sexta-feira, 31 de julho de 2020

Uma Noite na Vida

E ele confere a porta de entrada,
A da geladeira,
A válvula do gás, as torneiras;
Pela oitava vez.
E ele se senta à privada
E ele tem pilhas de livros no armário embaixo da pia
E ele pega uma coletânea de crônicas do Bukowski
E ele abre em página aleatória, ao léu
E ele solta gases acebolados em profusão
E ele abre um latão de cerveja
E ele dá algumas risadas com o texto
E ele consegue arriar uma carga das boas
E ele acaba a crônica
E ele termina a cerveja
E ele amaldiçoa o mundo por não haver outro latão no congelador.

Cerveja-Feira (26)

O cerveja-feira de hoje é dele, ou melhor, delis. Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. Para Mussum, cerveja não era só cervejis, era um fitoterápico, ele chamava a loirinha de suco de cevadis. A garrafa não era só garrafis, continha um santo remédio, chamava-a de ampola, quer dizer, ampolis.
Para Mussum, era melhor melhor ser um bêbado conhecidis do que um alcoólatra anonimis.
Mussum foi o nosso embaixador da cachacis! O diplomata da biritis! O cônsul da caninha! O nosso adido cultural do mé! Mussum não bebericava, não degustava. Mussum dava uma beiçadis.
Tantas foram suas contribuições em vida à boa propaganda e imagem da loira gelada que, feito numa lenda indígena, Mussum virou cervejis depois de sua morte. Aliás, várias, a Cacildis, a Ditriguis, a Biritis e a Forévis.
 Uma homenagem mais que merecidis!

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Mascarando o Problema

Se eu uso máscara para me "proteger" do comunavírus? Sim. Aderi de pronto ao seu uso? Porra nenhuma. Comecei a usá-las para entrar em supermercados e outros estabelecimentos somente quando um decreto-lei municipal passou a vetar o meu ingresso de cara limpa nestes locais. Ou as uso, ou não compro comida e cerveja. Mais para frente, e da mesma forma, só comecei a circular de máscara pelas ruas quando um outro decreto-lei me tornou passível de multa caso tivesse o azar de ser flagrado a respirar o ar livre por alguma autoridade. Ou a uso, ou meu bolso será mais ainda esvaziado em favorecimento dos cofres públicos - leia-se contas bancárias de prefeitos, vereadores, secretários et caterva.
Não houvesse sanções ao seu não uso, eu nem saberia qual a sensação desta focinheira no meu rosto. Sou negacionista? Não acredito no vírus? Boto fé nos meus dotes de atleta? Não. Não me preocuparia em usá-las pelo simples fato de que elas de pouco ou de quase nada adiantam. O que adianta mesmo é manter distância do bicho homem. E isso eu faço com o maior gosto.
Os poros do tecido de uma máscara de algodão - a mais recomendada e difundida entre a população, para que as hospitalares fiquem restritas a uso de médicos - são muito maiores que o tamanho do comunavírus. Os poros da máscara são da ordem de micrômetros; as dimensões do vírus, de nanômetros. Mas que merda é essa de micrômetros e nanômetros?, poderão perguntar os menos familiarizados a estas medidas. Para estes, explicarei de uma forma que até um cara doutorado em ciências humanas poderá entender.
Tome uma régua comum e localize a sua  menor divisão, o menor "risquinho" dela, o milímetro; cada centímetro tem 10 deles. Faça agora o seguinte exercício de imaginação : pegue um único desses milimetros e o divida em mil partes iguais, ponha mentalmente mil outros "risquinhos" dentro deste menor "risquinho" de sua régua e você terá em mãos um micrômetro, a milésima parte do milimetro. Agora, force mais um pouco ainda o seu poder de abstração e tome um desses micrômetros, um desses mil "risquinhos" dentro do milímetro e o divida de novo por mil, ponha, igualmente, mais mil "risquinhos" dentro do "risquinho" que já era um dos mil dentro do milímetro e você será o feliz possuidor de um nanômetro, a milionésima parte do milímetro, o menor "risquinho" de sua régua dividido por um milhão.
Os poros de uma máscara de algodão têm entre 80 e 100 micrômetros de diâmetro; o comunavírus tem tamanho médio de 120 nanômetros. Dividindo um pelo outro, vemos que o diâmetro dos poros de uma máscara comum é cerca de 800 vezes maior que o vírus. O equivalente a uma pessoa de 1,70m passar por um buraco de quase 1,5 km de diâmetro. O equivalente a um pinto de japonês no cu de uma atriz pornô. Sem contar que nenhuma máscara é justa o suficiente ao rosto para vedá-lo contra a entrada de agentes microscópicos. Se o vírus vier por trás, entra fácil.
Tanto as máscaras deveriam receber o selo ISO 9000 de ineficiência que a área profissional que exibe o maior porcentual de contaminados em serviço é a da Saúde. Todos os médicos, enfermeiros, técnicos etc não usam as tais máscaras? De qualidade muito melhor que as de algodão? Muitas vezes ainda com a sobreposição daquelas placas acrílicas que parecem máscaras de soldador? Não deveria haver infectados entre os médicos. Ou pouquíssimos, os que se descuidaram ou negligenciaram o uso da máscara vez ou outra. Mesmo a máscara top de linha, a ultramegablaster N95, que tem o furico mais apertadinho da praça - 300 nanômetros, segundo seus fabricantes -, não dá conta do comunavírus; em cada um de seus poros, se espremer um pouquinho, entram três nanochineses.
Mas seguindo o pensamento tupiniquim comodista e conformista de que devemos sempre ver o lado bom da desgraça, de que Deus não dá o frio maior que o cobertor, de que devemos fazer uma limonada com os limões que a vida nos dá (prefiro uma caipiroska), estou gostando de dois aspectos do uso forçado da máscara.
Primeiro. Ela nos fornece uma boa desculpa para quando fingimos não reconhecer aqueles nossos "conhecidos" chatos de galochas com os quais cruzamos, inadvertida e involuntariamente, pelo mercado, padaria, banco etc. Com a Angelina Jolie ou com a Scarlett Johansson que é bom (que são muito boas), eu nunca cruzei por acaso. Agora, posso fingir não reconhecê-los por estarem de máscaras. Já evitei umas três ou quatro conversas totalmente dispensáveis desde então. Não descarto a hipótese de que alguns também se valham do mesmo ardil para me evitar.
Segundo aspecto positivo. Falo sozinho o tempo todo. Na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapé. É sério. Falo sozinho quando estou cozinhando, quando estou tomando banho, cagando, ouvindo música. E também, e principalmente, quando caminho pelas ruas. Várias vezes flagrei pessoas a me flagar falando sozinho; muitas me olhavam com cara de pena, de dó.. Com a máscara, posso falar comigo à vontade quando ando pelas ruas, com a maior privacidade.
Como dizia o Raul : quando acabar, o maluco sou eu!!!

terça-feira, 28 de julho de 2020

Sorte a Nossa Que o Vírus é Chinês

O intrépido Bolsonaro estava certíssimo quando se referiu ao novo comunavírus e ao quadro de sintomas por ele causado, a covid-19, como uma "gripezinha". As mídias em geral, como de costume, malharam o Mito. Ô gentinha desinformada... Pois, de fato, o comunavírus é um legítimo produto chinês, um vírus de R$ 1,99, um fac-símile, uma falsificação se comparado ao da Gripe Espanhola, pandemia ocorrida em fins da década de 1910. 
O comunavírus causou até agora (dados de uma reportagem da BBC de 10 de julho) cerca de 600 mil mortes pelo mundo; que conta atualmente com população estimada de mais de 7 bilhões de pessoas. Arredondando as mortes para 700 mil, até porque esses números já têm 18 dias, isso corresponde a 0,01% da população planetária. A Gripe Espanhola matou 50 milhões em uma época que a população mundial beirava os 2 bilhões, ou seja, 2,5% do total de humanos. Duzentas e cinquenta vezes mais. E isto numa época em que as cidades eram bem menores, os focos de aglomeração, idem, o ser humano circulava bem menos pelo planeta e o vírus não tinha essas atuais facilidade e comodidade de viajar de avião; se muito, de navio.
Sim, a covid-19 é uma gripezinha!
E  o uso de máscaras faciais não tem nada de atual, nada de fashion. A moda das máscaras é um revival. Peças de um museu de grandes novidades. Moda retrô. Vintage. Cafonérrima. Elas já foram de uso obrigatório durante a pandemia da Gripe Espanhola, como mostram alguns registros fotográficos desta época feitos nos EUA. Como o do condutor de bondes de Seattle a barrar a entrada de um homem sem máscara.
O uso de máscara virou "obrigação patriótica" para os sobrinhos do Tio Sam. 
"Quem usa não apenas se protege, mas também protege as outras pessoas. É obrigação moral", prefeito de Denver (Colorado). 
Não havia, à época, creio eu, a possibilidade do trabalho home office, mas as empresas também obrigavam os seus funcionários a pegarem no batente de máscaras. Como a datilógrafa abaixo, da cidade de Nova York.
Óbvio que muitos reclamavam do desconforto da máscara, desta "camisinha" nasobucal, e também existiram os resistentes ao seu uso. Em 1919, manifestantes da Liga Anti-Máscara se reuniram em São Francisco para protestar contra sua obrigatoriedade.
Revolta que não ficou sem retaliação, que só fez endurecer as medidas legais contra os desobedientes. Jornais de todo o país noticiavam em letras garrafais : "Pessoas sem máscaras serão presas". Até a boa samaritana Cruz Vermelha deixou os pudores de lado e fez publicar anúncios em várias cidades americanas, que diziam : "Qualquer homem, mulher ou criança sem máscara é um perigoso preguiçoso". 
A polícia saía às caça e captura dos insurgentes, como mostra a foto feita no estado da Califórnia.
Cem anos depois : o mesmo problema, o mesmo comportamento do bicho homem. Merecemos a extinção. Cem anos depois : as mesmas técnicas de combate e prevenção à pandemia semelhante. O que só vem a mostrar - e a nos "tranquilizar" - que o conhecimento corrente a respeito de vírus causadores de doenças respiratórias agudas é, na prática, o mesmo de há um século, ou seja, quase nada elevado a porra nenhuma.
Sorte a nossa que o vírus é chinês. Que é um espanhol falsificado.

sábado, 25 de julho de 2020

Bolsonaro e Sua Moto, Mas Que União Feliz

Dezoito dias depois do diagnóstico positivo para a covid-19, o intrépido Bolsonaro testou negativo para o comunavírus. Curado. Graças à cloroquina! Aproveitou e saiu para dar umas bandas de moto pelo Planalto Central. E digam o quiserem de Bolsonaro, mas de uma coisa ele não pode ser acusado : de ser um governante mascarado.
"Ele passou a se sentir total
Com seu sonho de metal
Ele passou a se sentir total
No seu sonho de metal"

Mask is The New Black (5)

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Igreja Universal do Corona Sagrado de Deus

Até que demorou para surgir um culto religioso ao coronavírus. Sem contar, é claro, o louvor de Lula, o Sapo Barbudo, que deu graças a Deus pelo surgimento da pandemia.
Digo que demorou porque é notório - e lamentável - o comportamento humano de endeusar o que não entende e, por conseguinte, se caga de medo; de se quedar de joelhos em adoração e submissão ao desconhecido, o servilismo como forma de granjear simpatia e evitar alguma ira sobrenatural; a eterna permuta de sua pouca dignidade por algum tipo de proteção cósmica ou espiritual.
A ignorância e o medo são os pais de todos os deuses e religiões.
Com o coronavírus, cujos muitos aspectos ainda são desconhecidos, cujos desdobramentos futuros a ciência ainda está longe de poder se aventurar em prognósticos, a coisa não poderia ser diferente. Já tem gente querendo ser do rebanho do coronavírus, demonstrando-lhe canônico respeito para tentar escapar de seu flagelo, querendo cair, literalmente, em suas graças.
Uma igreja presbiteriana em Milton, na Flórida (EUA), um dos estados americanos mais atingidos pelo coronavírus, está a convocar os seus fiéis a se deixarem contaminar pelo Corona Sagrado de Deus.
"Junte-se a nós e seja infectado pelo Corona Sagrado de Deus", diz a placa à entrada do templo.
Posso imaginar alguns trechos desta adaptada aos novos tempos e surreal missa (será que existe um outro tipo de?). O pastor dirá : O Corona esteja convooooosco...; Ele está no meio de nós, responderão as ovelhinhas em coro. Ou na hora da Glória : Corona de Deus, vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós
Na hora da Comunhão, esqueçam o corpo de Cristo, a hóstia consagrada. Na momento da comunhão, contritos e em fila, o fiéis receberão das mãos do pastor a Cloroquina Consagrada. Igualmente, acabará a birita para o pastor, o vinho litúrgico disfarçado de sangue de Cristo. No cálice, a tomar o lugar do sangue do Nazareno, uma tubaína geladinha, para os fiéis mais de esquerda.
Se o intrépido Bolsonaro fica sabendo dessa igreja, converte-se na hora!!! E se lança candidato a Papa para 2022!!!
Pããããããããããta que o pariu!!!!

Cerveja-Feira (25)

A figuraça da cerveja-feira de hoje foi uma das primeiras que me ocorreram para a seção, porém, como aconteceu com muitas outras, foi muito difícil encontrar uma foto dele bebendo a cerveja a que tanto se dedicou em vida e que tanta inspiração já imprimiu às suas muito mais que bem traçadas linhas : João Ubaldo Ribeiro.
Mesmo a foto que reproduzirei abaixo não me satisfez por completo. Não mostra João Ubaldo com o copo de cerveja na mão, mas distante dele em uma mesa, e com um copo de uísque interposto entre eles.  
O que justifica e avaliza a publicação da foto é o fato de Ubaldo estar a trajar uma camiseta da Brahma e se fazer acompanhado por um dos maiores gênios e intelectuais deste país, Millôr Fernandes. O cerveja-feira de hoje é dois-em-um.
Imagine só se sentar à mesa com esses dois? Imagine só as conversas fiadas de alto nível, imagine só os comentários espirituosos, hilários e brilhantes que colheríamos numa noitada com eles. Eu não precisaria nem beber!
João Ubaldo gostava tanto de cerveja que a Antarctica - não consegui determinar em que ano - encomendou uma peça publicitária ao bom baiano. Um slogan? Uma frase de efeito? O caralho! João Ubaldo escreveu foi uma crônica sobre a cerveja. Uma crônica com muita bebedeira e cornagem. E a Antarctica bancou a publicação. Em página dupla de revistas como a Veja. Hoje, isso seria impraticável. Primeiro porque gigantes do tope de Ubaldo e Millôr não estão mais entre nós, e outros não surgiram a lhes fazer sequer embaçada semelhança. Nem surgirão. Segundo, quantos leriam uma propaganda dessa hoje em dia? Até mensagem de twitter já está a cansar essa geração de merda, que só "lê" emojis e olhe lá.
Não consegui reproduzir a imagem da propaganda em um tamanho que permitisse a sua boa leitura; então, transcrevi o texto todo logo abaixo dela.
"A mulher da ilha sempre foi muito despachada e desde a Guerra da Independência que ostentamos grandes heroínas, cada qual mais valente que a outra, inclusive a famosa Maria Felipa, que cobriu os portugueses de cacete em 1823. Então a mulher da ilha jamais admitiu essa frescura que existia antigamente, de moça de família e senhora casada não poderem beber cerveja na rua. A mulher da ilha sabe combinar a liberdade com a boa educação, de maneira que aqui nunca houve problemas como em Salvador, namorados e maridos proibindo cerveja às mulheres, enquanto ao lado eles mesmo se esbaldavam. A mulher da ilha não só é grande companheira e vai na onda do homem dela, como também, pela tradição do heroísmo, não se curva facilmente ao despotismo.
Assim, ninguém estranhava que Luciano Quibe Frito sempre reunisse belas moças e jovens senhoras para rodadas e mais rodadas do casco escuro que mandava buscar aos engradados. Rico milionário que gastava quase um frasco de sabão Aristolino em cada banho, pagou a Nadinho para instalar uma geladeira a querosene privativa no Café e Bar Flores do Bem e, mesmo quando corriam meses faltando verba para o óleo do gerador da Prefeitura e só quem enxergavam de noite eram os sarigües, nunca deixava de servir sua casco escura estupidamente.
Não se punha em questão a bondade do coração de Quibe Frito, pois todo mundo sabe que esses árabes de Itabuna são gente muito derramada, que não tem pena de dinheiro e faz tudo pelos amigos. Mas também se sabe que vem do sangue árabe almejar ter centenas de mulheres. Enquanto está se tratando de moças sem compromisso, com pais amoderados, não há motivo para preocupação na coletividade. 
Quando Quibe Frito, até hoje assombrando os mais velhos pela sua ligeireza, levou para tomar cerveja em casa a fina flor da mocidade feminina, somente alguns invejosos e invejosas comentaram, e pouco mais se passou.
No entanto, depois que Andráa Priscilla deu para comparecer desacompanhada a muitas dessas cervejinhas domésticas, a coletividade se preocupou, já que o marido, cedo ou tarde, ia acabar sabendo. Como de fato soube, se aborreceu, tomou umas quatro no Mercado e partiu muito disposto para fazer o flagrante, armado de uma peixeira de dois palmos. Quis porém a grande sorte de Quibe Frito que, na hora da invasão, Andráa Priscilla e ele estivessem só bebendo cerveja mesmo. No quarto e enrolados em lençóis, mas só bebendo cerveja, mais nada, nada.
Contam alguns que, para ajudar o marido a se convencer da inocência daquela cervejinha, Quibe Frito lhe ofereceu um discreto empréstimo, naturalmente a fundo perdido, e franquia vitalícia no estoque do bar de Nadinho, a que horas quisesse, quantas garrafas quisesse. O marido lavou a honra - com cerveja, mas lavou - , Quibe Frito e Andréa Priscilla continuaram casco-escurando e confirmou-se mais uma vez o feliz dizer de Jarbas da Misericórdia, segundo o qual dói ao nascer, mas ajuda a viver."

quinta-feira, 23 de julho de 2020

O Azarão Agora é Top Secret!

Há alguns dias, Jotabê, o ermitão do Blogson Crusoe, queixou-se de uma suposta censura ao seu blog salva-vidas. Suas suspeitas não são descabidas. Fundamentam-se em anomalias no número de visualizações diárias de suas páginas. Em esporádicos "picos de audiência" que ele atribui à visitas de robôs do Google, a empresa responsável pela plataforma Blogger.
Jotabê está correto na procedência destas visitas extras, na invasão destes vampiros cibernéticos que não precisam de convite para se instalar em nossas salas de estar. De fato, se há alguma intenção de censura ao Blogson Crusoe, eu não sei, mas sei que os robôs não seguem em sua ininterrupta e incansável cruzada orwelliana para nos eleger o Blog do Ano e nos premiar com um milhão de dólares.
Jotabê queixa-se de imagens e vídeos que desapareceram de postagens antigas. Dei uma pesquisada sobre e o que achei não chega a ser motivo de grandes preocupações. Sempre que usamos uma imagem em uma postagem, a tomamos "emprestada" de uma outra página; se, por qualquer razão, a página de origem a excluir, ela também desaparece da nossa. Na minha pesquisa, constatei que isso é mais que normal na blogosfera.
Jotabê também queixou-se do sumiço de uma pasta inteira de seus arquivos. Ele deu um cochilo sobre o seu computador e, quando acordou da pescada, a pasta já não estava lá. Pesquisei e o que consegui apurar mostra que o Google não remove pastas ou postagens específicas de um blog; ou o libera sob certas condições, ou o exclui de vez, em sua totalidade. Nesse caso, deve ter sido algum descuido, alguma cagada mesmo, que poderia ter sido consertada pelo hábito de sempre manter um backup atualiazado. Só Jesus Cristo Salva; o Jotabê, pelo visto, não.
Não vejo aparentes causas para o receio de Jotabê a uma censura do Blogson Crusoe. Jotabê escreve para a família. Tem texto bem-comportado e polido; mesmo quando diz algo politicamente incorreto o faz com cortesia e civilidade. Não há peitões nem xavascas no Blogson Crusoe. Não há um único puta que o pariu!
Apenas um motivo que justifique a apreensão de Jotabê, eu posso conjeturar : a ligação que ele tem com o Marreta do Azarão; o fato do blog dele disponibilizar um link para o meu.
Explico : quando o Google começou à caça às bruxas - nesse caso, a Caça à Buças -, isso lá em 2015, o objetivo inicial era excluir todos os blogs da plataforma Blogger que contivessem conteúdo considerado como impróprio pelo falso moralismo da empresa. Não haveria condescendências; tivesse o blog um bucetão exposto, uns peitões, ou um simples texto com palavras tidas como chulas e de baixo calão, ele iria para o paredão do Google e seria fuzilado sumariamente.  Por essa época, cheguei a receber mais de mil visitas em dias aleatórios; houve uma ocasião em que mais de seis mil visualizações ocorreram em um único dia.  Mesmo blogs que não exibissem conteúdo inadeaquado, como é o caso do Jotabê, mas que tivessem links que pudessem levar o desavisado leitor a uma página de pecado e perdição, seriam igualmente eliminados.
Depois de uma sondagem e triagem inicial, acho que o Google percebeu que se fosse, de fato, excluir todo conteúdo "impróprio" de sua plataforma, iria promover um genocídio na blogosfera, exterminaria 90% dos blogs, promoveria uma verdadeira Crise nas Infinitas Terras. E o Google decidiu enviar, paulatinamente, advertências aos blogs pagãos para que se readequassem, e, finalmente, impôs a pecha de "blog de conteúdo adulto" aos que preferem morrer do que retirar os peitões e aranhas cabeludas de suas páginas. Eu mesmo recebi cinco advertências do Google até a censura final, em 2017; não com a eliminação do blog, mas com a sua retirada dos mecanismos automáticos de busca da empresa.
Assim, uma possível, embora muito improvável, censura ao Blogson Crusoe só pode advir do fato dele ter lá o link do Marreta.
Não tenham dúvidas : a Vigilância continua, companheiros. Tanto que uma sutil mudança ocorreu no aviso que aparece na página inicial do Marreta, assim que o leitor tenta acessá-lo.  Tão sutil que apenas o sorumbático GRF pareceu lhe ter notado. Até uns três ou quatro dias, estava lá : "blog de conteúdo adulto", seguido das opções "estou ciente e quero continuar" ou "não quero continuar".
Pois tudo mudou. De conteúdo adulto, o Marreta foi promovido (ou terá sido rebaixado?) a blog de "conteúdo confidencial"! Virei Top Secret! Valha-me São James Bond!!! For Your Eyes Only!!!
O que não sei - e muito me preocupa - é se essa nova classificação indica um afrouxamento do Google quanto ao que considera conteúdo inadequado, ou, pelo seu contrário, um endurecimento de suas regras e, logo, de subsequentes retaliações. Por via das dúvidas e seguindo o conselho de Raul Seixas - mantenha em segredo mas mantenha viva a sua paranoia -, começarei a fazer backups de todo o conteúdo de quinze em quinze dias agora, ao invés do rotineira cópia mensal. E a manter ainda mais atualizado o clone do Marreta na plataforma Wordpress.
Sobre a sutil alteração do aviso, o atento e analítico GRF comentou : "Viu que seu blog agora aparece escrito "Aviso de conteúdo confidencial", naquela página de "estou ciente e quero continuar"? Ou eu nunca me atentei para essa palavra, "confidencial", ou mudaram recentemente e agora tu está na mira da Gestapo".
Gestapo? Antes fosse, meu caro, antes fosse. Desconfio de mais malignas e sub-reptícias organizações em meu encalço, a CIA e o FBI. Ontem mesmo, fiz minha caminhada vespertina meio ressabiado, com um olho no peixe e outro no gato; de novo, como recomenda Raul, andando pra frente, mas olhando pro lado. Com medo de que os Homens de Preto venham a me sequestrar (abduzir-me, no caso) e me conduzir para a Área 51, onde serei dissecado e guardado em uma câmera criogênica ao lado das do chupa-cabras, dos ETs de Roswell e de Varginha e do ET Bilu.
Mas se forem a CIA e o FBI, eu ainda tenho alguma chance. De tanto assistir a filmes e a enlatados americanos, bem sei os seus modus operandi, bem como dribá-los. Aprendi tudo em "Arquivo X".
Agora, se eu estiver na mira da superssecreta (tanto que praticamente ninguém jamais ouviu dela falar) ABIN, aí eu tô fodido! Fodido de verde-amarelo; literalmente. Se descubro que minha perseguidora e algoz é a ABIN, eu nem parto pra luta, jogo a toalha na mesma hora.
Pããããããããããta que o pariu!!!!

terça-feira, 21 de julho de 2020

Indesculpável

As minhas mãos não são,
Nunca foram hábeis
Em acarinhar outra mão,
Em afagar outra face,
Em fazer cafuné,
Em se deixar deslizar por pescoço,
Nuca e coluna alheios
A suscitar suspiros, estremecimentos e frenesis.

Igualmente,
Não são,
Nunca foram hábeis
Em dar porradas,
No pugilato,
Em esmigalhar narizes e romper supercílios.

Os mais sinceros e delicados carinhos
Que já fiz,
As mais devotadas e incondicionais paixões
Que já despertei,
Os mais profundos gozos e apneias
Que já extraí
Deram-se pela minha escrita.
Minhas cartas, meus poemas, recados dentro de livros, bilhetes sob a xícara de café.

E os olhos mais inchados
E os corações mais rasurados
E as feridas mais indesculpáveis,
Também.

domingo, 19 de julho de 2020

Vacina Chinesa no Cu dos Outros é Refresco

Desde o dia 03 deste mês, a Anvisa autorizou o uso de brasileiros como cobaias humanas para a chinesada. Nove mil ratinhos de laboratório voluntários dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e do Distrito Federal serão inoculados com a Corona Vac (tem nome de aspirador de pó), a vacina chinesa "contra" o coronavírus. Eu não sei não se eles já não tinham essa vacina antes mesmo da eclosão da pandemia... A partir do dia 21 agora, terça-feira, começarão os testes no estado de São Paulo, em profissionais da Saúde.
Se for vacina produzida pela Fiocruz, eu tomo; pelo Butantã (que, ao contrário do que a maioria supõe, vai muito além de produzir soro anti-sogrídico), eu tomo; se vier da Suiça ou da Alemanha, idem e ibidem.
Da China, não tomo nem a surra de cacete!!! Da China, eu não compro nem incenso, prendedor de roupa e tupperware em loja de 1,99. O caralho que vou tomar vacina rubro-amarela! Prefiro continuar a me arriscar com o coronavírus!!! Confio muito mais na honestidade e nas intenções dele!!!
Os testes começarão de forma voluntária em profissionais da Saúde; depois, quando os resultados forem noticiados como positivos (ainda que não venham a ser, serão), a vacinação passará a ser obrigatória para médicos, enfermeiras etc. Caso uma futura e não tão distante obrigatoriedade se estenda a toda a população, convocarei uma nova Revolta da Vacina. Uma Revolta da Vachina!
Vacina chinesa no cu dos outros é refresco. E daquele bem vagabundo, daquele Ki-Suco de uva com corante à base de chumbo!!!

sábado, 18 de julho de 2020

Telegrama

Ela,
Enviando um telegrama
Em um código Morse só deles,
Sentada à mesa de algum café de "Além da Imaginação" :
- Tenho algo a dizer : se nós tivéssemos sido, não seríamos mais.

Ele,
Cabos de telégrafo cortados, caneta sem tinta, máquina de escrever sem fita
Fixo a uma única realidade
Feito um rádio velho que quebrou o dial :
- Se tivéssemos, não mais seríamos... Então, uma vez que não fomos, significa que ainda somos?

E pode parecer bobagem
Mas isso tornou o sono dele bem mais tranquilo naquela noite.

Pode Ser Numa Canção, Pode Ser no Coração, Eu Só Quero Ter Você Por Perto (10)

Velhos Amigos
(Oswaldo Montenegro)
Velhos amigos vão sempre se encontrar
Seja onde for, seja em qualquer lugar
O mundo é pequeno, o tempo é invenção
Que o amor desfaz na tua mão

Nada passou, nada ficará
Nada se perde, nada vai se achar
Põe nosso nome na planta do jardim
Vivo em você e você dorme em mim

E quando eu olho pro imenso azul do mar
Ouço teu riso e penso: onde é que está?
A nossa planta o vento não desfez
É nunca mais, mas é mais uma vez.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Cerveja-feira (24)

O cerveja-feira dessa semana vai para o sempre presente e no mais das vezes esquecido ator coadjuvante de nossas bebedeiras. Para o copiloto de nossos voos ébrios. Ele é o Robin dos nossos porres. O Sancho Pancha de nossas carraspanas. O figado!!!
Não seríamos nada sem o fígado. Não seríamos nem humanos. Seríamos seres eternamente sóbrios, tristes e ranzinzas. Nós só podemos usufruir dos prazeres de uma boa cerveja porque o fígado está lá, recolhendo e jogando nosso lixo fora. Nós ficamos com a parte boa do álcool, o fígado, com os resíduos. Morreríamos facilmente intoxicados se o fígado não transformasse o álcool em compostos menos tóxicos e facilmente elimináveis. O fígado de um homem de peso próximo aos 70 kg é capaz de metabolizar cerca de 20 ml de etanol/hora, o equivalente a uma lata de cerveja de 350 ml. Ou seja, ele vai varrendo o nosso lixo numa velocidade mais baixa do que sujamos, o que permite nos mantermos em agradável estágio de embriaguez. O fígado cuida da gente, mas não impede que fiquemos bêbados. É como se fosse uma mãe que liberasse umas doses para seus filhos. Claro que, de vez em quando, ele nos passa um sermão, um pito, a ressaca. 
Tamanha a sua importância que a sábia Natureza o fez com o mais alto poder de regeneração de todos os nossos órgãos. O fígado é o Wolverine dos órgãos. Que o diga Prometeu. Em uma semana, o fígado pode se reconstituir totalmente de lesão ou remoção cirúrgica de até dois terços de seus tecidos. Coração, rins, pulmões, ossos etc não chegam nem perto disso. O cérebro, então, nem se regenera.
Sem contar que, acebolado e ao ponto, também é um excelente tira-gosto para tomarmos com... cerveja.
Um brinde a ele, o Fígado!

quinta-feira, 16 de julho de 2020

O Hulk é LGBT!!! Valha-me São Stan Lee!!!

Fui leitor de quadrinhos de super-heróis por cerca de 25 anos; de 1978 a 2002, 2003. Assíduo e contumaz até meados da década de 1990. A partir daí, cada vez mais relapso e rarefeito, até o abandono definitivo.
A minha deserção das HQs, acredito, tenha se dado por dois fatores. O avançar da idade, o primeiro; eu, na época, já a bater na casa dos quarenta, a chamada meia idade. A velhice não nos rouba apenas a cor dos cabelos, o viço da pele, a flexibilidade das articulações e as três ereções diárias. Rouba-nos o deslumbramento com as coisas, a nossa capacidade para o espanto; a paixão, enfim.
Portanto, minha saída das HQs só teria sido mesmo uma questão de tempo. Elas já não me encantavam tanto assim; culpa minha, nesse caso. Mas ela poderia ter sido protelada, eu poderia ter me mantido como leitor eventual por mais cinco, dez anos, talvez; continuando a ler, sem me espantar, mais do mesmo que tanto me impactara no passado. Poderia ter seguido mais um tanto no universo das maravilhas se não fosse pela ocorrência e conjunção do segundo fator.
Não era apenas eu a envelhecer. A envelhecer, aposentar-se, ou morrer, estava também toda a geração de autores de quadrinhos (argumentistas, desenhistas, arte-finalistas etc) que tanto fascínio havia exercido sobre mim e que começava a ser substituída por uma nova leva de quadrinistas. Concomitante à minha transição para a meia-idade, deu-se também a transição entre a geração clássica das décadas de 1960, 70 e 80, que definiu o que as HQs são hoje, para uma geração de novatos imberbes da década de 1990. Uma geração cheirando ainda a leite azedo e a fralda suja, com uma linguagem de quadrinhos - tanto nos roteiros quanto nos desenhos - mais fraca, muito mais fraca que a sua predecessora - na minha visão, quero deixar claro. Argumentos sem profundidade nem dramaticidade, "sagas" forçadas e mal costuradas, desenhos espetaculosos - muitos já coloridos por computador, um horror -, que bem serviriam a cartazes publicitários de sabão em pó, pasta de dente e cereais matinais postos às portas dos supermercados; não para os quadrinhos; não para o conceito que eu tinha do que deveria ser um quadrinho de heróis.
Juntando os dois fatores, o meu envelhecimento, a minha cada vez menor capacidade para o espanto, mais o sumiço da geração de autores que tanto me espantara, o resultado não poderia ter sido outro, que não a minha deserção dos quadrinhos. Aceitar a troca de nomes como Jack Kirby, Jim Steranko, John Buscema, Sal Buscema, Steve Englehart, Roger Stern, Jim Starlin, doug Moench, Paul Gulacy, Roy Thomas, Neil Adams, Denis O'Neil, John Romita, Chris Claremont, John Byrne, Marshal Rogers, Barry Windsor-Smith, Frank Robbins, Carmine Infantino, Gene Colan, Herb Trimpe, Don Heck, Gene Day, Howard Chaykin, Al Migron etc por nomes feito Todd McFarlane, Rob Liefeld, Jim Lee, Marc Silvestri e Erik Larsen? Quem eram esses porras? Foi mais do que pude aguentar. E debandei de vez.
Minha última aquisição foi o decepcionante Cavaleiro das Trevas 2, o que só fez mais corroborar a minha decisão de parar com as HQs; se nem mais o Frank Miller produzia algo que prestasse.... Minha última aquisição, o Cavaleiro das Trevas 2, foi também, se não me engano, a última publicação de super-heróis da Editora Abril, que dominara o mercado nas décadas de 1970, 80 e 90. Nasci para os quadrinhos através da Editora Abril e morri para eles com a último suspiro dela. Dois cisnes velhos a entoar seus derradeiros cantos. O encerramento poético de um saudoso ciclo.
E permaneci por cerca de 15 anos sem nada saber das HQs de super-heróis, sem nenhuma notícia do mundo das maravilhas. Até que, acho que há dois anos, voltei a ter frugal e comedido contato com eles através de um blog, o Ozymandias Realista. O Maestro do blog, o visionário Ozy, cometeu a imprudência de me tornar um colaborador, um escritor convidado, deu-me toda a liberdade de publicar por lá as mesmas sandices e os mesmos absurdos que publico no Marreta. Ouso mesmo dizer que uma respeitosa amizade se estabeleceu entre nós.
Sempre que publico alguma coisa no Ozymandias, aproveito para saber dos últimos lançamentos em quadrinhos - o blog trata essencialmente de quadrinhos e cinema. Além disso, o Ozy, talvez tentando me reconverter às HQs, volta e meia me envia PDFs de suas histórias preferidas. Li uma muito boa do Nick Fury escrita pelo Garth Ennis; e uma excelente, uma do caralho, do Wolverine, o Velho Logan, de Mark Millar (roteiro) e Steven McNiven (arte); não conhecia nenhum dos dois e o trabalho deles impressionou-me.
O que veio me mostrar que a "nova geração", iniciada na década de 1990, pelo visto ganhou corpo e consistência, adquiriu "sustância". Se não a geração inteira nem a sua maioria, ao menos alguns de seus representantes. O que veio me mostrar que eu posso ter, sim, perdido e deixado de ler muita coisa boa neste meu período de total abstinência. Paciência. Bobagem chorar sobre o tempo derramado.
Por outro lado, também tomei contato e ciência de muita porcaria, de muitas aberrações advindas da falta de talento e criatividade que só fazem justificar o meu abandono dos quadrinhos. Coisas como o Demolidor de Ferro, o Motoqueiro Fantasma Cósmico, um Homem Aranha místico com poderes do Doutor Estranho, um Capitão América com poderes do Surfista Prateado, um Thor mulher etc etc.
E os meus preferidos : os Hulks multicoloridos, os Hulks caixa de lápis de cor Faber-Castell. Há, hoje em dia, Hulks de todas as cores do arco-íris. Hulks LGBT. United Hulks of Beneton. Fiquei sabendo que durante a minha ausência o Hulk foi de mal a pior, surgiram os Hulks vermelho, laranja, amarelo, azul, roxo e negro.
Até então, até onde fui com os quadrinhos, eu só sabia de duas cores do Hulk, e do mesmo Hulk, do mesmo Bruce Banner, o cinza e o verde. O cinza foi a cor concebida originalmente por Stan Lee e Jack Kirby para o Verdão. Porém, por problemas de ordem puramente técnica, por limitações da tecnologia gráfica da época, o cinza do Hulk não saiu uniformemente em todas as páginas da primeira edição do personagem, assumindo tons de verde em algumas delas. Os leitores gostaram mais do verde e Stan Lee juntou o útil ao agradável : sacramentou a cor verde para o Hulk. 
Na década de 1990 (vejam que a coisa já estava a decair), o Hulk voltou a ser cinza pelas mãos de Peter David em um arco limitado de histórias do personagem.  Não era o Hulk cinza original de Stan Lee, sim a manifestação de uma personalidade oculta e reprimida de Bruce Banner, segundo o roteirista. Chamava a si próprio de Sr. Tira-teima, vestia chapéu e ternos de risca de giz, bebia e passava o rodo geral na mulherada e trabalhava como leão de chácara para a máfia do jogo de Las Vegas. Por sorte, foi um arco de histórias bem breve.
Vamos ao pouco que me dispus a descobrir sobre as novas cores do Hulk.
1) Hulk Vermelho. A bem da verdade, não posso dizer que não sabia de sua existência. Havia o visto uma vez. Em uma loja de brinquedos em que entrei com meu filho. Na época, jamais pude supor que aquele boneco do Hulk Comunista fosse uma nova versão do personagem. Julguei que fosse uma falsificação paraguaia ou chinesa, tipo de maracutaia muito comum com esse tipo de brinquedo. O "fabricante" muda a cor do boneco, muda um detalhezinho qualquer para não pagar royalties. Enganei-me. O Hulk Vermelho é o General Ross, o primeiro e o mais obstinado inimigo do Golias Esmeralda. Cansado de levar tunda do Hulk e ainda ter que aguentar o alter ego do Verdão, Bruce Banner, passando a vara em sua filha Betty Ross (General Ross foi sogro de Bruce Banner), ele se submeteu a um experimento de irradiação gama conduzido pelo Dr. Leonard Sansom, um psiquiatra com longas melenas verdes também dotado de poderes gama. E virou o Hulk Vermelho. Cujo poder, diferente do Hulk Verde, não é ficar mais forte quanto mais nervoso fica, mas sim mais forte quanto mais radiação gama absorve, podendo absorver a radiação gama do Hulk durante um combate.
2) Hulk Laranja. Não nasceu nos quadrinhos.
Surgiu como um jogo para videogame e, dada à grande entressafra de criatividade dos roteiristas de HQs, foi incorporado pelos quadrinhos. Ele não é Bruce Banner nem a manifestação de alguma personalidade oculta dele. Ele nem é desta realidade. Ele é de uma linha temporal alternativa, criado pela Legião Negra, seja isso o que for. Sua força também tem origem numa radiação; porém, não os raios gama. O Hulk Laranja (não sei como ainda não ofereceram um cargo pra esse cara em Brasília) é abastecido pelos raios solares. Ou seja, à noite ele toma um pau do Batman.
3) Hulk Amarelo. Outra das várias personalidades que coabitam a mente esquizofrênica de Bruce Banner, o Hulk Amarelo personifica o ódio que Banner nutre pelo Hulk verde.

4) Hulk Azul. O Hulk Azul é Bruce Banner. Outra manifestação de personalidade reprimida? Desta vez, não. Aliás, o Hulk Azul é apenas meio Bruce Banner, uma vez que resultante da fusão espiritual e cósmica entre o Hulk e o Capitão Universo, que não possui forma física e, por isso, precisa se fundir a alguém através da Uniforça para manifestar-se em nosso mundo. Assim, o espírito do Capitão Universo possuiu o Hulk, fazendo surgir o Hulk Azul. Só não me perguntem como foi que o Capitão Universo possuiu o Hulk, só não me perguntem detalhes desta "fusão", deste acoplamento, deste engate.
5) Hulk Negro. E eu que achava que o Hulk fosse macho das antigas, que fosse espada. De novo possuído e violado, Bruce Banner virou o Hulk Negro. Desta vez, possuído por Shanzar, o Feiticeiro Supremo da Dimensão Negra, o Hulk Negro adicionou poderes mágicos e místicos à superforça do Verdão.
6) Hulk Roxo. Esse é o mais complicado. Pelo que entendi, o Hulk Roxo é o Hulk Negro, que, numa adaptação para uma animação da TV, foi possuído (de novo) pela criatura conhecida como O Híbrido. Ou seja, o Hulk Roxo é o Bruce Banner possuído primeiro por Shanzar e, depois, pelo Híbrido, sem que Shanzar tenha antes desocupado a moita. O Hulk Roxo é o resultado de um duplo possuimento, uma dupla penetração sofrida por Bruce Banner, o Hulk Verde.
Pãããããããta que o pariu!!!!
Pelo blog do Ozy, fiquei também sabendo das tais Fanfics. Que, como o nome em inglês sugere, são narrativas ficcionais escritas por fãs dos personagens. Roteiro feitos pelos leitores por diversão e diletantismo. Gostei da ideia. Achei um bom exercício de imaginação e escrita. Tanto que me arriscarei agora em propor uma fanfic. Não um roteiro inteiro, completo e acabado. Lançarei tão-somente a origem de um novo Hulk, apenas o mote da gênese de uma nova cor no coloridíssimo panteão dos Hulks.
7) Hulk Rosa. Ou fúcsia, como tenho certeza que o próprio preferiria. O Hulk Rosa não é Bruce Banner. Não é uma manifestação de mais alguma personalidade recôndita. Nem é um Hulk de uma linha de tempo alternativa. Nem é o Hulk verde sendo possuído pelo espírito do Clodovil ou do Clóvis Bornay. o Hulk Rosa é Jean-Paul Beaubier, o Estrela Polar, integrante da Tropa Alfa e o primeiro personagem da Marvel a se assumir como boiola, o primeiro gay "superpoderosa" dos quadrinhos. E como o Estrela Polar se transformou no Hulk Rosa, como ganhou seus poderes gama? Simples. Via enrabamento. O Estrela Polar escorregou gostoso no quiabo do Abominável, que, na hora do êxtase, irradiou as pregas dele com sêmen gama. Um enema gama!!! Daí em diante, sempre que o Estrela Polar pensa em rola, ou vê a foto de uma senhora benga, ele se transforma no Hulk Rosa! Pãããããta que o pariu!!!!
Finalizando o assunto desta postagem, a minha deserção das HQs de super-heróis, penso que, no frigir dos ovos, sopesando ao que de bom eu posso ter me furtado e ao que de absurdo eu posso ter me poupado, acho que ainda estou no lucro.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Zé Mayer, a Volta do Passador de Rodo

É bem sabido que o canalha do politicamente correto esquerdista campeia e impera nos principais meios de comunicação e emissoras de massa do país; leia-se Rede Globo.
Há três anos, um dos tentáculos mais pegajosos, rançosos, encruados e cheio de teias de aranha (quem é que tem coragem de espanar aquilo?) do politicamente correto, o feminismo, a estranha seita às muxibas, suvacos cabeludos e grelos duros, desferiu duro golpe contra a Instituição do Macho das Antigas. Que é o cara que come todas, menos as feministas; daí o recalque e a revolta.
Há três anos, o feminismo atingiu com golpe desleal um dos emblemas máximos do macho de respeito, do macho pegador e passador de rodo, do homem que adora mulher - muito longe de ser o assediador e o estuprador a que as feminazis querem reduzir toda a população com uma benga entre as pernas, o homem que chama de gostosa a mulher que é gostosa e gosta de ser reconhecida desta forma.
Há três anos, foi armada uma arapuca para o macho das antigas que todo macho das antigas gostaria de ser, e pelo qual todas as mulheres das antigas (digo das que depilam o suvaco, não a xavasca, e não votam no PT) gostariam de ser cantadas e bem comidas. Há três foi armada uma arapuca de buceta para um dos últimos Paladinos da Testosterona, um dos últimos Cruzados do Cromossomo Y : o galã passador de rodo Zé Mayer!!!!
No complô, uma figurinista da emissora, uma tal e desconhecida Susllem Tonani, foi usada como "laranja" e acusou o galã de assédio, numa das farsas mais mal contadas da história das fofocas da TV. Tão mal contada e cheia de furos que a tal pudica donzela, depois dos seus quinze minutos de fama, resolveu deixar tudo por isso mesmo, desistiu de levar o caso à justiça comum dos homens.
Zé Mayer queria comer a moça? Sim, claro que queria. Não só queria como já tinha comido e muito!, de acordo com o colunista Léo Dias. Nem Zé Mayer é tão Lobo Mau nem, muito menos, a moça, Chapeuzinho Vermelho. É como diz o José Simão : não tem virgem na zona!
No auge do imbróglio, Léo Dias publicou em sua coluna : “Su e José, que é casado com a produtora Vera Farjado, tiveram um relacionamento extraconjugal no passado. Eles terminaram a relação e Su Tonani já estava envolvida com outra pessoa quando ocorreram as novas investidas do ator. A coluna ouviu funcionários da TV Globo que relataram que Mayer e Tonani chegavam juntos, no mesmo carro, para as gravações nos Estúdios Globo. Por muitas vezes ela ficava com a chave o carro dele. Eram nítidas as brincadeiras entre ambos. A intimidade entre eles sempre foi de conhecimento de todos no antigo Projac”.
Mas adiantou? Porra nenhuma! As feminazis, incluindo algumas atrizes globais que já tinham contracenado com o ator, estavam com sangue nos olhos. Na época, nada ousou, ou teve interesse de, se interpor à fúria das suvacudas. Zé Mayer foi crucificado, demitido e tudo. 
Mas, agora, o pica das galáxias Zé Mayer retorna triunfalmente à "nova" novela das nove, Fina Estampa - na verdade, retornou há dois meses, mas só fiquei sabendo ontem, ao passar inadvertidamente pelo canal aberto da Globo. Justiça lhe foi feita! E retornou pelas talentosíssimas mãos do veterano Aguinaldo Silva.
E só podia ser. Aguinaldo Silva foi o único na Rede Globo a defender o galã na época, o único a dizer que ninguém se dispôs a ouvir o lado do garanhão, que a mídia deu o benefício da verdade absoluta à desconhecida na época e desconhecida agora Susllem alguma coisa. Palavras de Aguinaldo Silva : “Ele é um grande ator, faz muita falta nos palcos e na televisão brasileira. Eu acho que não existiu nada contra ele, já que nada foi provado… A própria pessoa que fez a acusação, depois não quis mais tocar no assunto. Isso não é justo! O Zé foi condenado apenas por uma entrevista dessa moça. Não é justo!”
Aguinaldo Silva foi o único na Globo a defender Zé Mayer; e eu, o Azarão, o único a defendê-lo na blogosfera!!! Na minha postagem Frateroridade a Zé Mayer.
Ele voltou!!! O pegador voltou novamente!!! Qual a trama da novela? Qual o personagem de Zé Mayer? Não sei e pouco importa!!! O que importa é que ele voltou!!! As feministas vão ter que me engolir!!!! - poderia ser o lema de Zé Mayer, doravante. Vão ter que engolir Zé Mayer e beijá-lo na boca em cenas de futuras novelas!!!
E voltou mais cabeludo, barbudo e homem das cavernas do que nunca, voltou com a mesma cara de macho safado, de macho que gosta demais de uma xavasca e de uns peitinhos, de macho que mulher que é mulher gosta, se derrete e se encharca!!! Voltou com a cara de macho passador de rodo que Deus lhe deu!!!!
Viva o Zé Mayer!!! Pããããããta que o pariu se Viva!!!!
Susllem Tonani ... - Leia mais em https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/novelas/tres-anos-apos-acusacao-de-assedio-jose-mayer-volta-ao-horario-nobre-da-globo-36424?cpid=txt

Gosto de Caminhar, Mas Já Pouco Caminho

Não me cansa
O caminhar;
Exaure-me
É sempre o mesmo caminho.

Não me enfastia
O caminhar;
Empreguiça-me
É a busca
(Inútil)
De novos caminhos.

Gosto de caminhar,
Mas já pouco caminho;
Gosto de caminhar;
Mas já há pouco caminho.

domingo, 12 de julho de 2020

Padre Morre em Via Crucis de Putaria

O suplício, a mortificação e o flagelo são os principais agentes de penitência e as mais bem pavimentadas vias para a absolvição do Catolicismo. Uma pesada cruz de culpa e consumição faz com que o sujeito fique bem aos olhos do Criador e garante a sua Minha Casa, Meu Além Vida no condomínio fechado do Céu.
Cristo se deixou açoitar, chicotear, fustigar por lanças romanas e ser pregado à cruz para redimir os pecados da humanidade. Ao festival de pancadaria e bordoadas desferidas contra Cristo, dá-se o nome de a Paixão de Cristo. O Filho do Homem (que é Ele mesmo) se deixou martirizar e morrer por amor aos homens. A leitura da Via Crucis é de deixar o Marquês de Sade de pau duro, ou com o cu piscando, sei lá que apito(s) o Marquês tocava.
O autoflagelo com chicotes de tiras de couro munidas de metal perfurocortante em suas extremidades não é prática incomum entre os sacerdotes católicos, quando assediados pelo Demônio e pela Tentação. O sadomasoquismo é a base da relação do católico com o mundo de desejos proibidos que o cerca e, principalmente, com aquele que o habita.
Por isso, não me causou espanto algum o caso do padre Peter Miqueli (Bronx, Nova York), que foi acusado, há coisa de dois ou três anos, de desviar fundos de sua igreja para gastá-lo com sexo sadomasoquista. À epoca, o padre foi afastado temporariamente de suas funções e deve ter tido lá que rezar umas trezentas ave-marias. Punição injusta, considero eu. 
 Padre Peter Miqueli
O sacerdote estava apenas a seguir os passos de Jesus. Estava tão-somente a vivenciar  o cruciato do Salvador, a trazer para si o calvário do Nazareno. A cada sessão de sexo sadomasoquista a que se submetia, a cada rodada de tortura, sofrimento e sevícia, o padre Miqueli estava a redimir e a purgar os seus pecados e, se não os de toda a humanidade, os de seus paroquianos com cujas doações ele pagava ao seu dominador, a quem ele chamava de "mestre" e de quem, afirmam seus acusadores, o padre chegava a beber urina feito fosse vinho litúrgico, um garotão de programa de nome Keith Crist. Isso mesmo, Crist. Pããããããta que o pariu!!!
Porém, pelo visto, nesta quinta-feira passada (09/07/20), Miqueli e Crist exageraram na penitência e o padre morreu por excesso de Pai-Nossos, Ave-Marias e Salve-rainhas. A causa da morte do padre ainda não foi confirmada, mas suspeita-se que ela esteja relacionada às práticas sadomasoquistas do homem de Deus.
Padre Miqueli cumpriu com o seu calvário, levou a cabo (e bota cabo nisso) a sua missão de vida. Assim como Cristo, morreu em agonia e êxtase; se não cruficado, ao menos empalado em grossa rola. Seguiu o exemplo dado pelo Nazareno, se deixou martirizar e morrer pelo amor aos homens. E, neste caso, como tenho certeza que diria o sumido ex-boiola, "que homem". Abaixo, Keith Crist, o instrumento de purificação do padre.
Guardo há muito tempo uma charge do Angeli. Não sei se ela foi feita inspirada neste caso, mas serve muito bem para ilustrá-lo e para fazer valer a máxima de que uma imagem vale mais que mil palavras; ao menos, como meu texto deixa evidente, mais do que mil de minhas palavras.
Em tempo : dizem as más-línguas que a alta cúpula do Vaticano está em nível máximo de alerta, em defcon 5. Atenta ao caso para evitar o vazamento de uma possível ressurreição. Hoje, é o terceiro dia da morte do padre e, por enquanto, está tudo nos conformes.