domingo, 28 de fevereiro de 2021

As Aventuras de Paulo Maluf na Cidade do Vaticano

Esta postagem é uma contribuição minha à cultura geral, inútil e anedótica do Jotabê, que me disse não conhecer o folclórico episódio que logo narrarei.
 
Paulo Salim Maluf foi/é (ainda vivo e com 90 anos) um dos grandes mitos da nossa História recente. Que nós, brasileiros, como digo sempre, não temos História, temos Folclore. 
Paulo Maluf é corrupto das antigas. Dos honestos. Da nobre linhagem dos que roubavam, mas faziam; hoje, apenas roubam. 
Mestre intrancafiável das falcatruas - até a Interpol está há anos em seu ençalco, sem sucesso -, Paulo Maluf contribuiu até para o enriquecimento (ilícito, é claro) do nosso vernáculo, inspirou o neologismo "malufar", que designava a ação de roubar, passar os cinco dedos (ou os quatro, de forma mais eficiente ainda, como logo um outro mostraria).  No princípio, era o Verbo. E o Verbo fez-se em Paulo Maluf. Eu malufo, tu malufas... Neologismo caído em desuso pós-advento do PT ao poder, transformado em arcaísmo e substituído em upgrade pelo neosuperlativo máximo da rapinagem, o verbo "lular".
Paulo Maluf também é homem de deus das antigas. De batismo, primeira comunhão, crisma, casório na igreja e de, quando chegar a hora dele, extrema-unção. De ir à misssa, de joelhos calejados pelo genuflexório, de comungar, de confessar maracutaias ao padre, de pagar dízimo até de caixa 2.
Católico confesso, contrito e devoto que é, Paulo Maluf não poderia ter se furtado (só aos cofres públicos), valendo-se de sua influência política à época como governador do estado de São Paulo, de conseguir um encontro com o então Papa João Paulo II, o Papa mais pop da história da Igreja.
Reza a lenda - e confirmam as más-línguas - que o episódio narrado a seguir faz parte de tal encontro.
"O Papa recebeu Paulo Maluf à entrada da Basílica de São Pedro, que já ficou ressabiado de ter que passar em revista pela Guarda Suíça, e foram, ambos, para a Sala Régia do Vaticano, a Sala do Trono. Lá, o Papa fez servirem um bom café com rosquinhas a Paulo Maluf, que, por força do hábito e aproveitando uma distração do Papa, enfiou um monte delas no bolso, para fazer uma boquinha mais tarde.
Conversaram, então, sobre a política mundial, sobre a panorama das religiões, das suas atribulações como homens públicos e representantes de seus povos, também de amenidades e trivialidades; enfim, sobre a vida.
Num dado momento, Paulo Maluf se viu chamado pela natureza a esvaziar a velha bexiga.
- Vossa Santidade, terei que interromper nossa espiritual e iluminada conversa por motivos dos mais mundanos e terrenos, por conta de uma urgente micção que me acomete, poderia, com a graça de Deus, indicar-me o adequado recinto mais próximo?
- Ah, meu filho, tudo aqui na Basílica é muito grande e tudo muito longe, eu mesmo chamo o papamóvel, quando tenho de ir à sala do "trono", o mais perto fica a uns quatro ou cinco longos corredores daqui. Faz o seguinte, meu filho, vai atrás daquela estátua de São Pedro e mija lá mesmo, que o pessoal da limpeza dá um jeito depois.
- De jeito nenhum, Vossa Santidade! Urinar na estátua de São Pedro seria uma heresia, um verdadeiro pecado.
- Deixa disso, meu filho, confie no que eu digo, não tem problema, não, vai lá, se alivia, sem culpa.
- Não posso, Santo Padre. Seria um desrespeito inominável a São Pedro, o fundador da nossa Santa Igreja.
- Olha, meu filho, confie na minha infalibilidade e deixe eu lhe explicar de uma maneira que você possa entender : para quem já cagou tanto em São Paulo, o que é uma mijadinha em São Pedro?".
"O que é uma mijadinha em São Pedro, meu filho?"

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Eles Venceram. E o Sinal Está Fechado Para Vocês, Que São Jovens

Trinta anos de o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, o Manual Prático de Formação do Delinquente Juvenil. Vinte e cinco anos da LDB, as Leis de Diretrizes e Bases do Ensino, a Cartilha Paulofreirista de Formação do Semianalfabeto, do "coitadinho", do "oprimido", da falsa inclusão e do blá-blá-blá verborrágico da pedagogia em substituição aos conteúdos científicos e acadêmicos de fato, o Português, a Matemática, a Química, a Física, a Biologia.
Vinte e cinco anos de Progressão Continuada, a promoção automática do vagabundo e do preguiçoso, sistema em que a simples presença - muitas vezes malcomportada e desrespeitosa - do aluno o capacita a "passar de ano", a ser promovido para a série seguinte. Vinte e cinco anos da oficialização e da valorização da vagabundagem escolar em detrimento do respeito, da disciplina e do afinco e da dedicação aos estudos.
E tudo!, tudo embasado "cientificamente" pelos pedagogos, educadores, teóricos de gabinete, sociólogos e toda a sorte de ideólogos da esquerda festiva, da esquerda caviar.
Logo, não foi preciso que tenhamos nos debruçado sobre o hermetismo de uma centúria de Nostradamus para prever o resultado colocado abaixo, publicado em manchete pelo portal G1 :
Os resultados que constatam de forma cabal o total naufrágio do ensino público brasileiro são das provas do Sistema de Avaliação do Ensino Básico, o Saeb, aplicadas em 2019. Importante que seja frisado : os resultados são do Saeb 2019! Ano em que o mundo ainda caminhava dentro de sua chamada normalidade. Não dá nem para colocar a culpa na pandemia da Peste Chinesa, que, de fato, levou a uma brutal queda do rendimento escolar em 2020.
E ainda que fossem os resultados de um Saeb (não realizado) 2020, ainda que fossem. Os números apresentados pela reportagem, tabulados pela plataforma QEdu e divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), correspondem aos aproveitamentos de alunos que acabaram de concluir o terceiro e último ano do ensino médio, que passaram, no mínimo, doze anos na escola. Um único (por enquanto) ano de pandemia não dizimaria desta forma com a formação escolar dos onze anos pregressos. Se tivessem sido onze anos bem feitos, sérios.
Apenas 5% dos jovens adultos brasileiros com diploma de ensino médio sabem voltar ou conferir um troco. Apenas 5% dos jovens adultos brasileiros com diploma de ensino médio sabem decidir, por exemplo, se compensa pagar 10 reais por uma embalagem de 500g de um produto ou 6 reais por uma de 250g; que dirá, então, decidir acertadamente entre pagar R$ 1,89 por uma latinha de cerveja de 350 ml ou R$ 2,39 por um latão de 473 ml, cálculo tão necessário em nosso dia a dia. Apenas 5% dos jovens adultos brasileiros com diploma de ensino médio sabem, inclusive, o que significam 5%.
A cada ano, a escola pública desova no mercado tropas de jovens adultos condenados ao fracasso, jovens que, se derem sorte, terão ocupações profissionais que qualquer chimpanzé bem treinado poderia cumprir até mesmo com maior eficiência, uma vez que não estaria distraído com seu telefone celular enquanto trabalhasse. Jovens adultos que envelhecerão pulando de subemprego para subemprego. E felizinhos e satisfeitos da vida, sem nenhuma mágoa ou revolta por suas inaptidões, pois foram também condicionados socialmente nos bancos escolares a tomarem seus fracassos como uma grande realização pessoal. Ao estabelecer e impor que, nas salas de aula e nos materiais didáticos adotados, sejam trabalhados, enfocados e supervalorizados apenas temas "relevantes e sensíveis" ao cotidiano do aluno, a escola, depois de anos e anos martelando nesta tecla, acaba por convencê-lo de que aquele seu cotidiano de merda não só é bom como também desejável, o único que lhe é possível. E o sujeito fica conformadinho. Pelo resto da vida. Funciona melhor que um sistema oficial de castas.
"Apenas 5% dos alunos da rede pública terminam o ensino médio com conhecimentos adequados em Matemática".
Diante de um quadro tão negro e da total desvalorização do quadro-negro, só me resta dar os meus parabéns aos pedagogos, aos educadores, aos teóricos de gabinetes, aos sociólogos e aos demais ideólogos esquerdistas deste nosso Brasil dantes mais varonil.
Meus mais sinceros parabéns De verdade. Sem nenhum laivo de sarcasmo ou de ironia. Vocês venceram. Dou-lhes a minha cara a torcer e o meu braço a tapa. O aniquilação do Ensino Público não foi uma fatalidade : foi um projeto! Ainda o é. Ainda está em andamento. Parabéns, mesmo. Vocês tiveram pleno sucesso nos seus planos para o fracasso da educação pública.
Eles venceram. Os ideólogos da esquerda canalha venceram. Os políticos de esquerda foram derrotados nas urnas; por outro lado, os ideólogos vermelhos infiltrados na educação nunca lograram maior triunfo.
Os ideólogos da esquerda venceram, por exaltar e conferir vantagens constitucionais à preguiça em um país de índole naturalmente preguiçosa.
Eles venceram. E o sinal está fechado para vocês, que são jovens.

Fonte : Portal G1

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Volkswagen Relança Modelo de Carro Retrô, Retrô-vírus

Surfando na atual tendência dos novos modelos do Covid-19 produzidos na Zona Franca de Manaus, a Volkswagen reedita um de seus maiores êxitos mercadológicos da década de 1970 : a Variant.
Variant 1973, na cor azul-calcinha.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Pequeno Conto Noturno (84)

Rubens, às 03:34 h da manhã, entornando a oitava dose de Guerra Fria (vodka + coca-cola, o melhor dos dois mundos), a ouvir "Gota d'água", "Mil Perdões", "Eu te Amo", "Atrás da Porta" e a invejar, sem querer mal, e a querer ser, sem deixar de ser-se, o Chico, reabastece a tigela de ração das gatas, duas senhorinhas não muito bem comportadas de 13 anos de idade, para não deixá-las em involuntário jejum caso durma até o sol a pino, embora saiba que seu sono nunca ultrapassa o horário do Globo Rural - não importa em que horas se deite, se renda, nem o quanto de álcool há em seu sangue a estofar feito plumas de ganso o seu travesseiro.
Na verdade, não teme acordar tarde e deixar as suas meninas ("olha as minhas meninas, as minhas  meninas, onde é que elas vão...") em dieta não consensual. Teme, ao mesmo tempo em que deseja, não acordar. Morrer. Na verdade, não quer suas confidentes ronronantes tenham de se alimentar de sua carne indigesta e amarga até que algum vizinho, incomodado pelo mau cheiro, acione a polícia, os bombeiros, o IML.
Anda pela sacada com o copo na mão. Apalpa e verifica a terra dos vasos do manjericão e da hortelã - ver se não está tão seca -, a terra dos vasos dos cactos e das suculentas - ver se não está tão molhada -, por fim, a dos vasos das samambaias e das orquídeas - calibrando, quando julga necessário, as umidades atlânticas propícias aos seus vicejares.
Senta-se, acaba com a dose, mastiga, tritura e engole as pequenas pedras de gelo residuais do fundo do copo. Fecha o caderno. Põe a tampa na caneta. Desiste de mais um poema que ficou sem desfecho, que ficou pela metade. Antigamente, as ideias lhe fluíam feito patinadores no gelo a estas horas da madrugada; hoje, são aleijados de muletas tentando andar em terreno de mangue. Mais uma ideia a não ser retomada e concluída. Mais um natimorto para o cemitério de suas gavetas.Vai à cozinha, prepara a nona Guerra Fria, volta à sacada ("passas em exposição, passas sem ver teu vigia, catando a poesia que entornas no chão..."). 
Pensa em Virna, em Yrina, em Selene. Desejaria tê-las ali com ele, naquele momento? Desejar? O que tem o Desejo a ver com isso? As pessoas, pensa Rubens a emborcar o copo, dão muita importância e prestam excessiva vassalagem ao Desejo. Superestimam-no e sujeitam-se a Ele como se não fosse possível não. Por que o sussurar do Desejo tem que, obrigatória e forçosamente, ser respondido com uma ação na busca e na captura de seu objeto? Não tem. Ter o Desejo não implica em ter de saciá-lo.
Há tempos que Rubens aprendeu a ignorar e dar as costas ao Desejo, esse ser andrógino de olhos dourados e irmão do Sonho e da Morte, a ouvir os Seus conselhos como aos de um louco.
Desejaria tê-las em lugar da placidez muda e do silêncio de placenta do envelhecer de suas gatas e do brotar de suas plantas? Ou tê-las somadas, em ruído dissonante, à inerte paisagem?
Não. Não mais. E ainda que desejasse, riria do Desejo. Diria ao Desejo que ele nada mais é que um Delírio.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Vou Procurar um Caminhão Para Ajudar a Desatolar

Num ato impensado de heroísmo (como é todo o ato de) e de uma impressionante demonstração sobre-humana de força, a  escocesa Charlene Leslie, dona de casa e mãe de três rebentos, ajudou a desatolar da neve um caminhão carregado de leite da empresa de latícinios Graham's. Como mostra a foto abaixo.
Não bastasse a titânica e inequívoca tonelagem da carga que ajudou a desencalhar, Charlene suplantou ainda dois outros obstáculos, que poderiam ter lhe sido fatais. A escocesa-maravilha não empurrou, simplesmente, o caminhão de leite : primeiro, ela o fez numa subida, podendo o veículo, dado ao escorregadio da pista, facilmente e a qualquer momento, começar a deslizar ladeira abaixo e esmagá-la; segundo, ela o fez enquanto era açoitada por uma pesada tempestade de neve e pelas temperaturas mais baixas registradas na Escócia nas duas últimas décadas, o que a expos ao risco de uma hipotermia.
Ao jornal "The Sun", Charlene disse que, na hora, não pensou nos riscos de seu ato quase que suicida, disse que não poderia ficar parada vendo o motorista lutar sozinho contra a tempestade : "Eu nunca fico parada quando vejo alguém em apuros. Suponho que o que fiz foi realmente perigoso, mas felizmente o caminhão da Graham subiu a ladeira com segurança. No momento eu não estava realmente pensando em mim, só queria ajudar"
Em agradecimento pelo seu ato altruísta, Charlene receberá da Graham's um suprimento grátis de leite e derivados por um ano. Na foto abaixo, Charlene ao lado de Robert Graham Sr., presidente da empresa, que a classificou como uma "Super-mulher da vida real".
Hoje, não! Que já está escurecendo e eu trabalhei o dia inteiro e tô cansadaço. Mas a partir de amanhã, vou andar por aí procurando por um caminhão para ajudar a desatolar e também ganhar um agradecimento do presidente da empresa. Um caminhão como esse aí embaixo.
Pode também ser um da Antarctica, da Bohemia, da Itaipava, da Petra, da Império, da Bavaria, da Crystal, da Schin... pode até ser um da Skol.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O Pancadão dos Velhinhos (Ou : os 300 do Asilo)

Conforme o esperado, proibir os foliões de Pindorama de pularem o carnaval fez pulular a quantidade de festas clandestinas por todo o País do Carnaval. Festas cujo o breve reinado de Momo só veio a servir de pretexto para a manada se congregar, pois, de fato, em nada guardam a essência dos velhos carnavais. São raves, bailes funks, pancadões e outras aberrações e excrescências.
Deliberada e inconsequentemente, por todo o território nacional, hordas e mais hordas de jovens, em rebeldia e desobediência civil, lançaram-se a festas que foram verdadeiros rituais suicidas de contaminação pela Peste Chinesa.
Jovens? Só se tiver sido por aí, na cidade em que você reside, caro leitor. Só se tiver sido por aí. Por aqui, na eternamente mal-educada e insalubre Ribeirão Preto (SP), rebeldia juvenil é coisa do passado. É, literalmente, coisa de velho. Por aqui, a vibe deste carnaval, o que bombou mesmo, foi o Pancadão dos Velhinhos!
No sábado de carnaval (13/02), uma denúncia de um filho da puta anônimo, levou a polícia a desbaratar uma festa com mais de 300 pessoas, promovida por uma casa de eventos localizada no Centro Velho da cidade, à rua Álvares Cabral, nº 50.
A denúncia, mais uma de várias, foi feita ao 190 e a polícia já foi preparada para descer o sarrafo na moçada (policiais ganham pouco, mas se divertem). Qual não foi a surpresa dos meganhas ao verem que era um bailão bate-coxa e mela-cueca destinado a idosos. Os famosos "bailes do desmanche".
E por pouco a polícia não pegava ninguém no local, pois o baile da velha guarda (e do velho que não mais "guarda") tinha término previsto para as 22 horas. Que Bailão do Desmanche é assim, começa ao anoitecer, ao lusco-fusco, às 21 horas é servida a canja, que é para não abusar do Corega, e às 22 todo mundo vai pra casa, vestir o pijama com bolso e as pantufas. Sei porque trabalhei com uma professora que era assídua e entusiasta frequentadora dessas matinês da terceira idade. Inclusive, corria à boca pequena que ela era conhecida como a Pantera do Palestra (tradicional e decadente clube aqui da cidade).
Ao jovem, o atenuante concedido à sua inconsequência é a sua própria condição de jovem, a sua juventude, que, dizem, não lhe permite ter a clara - ou mesmo nenhuma - percepção de sua mortalidade. Um jovem de 20 anos se julga imortal. Um eleito e um protegido dos deuses. E, convenhamos, o cara que é capaz de ter três ou quatro ereções por dia tem todos os motivos para acreditar nisso.
E aos velhinhos, o grupo de maior risco do comunavírus? E aos 300 do Asilo? Que atenuante poderíamos lhes conceder pelas suas inconsequências, para que não sejamos acusados de discriminação, de geriatrofobia? O que lhes poderia ser aceito como álibi?
Creio que um da mesma natureza que o concedido ao jovem; apenas no outro extremo do espectro da vida. O jovem não tem a precisa noção de sua finitude; já o velho não só a tem como também sabe que ela lhe chegará em breves e curtos anos.
Então, o velho, já com sua missão cumprida, filhos criados, já no bico do urubu, já mijando no pé, já tendo tirado as medidas com o alfaiate da funerária para o seu paletó de madeira, resolve desbundar, despirocar, "aproveitar" os poucos anos que lhe restam vivendo a ilusão de ser novamente jovem, dobrando e unindo, assim, os dois extremos do espectro da vida e fechando o círculo da triste existência humana.
Com 90 anos de idade, o matusalém vai se cuidar para quê? Vai adotar alimentação saudável e ir fazer ginástica na praça para quê? Para chegar aos 92, 93 anos? Porra nenhuma! O velhinho quer mais é rosetar! Parar de beber? De fumar? O caralho!! Na velhice, os vícios nos são os únicos prazeres possíveis.
O jovem se arrisca porque acha que não vai morrer; o velho, porque não tem muito mais pelo que viver.
Depois de uns quinze ou vinte minutos de filosofia barata, que geraram esta postagem, percebi que o motivo para a "loucura" cometida pelos 300 do Asilo aqui de Ribeirão nada teve de existencial, de "profundo" quiçá de metafísico. Foi produto da absoluta confiança na ciência. Na semana passada, os idosos e idosas (senão seria um baile gay) ribeirão-pretanos acima dos oitenta anos foram vacinados.
Pois os velhinhos tomaram a vacina, sentiram-se protegidos e foram brincar o carnaval!
Certíssimos, os velhinhos!!!!
Só esperemos que a vacina chinesa, a CoronaVac, não entre em conflito medicamentoso com o Viagra, produzido pela Pfizer. Interação desastrosa que levaria a uma movimentada e concorrida Quarta-Feira de Cinzas. No único crematório da cidade.
Pãããããta que o pariu!!!!!

domingo, 14 de fevereiro de 2021

No Combate à Pandemia do Boiolavírus, A China Inclui (no bom sentido) Matéria Antiviadagem no Currículo Escolar

A China é a pátria do coronavírus. Mas também é terra de regime comunista das antigas. A economia chinesa pode até ter se aberto ao mundo, mas abrir o CUmunismo, jamais. Se o regime é fechado, o toba também tem que ser. Os olhos da cara podem ser rasgados, o do cu, não.
A China infectou o mundo com o coronavírus; porém, está sendo infectada pelo mundo ocidental por uma pandemia ainda pior : a da viadagem socialmente construída e imposta, lenta e sorrateiramente inoculada e infiltrada pelo discurso canalha do politicamente correto de uma ala esquerdista mais liberal, mais flexível e arrombada - feministas encruadas, suvacudas e muxibentas, defensores da ideologia de gêneros, mestres-salas e porta-bandeiras do estandarte do arco-íris etc -, que pretende demolir e tornar vergonhosa, criminosa, até, a figura do macho da espécie.
Hoje em dia, o sujeito nascer homem e exercer todos os atributos e as qualidades que seu cromossomo Y lhe confere, cumprir com a função de macho que a natureza lhe deu por missão e incumbência, e ter orgulho disso, é crime. Punível pela penas capitais da lacração e do cancelamento. Orgulho de ter a rosca frouxa, pode; de ser homem, não. 
Hoje em dia, o sujeito nascer com um pau entre as pernas, ficar ereto ao ver uma gostosa e atender o chamado biológico de querer metê-lo num bom bucetão cabeludo, agora, é considerado "tóxico". Aliás, bucetão cabeludo também não pode mais, é "sujo", é "feio", "anti-higiênico e antiestético". O caralho que é! É uma delícia, isso sim!!!
Esse discurso de castração do macho e de tentativa de catequizá-lo à doutrina e à prática de escorregar no quiabo e de beijar pra trás é tão onipresente que, na maioria das vezes, ele nos passa despercebido, de tão asperso e impregnado que já se encontra no ar que respiramos.
Essa construção do "machinho" se dá por todos os flancos, essa urdidura do cara sensível às necessidades da mulher, simpático às causas sociais e ambientais, empático aos infortúnios das "minorias" e dos "vulneráveis, do cara que não conta piada de bicha, que é membro do greenpeace, que não vira o pescoço para olhar a bunda da gostosa, que sequer mija na piscina e que, claro, é um broxa irremediável (afinal um sujeito com tanta empatia e preocupação social jamais correria o risco de machucar uma buceta, ainda que, para com as próprias pregas, não demonstre mesmo cuidado e consciência social), se dá por todas as mídias, plataformas e veículos de comunicação : noticiários, novelas, filmes, livros, redes sociais, músicas e, sim e desgraçadamente, nas salas de aula.
Nas salas de aula, majoritariamente nas das redes públicas, onde as canalhas estão imunes à demissão, professoras de sociologia, filosofia, história, geografia etc - o chamado povinho da área de "humanas" - cortam e cauterizam as bolas dos sacos dos apedeutas do sexo masculino desde os seus ingressos na escola, desde as suas primeiras infâncias. Fazem-nos se sentir culpados por terem nascido homens. Martelam o tempo todo em suas cabeças (principalmente na do pau) que eles são potenciais opressores, repressores, objetificadores e agressores das mulheres. Vomitam e impõem aos meninos todas as suas frustações e recalques de mal-resolvidas que são, destilam todas as suas mágoas e seus ressentimentos por serem incapazes de segurar um macho com o que têm entre as pernas, por chatas, rançosas e "empoderadas" que são não conseguirem um pau duro para chamar de seu. Se o menino for macho e, ainda por cima, branco, aí é que ele está fodido de vez nas mãos dos "educadores" engajados e "críticos sociais" deste nosso Brasil dante mais macho e varonil. Nesse caso, ele não só é um estuprador em potencial como também o responsável por toda discriminação, racismo, homofobia e desigualdade social do país.
A emasculação social do macho não se dá apenas no terreno da ideologia, ela tem também apoio técnico-científico na sua missão, também conta com o auxílio da adição de diversos componentes, hormônios e outras substâncias químicas, sabidamente feminizantes, em alimentos e embalagens que os contêm.
A extinção do macho das antigas é um projeto muito bem engendrado. É o que eu chamo de o Complô Mundial para o Embichamento Planetário, e contra o qual eu alerto há tempos aqui no Marreta, há mais de 10 anos, como, a quem interessar possa, está exposto e fundamentado nas, entre outras, postagens abaixo. 

 
Pois é justamente essa pandemia, a do boiolavírus, esse sim comprovadamente criado em laboratórios e nos centros acadêmicos de universidades de "ciências" humanas, que está a chegar à China, que está a contaminar os seus jovens mancebos, o principal grupo de risco do boiolavírus.
Mas na China, meus caros, ditadura vermelha das antigas, o buraco é mais embaixo.Tão embaixo e escondido e protegido que inacessível e inexpugnável à entrada não só do boiolavírus como também à de qualquer outro corpo estranho de maiores dimensões.
Digamos mal o que e o quanto queiramos do regime chinês - e estaremos certos -, mas não lhe neguemos o reconhecimento e o aplauso por sua suprema virtude : a disciplina. A disciplina e a organização que lhe é colateral. Através das quais a China é capaz de detectar precocemente o inimigo, antes que ele cause maiores estragos, e combatê-lo e rechaçá-lo rápida e eficazmente. Erradicá-lo. 
O alerta epidemiológico do crescente surto do boiolavírus entre os jovens chineses foi dado pelo conselheiro político e presidencial Si Zefu, cujos olhos, não obstante serem oblíquos, não são obtusos, enxergam longe. 
Si Zefu externou sua preocupação a respeito da boiolagem adquirida dos jovens chineses (descrevendo-os como "delicados, covardes e afeminados") ao presidente Xi Jinping, que cobrou medidas urgentes e severas do Ministério da Educação Chinês. No que foi atendido prontamente : os burocratas chineses da educação criaram a Proposta para Previnir a Feminização do Adolescente do Sexo Masculino
Valha-me São Bolsonaro!!!!
A medida, entre outras coisas, obrigará, em breve, os governos locais a contratarem mais professores homens para as escolas, tidas como um ambiente excessivamente feminino. Um aumento de homens no quadro docente, segundo Si Zefu, ajudará a "combater o problema", que considera como "uma ameaça ao desenvolvimento e à sobrevivência da nossa nação"
De fato, as escolas são ambientes predominante femininos e, logo, feminizantes, emasculadores, o menino não tem, ou tem pouquíssimas, referências masculinas, só escuta um lado da história, e nele é doutrinado.
Sobretudo, professores homens de educação física, de preferência ex-atletas, para promover o "desenvolvimento vigoroso" de esportes de macho feito o futebol, e não aulas de bordado e ikebana, a fim de "cultivar a masculinidade dos alunos homens" e "melhorar a saúde física e mental deles". De novo, corretíssimo o conselheiro Si Zefu. Tem que elevar a autoestima do macho, reacender nele o orgulho de carregar um pau entre as pernas.
Há algum tempo que Si Zefu vem demonstrando preocupação com o fato de que figuras atléticas fortes não são mais tomadas como modelo e padrão de masculinidade, sendo trocadas, muitas vezes, por figuras de celebridades afrescalhadas e andróginas, como os astros do gênero musical K-Pop.
Mocinhas e "moçoilas" chinesas do K-Pop
Si Zefu não livra a cara de ninguém pelo processo de embichamento do jovem chinês. Culpa as escolas, culpa as celebridades da rosca frouxa e sobra chumbo grosso até para a dantes mais tradicional e rígida família chinesa. O conselheiro atribui parte da viadagem
ao ambiente doméstico, com boa parte dos meninos chineses sendo educados por suas mães e avós, que os criam com muitos mimos, além de lhes atribuírem tarefas domésticas femininas como lavar a louça, passar roupa, varrer a casa etc.
Pois eu sugiro que, além do aumento de professores homens e de atividades de macho, o governo chinês inclua revistas suecas de sacanagem no material escolar do apedeuta macho. Revistas suecas e "catecismos" do Carlos Zéfiro. 
É o kit macho das antigas, opondo-se ao KIT GAY que o PT quis distribuir para alunos de 7 a 10 anos de nossas escolas públicas lá pelos idos de 2010, 2011. Que se abra a mochila do chinesinho e estejam lá os livros de matemática, de chinês, de ciências etc e revistinhas de putaria. 
Que seja incentivada, nas aulas de educação sexual, a quase perdida arte da punheta entre os jovens. Que, no mínimo, três vezes por dia, o chinês largue de seu celular por cinco minutinhos e soque uma bronha. Só não vale enfiar o dedo no cu. Só não pode se eletrizar com um fio-terra.
É claro que o anúncio da tão necessária Proposta para Previnir a Feminização do Adolescente do Sexo Masculino não foi bem recebido pelos ativistas e passivistas (principalmente) das redes sociais. Novidade nenhuma. A internet, como bem o disse Umberto Eco, é o reino dos idiotas. E, digo eu, o ducado da viadada.
"Os meninos também são humanos… sendo emocionais, tímidos ou gentis, essas são características humanas", escreveu uma pessoa na plataforma de microblog Weibo. Escreveu e não disse porra nehuma.
"Do que os homens têm medo? Ser igual às mulheres?", protestou outra usuária do microblog. Nem é questão de medo, é questão de senso. De fato, não há nada de mais, muito menos de depreciativo, antes pelo contrário até, em ser igual a uma mulher : desde que se tenha nascido com dois cromossomos X, útero e uma fenda do bíquini no meio das pernas.
Uma vez que estamos a importar a CoronaVac da China, proponho que o Governo Federal negocie um combo imunitário com o governo chinês. Que, junto à CoronaVac, para ser aplicada na velharada, também recebamos a BoiolaVac, para ser inoculada em nossos jovens, que importemos o programa educacional do macho chinês para implantá-los em nossas escolas.
Si Zefu morreria de AVC da cabeça da rola se soubesse quantos alunos já me disseram que depilavam pernas, peito e saco porque namoradas, mães e professoras lhes diziam que pelo é "feio e anti-higiênico".
A importação da BoiolaVac deverá ser de inteira e exclusiva responsabilidade do Governo Federal, do intrépido Bolsonaro, pois o João Dória, governador de SP, tenho certeza, não importaria a vacina. Nem mooooorta! Não daria esse tiro no pé!
Pãããããããta que o pariu!!!!
Conselheiro Si Zefu, entrando com honra e distinção para a galeria Macho das Antigas do Marreta.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Der Goldene Handschuh

O bar que faz o Golden Horn, do filme Barfly, parecer um restaurante familiar, um McDonald's. E Henry Chinaski e demais frequentadores, universitários beberrões de fraternidades de universidades americanas. Baseado em uma história real.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Uma Saúde de Aço !

A partir do nascimento do meu filho, em 2009, comecei a me preocupar um pouco mais com a minha saúde. Não a ponto de mudar minhas práticas alimentares - tornar-me vegetariano, vegano ou qualquer outra dessas viadagens -, ou de me tornar adepto de exercícios físicos - frequentar uma academia ou, pãããããta que o pariu, uma gaiola das loucas que é um celeiro de crossfit -, mas passei a monitorá-la com mais constância, a vigiá-la mais de perto. Com filho pra criar, não podia mais me dar ao luxo de morrer. E mesmo porque já passara dos 40 anos à epoca. 
Habituei-me, pois, a visitar, desde 2010, em todo janeiro, o temido urologista. Que pede sempre lá aquela batelada de exames de sangue e de urina. Hemograma, colesterol, triglicérides, creatinina, glicemia, testosterona e, claro, aquele que tem o poder de ou nos absolver, ou nos condenar a uma dedada no toba, o PSA (antígeno prostático específico).
Neste ano, ele incluiu um exame inédito ao já corriqueiros : o Gama GT, que quantifica os níveis da enzima gamaglutamil transferase produzida pelo amigo de todas as horas, o fígado. Alterações nos níveis dessa enzima podem indicar hepatites virais, obstrução biliar, tumores hepáticos e a apocalíptica cirrose, o fim de quem ama. Mesmo que a cirrose ainda não exista, o exame é capaz de indicar consumos excessivos de álcool e outras drogas, que são prenúncios de seu possível advento.
No decorrer de todos esses anos, ele sempre me pergunta sobre a minha alimentação, sobre o meu consumo diário de água, se tenho alguma atividade física regular, se sinto dificuldades de micção, se percebo, ainda que vez em quando, a presença de sangue na urina ou no esperma e, por último, se minhas ereções continuam satisfatórias.
Nunca me perguntou, nem desta vez, a respeito do meu consumo alcoólico. Nem mesmo se eu bebo, ou o quanto. Talvez por delicadeza. Mais provavelmente por saber da inutilidade da pergunta. Do alto de suas décadas de experiência e também baseado na resposta positiva que eu sempre dou à pergunta sobre as ereções, ele sabe, assim como o inigualável dr. Gregory House, que todo mundo mente.
Achou melhor pedir logo o exame Gama GT e evitar, assim, um duplo constrangimento : o meu, de mentir ou, ao menos, minorar a verdade, e o dele, de fingir crer. A verdade está no sangue.
Nunca pedira o tal exame antes, por que agora? Estarei com cara de bebum? Confesso que fiquei mais ressabiado e apreensivo pelo resultado do Gama GT que pelo do PSA.
A pandemia da peste chinesa, o ficar em casa, o não ter o compromisso de responder tão prontamente ao toque de alvorada do despertador, o poder correr o risco de acordar com ligeiras ressaca e indisposição no dia seguinte, a desobrigação de me colocar pimpão e apresentável já às seis da matina, contribuíram para que eu aumentasse o meu consumo de cerveja.
Não exponencialmente. Mas sensivelmente. Não que eu tenha passado a tomar homéricos porres, porém, ao invés de, por exemplo, eu começar com minhas noturnas atividades etílicas nas quintas ou nas sextas-feiras, passei a antecipá-las, muitas vezes, para as quartas ou, mesmo, para as terças-feiras. E as habituais três ou quatro latinhas passaram a ganhar a companhia de mais duas ou três. Por vezes, até, na ausência de algum compromisso na parte da tarde, passei a pegar de um bom livro perto da hora do almoço e lê-lo na sacada do apartamento acompanhado de umas geladas.
Admito e repito :  estava bem mais curioso - se não receoso - em relação ao resultado do Gama GT que aos do PSA, do colesterol etc.
Transcorreram dez dias entre eu pegar os resultados no laboratório e a consulta de retorno no médico. A rigor, eu não olho os resultados previamente, antes de apresentá-los ao médico. Não por falta de curiosidade. Mas por ter plena consciência das minhas ignorância e limitações em corretamente interpretá-los. Se cair na tentação de abri-los e tudo estiver dentro dos conformes, dos parâmetros e das referências postulados pelo laboratório, tudo bem. E se algo não estiver, e se algum exame apresentar alteração? O quão uma alteração deve fugir das referências máximas e mínimas para ser um motivo de alarme? O que pode significar, indicar ou pressagiar essa ou aquela alteração?
Melhor não ficar com a pulga atrás da orelha e com o cu na mão por algo que pode não ser nada. E se for, posso muito bem esperar por mais uns dez ou quinze dias para saber que vou morrer.
Ontem, depositei, então, o intacto envelope com os resultados dos exames nas mãos do médico, que, com uma caneta, foi ticando item por item e narrando cada um deles. Hemácias, linfócitos e plaquetas, referência de tanto a tanto, as suas, tanto; glicemia, referências de tanto a tanto, a sua, tanto; colesterol, referências de tanto a tanto, o seu, tanto; testosterona, referências de tanto a tanto, a sua, tanto... até chegar, enfim, ao Gama GT : referências de 12,5 a 56 U/l, o seu, 19 U/l.  Ainda revelou mais uma meia dúzia de outros componentes do sangue e da urina, mas eu nem o ouvia mais.
Finalizou a consulta dizendo : parabéns, o senhor tem uma saúde de aço! Pããããããta que o pariu!!!! 

19 U/l dentro de uma normalidade que se estende de 12,5 a 56 U/l. Meu bom amigo fígado está zero bala. Como que saído hoje de fábrica. Praticamente uma virgem intocada! 
Valha-me São Luizão!!!! O Baco brasileiro! O santo padroeiro e protetor dos bebuns e entornadores em geral!
Na volta, no caminho para casa, já passei por uma loja de conveniência e comprei quatro latões. Da cerveja Lokal, R$ 1,99 a unidade. Para comemorar. 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A Liberdade é Triste

Não sinto mais nada.
Talvez só uma impressão,
Um soslaio de vultos e assombrações,
Talvez só uma desconfiança,
De uma diáfana tristeza,
Sincrônica e xifópaga,
De uma eu(alfo)r(r)ia 
Por esta condição:
O não sentir mais nada.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Homo sapiens sapiens. O Nó Górdio da Evolução(?).

O surgimento de novas espécies a partir de um ancestral comum, a chamada Evolução, é um processo lentííííííííssimo (leia-se milhares, ou mesmo milhões de anos), gradual e cumulativo. A Evolução não dá saltos; sobe, a passo de velho coxo, pequeninos degraus.
As diferenças e as variantes estabelecidas pela Evolução, sejam elas de ordens morfológicas, fisiológicas, motoras ou mentais, entre duas ou mais espécies aparentadas, ainda que existentes e detectáveis, ou não seriam espécies diferentes, são muito pequenas, mínimas.
E essas diferenças não estão nos tipos de habilidade de cada espécie derivada, não há marcantes diferenças no conjunto de habilidades que essas espécies possuem para assegurar suas sobrevivência e reprodução. As diferenças estão no quão uma espécie é mais ou menos eficiente que as outras nas mesmas habilidades. De uma espécie para a outra, os ganhos evolutivos se referem basicamente ao acentuamento dessa ou daquela habilidade dentro de um conjunto delas comum a todos os filhos de um mesmo "pai".
Darei exemplos para tentar melhor me explicar, sem, no entanto, nutrir grandes esperanças de melhor ser entendido.
Tomemos a belíssima e mortal família Felidae, os felinos; e deixarei o gato doméstico fora dessa, uma vez que foi tocado e conspurcado pela mão humana para ter sido tornado no que hoje ele é.
Todas as habilidades dos diversos felinos são sincronizadas para um único objetivo : a caça, para serem exímios predadores. Assim sendo, todas as espécies selvagens dos bichanos possuem : apurados olfatos, audições e visões, massa muscular com grande poder de explosão, velocidade, agilidade, ferocidade, garras e dentes perfurocortantes e até padrões de pelagem que permitem que se confundam com o seu entorno. É um conjunto de habilidades comum à todas as espécies de felinos.
O lince pode até ter uma visão melhor do que, digamos, a da onça-pintada, mas não absurdamente melhor. Não o dobro, o triplo, ou dez vezes melhor. Em comparação com os outros felinos, o lince não chega a ser um Steve Austin, e nem reduz os outros a Mr. Magoos (quem tiver menos que 50 anos, e não tiver entendido, que se vire em pesquisar, não sou obrigado a ficar explicando referências).
O tigre-de-bengala pode até ter feixes musculares mais robustos que os do leão e suplantá-lo em velocidade e alcance do salto. Mas não ao ponto de humilhá-lo, de fazer o rei das selvas comer poeira. Ele não é duas, três ou dez vezes mais rápido que o leão. Em comparação com os outros felinos, o tigre-de-bengala não chega a ser um Ben Johnson, e nem reduz os outros a... um Ben Johnson sem doping (vale aqui as mesmas observações do parêntese anterior).
O leopardo-das-neves pode até melhor se mesclar ao seu ambiente que a jaguatirica, mas não exponencialmente melhor. Em comparação com os outros felinos, o lince não chega a ser um camaleão, e nem reduz os outros a pavões sob um dia de sol.
Ou seja, todas as espécies oriundas de um mesmo ancestral são capazes dos mesmos feitos, e apenas dos mesmos feitos, com graus variados de eficiência. O que era de se esperar, uma vez que cada espécie é uma variante de uma original.
O que poderia ser, nesse exemplo dos felinos, um tipo diferente de habilidade que só uma das espécies possuísse, o que poderia ser uma habilidade discrepante, um ponto fora da reta da Evolução?
Poderia ser, por exemplo, a suçuarana - e só ela -, de "uma hora pra outra" dentro da escala de tempo evolutivo, aprender a projetar e a construir armadilhas para capturar as suas presas. Algo assim seria possível? Provável ou plausível, talvez não; afinal, a suçuarana tem se virando muito bem fazendo o que faz. Mas possível, sim. Haja vista que a Evolução, segundo a Ciência, se dá ao Acaso, de modo aleatório. Se bem que, quando a ciência dos homens diz que um processo é aleatório, o que eu ouço e entendo é que aquele processo segue e obedece a um padrão que ela, a ciência dos homens, não é capaz de identificar.
De qualquer forma, se a suçuarana viesse, um dia, a construir armadilhas, não tenham dúvidas, outros felinos também estariam a desenvolver algo parecido dentro da mesma estratégia. Haveria arapucas melhores e piores, mas a suçuarana não seria a única a engendrá-la dentre os felinos. Não seria uma habilidade exclusiva dela, o que, caso fosse, a colocaria num patamar muito superior aos outros. E a Evolução prima pelo equilibrio populacional (sangrento, é verdade) das espécies; não pela hegemonia de uma delas.
Por isso, a ausência de saltos na Evolução; por isso, a insistência no moroso galgar de degraus, para que as espécies tenham oportunidade de um aprimoramento concomitante e equivalente, para que nenhuma espécie reine absoluta em seu ambiente.
Saltemos, então, ao nosso clã, o dos primatas, os nossos primos, os grandes primatas, o gorila, o chimpanzé, o orangotango, com os quais compartilharíamos uma ancestralidade comum. Igualmente aos felinos, todos eles contam com um conjunto de habilidades em comum, pouco mais ou pouco menos potencializadas, conforme a espécie. A exemplo, são todos gregários, vivem todos em bandos, com número parecido de indivíduos, com organização social, hierarquia e divisão de tarefas muito semelhantes. De novo, e em suma, o que um gorila consegue fazer, um orangotango, ou um chimpanzé, de forma melhor ou pior, também conseguem.
Chego, enfim, à exceção entre os primatas, à exceção em toda a natureza conhecida, inclusive : nós, o Homo sapiens sapiens. Nós somos a estratosférica discrepância do processo evolutivo, o ponto não só fora da reta como também distante anos-luz dela. Nós somos o nó górdio da Evolução.
Em pouquíssimo tempo da escala evolutiva (cerca de 100 mil anos), o nosso cérebro, apesar de não ter adquirido perceptíveis incrementos anatômicos e estruturais (de forma), sofreu um espantoso salto (a Evolução não se dá aos saltos) cognitivo (de funcionalidade). Salto inimaginável, brutal, inédito e, até agora, único no processo de formação de novas espécies. Que nos conferiu uma nova habilidade, inexistente em nossos primos, ou em qualquer outro animal de que se tenha conhecimento, e nos promoveu de Homo sapiens (o homem que sabe) para Homo sapiens sapiens (o homem que sabe que sabe).
Alguém, com a intenção de me refutar, poderia dizer que o tal salto cognitivo nada mais foi que um aumento de uma habilidade já existente, o pensar, e não o surgimento de uma nova; habilidade essa também presente nos outros primatas.
Pois digo que não. O que, inicialmente, foi só a potencialização de uma habilidade já existente, acabou por gerar, sim, uma nova habilidade. Única e exclusiva do Homo sapiens sapiens : a de TRANSFORMAR. Nenhuma outra espécie é capaz  de remodelar e adequar o ambiente às suas necessidades e comodidades. Nenhuma outra espécie é capaz de converter uma matéria prima, um recurso natural, em objetos ou mesmo em outros compostos, dando-lhes forma, composição e usos diferentes dos previstos e estabelecidos pela Natureza. Nenhuma outra espécie é capaz de criar novos materias, novas moléculas (o plástico e demais polímeros são emblemas disso) jamais sonhadas pela Natureza. Nenhuma outra espécie é/foi capaz de ocupar toda a territorialidade do planeta, foi/é capaz de sobreviver em meios aos quais não sejam morfo e fisiologicamente adaptadas. Nenhuma outra. Absolutamente, nenhuma outra. Não é estranho, ou, no mínimo, curioso e intrigante?
Ainda que fôssemos os mais evoluídos entre os nossos primos primatas, se fôssemos um produto natural da Evolução, das duas, uma : ou haveria outros macacos capazes de realizar, ainda que de forma mais primitiva, precária e menos refinada, os mesmos feitos que nós, ou nós também, igualmente a eles, não seríamos capazes de realizá-los.
Começo por um exemplo básico : o fogo. Nenhum outro primata, ou mesmo outro animal, conseguiu até hoje dominar o fogo e dar-lhe os mais diversos usos. Nós sabemos produzir o fogo e o utilizamos desde para queimar hereges até para alimentar e movimentar imensos complexos siderúrgicos. Fôssemos, de fato, um produto natural da Evolução, o chimpanzé, nosso primo genético mais próximo, detentor de um DNA com 98,4% de similitude ao nosso, não teria de ser capaz de, ao menos, saber fazer fogo pelo atrito de dois gravetos secos e usá-lo para iluminação, cozimento de alimentos e defesa contra predadores?
O Homem colocou o homem na Lua. Fôssemos, de fato, um produto natural da Evolução, o chimpanzé, nosso primo genético mais próximo, detentor de um DNA com 98,4% de similitude ao nosso, não deveria, ao menos, já ter inventado o 14-Bis, ou estar empenhado nisso?
A maior tecnologia desenvolvida pelo Homo sapiens sapiens : a escrita. Fôssemos, de fato, um produto natural da Evolução, o chimpanzé, nosso primo genético mais próximo, detentor de um DNA com 98,4% de similitude ao nosso, não deveria, ao menos, estar a pintar cachos de banana em paredes rochosas?
Alexandre, o Grande, resolveu a questão da indesatabilidade do nó górdio de uma maneira muito simples, não obstante, e por isso mesmo, engenhosa e genial, e de macho das antigas : cortou-o ao meio com um golpe de sua espada. 
Dou o mesmo tratamento e solução para o nó górdio da Evolução, que somos nós; não com uma espada, mas com minha marreta e vos digo : nó górdio da Evolução é o caralho! Não somos um ponto fora da reta (e uma bola fora) da Evolução; tão-somente porque não somos um produto natural Dela. Simples e desgraçadamente assim.
Yuval Noah Harari, autor do excelente e obrigatório, apesar de best seller, "Sapiens", fala magistralmente deste salto cognitivo único sofrido pelo cérebro do Homo sapiens e que o tornou em Homo sapiens sapiens. A certa altura do texto, o autor pergunta ao leitor : o que teria provocado ou levado a esse incremento cognitivo sem precedentes ou subsequentes, sem possíveis parâmetros comparativos? O que teria feito com que uma mesma máquina, do "dia para a noite", aumentasse em milhares de vezes a sua eficiência? E o próprio Yuval Noah Harari, responde : "francamente, nós não sabemos".
Francamente, acho que o autor não esteja sendo tão franco assim. Acho até que ele conhece a resposta, ou, pelo menos, tem sérias desconfianças a respeito dela, mas não quis se arriscar em expô-la, sob pena de seu livro não ser visto como uma obra séria, o que de fato o é; séria e admirável.
E talvez, a resposta nem precise mesmo constar no livro Sapiens. Talvez, e muito provavelmente, a resposta já nos tenha sido dada há algumas décadas, em um outro livro, em um outro best seller, o "Eram os Deuses Astronautas?", do suiço Erich von Däniken, defensor da Teoria dos Antigos Astronautas.
Mas esse é um assunto para ser conversado sob uma única condição e circunstância : tomando uma gelada; várias, de preferência. Melhor e mais apropriado ainda : entornando uma garrafa de absinto.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Aniversário do Marreta do Azarão

Na verdade, o aniversário foi há dois dias, no dia 02/02, mas se eu me esqueço até da minha data de nascimento, que dirá então da do blog.
Doze anos de marreta em riste. Doze anos sem ser nocauteado nem ter nocauteado. Doze anos, o décimo-segundo round. O round, se não decisivo, final. 
Terá sido meu último round?