ela é fortemente atrelada ao momento histórico em que se vive, à conjuntura de cada época, e, portanto, mutável, podendo transitar de um extremo ao outro em relativamente pouco tempo. Eu, particularmente, não consigo imaginar um contexto histórico onde a Angelina Jolie e o Brad Pitt possam ser considerados feios e repugnantes, mas enfim... são os entendidos a dizer.
Todos já ouvimos várias vezes - eu, pelo menos, já ouvi - que as gordinhas eram o padrão de beleza na Idade Média, que elas eram as tesudas da época, as Giseles Bünchen de então; eram retratadas à exaustão pelos pintores mais badalados de seu tempo, Rubens, Botticelli, Ticiano, que eram mais ou menos o que são os fotógrafos de mulher pelada hoje em dia.
A explicação nos fornecida é que eram tempos de vacas magras, de muita fome e escassez de alimentos. Uma gordinha, portanto, remetia a uma fartura e opulência que a grande maioria da população não possuía, era um tesão que vinha mais até do estômago que dos testículos. Ser gordo era status. Também eram tempos das mais variadas pestes (eram?) e uma boa reserva de gordura, um pezinho de meia energético, assegurava uma resistência e uma longevidade maiores caso a pessoa tivesse de enfrentar uma enfermidade. Em tempos em que a fome e a peste eram as principais causas de morte, as gordinhas tinham maior durabilidade, eram as espécimes mais viáveis para aquela época. Eram, portanto, as mais belas.
Hoje, com a questão da escassez de alimentos resolvida, o foco do desejo mudou, ter refeições regulares à mesa não é mais um símbolo de status, não é mais um raro privilégio. Há alimento mais que suficiente para atender a toda a população planetária, há mesmo superprodução em alguns casos. Os inúmeros bolsões de fome são muito mais uma questão política que de produtividade agrícola.
Hoje, o excesso está a se tornar um problema até maior que a carência. Hoje, as doenças que mais matam são muitas vezes vinculadas à obesidade e não mais à fome - infarto do miocárdio, AVCs, diabetes, entre outras. Automaticamente, o gordo saiu de moda, o magro passou a ser mais atraente, mais desejável. O magro passa a ideia de uma pessoa mais frugal, comedida, mais regrada, mais preocupado em zelar pela saúde, de hábitos e práticas mais saudáveis. E, portanto, menos sujeito a doenças e males súbitos. Hoje, em tempos em que a obesidade mata mais que o famelismo, o magro tem maior prazo de validade, o magro se tornou o espécime mais viável. E, logo, o mais belo.
Mais uma vez, a chave central da questão do que é belo é a viabilidade daquele indivíduo. É a viabilidade que torna um espécime mais bonito e mais atraente que um outro, são as maiores chances de sobreviver e de prosperar naquele meio e naquela época que tornam o indivíduo mais desejável pelos da sua espécie.
O cara pode até achar que só está interessado em dar uma metidinha rápida na gostosa, mas o seu DNA, o tempo todo e sem descanso, está à procura de uma mãe para os filhos que ele nem sabe que quer ter, o seu DNA está à cata de uma fêmea viável para a procriação e continuidade da desgraça humana em cima da Terra. O mesmo vale para a mulher. A empoderada também pode até pensar que está apenas querendo um P.A. (pau amigo) para se divertir e relaxar um pouco. Mas a perseguida não está apenas em busca de um perseguidor que a capture e bem a coma. O seu DNA é um radar a detectar certas características e atributos no macho que indiquem a viabilidade dele, o seu potencial de protetor e provedor, de macho alfa.
Diz aquele velho ditado popular que "quem vê cara, não vê DNA". Ditado dos mais falhos, como quase todos os ditados populares.
Cada época exige um conjunto de atributos que tornará mais viável o espécime que o possui, um conjunto que apenas uma parcela daquela população deterá em sua integralidade, e que passa, assim, a ser o objeto de desejo dos demais. Cada época, enfim, elege um padrão de beleza.
Por isso, digo que acredito no resultado da pesquisa. Por isso, digo que ele seria o mesmo ainda que ela tivesse sido realizada não com 43, mas com 43 mil ou milhões de mulheres. E que digo que ele nada tem de surpreendente.
Vivemos em tempos de Peste Chinesa, de mais uma Peste Chinesa, aliás - a Peste Negra, embora tenha "estourado" na Europa, também é de origem chinesa. Em tempos de vírus chinês, um homem a usar uma máscara transmite a ideia de um sujeito precavido, consciente, que se defende contra a praga amarela, que zela pela sua saúde e pela dos que o rodeiam. Logo, e de novo, é um sujeito potencialmente mais viável, um espécime que viverá mais e melhor que aqueles que se recusam em cobrir as faces, um cara mais confiável para se dar uns beijinhos. 
O mesmo vale para o modelito de máscara que deixa os homens mais sexies (ou sexys?) aos olhos femininos, a cirúrgica. Esse modelo de máscara é dito o mais seguro de todos, o que mais protege o príncipe encantado. Se o cara estiver usando, então, uma N95 valvulada, ele nem precisa ter pinto grande, a mulherada apaixona na hora!!!
Não sei se eu fico mais bonito e atraente com uma máscara antivírus chinês. Para matar a minha curiosidade, a exemplo dos pesquisadores da Universidade de Cardiff, eu também teria de realizar uma pesquisa entre as minhas admiradoras, com resultados estatísticos tão "confiáveis" quanto os dos galeses. E também igualmente inútil e desnecessária. 
Pois eu também sei de antemão o resultado dela : sim, é claro que eu fico muito mais bonito de máscara cirúrgica. Muito mais. Por um simples motivo : ela esconde metade da minha cara! Eu fico metade menos feio. E a parte coberta deixa margens e dá asas à imaginação. Uma mulher pode olhar para mim e imaginar que há um belo nariz, um másculo queixo, uns carnudos lábios e um sorriso sedutor por debaixo da máscara. É bem sabido que a imaginação é o melhor dos afrodisíacos, o mais eficiente dos encharca xanas.
A pesquisa contemplou apenas a percepção das mulheres sobre o quão lhes parecem mais ou menos belos os homens que usam ou não máscaras. Não foi perguntado a nós, passadores de rodo, filhos do Zé Mayer, machos tóxicos das antigas, se as mulheres nos parecem mais ou menos atraentes e pegáveis quando usam ou não máscaras antivírus chinês. Mas acredito que uma pesquisa com o público macho, conosco, os discípulos do Jece Valadão, lograria os mesmos resultados, acredito que os homens também considerem as mulheres com máscaras mais excitantes.
Eu, por exemplo, acho a moça abaixo, a usar corretamente a sua máscara antivírus chinês, uma beleza, uma formosura. Uma delícia!!!

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O Mito do Mito

"Moderação na defesa da  verdade é serviço prestado à mentira";
"Conservadorismo significa fidelidade, constância, firmeza. Não é coisa para homens de geleia";
"O homem medíocre não acredita no que vê, mas no que aprende a dizer";
"O comunismo não é um grande ideal que se perverteu. É uma perversão que se vendeu como um grande ideal";
"Um mundo que confia seu futuro ao discernimento dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro algum";
"O brasileiro de hoje em dia é aquele sujeito valente que teme olhares e caretas como se fossem balas de canhão, que enfia o rabo entre as pernas à simples ideia de que falem mal dele, que troca a honra e a liberdade por um olhar de simpatia paternal de quem o despreza";
"Numa discussão, o incapaz é invencível. Nenhum argumento infundirá jamais na cabeça de ninguém a capacidade de compreendê-lo";
"Ser odiado por multidões de ignorantes é o preço de não ser um deles";
"O idiota útil, por definição, é idiota demais para saber que é útil e quem o utiliza";
"Os palavrões, segundo entendo, foram inventados precisamente para as situações em que uma resposta delicada seria cumplicidade com o intolerável";
"Estudar de menos e opinar demais. Essa é a maior desgraça do brasileiro";
"A inteligência, ao contrário do dinheiro ou da saúde, tem esta peculiaridade: quanto mais você a perde, menos dá pela falta dela";
"O desprezo do brasileiro pelo conhecimento é a grande desgraça desse país. A falta de medida, a deformidade mental está consagrada na figura do presidente da República. Ela se condensa na figura do presidente Lula, que é a deformidade moral e mental encarnada. Se ele é a figura da nova república, a nova república é um puteiro";
"Todo intelectual de esquerda é vigarista. Não há exceções";
"Uma garota de 13 anos, em Israel, inventou um satélite que cria oxigênio no espaço. Nossas crianças, nesta idade, aprendem a usar maconha, praticar sexo e a se engajar na 'luta de classes' para destruir o 'capitalismo opressor' ":
"A Educação, no Brasil, só se distingue do crime organizado porque o crime é organizado":
"No Brasil só existem duas ideias : o avanço e o retrocesso. Elas explicam tudo. Dar o cu, por exemplo, é um avanço. Reagir a um assalto é um retrocesso".


Olavo de Carvalho
1947 - 2022

domingo, 23 de janeiro de 2022

Em Mim, a Bebedeira Ficou Louca (Ou : Calíope é uma Puta Beberrona)

Nos demais,
A cerveja,
A vodka,
O rum
Viram suor azedo,
Urina inflamável
E tristes e doloridas manhãs.
 
Em mim,
Também costumam
Assumir essas formas,
Esses flagelos.
 
Mas
Vez ou outra
Nas noites inspiradas por travessuras de saci,
Perfumadas pelas floradas do ipê e do jasmineiro,
Exalam de mim
Em bolhas de sabão,
Em dentes-de-leão,
Em poemas,
Em óvnis extraviados,
Em falenas a darem voltas
E a se baterem
De encontro à luz mortiça
Do lampião à querosene da minha alma.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Cerveja-Feira (47)

É a holandesa boa e barata!!! Aliás, boa e barata, não! Boazuda e barata!!!
Em minhas caminhadas matinais nas férias, costumo andar cerca de 8 a 10 km por duas vias marginais de uma rodovia que corta a cidade, a Presidente Castelo Branco, vou por uma e volto pela outra. Na da volta, passo por três lojas de grandes redes atacadistas, o Assaí, o Makro e o Tonin, essa última, creio eu, abrangendo apenas os estados de Minas e São Paulo.
Como eu, o imbrochável Bolsonaro e demais atletas sabemos, depois de uma atividade física se faz necessário e urgente proceder na reidratação do organismo. Água de coco? Água de coco é o caralho! Gatorade? Gatorade é a puta que o pariu!!! Já ficou cientificamente provado que o melhor líquido para repor água e eletrólitos é a cerveja.
Aproveito que estão no meu caminho e, volta e meia, entro em um desses atacadistas para garimpar marcas boas e baratas. Nesses atacadões, com um pouco de sorte, é possível descobrir marcas pouco comercializadas em supermercados varejistas.
Na volta da minha caminhada de ontem, resolvi entrar no Makro, afinal já era quinta-feira e passara da hora de iniciar a semana etílica. Entrei no Makro e dei de cara com ela, a holandesa Royal Dutch, com uma grande cartolina a pender de sua prateleira com os seguintes dizeres escritos à mão, com pincel atômico : de 3,69 por 1,99. Comprei meia dúzia.
Gostei pra caralho. Não entendo picas desses quesitos de avaliação de cerveja, mas gostei pra caralho. Me pareceu com mais malte que as puro maltes mais comuns por aqui, Petra, Bohemia, Amstel, Eisenbahn, Império, Heineken (para mim, a mais superestimada de todas) etc. Um leve odor de pão, uma coloração mais para opaca que para translúcida, mais para o âmbar que para a palha. Só a espuma ficou um pouco a desejar, sumiu rapidinho.
Mas a R$ 1,99, uma baita duma cerveja. Pãããããta que o pariu se é!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

O Sapinho Covid

A triste e aterrorizante história do estadunidense que perdeu 4 cm de benga depois de contrair o vírus chinês, narrada na postagem anterior, Uma Sequela do Caralho, fez-me lembrar de uma piada.

"O cara tinha 50 cm de rola. Meio metro bem medido e bem pesado de cacete. O que tornava praticamente inviável a sua vida sexual. Nem puta arrombada encarava o tarugo do sujeito. Vez ou outra, muito raramente, aparecia um boiola mais guloso e  mais largo, mas mesmo esses não queriam repetir a dose.
Consultou especialistas em caralho do mundo todo, bem abastado que era. Nenhum deu solução ou lenitivo para o seu problema.
Então, ficou sabendo da existência de uma velha rezadeira no bairro, uma benzedeira, uma anciã de ancestralidade indígena e depositária dos arcanos segredos da floresta e do mundo dos espíritos. Segundo o que corria à boca pequena, a velha tinha solução para tudo.
Não custava tentar, ponderou o sujeito. Marcou uma consulta com a anciã e contou-lhe o seu problema. A velhinha tomou um chá - que não era de camomila -, revirou os olhos, entrou num transe mediúnico e, quando retornou das esferas espirituais, tinha a resposta para a angústia do homem.
- Você vai fazer o seguinte, meu filho - começou a velha -, na próxima sexta-feira de lua cheia, exatamente à meia-noite, um portal se abrirá brevemente naquela lagoa bem ali embaixo. e, desse portal, sairá um sapo mágico, encantado. Você deverá ir até o sapo, mostrar o seu membro para ele e perguntar : sapinho encantado, eu posso introduzir meu membro em você? O sapo, espada que só ele, responderá : não! A cada vez que o sapo responder "não", o seu membro encolherá dez centímetros.
O cara saiu animado da consulta com a pajé. Tinha já o plano certinho, todo traçado na cabeça. Faria a pergunta três vezes para o sapo. A cada "não", menos dez centímetros. Ele sairia de lá ainda com portentosos 20 cm.
Próxima sexta-feira de lua cheia, exatamente à meia-noite, o cara tava lá, na lagoa do brejo. Como a velha dissera, uma fissura se abriu no espaço-tempo e dela emergiu a figura iluminada de um grande sapo-boi. Imediatamente, o cara foi até ele, desenrolou o mangueirão e perguntou :
- Sapinho encantado, eu posso meter minha rola no seu cu?
O sapo coaxou forte e grave : NÃO!
No mesmo momento, o cara viu o pinto encolher dez centímetros, passando para quarenta. Animado, perguntou de novo :
- Deixa disso, sapinho encantado, deixa eu meter só um pouquinho, vai, eu não conto pra ninguém, não.
De novo, outro coaxar rouco e cavo : NÃO!
Como que por mágica, o pau do cara encolheu mais dez centímetros, ficou com trinta. Faltava pouco para o cara alcançar seu objetivo e acabar com o martírio de uma vida inteira, mais uma pergunta e pronto :
- Vamos lá, vai sapinho encantado, quebra esse galho aí, prometo que ponho só a cabecinha.
O místico batráquio, já puto da vida com a insistência do sujeito, coaxou de novo, categórico : NÃO, NÃO e NÃO!!!!"
 
Pãããããããta que o pariu!!!! É o sapinho covid!!!

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Uma Sequela do Caralho

Desde o começo da pandemia, desde a soltura e o catapultamento do vírus chinês para o mundo, em nenhum momento, eu tive medo de ser infectado por ele. Nem o mais leve receio de.
Precavi-me, é claro. Desde o início e sempre. Que uma coisa é não ter medo; outra, muito diferente, é não ter respeito e bom senso. Precavi-me. Sempre. Até porque a melhor forma de prevenir a peste chinesa sempre foi e continua a ser manter a maior distância possível das pessoas, do povaréu; medida profilática para a qual nunca precisei de receita médica, que sempre me autoadministrei com muito prazer, que sempre me foi xarope dos mais doces de se tomar.
Aos mais desavisados, eu dizer que nunca tive qualquer tipo de temor de ser infectado pelo vírus chinês pode soar como uma fanfarronice, uma bravata imprudente, negacionista, até.
Pois vos asseguro que não. Quem me conhece sabe que nunca fui metido a valentão, falastrão ou faroleiro, que nunca fui de contar vantagem indevida ou de querer posar de maioral, de fodão.
Quando digo que nunca tive medo de ser infectado pelo vírus chinês, não quero dizer que eu me julgo naturalmente imune a ele (como uma considerável parcela da população o é), talvez eu seja, talvez não; não quero dizer que nego ou ignoro a possibilidade de ter minhas células invadidas por ele, quero, sim, dizer que nunca tive medo de ser vitimado por ele. Nunca tive medo, caso viesse a ser infectado, de desenvolver um quadro grave da peste amarela, de ter que conviver, depois, com sequelas irreparáveis, ou mesmo de morrer. Não chega a ser uma certeza que possa ser lastreada por evidências empíricas irrefutáveis. É uma sensação de segurança que sempre me permeou com relação ao meu corpo bem reagir e combater o vírus chinês, quando e se isso fosse necessário.
Ora, vejamos. Não sou, é verdade, mais nenhum jovenzinho, mas também não estou a dobrar o Cabo da Boa Esperança, não estou ainda a mijar no dedão do pé, embora - é inegável - o último pingo sempre seja da cueca. Não sou obeso. Nem cardíaco, diabético, asmático ou hipertenso. Nunca fui fumante. Sempre me recuperei bem de infecções virais e bacterianas, sempre me regenerei rápido de cortes e lesões - já sofri cortes de ter que levar quatro, cinco, seis ou mais pontos na face e no supercílio (fora joelhos e canelas) e, hoje, nem se vê vestígios deles. Não sou sedentário. Nunca dirigi um veículo automotivo na vida. Sempre andei a pé. Em dias normais, aqueles aos quais a maioria chama de úteis, ando cerca de sete, oito quilômetros; nas férias, até um pouco mais, ou seja, tenho, assim como o nosso Presidente, um histórico de atividades físicas.
Por isso, repito : nunca tive medo de ser infectado pelo vírus chinês. Sempre me senti confiante em enfrentá-lo, se viesse a ser o caso. Sempre julguei, como diria meu amigo Jotabê, o ermitão do Blogson Crusoe, ter os calcanhares bem protegidos contra a Gripe Amarela.
Isso tudo, até ontem. Isso tudo, até eu ter lido, no jornal o Estado de Minas, uma reportagem sobre uma nova, insuspeita e aterrorizante sequela do vírus chinês. Ontem, toda a minha autoconfiança em relação à peste de Wuhan veio abaixo, desabou. Bem como disse o Poetinha, tem sempre o dia em que a casa cai.
E a minha desmoronou por um simples motivo : não sou cardíaco, asmático, diabético etc, mas também nunca fui nenhum atleta sexual, muito menos um bem dotado, um pirocudo de fazer égua olhar para trás. Se olhado de um ângulo favorável e a contar com a boa vontade do observador, a minha rola pode ser classificada, num dia de calor, como estando na média. E não é média alta, não. Média média, mesmo. A classe C das pirocas. Pouca coisa acima da linha da miséria.
Mas o que tem a ver o cu com as calças?, alguns de vocês poderão estar a se perguntar. Ou, no caso, o que tem a ver a benga com o vírus chinês?
Explico. A reportagem que citei, publicada originalmente no britânico Daily Mail, traz um chocante relato de um estadunidense, que não teve o nome revelado e é descrito apenas como um heterossexual na casa dos 30 anos.
Ele conta que depois de se curar do vírus chinês em julho de 2021, o seu pau passou a não mais dar no couro, começou a apresentar disfunção erétil, a famosa paumolescência; problema que foi solucionado facilmente com um tratamento feito com um urologista. Porém, quando a sua paudurescência voltou ao normal, ele notou que o caralho não estava mais o impávido colosso de sempre. Estava bem menor. Uma coisinha ridícula. O vírus chinês tinha feito o pau não só amolecer, mas também encolher! 
Ele garante que perdeu quatro centímetros de piroca! Redução confirmada pelos diversos especialistas que ele consultou e declarada com irreversível por todos eles.
O cara pegou o vírus chinês e ficou com um pau de japonês! Isso sim que é globalização. Valha-me São Rasputin!!! 
Disse, o estadunidense : "Meu pênis encolheu. Antes de ficar doente, eu era acima da média, não enorme, mas definitivamente maior que o normal. Agora eu perdi cerca de uma polegada e meia e me tornei decididamente menor que a média".
Segundo os especialistas, a explicação para esta terrível sequela, que já está a ser chamada de Covid Dick (um dos nomes chulos em inglês para piroca), é que partículas do vírus chinês podem permanecer no tecido peniano mesmo após a recuperação do paciente e causar estragos aos vasos sanguíneos, impedindo a correta irrigação do corpo do cacete e fazendo com que ele perca comprimento e bitola. 
E o dano infligido ao sujeito não foi puramente físico, mas também psicológico. Ele declarou : "Isso realmente não deveria importar, mas teve um impacto profundo na minha autoconfiança e em minhas habilidades na cama".
Pudera. Nem poderia deixar de ser. O cara vai dormir um Kid Bengala e acorda um anjinho barroco! É para abalar o psicológico de qualquer um!
Disso tudo, a perda da minha autoconfiança frente à possibilidade de ter que enfrentar a peste chinesa um dia. Disso tudo, o meu medo, o meu pavor agora do vírus chinês, o meu recém-instalado cagaço.
Se eu perco quatro centímetros de cacete, viro o Napoleão Bonaparte. Se perco quatro centímetros de benga, posso prestar concurso público para eunuco em qualquer sultanato árabe. Se eu perco quatro centímetros de cacete, só sobra a fimose.
Pãããããããta que o pariu!!!!!
E quatro centímetros porque o cara teve um quadro leve de gripe chinesa. Mais grave tivesse sido o quadro da doença, mais centímetros de piroca ele poderia ter perdido, afirmam os médicos.
Meu corno e jegue amigo Fernandão, que teve um quadro gravíssimo da doença, que quase foi ter com o capeta antes da hora, deve ter perdido, então, o quê? Uns 10 ou 12 centímetros? Deve estar, hoje, o Fernandão, a ter que se contentar e se conformar com uns modestos vinte centímetros.
E a redução peniana provocada pelo vírus chinês já atingiu também o terreno das artes plásticas. Vejam abaixo, da esquerda para a direita, o Deus-Peru da província de Moche, no Peru, antes e depois do vírus chinês.
E essa situação me lembrou de uma piada, mas só vou contar amanhã ou depois, numa próxima postagem.

domingo, 16 de janeiro de 2022

Pequeno Conto Noturno (88)

Silêncio. Um silêncio de já uns 20, 25, 40 minutos. Um silêncio habitado apenas por respirações, pulsações, batimentos cardíacos e ronronares intestinais involuntários. Um silêncio de pensamentos a andar nas pontas dos pés. Que é das coisas de que Rubens mais gosta com Yrina. A possibilidade desse silêncio.
Rubens sentado, encostado na cabeceira da cama, brincando com os restos de três cubos de gelo na boca, buscando extrair-lhes qualquer rum residual, protelando em ir até a cozinha pegar outra dose, para não desacomodar Yrina, deitada, posição quase fetal, a usar a coxa direita de Rubens como travesseiro, a correr e a riscar as unhas por ela, a enroscá-las em seus pelos. Tanto quanto uma boa dose de rum, Rubens gosta de Yrina a repousar a cabeça em sua coxa, nas cercanias de sua virilha. 
Yrina é quem rompe o silêncio. Levanta a cabeça da coxa de Rubens e sobe até a orelha dele, passa com a boca e o nariz pela barriga, costelas e peito de Rubens, deixa rastros viscosos feito uma lesma preguiçosa e lasciva. Na orelha, dentes mordiscam o lóbulo de Rubens, e uma língua silva e saliva na porta de seu ouvido : 
- Posso ir lá, Rubens? Posso mexer naquele seu lugarzinho, que eu sei que você não deixa nenhuma outra mexer, nenhuma outra pôr os dedos?
Tinham acabado de dar uma boa foda, Rubens e Yrina. Uma bela foda. Nem havia como ter sido diferente. Rubens conhece todos os botões de Yrina a serem apertados - e em que sequência -, todas as alavancas a serem acionadas, todos os fios a serem puxados. E Yrina, há tempos, entregara seu manual de instruções a Rubens, o mapa de Dante de seus Céu e Inferno particulares. Rubens não consegue negar nada a Yrina. Nem quer.
- Posso mexer lá, Rubens, meu bem?
Rubens ri.
- Pode, pode sim, pode devassar meu cômodo mais secreto, meu recôndito mais reservado.
Yrina se põe de pé e, com os grandes e inigualáveis peitos a saltar no ar, vai até o guarda-roupas de Rubens, abre a porta, agacha-se (a Rubens é possível vislumbrar os pentelhos de Yrina pelo vale de suas nádegas) e abre a última de quatro gavetas, a que guarda todos os escritos e manuscritos de Rubens. Todos os seus contos, poemas, crônicas, rascunhos. Yrina lê tudo o que Rubens escreve. E ela, só ela. Mais ninguém.
Yrina pega um amontoado confuso de folhas e volta com elas para a cama. Dá um beijo em Rubens, corre a língua pelos lábios dele, passa-a por entre seus dentes e gengivas. Rubens acaricia os peitões de Yrina.
Rubens deixa Yrina com seus papéis, vai à cozinha e volta. Uma nova dose de rum para ele; uma cerveja long neck para ela.
- Só não vá esperando grandes coisas, acho que já escrevi o que eu tinha para escrever. Acabou.
- Sempre dá pra aproveitar alguma coisa - diz Yrina, e dá um longo gole em sua long neck.
Rubens beija o peito esquerdo de Yrina, brinca com o mamilo dela com a língua, dentro da boca. Rubens não consegue se manter longe daqueles peitões.
- Sai pra lá, velho safado - fala Yrina - deixa eu ler essas suas porcarias aqui.
Rubens volta a se sentar na cama, encostado na cabeceira, entornando o rum e olhando para Yrina a dissecar as suas vísceras expostas em caneta Bic.
Yrina seca a long neck e pede outra a Rubens, que aproveita para recalibrar o seu rum.
- É verdade - começa Yrina -, aqui tem uns 3 ou 4 bons poemas e um conto decente. Mas só isso, bons e decente. Você desenvolveu um estilo, uma técnica, um jogo e um repertório de palavras e associações que garantem que seus contos e poemas sejam sempre bons, não tem como você escrever uma merda muito grande. Quem não te conhece e lê isso aqui, pode até se impressionar, mas quem há tempos sabe de ti, decepciona-se um tanto, vê o quanto seus escritos estão sem força, sem virilidade, até. Parece que escrever virou para você uma coisa meio burocrática, Rubens.
- Pois é, acho a vida imita e contamina a arte.
Os dois dão bons goles em suas respectivas bebidas. Yrina entrelaça sua mão à de Rubens e faz os seus dedos dançarem com os dele; um tango desconjuntado, talvez.
- O que acontece - diz Rubens - é que eu sou um farsante, não tenho um pingo de imaginação. Tudo o que eu escrevo, tudo o que já escrevi até hoje, tem caráter puramente autobiográfico. Só sei escrever sobre o que acontece ou aconteceu comigo. Ou, num laivo máximo de inspiração, como eu gostaria que tivesse acontecido. E não passo daí. Não vou além disso. E, claro, reciclo a maioria das minhas histórias, tento fazer com que pareçam outras. E só. Não tenho muito como escrever algo inédito se não vivo nada novo. Não tenho como surpreender se eu próprio não mais me aventuro e me surpreendo.
- Preguiça de viver coisas novas ou a certeza de que não há mesmo mais nada novo a ser vivido? - pergunta Yrina e acena com a long neck vazia de novo.
- Acho que um pouco das duas coisas - diz Rubens -, a segunda a justificar um pouco a primeira.
Desentrelaça os dedos dos de Yrina, vai à geladeira e volta com outra garrafa para ela.
- E não acha um pouco triste tudo isso? Esse marasmo, esse seu stand-by frente à vida, meio que só esperando a morte chegar? - e Yrina puxa Rubens para perto de si, confundindo, dessa vez, as pernas dela com as dele.
- Acho, até acho triste, sim. Mas mais que triste, possivelmente inevitável, natural, entrópico, eu diria. Penso que depois dos cinquenta, e você logo, logo, chegará a eles, a gente troca a Vida por aquele canal de tv a cabo, o Viva, que só passa reprises e reapresentações de programas antigos. E nos damos conta de que gostamos mais destes do que de qualquer coisa nova que venha sendo feita.
- A Vida pelo Viva... até que é uma boa sacada, mas ainda assim triste pra caralho, derrotista, sei lá...
- Bom, veja o lado bom da coisa - diz Rubens -, se eu não estivesse sintonizado no canal Viva, provavelmente você não estaria aqui neste momento, sentada aqui nesta cama, uma outra, mais novinha e viçosa, estaria no seu lugar a alisar as minhas bolas.
- Velho filho da puta! Então, eu sou só uma novela requentada, né, seu puto?
Rubens gargalha.
- É. Mas das boas. Das antigas. Uma Roque Santeiro. Uma Vale a Pena Foder de Novo.
Yrina puxa Rubens e se beijam. Ela afunda os dedos nas coxas dele, ele apalpa os peitos dela; Yrina avermelha, afogueiam-lhe as faces, o pau de Rubens começa a dar novos sinais de vida.
- Quem sabe eu não possa te dar algo para melhorar essa sua falta de inspiração, esse mais do mesmo dos seus textos? - fala Yrina.
- É?
- É, te dar algo novo em que pensar...
- Novo?
- Não exatamente novo, mas bem pouco usado nos últimos tempos.
- Ah, é?
- É...
Yrina desenrosca suas pernas das de Rubens e se deita de bruços. O rosto virado para os pés da cama e a bunda para Rubens. Pega um travesseiro, coloca sob a barriga e fica com o rabo bem empinado para Rubens. Afasta ligeiramente as pernas.
Rubens sabe que comer aquele cu não o fará escrever nenhum novo grande épico.
Ainda assim, cospe nos dedos e espalha a saliva pelo cuzinho de Yrina, que se contrai ao toque. Espalha por fora e por dentro.
Rubens sabe que comer aquele cu não o fará escrever nenhum outro "Pássaro Azul".
Ainda assim, escarra na palma da mão e lambuza a cabeça do pau com aquele muco.
Rubens sabe que comer aquele cu não o fará escrever sequer um outro "Um Cara Triste".
Ainda assim, Rubens se posiciona no rego de Yrina.
Ainda assim, a monta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

A Igreja Peruana do Peru de Deus

Peru, província de Trujillo, a pequena e pacata cidade de Moche.
O trabalhador, que madrugou para pegar no batente, viu; o estudante, que tentou faltar da aula se dizendo doente mas que a mãe não acreditou, viu; o velho, que acordou com a bexiga cheia às quatro da manhã e aproveitou para ir dar milho aos pombos, viu; a beata, que acordou com as galinhas e foi para a missa, viu. Todos os habitantes de Moche viram.
Do dia para noite, uma nova estátua surgira na cidade, à beira da principal estrada que corta o município. Uma estátua, não : um monumento!
Esculpida em barro, a enorme figura de uma divindade inca. Um deus inca com um monumental cacetão em riste. O huaco, que é o nome dado para toda e qualquer obra em cerâmica dos indígenas incas, tem três metros de altura. E a fazer uma escala comparativa, mais ou menos um metro e meio de cacete!
Uma estátua de um peru no Peru. É o planeta da piada pronta!
A população reagiu com um misto de espanto, surpresa, indignação e desejo. Mas, muito mais, de curiosidade. A estátua do huaco pirocudo se tornou na principal atração turística da cidade. E, como fica à beira da estrada, tem atraído também a atração de turistas de todos os lugares do mundo, que passam por ali. 
De acordo com o site oficial da prefeitura de Moche, o monumento tem sido muito visitado por suecos, holandeses e espanhóis, e faz sucesso entre homens, mulheres, casais e crianças.
Tem turista que pega no pau, tem turista que alisa, que dá beijinhos, que senta em cima. E, principalmente, que tira fotos junto à imensa piroca. "É a estátua ideal para tirar uma selfie, pois já vem com o pau acoplado", teria dito uma bichona sueca à Gazeta de Moche.

Segundo Cesar Arturo Fernández, prefeito do distrito de Moche, a obra foi concebida e doada por um artista plástico local, que "quis contribuir com algo cultural para a região".
Ainda de acordo com Fernández, a sacanagem e a putaria estão nas cabeças de quem vê a estátua, pois ela nada tem de erótico nem, muito menos, de pornográfico. O prefeito explica que "na nossa cultura, não representa erotismo, mas o amor e a fé em Deus".
Pããããããããta que o pariu!!!! Ainda bem que eu sempre fui ateu!!! Se o cacete do huaco representa a fé em deus, vejo, realmente, o quão diminuta a minha sempre foi!!!
É a Igreja Peruana do Peru de Deus!!! 
Fico imaginando uma missa da IPPD. O Senhor está convosco, diz o sacerdote; Ele está no meio de nós, respondem os fieis, virando os olhinhos. E saem da igreja totalmente preenchidos de fé. Na hora da cantoria : segura no pau de deus, segura no pau de deus...  Não é a pomba do Espírito Santo, é a rola! E fiel da IPPD não paga dízimo, paga boquete!
Se a IPPD resolver abrir umas filiais aqui no Brasil, acaba com o cristianismo. Já era para o Cristo!!! As encalhadas e os boiolas de plantão procurarão as igrejas evangélicas não para serem exorcizados, mas sim possuídos. Entra nesse corpo que te pertence, passarão a dizer os pastores.
O prefeito Fernández quer transformar o monumento do Deus-Peru em patrimônio histórico, cultural e religioso de Moche. No entanto, os especialistas em registros históricos foram unânimes em seus laudos e pareceres técnicos : impossível tombar o monumento do Deus-Peru. O monumento do Deus-Peru é intombável!
A exemplo da estátua do Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que já é replicada há tempos e está presente nas entradas e nos morros de grande parte das cidades do interior, o huaco do Deus-Peru também tem tudo para se espalhar por outras localidades do Peru e, quiçá, do planeta.
Várias cidades ao redor do mundo têm entrado em contato com a prefeitura de Moche para encomendar réplicas (em tamanho real, claro) do Deus-Peru, para instalá-las em suas ruas, praças e demais logradouros públicos.
Entre elas, as brasileiras Campinas (SP) e Pelotas (RS).
Pããããããta que o pariu!!!!!

sábado, 8 de janeiro de 2022

Carnaval... o Meu... Inescapável

Autorizado ou não
Lícito ou clandestino
De Momo ou de Baco,
Há um eterno e sacroprofano Carnaval em mim :
Nos salões das minhas entranhas, 
No meu mediastino 
Nos becos de paralelepípedos e lampiões a gás das minhas veias.

Sem hora
Sem data
Sem música
Sem Cinzas
(pois nada nele arde ou queima),
Há um eterno e melancólico
Baile de máscaras em mim :
A rodopiar pelo salão
A flutuar em atmosfera de éter
E a usar máscaras de Veneza
Só um par de mascarados :
Meu coração e meu córtex pré-frontal
Minha alma e meu fígado
Minhas saudades e meu mútuo funerário já quitado.