domingo, 27 de fevereiro de 2022

Eu, Na Tua Matrix

Nunca realizei
Completamente
Nenhum dos meus sonhos.
 
Pensando bem,
Em retrospectiva,
E a bem de uma verdade íntima e intransferível,
Nunca os tive de fato;
Nunca me esforcei em bem sonhar
(erigir e manter castelos nas brumas do Onírico é ainda muito mais trabalhoso do que concretizá-los e concretá-los no mundo real).
 
Uma coisa me consola :
Sei que fui o teu sonho mais bonito.
 
E
Pretensamente
Agora tenho um sonho :
Continuar a sê-lo.
 
Pois agora sei
Que aqueles raros dias,
Com aqueles bissextos instantes,
De 10, 15, 20 minutos,
Em que fico de médio humor,
Em que não penso em me embebedar,
Em que a depressão,
Trabalhadora infatigável em mim,
Dá uma pausa para cagar
E para tomar um cafezinho,
Sou só eu na tua Matrix.

Só acontecem quando tu,
Distraída e generosa,
Andas por aí
A sonhar comigo.

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Pequeno Conto Noturno (89)

03:11 h. Pelas contas de Rubens, só há o suficiente para mais duas doses de rum na garrafa; o pirata e o papagaio lhe sorriem, zombeteiros. De uns tempos para cá, nessas horas mortas, que são as únicas em que ele se sente um pouco vivo, Rubens deu para se lembrar de G.
Nunca a conheceu por outro nome, que não G., pensa Rubens. Nunca se encontraram de fato. Não habitavam a mesma cidade, nem mesmo a mesma unidade da federação; uma distância oceânica entre eles. Não obstante, travaram intensa relação.
Rubens entorna a antepenúltima dose de rum e se lembra de que se "conheceram" via um comentário deixado por G. em um de seus textos espalhados por aí, em uma de suas garrafas de náufrago que, vez ou outra, ele lança no ciberoceano. Garrafas que volta e meia alguém desarrolha e lê o conteúdo. Mas não há como partir em resgate de Rubens, ele nunca informa as coordenadas de sua ilha. Escreve não para ser resgatado. Apenas para reafirmar sua condição de náufrago.
G., portanto, encontrou Rubens por Acaso. Isso, para aqueles que preferem acreditar na comodidade do Acaso, ao invés de se lançarem ao entendimento da matemática da existência, das peças que as probabilidades nos pregam muitas vezes.
Ao primeiro comentário da G., sucedeu-se um de Rubens. E muitos outros depois desses, de ambos. Trocaram e-mails. Passaram a se enviar textos mais extensos, relatos, declarações, desabafos. Mais íntimos, em muito pouco tempo.
Não raro, em suas tardes ociosas, recorda-se agora Rubens a ir pegar nova dose de rum, acontecia dele ir verificar alguma mensagem de G. em sua caixa de e-mail e de G. também estar lá, verificando a dela. Trocavam, então, mensagens em tempo real. Seus e-mails transformados em chats particulares e exclusivos.
G. contou a Rubens que, quando mais nova (G. ainda era muito nova então, 26 anos; Rubens a bater nos 50), era da pá virada, praticamente uma Geni, do Chico. Já uma jovem adulta conheceu aquele que tornara em seu marido. Sujeito não tão belo, mas recatado e do lar. Viu nele uma chance de redenção, um jeito de sossegar o facho e mudar de vida, deixar os tempos de devassidão para trás, tornar-se uma "mulher direita".
E, segundo ela, conseguira atingir o seu intento, aquietar o seu furor uterino. Por alguns anos, conseguira apaziguar os seus instintos. 
Até conhecer os textos de Rubens.
O contato com os textos dele trouxeram de volta os seus lascivos demônios interiores. Os textos de Rubens, contou ela, fizeram rachar e ruir o verniz de bom moça de G., romperam com as amarras da camisa de força autoimposta à sua sexualidade, ao seu pendor para a orgia.
Um, então, virou confessor pornô do outro. G. contou a Rubens experiências nunca dantes relatadas a ninguém, peripécias sexuais em que ela evitava até mesmo de pensar se perto de outras pessoas, no receio de haver um telepata entre elas.
Rubens, idem, escavou fundo o seu baú e o seu calabouço de podridão, também contou a G. todas as suas perversões e atrocidades cometidas em uma cama. 
Ou que gostaria de ter cometido.
Porque, com o passar do tempo, algumas das aventuras da G. pareciam ser inventadas, ou recicladas, uma maneira, talvez, de não deixar morrer o assunto entre eles, de continuar a excitar Rubens e a si própria. Rubens também passou a inventar e a reciclar algumas das suas.
Esgotados, possivelmente, o repertório individual de cada um, passaram a fantasiar situações entre os dois. Entre os dois e mais um. Entre os dois e mais outra. E mais outros. E mais outras. Promoviam, nas tardes em que calhava de se "encontrarem", verdadeiras bacanais vespertinas. G. masturbava-se sempre, gozava umas tantas vezes. Rubens, menos.
Olhando para a penúltima dose já pela metade no copo e tentando fazer ela render com pequenos goles, Rubens se lembra de quando G. começou a lhe enviar fotos. Inicialmente, de rosto. Uma mulher belíssima, a G. Certamente, a mais bela que  já se apaixonara por Rubens, a mulher mais linda da cidade, do Bukowski. Rubens só não gostava quando ela teimava em usar lentes de contato verdes. Depois, G. passou, numa sequência óbvia, a enviar fotos nuas para Rubens.
Peitos bem fornidos, com a turgidez própria da idade, aréolas grandes e castanhas. Peitos que, ela segredou-lhe, adorava que chupassem de forma violenta, que chegassem mesmo a tirar sangue deles, gozava com a dor.
Falsa magra, a G. Carnuda nos lugares certos. Carnes tonificadas em horas de exercícios físicos. Rubens surpreendera-se, no entanto, com a primeira foto da buceta da G. Imaginara-a, até aquele momento, um senhor dum bucetão. Nenhuma imaginação poderia ter sido mais falha: uma vulva diminuta, a de G., pequenos e grandes lábios também de reduzidas proporções, lábios que, em algumas fotos, ela afastava com os dedos para revelar a entrada da sua buceta a Rubens, uma entrada estreitíssima. Quem não a conhecesse jamais poderia supor o quanto de rola ela era capaz de aguentar; até mais de uma ao mesmo tempo, inclusive.
G. enviou dezenas de fotos ao longo da relação deles. Que durou o quê?, tenta precisar Rubens a secar o resto do rum no copo, meses?, dois ou três anos? Fotos enviadas mediante a garantia de que seriam todas deletadas ao encerrar da conversa entre eles naquele dia, imediatamente. Trato que Rubens, cavalheiristicamente, sempre honrou.
Rubens deve ter mandado umas duas ou três fotos de rosto para G. nesse tempo todo. E uma única da rola. Tirada a muito custo com uma velha máquina digital com zero pixels de resolução, tomada emprestada a Calil.
Então, de uma hora para outra, ou o que pareceu a Rubens ter sido de uma hora para outra - muito provavelmente ela há tempos planejava e tomava coragem para o seu sumiço -, G. abandonou Rubens. Sem nenhuma explicação num primeiro momento. E durante muito tempo. Simplesmente, comunicou-lhe que não mais se falariam. Rubens insistiu durante um tempo, enviou-lhe e-mails, vários e-mails, estranhando a decisão. Nenhum foi respondido.
Meses depois, talvez já se julgando mais protegida, mais imunizada contra o contágio por Rubens, G. mandou um e-mail e se explicou.
Precisara pular fora, contou. Aquela relação deles estava consumindo grande parte do seu tempo, de seu pensamento, de suas ações. Sentia que não estava cuidando, dando a necessária atenção às pessoas de sua vida real, que estava prevaricando de seus entes próximos e queridos. E que aquelas conversas clandestinas com Rubens não só tinham feito reaflorar como também estavam deixando sem controle o lado negro de sua Força, lado contra o qual tanto lutara para domesticar. Era a hora de jogá-lo de novo a uma masmorra.
Rubens entendeu, é claro. Espantou-se, no entanto. Não julgava que estivesse a causar mal a G. Pelo contrário, que as conversas entre eles, que as fantasias e desejos compartilhados, pudessem fazer um grande bem a ela, como faziam a ele. Julgava que fosse uma maneira dela extravasar todas as suas taras, fetiches e perversões sem, necessariamente, levá-las a cabo na prática, sem ter que pular a cerca, sem precisar colocar em risco, inclusive, sua própria integridade física. G. gostava de coisas bem pesadas. Rubens julgava que as lúdicas putarias trocadas entre eles pudessem mesmo ter um efeito terapêutico. Enganara-se, de novo. Antes, a envenenavam.
Rubens nunca teve nenhuma dificuldade para separar o mundo real do virtual, mesmo quando a realidade deste último muitas vezes se imponha. Rubens sempre soube separar perfeitamente as diversas realidades. Ele é um no seu ambiente de trabalho; outro, quando está com os amigos; outro, com as  mulheres que teve; outro, no mundo virtual. Nenhum influencia ou interfere com o outro. Rubens se diz, com um misto de ironia e orgulho, um esquizofrênico funcional. Mas se o mesmo não se dava com a G., só lhe restava aceitar.
Servindo-se da última dose de rum na garrafa, Rubens pensa que não deveria ter honrado tanto assim o acordo com G. de sempre apagar as fotos dela. Queria, agora, ter guardado uma foto de rosto ao menos. E não teria sido uma deslealdade da parte dele, caso tivesse reservado uma foto para si. Na verdade, nada teria sido mais justo.
G., é verdade, também não ficou com nenhum foto dele. Mas ficou com algo muito mais íntimo e pessoal : a caligrafia de Rubens. Os garranchos dele em suas carnes.
Num certo dia, G. pediu a ele que copiasse à mão o poema o Pássaro Azul, do Bukowski, o fotografasse e o enviasse para ela. G., então, imprimiu o manuscrito de Rubens, levou-o ao seu tatuador (ela tinha várias tatuagens), cuja rola por vezes chupara, e pediu que ele decalcasse à agulha a caligrafia de Rubens, a primeira estrofe do poema copiado por ele, na região de suas costelas, que a letra de Rubens ficasse eternamente a guarnecer um de seus flancos. O esquerdo ou o direito? Rubens não se lembra.
G. guardou em suas carnes o que há de mais particular e intrínseco para Rubens, a caligrafia dele, o rosto com o qual ele se apresenta para o mundo, o retrato 3x4 que, se ele pudesse, estamparia em seu R.G.
"Quero ficar no teu corpo feito tatuagem..."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Isto Aqui, Ô, Ô, é Um Pouquinho de Brasil, Iá, Iá

Desgraçado do país
Em que as elites
Tenham sido subjugadas
À ralé.

Desgraçado do país
Em que as elites
Tenham que se reportar
E se retratar,
Tenham que prestar contas
E pisar em ovos
Frente à ralé.

Desgraçado do país
Em que as elites
Tenham sido usurpadas
Das rédeas e do chicote
E em que a ralé
Não puxe mais a carroça
E não tenha mais o peso os arreios, das bridas
E das cangalhas sobre si.

Desgraçado do país
Em que a ralé
Tenha sido
Compulsoriamente
Promovida a elite.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Os Doze Passos

Um dia de cada vez,
Pensa o alcoólatra,
Em busca de não sucumbir ao vício.

Uma aula de cada vez,
Pensa o professor,
Em busca de não sucumbir até que lhe chegue a aposentadoria.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Cerveja-Feira (48)

A esfíngica e evanescente Jota, cometa vadio que feito o Halley só dá as caras mais ou menos a cada 70 anos, em uma de suas estadas mais demoradas por aqui, não se cansava de tecer desbragados elogios a uma cerveja, a Tijuca, a sua bebida mais dileta, fabricada pela Cerpa Cervejaria Paraense.
Da mesma cervejaria, eu já provara e aprovara a Cerpa Export e a Cerpa Premium, ambas boas e honestas cervejas do tipo American Lager. A Tijuca, nunca tinha nem visto nem ouvido falar.
Curioso, na época, cheguei a procurar por ela em mercados e atacadões pouco ou menos frequentados por mim. E nada. Possivelmente, era um produto comercializado apenas em âmbito regional. Esqueci da Tijuca. Nunca mais pensei nela.
Então, hoje, ao entrar em uma loja da rede atacadista Assaí, para me abastecer de uns víveres básicos, frutas, legumes, uns queijinhos, café, óleo etc, aproveitei para dar uma olhada na seção das cervejas, ver se havia alguma oferta de fim de semana.
E lá estava ela. A Tijuca. Em bela e esguia long neck. Barata? Nem tanto. Não para os meus padrões. R$ 3,99, a long neck de 350 ml. Só a título de comparação, por R$ 2,49, estava a muito boa Brahma Extra Lager.
Nesse caso, porém, o preço era um fator secundário, um pormenor de somenos. Eu não estava, a me fiar nos relatos da Jota, diante de uma simples cerveja. Sim, diante de um mito. De uma lenda amazônica. Praticamente, um boto engarrafado.
Comprei. Uma e apenas uma. Para provar. Que não vou ficar agora me dando a perdularismos.
Boa, a Tijuca. Não é a oitava maravilha do lúpulo, mas é boa. Muito mais saborosa, inclusive, que muitas outras por aí que tentam se passar por puros maltes, como a Itaipava 100% Malte, a Brahma Duplo Malte, a Spaten e outras arapucas.
Valeu para matar a vontade e a curiosidade.
 
Para Ti, Jota
Uma Tijuca

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Banido Pela Esquerda

O Brasil 247 é um site comuna hors concours em safadeza e pilantragem. O que não deixa de ser, sob a óptica dos vermelhos, uma posição das mais meritórias, afinal, entre os "companheiros", a competição é acirradíssima nessa área.
Inclusive, em sua delação premiada à Lava Jato, o lobista Milton Pascowitch declarou que o Brasil 247 recebeu dinheiro do PT para falar bem da máfia da estrelinha. Dinheiro esse, repassado ao Brasil 247 pelo próprio Pascowitch a pedido de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Um montante de R$ 180 mil cujos recursos teriam sido desviados da Petrobrás e de outras empresas. 
Conheci o site por acaso. Caí de paraquedas no Brasil 247 em 2018, na época do impeachment da presidanta Dilma Rousseff, e muito me diverti por lá fazendo comentários irônicos e jocosos a respeito dos delírios golpistas da comunistada. Provocações que, muitas vezes, geraram réplicas raivosas e engraçadíssimas. De vez em quando, se por acaso eu tivesse escrito um texto anti-PT no Marreta, colocava lá também o link no comentário. Só para tirar um sarro da vermelhada.
Com a Dilma enxotada do Planalto, cansei de ficar chutando cachorro morto e nunca mais visitei o Brasil 247.
Até anteontem. Quando fiquei sabendo que a gracinha Fernanda Takai, vocalista e compositora da banda Pato Fu, ao contrário de Chico Buarque, não cederá às pressões das feminazis suvacudas e continuará, sim, a cantar Com Açúcar, Com Afeto. Música que consta do repertório de seu primeiro disco solo, Onde Brilhem os Olhos Seus, gravado com canções outrora interpretadas por Nara Leão.
Fui atrás de mais detalhes sobre a notícia e o Google me jogou no Brasil 247, que, por incrível que pareça, abordou a decisão de Fernanda Takai de forma bem neutra, não cobrando dela nenhum tipo de engajamento pseudofeminista e sem nenhuma insinuação de um possível cancelamento da moça.
Mesmo assim, não resisti. Tasquei um comentário e, no fim, pus o link para a minha postagem Chico Amarelou Frente aos Vermelhos. Quando cliquei em "enviar", a surpresa : surgiu uma mensagem do B247 me informando de que eu fora banido do site! Pããããããããta que o pariu!!!! O meu banimento foi informado, é claro, numa faixa vermelha, logo abaixo do comentário.
Sou persona non grata num site patrocinado escusamente pelo PT! Nem mil horas de terapia, caso eu fizesse, poderiam, de novo, recuperar a minha autoestima!
Abaixo, o Azarão devidamente amordaçado e cancelado pela esquerda, a mesma que defende, em discuro, a diversidade de ideias, a pluralidade do pensamento, a tolerância às diferenças.
Senti-me não banido, mas condecorado! Diga-me quem te censura e te direi quem és. Foi um puta dum elogio, o meu banimento. Uma homenagem. 
Como da vez, isso lá ainda na década de 1990, quando fui tornado em um proscrito pelos "inteligentinhos" maconheiros do diretório acadêmico da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da USP, por conta da publicação do bombástico, anárquico e mimeografado jornal O Pasquímico, que hoje vejo ter sido o embrião do Marreta.
Outro infausto episódio de minha trajetória contra a hipocrisia do politicamente correto que compensa ser conhecido :
 
em tempo : as informações sobre a propina paga pelo PT ao Brasil 247 tiveram como fonte o site Carta Capital.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Instituto de Pesquisa DataCamelô Dá Vitória Disparada a Bolsonaro

Datafolha é o caralho! Ibope é a puta que o pariu! Que são todos institutos de pesquisas vendidos e macomunados a setores políticos e econômicos da nação. Tudo pesquisa encomendada, tudo dado viciado.
As mais recentes "pesquisas" mostram o Sapo Barbudo com larga vantagem sobre o Cavalão. Mas onde e com que público essas pesquisas são feitas? Os pesquisados são, de fato, escolhidos aleatoriamente? Compõem uma amostragem confiável e representativa da população? Duvido. 
Duvido que algum desses "respeitáveis" institutos de pesquisa saia às ruas, vá aos pontos de ônibus, aos botequins pés sujos, aos canteiros de obras, aos pontos de parada de caminhoneiros, às lojas de R$ 1,99, aos restaurantes de prato feito, às filas dos postos de saúde, enfim, duvido que alguma dessas empresas ouça o povão, o baixo clero da população.
Pois foi o que fez, ainda que inadvertidamente, o camelô pernambucano Zedequias Serafim, de 58 anos, que tem a sua barraquinha numa grande avenida do centro de Fortaleza, Ceará. Sem querer, Zedequias realizou uma pesquisa informal sobre as preferências do brasileiro para o próximo pleito presidencial. Pesquisa feita com o povão, com o brasileiro de raiz.
No fim do ano passado, com mira às vendas de Natal, Zedequias começou a comercializar toalhas de banho com os rostos de Jair Bolsonaro e Luis Inácio Nove-Dedos da Silva.
Para a surpresa do vendedor ambulante, a venda de toalhas do atual Chefe do Executivo "estourou", superou em muito a tiragem das toalhas do maior larápio da história do Brasil.
"A aceitação, a gente está vendo que está muito mais para Bolsonaro. Eu não imaginava que aqui, em Fortaleza, ele tinha essa aceitação, porque aqui é PT, você sabe, do governador, todo mundo…", declarou Zedequias.
Até o dia 30 de dezembro de 2021 (data da reportagem da qual tirei essas informações), em pouco mais de duas semanas da oferta dos dois produtos, Zedequias disse ter vendido 660 toalhas de Bolsonaro contra 130 de Lula. Cinco vezes mais toalhas do Mito!
Perguntado sobre que toalha ele compraria, Zedequias saiu pela tangente : "Uns criticam, outros comentam, mas eu não quero trabalhar só com um. Se botar alguma de Moro aqui, eu vendo também. Eu quero é vender."  E tá certo, o Zedequias.
Porém, todo cuidado é pouco (e inútil) com pesquisas eleitorais, mesmo com uma que apresenta a lisura e a imparcialidade da do Zedequias.
Nesse caso, apesar da aparente e inconteste vantagem de um dos presidenciáveis, nada assegura que a preferência ou por Bolsonaro ou por Lula no momento de comprar uma toalha de banho irá se reproduzir nas urnas, na hora H da escolha do candidato. Nada garante que o cara que comprou uma toalha do Bolsonaro não venha a votar no Lula, e vice-versa. A muito depender do porquê o cara adquiriu ou essa ou aquela toalha.
Explico. Eu nunca votei no Lula! E nem votarei jamais! Voto em qualquer outro que vá com ele para o segundo turno. Mas, se eu passasse em frente à barraca do Zedequias, eu compraria uma toalha do Lula. Para enxugar o cu com a cara do Sapo Barbudo! Para passar a rola nas fuças do Seboso de Caetés!
Segundo Zedequias, a margem de erro da pesquisa é de oito toalhas, para mais ou para menos.
Pããããããããta que o pariu!!!!! 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

De Quem é Esse Jegue, De Quem é Esse Jegue...

Bolsonaro é o Orlando Silva do Planalto! É o Presidente das multidões! Por onde passa, arrasta torrentes de seguidores.
Não poderia ter sido diferente ontem, na cidade de Jardim das Piranhas (RN), onde o Cavalão participou de um evento sobre a transposição das águas do rio São Francisco e acabou por promover uma "jeguiata" ao passear montado num jegue pelas ruas do município acompanhado de sua comitiva.
Foi só Bolsonaro e seu séquito começarem o passeio a jegue pela cidade que outros foram se juntando a eles. Quanto mais Bolsonaro andava, mais jegues se juntavam a ele.
Na jeguiata, Bolsonaro deu provas cabais e irrefutáveis de que ele não é nada daquilo de que seus detratores o acusam, radical, extremista, fascista etc. 
Antes pelo contrário, Bolsonaro mostrou que sabe jogar o bom jogo da política, que é um verdadeiro adepto do fair play. Mostrou que, independente das posições e convicções políticas e ideológicas, é capaz de bem conviver com seus antagonistas, que é capaz de participar de manifestações pacíficas como a jeguiata lado a lado com seus oponentes. Como vemos na foto abaixo, na qual Bolsonaro passeia juntinho com um petista, montado nele. Isso sim que é um exemplo de civismo e de civilidade.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Aula Magna

Primeira aula do dia. Aula dupla. Noventa minutos de duração. O mesmo tempo de uma partida de futebol.
Pior : sem um intervalo de vinte minutos entre os dois tempos.
Pior : no futebol, nenhum jogador corre o tempo todo, ou tem que jogar em todas as posições. Tem sempre alguém parado, descansando. O goleiro só se mexe no caso de uma ofensiva mais contundente do adversário; idem para os zagueiros. O meio de campo, como o nome diz, só faz o meio de campo, só pega a bola e a repassa adiante. O ataque, parece-me, talvez seja a posição que denota uma maior atividade e correria; mesmo assim, os dois ataques não funcionam simultaneamente, ora um se mexe, ora outro. Não é o caso do professor. O professor tem que correr os noventa minutos. E jogar, como ficou instituído de uns tempos para cá, em todas as posições : professor, educador, conselheiro, mediador de conflitos e até carcereiro - sim, muitas escolas recebem "vítimas" recém-egressas dos sistemas "correcionais" juvenis, Febem, Fundação Casa etc, haja vista que nenhum juiz ou promotor da Infância e Juventude que ordenam as matrículas dos anjinhos possuem filhos, netos ou quaisquer entes queridos nos bancos das escolas públicas.
Óbvio que eu não concordo, que eu repudio toda essa pluralidade de funções do professor, toda essa polivalência que foi sendo sutilmente imputada ao professor de umas duas décadas para cá, polivalência para a qual, claramente, ele não está preparado e, mais claramente ainda, pela qual ele não recebe paga, tudo um presente e obra da peidagogia moderna. Pior : e tem muito professor que abraça a bronca, que enche a boca pra dizer que é um "educador". Sim, professor é burro, em sua grande maioria.
Sete da manhã. Soa o sinal. A sirene. Muitos dizem que as sirenes das escolas são parecidas com as de prisões e penitenciárias. Antes fossem. Prisões e penitenciárias operam com muito mais disciplina que uma escola. E seus agentes tem ainda alguma autoridade.
Sete da manhã. Soa o sinal. Na sala, nem metade dos alunos; a maioria ainda a conversar e a circular em algazarra pelo pátio, a esperar que o inspetor os ponha para dentro, feito bois a aguardar pelo vaqueiro que os tanja para o curral.
Antigamente, eu dava uma tolerância de cinco minutos, ao fim dos quais, fechava a porta e fim de papo. Os retardatários que entrassem na segunda aula. Hoje, não. Espero cinco, dez, quinze minutos. Procrastino em cima da procrastinação alheia. Se isso não é se aliar ao inimigo, eu não sei mais o que possa ser. Se isso não é me tornar o meu próprio inimigo, não sei mais o que possa ser.
Turma nova. Primeira aula com ela.
Começo a minha fala, inútil; ninguém quer saber dela; apresento-me e à minha disciplina, idem. Coloco no quadro, e peço que copiem, o conteúdo programático do primeiro bimestre. Colocar o conteúdo programático no quadro, ao invés de, simplesmente, começar a trabalhá-lo de pronto, é uma das estratégias clássicas para enrolar uma aula. De fazer cera, como se diz no futebol. Assim como o que vem na sequência, o chamado Contrato Pedagógico, no qual estabeleço a que tipos de avaliação o aluno será submetido (ele não estudará para nenhuma delas) bem como as regras mínimas de conduta para a convivência em sala de aula, regras que eles teimarão em não seguir e que eu não terei forças para manter por mais que duas, três semanas, um mês.
A essa altura, mal se passaram trinta ou quarenta minutos. Valho-me, então, de uma outra tática de enrolação, mais nova e recente que a transcrição conteúdo programático, mas já tão clássica e eficiente quanto ele : a avaliação diagnóstica. Cujo "objetivo" é fazer uma sondagem do que o aluno se lembra da série anterior através de um questionário, mapear os seus pontos fracos a serem revisados e reforçados.
Ora, porra! O aluno não se lembra nem do que comeu no café da manhã, entretido e bestificado que estava pela tela de seu telefone celular enquanto engolia seu café com pão com margarina. Vai lembrar da matéria da série anterior? Só outra sugestão da peidagogia para matar o tempo de aula, para ir empurrando com a barriga, a tal avaliação diagnóstica.
Passo as questões e os deixo à vontade para respondê-las. 
Alguns poucos, uns quatro ou cinco, de espíritos mais indômitos, até tentam iniciar a atividade, mas logo desistem frente ao barulho e ao bate-boca da maioria e logo se juntam a ela. Sacam de seus celulares e vão compartilhar memes, vídeos engraçados, tirar fotos fazendo boquinhas de cu e poses de manos, enviar mensagens com palavras truncadas e carinhas idiotas.
Olho para eles. Eles nem sabem mais que eu estou ali. Olho para eles. E estão todos satisfeitos. Na maior alegria. Felizes da vida. Como eu jamais me lembro de ter estado um dia.
Pior : diferente do futebol, não há vencedores, muito menos campeões.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(53)

A paixão é uma merda! É droga pesadíssima. Ilícita, hedionda e inafiançável, deveria ser decretada. E a fossa, meu chapa, e a dor de cotovelo e a alma liquefeita em álcool e vômito e o beijo na boca da privada, nada mais são que os sintomas da abstinência da paixão. A fossa, meu chapa, é o choramingar e o implorar, é o uivar e o ganir do organismo ressentido e convulso pela falta da buceta que resolveu ir rodopiar em outras varas.
Deveriam existir clínicas de reabilitação para os apaixonados que não conseguem largar o vício. Clínicas de internação compulsória, pois o dependente da paixão não quer reconhecer que tem um problema. Antes pelo contrário, crê piamente que o seu vício, a paixão, é o caminho para a sua felicidade. Ah, esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei... Deveriam ser criados grupos de apoio para esses sofredores, para esses penitentes de Eros. Um A.A., apaixonados anônimos.
A fossa não tem prazo certo para acabar, ela durará o tempo do organismo se livrar de todos os resquícios e traços da paixão, de limpar e descontaminar todas as suas células, artérias, narinas, ouvidos, língua, dedos, lençóis, armários, gavetas e porta-retratos da onipresença da pérfida que lhe pôs penduricalhos à testa.
Disso, bem sabe e entende o cantor, compositor e também corno Ivan Lins. Grande e respeitável nome da MPB corneado pela então esposa Lucinha Lins, com Claúdio Tovar, um bailarino. Pãããããããta que o pariu!!!! E tão desnorteado Ivan estava pela abstinência do ser amado que permitiu que a algoz de seu coração e de seus testículos continuasse a envergar o seu sobrenome, nome que arrastara pela lama.
Ferido pelo galho e sensibilizado por ele em sua verve poética, Ivan Lins compôs a belíssima Você Foi Saindo de Mim. Mais que um simples relato musicado, um testemunho de vida de um corno em recuperação.
Você Foi Saindo de Mim
(Ivan Lins)
Você foi saindo de mim
Com palavras tão leves
De uma forma tão branda
De quem partiu alegre.

Você foi saindo de mim
Com sorriso impune
Como se toda faca não tivesse
Dois gumes.

Você foi saindo de mim
Devagar e pra sempre
De uma forma sincera
Definitivamente
Você foi saindo de mim
Por todos os meus poros
E ainda está saindo
Nas vezes em que choro.
Para ouvir a canção, é só clicar aqui, no meu desintoxicado MARRETÃO.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

SBT - O Sistema Bolsonaro de Televisão

Lá! Lá! Lará! Hei!
Lá! Lá! Lará! Hei!
Lá! Lá! Lará! Lá! Lá! Lará! Lará!
Bolsonaro vem aí! Lá! Lá! Lará! Lá! Lá!
Bolsonaro vem aí...

O Bolsonaro é coisa nossa, o Bolsonaro é coisa nossa.
Mas que vai, vai, mas que vai, vem, mas que vai, vai, mas que vai, vem...
 
É o SBT! O sistema Bolsonaro de Televisão!!!
Na semana passada, na segunda-feira, 24/01/22, o intrépido Messias lançou o app (que viadagem) Bolsonaro TV. O aplicativo tem por missão unificar as redes sociais de toda a família Bolsonaro, mas por ora reúne apenas publicações do Mito.
O Bolsonaro TV reproduz as mensagens, pronunciamentos, vídeos e fotos do Cavalão publicados em suas páginas do Twitter, do Facebook, do Instagram, do YouTube e do anárquico Telegram. Bem como a agenda oficial do Presidente.
Agora, você poderá acompanhar os passos do Mito em tempo real, não perderá nem mais um lance de seu assoberbado e polêmico governo. Todas as peripécias do Mito na palma da sua mão. É o BBB, o Big Bolsonaro Brother.
O desenvolvedor e dono do aplicativo é Rogério Cupti de Medeiros Junior, advogado e assistente do gabinete do amor do vereador Carlos Bolsonaro, o Carluxo, o filho nº 2 do Presidente. 
A ideia é boa. Se eu tivesse telefone celular, eu baixaria o aplicativo, com certeza! Nem que fosse só para abri-lo, durante o intervalo na escola, ao lado de um professor esquerdista, só para fazê-lo engasgar com o café.
A ideia é boa, porém, ainda muito limitada. O Bolsonaro TV deveria diversificar as suas atrações. Se encontro com o Carluxo, proporia-lhe que o Bolsonaro TV fosse além dos assuntos políticos, sugeriria-lhe que o aplicativo se transformasse numa plataforma com outros canais, de outros temas, que mostrassem as preferências e os interesses do Mito em outras áreas. É a Bolsoflix.
Poderia haver, por exemplo, o HBOlsonaro, com os filmes preferidos do Presidente, que julgo serem filmes de ação, de muito tiro e porradaria, filmes de machos das antigas, filmes de caubói, tipo O Segredo de Brokeback Mountain.
Também o MTV, a Mito TV, com as músicas que o Jair ouve em seus momentos de lazer, nos churrascos com os amigos onde ele impera como um indestronável Tiozão-Mor, no toca-CDs do seu carro e na intimidade de seu lar, quando em companhia da primeira-dama.
E se a minha sugestão for acatada e fizer sucesso e bombar na web, os lucros, claro, serão rachados entre mim e o Carluxo.
Pãããããããta que o pariu!!!! 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Aniversário do Marreta do Azarão

Treze anos de Marreta. Treze anos de muita pancadaria e putaria. E, nos últimos tempos, de muito cansaço... de um cansaço brutal, inextinguível... uma vontade de nada.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

O Polissêmico Cu

Sempre gostei demais de um cu! É um apego, uma atração, que não encontra bases no racional e nem, tenho certeza, remonta apenas dessa vida. É uma coisa ancestral, atávica. Mediúnica, chega mesmo a me parecer. Assumo-me um aficionado por cu. Eu e o Rogério Skylab!
E, pelo visto, também o sorumbático GRF, cuja postagem Um Idioma Sem Culpa inspirou esta minha, que, assumo desde agora, nada tem de original, é uma cópia descarada e desavergonhada da dele.
O cu é órgão dos mais versáteis e multitarefas. Prestando-se, inclusive, ao ato de defecar.
E se o cu já é pau pra toda obra fisiológica e organicamente falando, semanticamente, então, ele é um coringa esquizofrênico.
O cu é mais polissêmico dos vocábulos.
O cu é monossilábico, mas tem muito a dizer. Se, por um lado, o cu é diminuto em sua grafia, por outro, é incomensurável, paulossilvínico em suas acepções e significados.
Infindáveis e inesgotáveis são os sentidos que o cu pode assumir nas igualmente sem-fim expressões idiomáticas da nossa Língua, inculta e chula, por isso bela.
Que é do que tratou a postagem do GRF, das diversas expressões idiomáticas que têm o cu como protagonista. Expressões que reproduzirei aqui da mesma forma que lá, numa tabela, quase que um infográfico. Depois da tabela, adicionarei umas tantas outras.
Outras expressões que homenageiam o cu:
- arrepiou até os cabelos do cu;
- quem come pimenta, sabe o cu que tem;
- pimenta no cu dos outros é refresco
- no cu do Judas;
- contar com o ovo no cu da galinha;
- enfia no cu essa merda;
- quero que o seu cu pegue fogo;
- é o cu da cobra;
- no olho do cu;
- cu de bêbado não tem dono;
- CDF, cu de ferro;
- vai dar o cu pra galinha bicar;
- é de foder o cu do palhaço;
- trancar o cu;
- vai coçar o cu com serrote;
- mais folgado que cu de avestruz;
- mais apertado que cu de pulga (contribuição do Jotabê)
- saliva de cu é creme rinse (essa, de minha autoria); 
- é melhor um cu no pau do que duas xavascas voando (idem)
E Viva o Cu!!!