sábado, 29 de fevereiro de 2020

O Palhaço e o Diabo, por Gustavo Tiné


O palhaço e o diabo

O palhaço queria fornecer carteiras estudantis de graça…
O diabo não gostou…
O palhaço diminuiu o valor do DPVAT….
O diabo não tolerou….

O palhaço indicou ministros por critérios técnicos…
O diabo esperneou….
O palhaço tirou impostos de medicamentos contra câncer, HIV….
O diabo detestou….

O palhaço autorizou 13° para carentes do bolsa família….
O diabo quase endoidou….
O palhaço descobriu defuntos e ricos recebendo bolsa família…..
O diabo protestou…
O palhaço diminuiu taxa de juros SELIC…
O diabo colerizou….
 
O palhaço polemiza nas palavras….
O diabo metia as patas nos cofres….
O palhaço disse “FURO”….
O diabo esbravejou “GRELO DURO”….

O palhaço deu nova vida a PETROBRAS…
O diabo quase a leva a falência….
O palhaço inaugurou a BR 163 depois de 40 anos parada….
O diabo se enfezou…..

O palhaço vai concretizar a transposição do Rio São Francisco.…
O diabo tá puto da vida….
O palhaço tem base, quartel, esquadra de apoio…
O diabo só militância….
O palhaço critica e é contra o FUNDÃO….
O diabo não vive sem ele….

O palhaço vive FELIZ, DIZ BESTEIRAS, TÁ NA LUTA, TENTA FAZER O MELHOR, PULA, SORRI, TIRA 1.000 SELFIES POR DIA, CHAMA O AMIGO DE NEGÃO, É TURRÃO, DESTRAMBELHADO, IMPACIENTE, É SOLDADO, CAPITÃO, RELIGIOSO, DANADO, tá na avenida LIVRE, LEVE E SOLTO….

O diabo…….bem o DIABO É O DIABO, é VERMELHO, EXALA ENXOFRE, BEBE QUE NEM UM GAMBÁ, PENSA QUE É DEUS, TEM SEGUIDORES, ÓDIOS ENTALADOS E AGUARDA CONDENAÇÃO….
Gustavo Tiné é cantor e compositor pernambucano dos mais populares e premiados em festivais da canção, inclusive em Portugal.

Ordem de Restrição

Cadê a Palavra
Que estrelava os céus
Das minhas madrugadas?
Cadê a Palavra

Que, de estrela,
Se transfigurava
Se improvisava
Em raios, em lampejos
E centelhas
Caso meu céu resolvesse emburrar
Pôr-se ranzinza
E mal barbeado?

Cadê a Palavra
Que me seguia
Feito sombra
Feito cachorro de mendigo
Feito mulher de malandro?

Como revogar
A ordem de restrição
Que a palavra
Impetrou contra mim?

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Travessuras de Menina Má (26)

Cerveja-Feira (7)

Eis outro grande nome que não poderia faltar na seção Cerveja-feira, neste meu tributo àqueles que, durante suas criativas vidas, prestaram tributo à cerveja : o desconhecido João Rubinato, o célebre e eterno Adoniran Barbosa.
Adoniran Barbosa, amigo do Arnesto, do Charutinho, do Panela de Pressão, do João Saracura, do Joca e do Matogrosso, sempre foi um grande apreciador do líquido dourado. Tanto que, lá pela década de 1970, lá em priscas eras, foi véio-propaganda da Antarctica; na época em que a Antarctica era cerveja de macho das antigas, "cerveja de pedreiro", como se dizia então, de forma elogiosa, não depreciativa.
Adoniran não só gostava de cerveja : Adoniran e suas composições continuam sendo até hoje um dos melhores acompanhamentos para se tomar uma cerveja; Adoniran é tira-gosto que melhor combina - ou harmoniza, como diriam os viadinhos degustadores de cervejas artesanais - com a loura gelada.
Eu mesmo não dispenso um Adoniran a tocar baixinho no meu velho toca-CDs, enquanto tomo a(s) última(s) da noite, de madrugada, a casa dormindo, o mundo esquecido de me aporrinhar.
 Nóis viemos aqui pra beber ou pra conversar?

Nós Viemos Aqui Pra Quê?
(Adoniran Barbosa)
"Silêncio, charóp,
Afinal de contas finarmente,
Nóis viemos aqui pra beber ou pra conversar".

Não me amole rapaz
Não me amole
Não me amole
Deixa de conversa mole
Agora não é hora de falá
Nóis viemos aqui
Prá beber ou prá conversá?

Quem gosta de discurso
É orador (é isso aí bixo)
Quem gosta de conversa
É camelô (falou psiu)

Agora não é hora de falá! (o home tá pagando, vamo aproveitá)
Nóis viemos aqui
Prá beber ou prá conversá?
(o que eu combinei foi o seguinte: nóis viemos aqui pra beber e não conversar)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Marcha da Quarta-feira de Cinzas

Marcha da quarta-feira de Cinzas
(Carlos Lyra e Vinicius de Moraes)
Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais
Brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas
Foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando
Cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida
Feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza
Dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando
Seu canto de paz
Seu canto de paz

Para ouvir uma das mais belas canções de nossa dantes mais varonil MPB, é só clicar aqui, no meu MARRETÃO de Carnaval (na figura)
https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=Y88EguvjlVM

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Os Vikings Conheciam a Poção Mágica do Druida Panoramix

Muito já se investigou e, mais ainda, se especulou sobre os possíveis fatores da superioridade militar dos vikings em relação aos outros povos que lhes foram contemporâneos.
Assisti a vários documentários em que especialistas de múltiplas áreas se deitam em minuciosas análises do arsenal viking, esmiuçam os artefatos bélicos do povo de Thor a tentar decifrar-lhes o diferencial e o segredo.
Ferreiros e forjadores, engenheiros de armas e de materiais, projetistas náuticos e experts em hidrodinâmica reviram pelo avesso, dissecam os mais diversos equipamentos de batalha dos vikings e concluem que não há nada de mais neles, ou nada muito diferente das armas dos outros exércitos da época, que dizimavam com espantosa facilidade;  nada no material, ou em seus desenhos, que explique a tão maior e díspar eficácia das armas vikings.
Aos especialistas, em relação à supremacia guerreira viking, só foram possíveis a conclusão e a aceitação de que, assim como no enigma do aço Cimério, o segredo não está na espada, mas sim no braço que a empunha. As armas nunca foram o motivo da hegemonia viking, e sempre e sim o viking por detrás delas.
O segredo está no braço que empunha a arma. Isto posto e tomado como fato, qual será, portanto, uma vez que ele não se encontra nos instrumentos, o segredo dos braços vikings? Que diferente e superior liga lhes constrói os músculos, ossos e tendões? Que vigorosa e inquebrantável têmpera secreta lhes corre pelas veias? Qual o segredo do extraordinário braço que empunha a reles espada?
A ciência crê ter achado a resposta para tais perguntas. A etnobotânica (etnobotânica... pããããããta que o pariu!!!, é cada picaretagem que o povo inventa) diz ter elucidado a razão da maior força, ferocidade e habilidade viking em batalha, bem como o destemor da morte e a aparente imunidade à dor demonstrada pelos guerreiros, quando em sanguinolentos combates.
Ah, a prepotência da Ciência, ainda mais de uma que se intitula etnobotânica (ainda não me conformei). O que a Ciência tem de prepotente, tem de ingênua. Sabe de nada, inocente!
O "segredo" descoberto pela etnobotânica, e que logo direi, sempre esteve debaixo de nossos olhos. Ou, pelo menos, dos nossos olhos, nós, os leitores de quadrinhos. Ou por que uma velha bisavó celta lhes contou à beira de uma fogueira, ou por que todo verdadeiro escritor é um visionário, um profeta, o segredo do braço viking sempre esteve exposto nas páginas de Asterix, genial criação dos geniais Goscinny e Uderzo.
O que tornava imbatíveis o baixinho bigodudo gaulês e a todo o seu clã era uma beberagem de ervas, com receita mais secreta que a fórmula da Coca-Cola, preparada pelo druida Panoramix e servida aos guerreiros antes das batalhas.
Apesar da inferioridade numérica gaulesa, não sobrava um puto dum romano em pé!!!
É bem verdade que a tribo gaulesa dos celtas deriva de um ramo étnico diferente dos vikings, mas os dois povos guardavam em comum muitos de seus símbolos, rituais e tradições. Por que não a Poção Mágica de Panoramix, também, ou prática correlata?
Pois foi isso, o que sempre esteve às claras, que a etnobotânica "descobriu". Que uma erva com componentes alucinógenos, tomada antes da batalha, colocava os vikings num tipo de transe psicótico, tornando-os extremamente fortes, agressivos, selvagens e imunes ao medo e à dor.
Segundo Karsten Fatur, etnobotânico da Universidade de Liubliana, na Eslovênia, os "sintomas" exibidos pelos vikings são consistentes com os produzidos por dois alucinógenos - a hioscinamina e a escopolamina - presentes na erva Hyoscyamus niger conhecida como meimendro em português. 
"O consumo deles teria reduzido a sensação de dor e os tornaria selvagens, imprevisíveis e altamente agressivos. Também poderia ter produzido efeitos dissociativos, como perder o contato com a realidade. Isso poderia permitir que eles matassem indiscriminadamente sem objeções morais", explica Fatur em um artigo publicado recentemente no periódico científico Journal of Ethnofharmacology.
Não é de hoje que os vikings vêm sendo investigados por uso de substâncias "ilegais" antes das batalhas. Outras substâncias já foram consideradas como possíveis explicações para as ações dos guerreiros vikings : grandes quantidades de álcool, de beladona e principalmente do fungo psicoativo Amanita muscaria eram algumas das possibilidades. Mas o efeito dos alucinógenos hioscinamina e escopolamina contidos na H. niger compõem uma melhor explicação, diz Fatur. 
Eis um povo que não passaria no exame antidoping da Convenção de Genebra, caso houvesse alguma à época. 
Fatal se ingerida in natura, a erva pode ser aproveitada em seus mágicos poderes e propriedades na forma de chá, de infusão em álcool, ou ainda na forma de uma pomada feita de gordura animal e vegetal com que os vikings se besuntavam antes das batalhas, sendo, neste caso, a hioscinamina e escopolamina absorvidas pela pele.
Será que uma chávena de chá de meimendro aumentariam as minhas chances na batalha perdida e cotidiana do magistério?
Vikings após a batalha, tomando seu merecido hidromel. No chifre de seus ancestrais.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Governo Lula bateu recorde de desmatamento sob silêncio da mídia e de ONGs

E por que a mídia e as ONGs não denunciaram o desmatamento recorde ocorrido nos mandatos do Sapo Barbudo? Simples. Porque o PT passou 16 anos (dois mandatos do Nove-dedos e dois de sua versão de grelo duro Dilma Rousseff) enchendo de dinheiro - dinheiro dos nossos impostos - o cu destas duas raças, jornalistas e ONGueiros. Que para ambientalista de ONG, o único verde que importa são as "verdinhas".
Reportagem de Cláudio Humberto, publicada no Diário do Poder.

"Foram 125 mil km2 desmatados em oito anos sem protestos de ONGs e líderes internacionais.
Dados do INPE revelam que a Amazônia teve 125 mil quilômetros quadrados desmatados nos 8 anos do governo Lula. O recorde foi em 2004, quando o INPE registrou em apenas um ano desmatamento de 27,7 mil quilômetros quadrados, equivalente ao Estado de Alagoas, sem que tenham sido ouvidos protestos de ONGs ou líderes europeus. O Instituto Imazon diz que nos últimos 12 meses foram desmatados 5 mil km2, 66% a menos que a média anual do governo Lula. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
A média anual de 15,6 mil quilômetros quadrados desmatados na era Lula caiu para menos da metade, 6,3 mil, entre 2011 e 2018.
O menor registro de desmatamento na Amazônia Legal, diz o INPE, ocorreu em 2012, quando foram destruídos 4,5 mil km2 de matas.
Se mantiver o ritmo dos últimos meses até o final do ano, o governo Bolsonaro terá o terceiro melhor resultado da série histórica do INPE.
A manipulação de números, utilização de fotos antigas ou mesmo de outros locais, evidenciam o interesse comercial ou político na crise.
Aos dados do INPE :

Cerveja-Feira (6)

Foi uma investigação minuciosa, sherlockiana; uma Cruzada Santa em busca do Santo Graal da cerveja, e mesmo assim não consegui exatamente o que eu queria : uma foto do ex-presidente Jânio Quadros com um copo de cerveja na mão.
Bebum notório, não achei único registro fotográfico dele a segurar um copo com a sagrada bebida. Talvez os políticos do passado tivessem ainda um pouco mais de decoro público e se entregassem aos seus vícios e prazeres apenas em suas intimidades e privacidades; ou talvez a imprensa da época se interessasse mais em registrar os atos e medidas governamentais em si do que em flagrar o político em momentos de relaxamento e de descontração. Ou, talvez, as duas coisas.
O máximo que consegui encontrar, ontem, ao quarenta e cinco minutos do segundo tempo, no limite para a postagem de hoje, foi a foto abaixo.
Se nem esta foto, eu tivesse encontrado, não desistiria de Jânio Quadros. Uma outra personalidade pinguça ocuparia a postagem de hoje e minha busca seguiria. Se preciso fosse, seria capaz até de fazer um curso de corel draw, photoshop etc para fazer uma montagem do Jânio Quadros empunhando um canecão. Orson-welliano que sou, inventaria a prova do fato, se este fosse meu último recurso.
Isto porque, se tem alguém que merece ser colocado no alto do panteão da birita, este alguém é Jânio Quadros, obrigado por forças ocultas a renunciar da Presidência.
É dele a lapidar frase que deveria constar, como designa o termo a adjetivá-la, da lápide de todo manguaceiro. Perguntado, certa vez, por um repórter, por que bebia tanto, Jânio Quadros mandou a resposta de pronto, na lata (e na garrafa casco escuro, também):
"Bebo porque é líquido. se sólido fosse, come-lo-ia".
Bebum e culto pra caramba, Jânio Quadros. O último de nossos governantes dado a mesóclises. Professor de português das antigas. Do tempo do Vossa Mercê, do bofé, do ogano e do supimpa.
É dele o Cerveja-feira desta semana. Incontestavelmente.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

As Fantasias Proibidas de Alessandra Negrini

Ontem, ao terminar de escrever a postagem Alessandra Negrini, a Ceci que todo Peri pediu a Tupã, bateu-me uma saudade de vê-la pelada e fui matar a nostalgia buscando a Playboy em cuja capa e páginas centrais ela figura,  uma das edições mais clássicas e vendidas da revista.
Pus lá Playboy Alessandra Negrini no Google e o Sumo Oráculo dos punheteiros jogou-me para vários sites com as fotos da cara-pálida mais pele-vermelha do Brasil.
A edição é do ano de 2000, finalzinho do século passado, e, na capa, acima e à direita da foto da atriz, a coroar a cara de safada e o dorso longilíneo a prometer loucuras de Alessandra Negrini, os seguintes dizeres : Alessandra Negrini vive uma fantasia proibida!!!!
Pããããããta que o pariu!!!! Quem será que era o editor responsável pelas capas da Playboy à época? O Nostradamus? Profética, a capa da Playboy.
Pelo visto, Alessandra Negrini sempre teve fantasias proibidas. Mas a grande verdade é que a própria Alessandra Negrini é que sempre nos foi uma fantasia proibida. Proibida, não; pior : inacessível.
Alessandra Negrini é fêmea das antigas, potranca que não tem medo de que sua beleza fisica, ainda que inquestionável e viágrica, supere, ofusque ou torne menor o seu talento dramatúrgico. Isso porque ela tem um talento dramatúrgico. 
Feministas excomungam as mulheres de bem com a vida e bem resolvidas com as suas belezas. Suvacudas, muxibentas e grelos duros as acusam de traidoras do movimento. Dizem que a beleza não deve ser o cartão de visita da mulher, e sim, e apenas, a sua competência profissional, que a beleza deve ser escondida, renegada, até. 
Dizem isso, é claro, porque não possuem nenhuma beleza que possa lhes servir de cartão de visitas, nenhuma beleza que tenham que fazer algum tipo de esforço, lançar mão de algum artifício para disfarçar. As feministas querem tornar a mulher bonita em um ser assexuado, sem atrativos, ou seja, recriá-las às suas imagens e semelhanças. 
Alessandra Negrini é mulher, é bela, é talentosa e o melhor : cultiva (pelo menos cultivava à época das fotos) uma bela duma caranguejeira. Peludíssima. Digna do selo ISO-Cláudia Ohana de qualidade.
Como boa índia honorária, Alessandra Negrini preserva suas matas nativas, a mata ciliar, a de igapó, a de várzea e a de terra firme.
Uma verdadeira reserva natural de feminilidade, a bela Alessandra Negrini.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Alessandra Negrini, a Ceci que Todo Peri Pediu a Tupã

A canalhada esquerdista decretou! Ou melhor, lacrou : índio não é fantasia!
Cara-pálida usar cocar no carnaval, ou tanga, ou pinturas corporais, ou portar arco e flecha, é ofensa e menoscabo ao sofrimento e à luta do povo silvícola. É crime de apropriação cultural!
Igualmente, a seguir o mesmo raciocínio torto e mal-intencionado da esquerda, também não são fantasias, e sim estereótipos preconceituosos e apropriação cultural, quaisquer trajes com referências ou elementos africanos, ciganos, árabes (acabou o carnaval para Sheik e para a Odalisca), nordestinos (esqueçam da folia, Lampião e Maria Bonita) etc etc.
E fantasia de gueixa, e usar uma máscara kabuki (aquela da música Você é Linda, do Caetano), será que é ofensa à milenar tradição japonesa? E usar um sarongue, um colar de flores e duas metades de um coco, uma em cada teta, como sutiã, a clássica fantasia hula-hula, incorrerá em vilepêndio à cultura havaiana, samoana etc?
E a tentativa de censura da esquerda ao comportamento e às vestes das pessoas durante a festa mais democrática do país (e é aí é que se encontra o cerne da censura esquerdista, ela não sabe o que é democracia; para a esquerda, só é democracia se um dos seus estiver autoritariamente no poder) não se restringe aos elementos étnicos, estende-se também aos profissionais e corporativos : fantasia de enfermeira gostosa, de aeromoça sexy, de bibliotecária lasciva e brasa encoberta, de policial feminina dominatrix e outros fetiches dos mais saudáveis, também são sacrílegos ao evangelho fascista da esquerda, também não são fantasias, são representações sexistas das profissionais de cada área, não as valoriza por suas competências em suas funções, sim por seus corpos. Meritocracia em pleno carnaval? É sério isso?
Também fica proibido - ou,  esquerda gostaria muito que ficasse - homem se vestir de mulher no carnaval. Ficam censurados os tradicionais e divertidíssimos - que não ofendem a ninguém, a não ser à paranoia ávida por indenizações da esquerda rançosa - Blocos das Piranhas. Motivo : ofensa e constrangimento à comunidade transgênero. 
Honestamente, a quem isto pode ofender?
Arrumaram até um nome, um rótulo novo (logo a esquerda que diz ser contra rótulos e pré-conceitos) para o Bloco das Piranhas : é o transfake! Transfake : tucanaram o Denorex : parece mas não é aquele que é e não parece. Pãããããta que o pariu!!!
Enfim, a querer agradar a tirania esquerdista do politicamente correto, não pode se fantasiar de nada, todo mundo teria que sair pelado às ruas durante o carnaval, em trajes de Adão e Eva. Ops, melhor que nem em trajes de Adão e Eva, pois poderia melindrar alguma ala mais conservadora dos católicos.
Sinceramente : isto é coisa de desocupados. Ô povinho à toa, este da esquerda
Nem Solange Hernandes, a Dona Solange para os íntimos, a mais draconiana censora dos tempos do regime militar, devidamente homenageada por Léo Jaime em sua canção homônima, Solange, quis proibir tanta coisa durante o seu período de exercício na função.
A esquerda grita, estrebucha, vocifera e cospe na cara (esquerdista adora cuspir na cara; vide Jean Wyllys em Bolsonaro ( e se tivesse sido o contrário?), Zé de Abreu num casal anônimo em um restaurante carioca e até Chico Buarque em Millôr Fernandes) diante da tentativa de censura a livros, peças teatrais e exposições em museus. Mesmo que a tal peça seja a Os Macaquinhos, cuja trama shakesperiana é basicamente um grupo de "atores" pelados, dançando em roda no palco e um enfiando o dedo no cu do outro. Mesmo que a tal exposição "artística" traga como a sua "mona lisa" uma obra intitulada "Criança Viada". Nestes casos, a esquerda chama os pretensos censores de fascistas, de nazistas, de... e só, que o vocabulário esquerdista não é dos mais ricos e sortidos.
Não à censura de livros, peças teatrais e exposições de "arte", brada em alto e bom tom, e em chuva de perdigotos, a esquerda. E, neste raríssimo caso, concordo com ela. Mas sim à censura e ao veto a marchinhas de carnaval que ela - e só ela - julga ofensivas?  Já há alguns carnavais, foliões esquerdistas tentam proibir a execução de marchinhas que eles - e só eles - julgam ofensivas a alguma das infinitas minorias vitiminhas deste nosso Brasil dantes mais varonil, como Maria Sapatão, Cabeleira do Zezé, Índio que apito etc. Mas sim à censura e ao veto de fantasias, pelos mesmos "motivos" alegados em relação às marchinhas?
A esquerda, que tanto prega, em discurso, a liberdade de ideias, a pluralidade de pensamentos e outras tantas conversas pra boi dormir, quando lhe é conveniente, consegue se mostrar e ser mais repressora que a direita, a quem assim adjetiva. Quando um esquerdista xinga de fascista àlguém de ideologia oposta à sua, é a si mesmo que ele ataca, é contra o seu próprio reflexo em Espelho de Obsidiana que investe, é o cachorro tentando morder o próprio rabo.
Proibir uma roda de atores fazendo fio-terra e ligação direta um no outro, uma suruba falangica-reto-anal,  não pode. Banir a Cabelereira do Zezé e a Odalisca e a Baiana do carnaval, sim? Qual a diferença? Assusta-me por demais - sempre me assustou - esse duplo padrão da canalhada vermelha.
A esquerda não quer proibir apenas certas fantasias. Quer proibir a Fantasia, quer proibir o Imaginário, quer castrar o Sonho. Para a esquerda, até a Fantasia, o Imaginário e o Sonho - únicos territórios em que somos verdadeiramente livres - deve seguir e se moldar à sua cartilha ideológica sarnenta. Mesmo porque o sonho da esquerda é simples, pobre e tacanho : viver a vida toda às custas do Estado, viver como sanguessuga do dinheiro dos impostos do capitalista opressor, macho, branco, heterossexual e de direita. 
Cara-pálida usa cocar é apropriação cultural. E índio de calça jeans, tênis Nike e wi-fi na taba, é o quê? E mesmo pessoas publicamente de esquerda, ou declaradamente simpáticas a ela, podem ser pegas em "fogo amigo" das patrulhas ideológicas, podem ser vítimas das balas perdidas das gestapos vermelhas das redes sociais.
A mais recente e famosa vítima da hidrofobia repressora da esquerda - e o motivo desta postagem - foi a bela, gostosa, suculenta e curvilínea Alessandra Negrini. Bastou a beldade, assumidamente feminista, empoderada, de esquerda e outros blás-blás-blás, desfilar suas voluptuosas formas em trajes de Ceci para deflagar a ira vermelha das redes sociais.
Rajadas de hastags de insultos e impropérios foram metralhadas contra a atriz. Não tenho facebook, twitter, ou qualquer outra rede social, mas li algumas das reações negativas à fantasia da atriz, publicadas em alguns jornais.
E percebi algo : todos os julgamentos e condenações sumários feitos contra a bela partiram e foram desferidos por internautas mulheres. Não havia, ao menos nas fontes em que li, um único homem a criticar e a crucificar Alessandra Negrini.
O que me leva a uma única e irrefutável conclusão : neste caso, especificamente neste caso, o "crime" da bem fornida Alessandra Negrini nem foi, exata e principalmente, o de apropriação cultural. Neste caso em particular, haja vista a origem de toda a revolta e esperneio, o delito maior de Alessandra Negrini foi o de ser gostosa. Muito da gostosa!!! Crime imperdoável, inafiançável e imprescritível de acordo com o Código Penal das Mocreias Feministas, um dos tentáculos mais recalcados e pegajosos do politicamente correto.
A fantasia de índia de Alessandra Negrini serviu tão-somente de pretexto, de pano de fundo para as suvacudas e muxibentas destilarem sua intolerância sem parecerem o que de fato o são, despeitadas.
Alessandra Negrini usar cocar na cabeça e urucum nas faces não é apropriação cultural! Apropriação cultural é feminista usar buceta! Pãããããããããta que o pariu!!!! E tenho dito!!!
Índio pode nem ser fantasia, mas a Alessandra Negrini vestida de índia, com certeza, o é! É a minha Fantasia! E a de todos os machos das antigas! Imagino a Alessandra Negrini, vestida de índia, chegando pra mim e falando : índia quer apito! Isto sim é que é fantasia!!!!! Pãããããta que o pariu se é!!!!!
 Alessandra Negrini, a Ceci que todo Peri pediu a Tupã!!!

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Saudades de Quando Eu Era um Bobo Alegre

Cadê os menestréis e os trovadores,
Suas rimadas e sulcadas dores,
Suas canções e LPs?
Que me eriçavam os pelos do braço, da nuca e da alma?

Cadê os escritores,
Suas iras certas grafadas em linhas tortas,
Seus rascunhos de vida
E edições de bolso de seus remorsos ?
Que me tiravam o sono,
Que injetavam café e pó de guaraná
Nas minhas retinas e pupilas?

Cadê você,
Dublê dos meus problemas,
Tradutora dos meus poemas?
Que me trazia bouquets de cafunés,
Que punha hélio nos meus passos
E mantinha viva,
Respirando por aparelhos,
A minha fé?
Que me fazia rir
Até dos programas dominicais da TV?

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Dr. Jekyll e Mr. Hyde, ou Dr. Hyde e Mr. Jekyll?

"É absurdo dizer, conforme a linguagem popular, que alguém se esconde na bebida; pelo contrário, a maioria esconde-se na sobriedade." Thomas de Quincey in "Confessions of an English Opium-Eater".

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Os Dois Picaretas

O cineasta Fernando Meirelles dirigiu o agradável, ainda que clichê, e talvez por isso mesmo agradável, Dois Papas.
Um dos Papas ali cinegrafados, Francisco I, o Chiquinho Milongueiro, inspirado pelo sucesso de Meirelles  resolveu roteirizar, dirigir e protagonizar sua própria película : Dois Picaretas. Recebeu e abençou o bandido, o quadrilheiro, o condenado Luis Inácio Sapo Barbudo da Silva.
Eis o "o homem de Deus", eis o escolhido do Espírito Santo a abençoar o próprio Belzebu.
Não me espanta a benção papal ao Nove-Dedos. Ambos são safardanas de mesma estirpe. Ambos são esquerdistas de conveniência, comunistas agentes duplos.
Lula jura ter lutado contra a ditadura militar e contra o patronado capitalista opressor das montadoras automotivas do ABC paulista. Lutou é o caralho que lutou; aliou-se aos dois, isto sim.
Década de 1980, tempos de inflação galopante, 20, 30, 40% ao mês. Automóveis encalhados nos pátios das montadoras, ninguém tinha dinheiro para fazer escoar toda a produção. Produção encalhada e os operários a pleno vapor, fabricando mais carros e recebendo seus salários : duplo prejuízo para os patrões. Era justamente nesta hora e nestas circunstâncias que Lula entrava em cena, era justamente quando ocorria esta conjunção de fatores que o Sapo Barbudo era convocado pelos patrões para conversar, para negociar uma greve. 
Lula, feitos os porcos da Granja do Solar, da Revolução dos Bichos, de George Orwell, sentava-se à mesa dos homens como se homem fosse; comunista proletário, sentava-se à mesa dos patrões como se capitalista patrão fosse, e já se tornara impossível distinguir quem era proletário, quem era capitalista.  Lula vendia greves (e seus companheiros) aos patrões a preço de apartamento no bairro nobre do Morumbi.  As greves eram combinadas e mantidas pelo tempo suficiente para que a produção escoasse, para que mais capital físico não ficasse a tomar sereno nos pátios das fábricas sem nada render aos patrões; além e enquanto isso, os operários em greve não recebiam seus salários, não oneravam os cofres das indústrias : dupla economia para as montadoras. 
Líder metalúrgico, Lula fingia bater de frente com os patrões, mas, por detrás, estava em conluio com eles.  vendendo greves que beneficiavam muito mais as montadoras que aos operários bucha de canhão, que viam no Sapo Barbudo o seu líder salvador. Normalizada a situação, para não levantar suspeitas, as montadoras davam lá umas quirelas por cento de aumento e o proletariado todo voltava feliz e satisfeito para o seu inferno. Ganhavam com isso : o patrão e Lula.
Tal fato, ouvi-o pessoalmente, e não através de reportagem, duas vezes na minha vida. A primeira em 1984, quando residia em São José dos Campos, da boca confiável e com conhecimento de causa de um operário de uma montadora, pai de um amigo da escola. A segunda em 2014, da boca de um médico urologista com quem me consulto anualmente. Com um ouvido na narrativa e um olho no dedo dele, ouvi do médico, que fez sua especialização em Medicina do Trabalho estagiando num  ambulatório de uma grande montadora e chegou, inclusive, a ver Lula de longe algumas vezes na década de 1980, exatamente a mesma história contada pelo pai de meu amigo : Lula começou o seu enriquecimento vendendo greve aos patrões.
Em relação à suposta luta do Seboso de Caetés contra o governo militar, Lula também era agente duplo, também jogava nos dois times (fazendo gol contra os que vestiam a mesma camisa que ele), era um bolchevique gilete. Lula entregava seus companheiros de luta numa bandeja de prata para o xerife Romeu Tuma, que foi diretor do DOPs paulista e da Policia Federal à época do governo militar. Lula passava para Romeu Tuma as informações sobre os principais líderes sindicais e, em troca, quando Lula precisava ser preso para manter as aparências de sua luta contra a ditadura, ele recebia os maiores confortos e regalias em sua cela especial. Quem nos conta isto é Romeu Tuma Jr., em seu livro Assassinato de Reputações. Conta que Lula era frequentador habitual de sua casa, um conviva e amigo pessoal do diretor do DOPs paulista.
Jorge Mario Bergoglio, o hoje Chiquinho Milongueiro, também jura por Deus ter lutado contra a ditadura militar argentina. Será? O atual Papa, parece-me, é uma unanimidade entre os católicos, porém, não entre o povo argentino, que o acusa, inclusive o já mítico grupo As Mães da Praça de Maio, de ter colaborado com a ditadura argentina, ou, na melhor das hipóteses, de ter sido omisso, de ter feito vistas grossas às ações dos militares.
O filme Dois Papas mostra um episódio (real) que bem ilustra o jogo duplo do Chiquinho Milongueiro. Bergoglio era chefe da ordem dos Jesuítas quando os militares tomaram o poder na Argentina, e, diferente de muitos de seus subordinados, ele não encarou os militares de frente. Decidiu estabelecer uma relação de boa convivência com eles, estabeleceu uma linha direta com os generais, era por eles bem recebido em seus gabinetes; de novo, a exemplo dos porcos de Orwell, Jorge Mário Bergoglio sentava-se à mesa com os generais como se um general fosse, e já se tornara impossível saber quem era general, quem era jesuíta. Tudo sob o pretexto de que melhor poderia proteger os seus se soubesse dos planos dos inimigos. Balela, claro.
O filme mostra o caso de dois jesuítas subordinados de Bergoglio, Orlando Yorio e Francisco Jalics, ambos à frente de uma missão na periferia de Buenos Aires, onde faziam trabalho social com as comunidades carentes e, claro, ensinavam o povão a rezar, mais que a Bíblia, a cartilha comunista. Bergoglio os procura e ordena que extingam a missão, diz-lhes que estão na mira dos militares, manda que façam uma retirada estratégica, que é o eufemismo preferido do sujeito vendido para "fuga" e "deserção". Bergoglio não é acatado por seus subordinados. Incorrendo simultaneamente nos pecados capitais da soberba e da ira, Bergoglio destitui os dois de suas condições de jesuítas, meio que os excomunga. Ao fazer isso, "retira a proteção" que tinham contra os militares. Uma vez que não eram mais "homens de Bergoglio", ainda no mesmo dia, são sequestrados e submetidos a intermináveis sessões de tortura. Bergoglio entregou Orlando Yorio e Francisco Jalics aos militares. Um dos dois, não me lembro qual, morreu em decorrência das torturas.
Não me espantou, portanto, o fraternal encontro de Francisco I e Lula. 
Farinhas do mesmo saco. Dois lados do mesmo tostão furado. 
Não foi à toa, muito menos por acaso, que o safado do povo brasileiro elegeu Lula para seu líder, e o Espírito Santo a Jorge Mário Bergoglio para chefe da Igreja Católica.
O Papa Francisco é o Lula de batina! Lula é o Papa Francisco de macacão de operário! Os iguais se reconhecem e se congraçam!
Os Dois Picaretas

Cerveja-Feira (5)

Sei que havia prometido o inigualável e folclórico Jânio Quadros para esta cerveja-feira, o presidente deposto por "forças ocultas", o último de nossos governantes com cultura suficiente para se pronunciar em mesóclises, mas até agora não encontrei sequer uma foto dele com o copo na mão. 
O pessoal das antigas tinha decoro público. Bebia, mas não se expunha. Eram bebes-quietos.
Enquanto isso, trago-vos um outro e não menos importante líder de nação, a alemã Angela Merkel.
E com ela não tem essa de copo americano, não! Com ela, é o canecão de um litro alemão, mesmo!!!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Petra Petralha Se Fudeu

Um texto que é uma marretada de Rodrigo Constantino

"Não deu. Não foi dessa vez que um filme brasileiro levou a estatueta do Oscar. Confesso que não derramei lágrimas ufanistas. A minha tristeza quando o “documentário” da riquinha mimada perdeu o Oscar foi a mesma de quando Lula foi preso. Patriotismo é justamente não torcer para um troço desses, que levaria a mais gente ainda essa narrativa falsa como uma nota de três reais. Perdeu, playboy!
Mas como há compensações nesta vida, Petra Costa teve a oportunidade de dar mais uma “lacrada” no evento, aproveitando os holofotes por conta da indicação. Eis a imagem do surrealismo:
 No cartaz da autora do filme poderia constar a pergunta de quem mandou matar Celso Daniel, um crime ainda mais antigo, mais suspeito e sem conclusão. Mas aí ela perderia alguns amiguinhos. O sujeito de boné do MST falar que é preciso parar de invadir terras é a piada pronta que mostra o grau de insanidade da turma. E a indígena, que foi como mascote da elite culpada, precisa explicar como a sua luta é a mesma da de tantos indígenas que desejam justamente acesso ao progresso capitalista, em vez de viver numa espécie de zoológico humano como bicho exótico para acalentar o coração dos ricos entediados que leram Rousseau e acreditaram no mito do “bom selvagem”.
Petra perdeu, mas a patrulhada não perde uma só chance de destilar hipocrisia e impor sua narrativa patética, sua visão estética de mundo que não precisa guardar qualquer elo com a realidade dos fatos. Lacrar em Hollywood é a coisa mais fácil do mundo, já que há mais socialista lá do que em Cuba. Basta repetir os clichês típicos da esquerda caviar, e encontrará um ambiente extremamente amigável nesse meio endinheirado e repleto de famosos vaidosos e ignorantes.
Enquanto isso… os companheiros de Petra no Brasil também tentavam lacrar. Lula rechaçou qualquer possibilidade de autocrítica, constrangendo aqueles “analistas” que cobram do PT tal postura, como se fizesse parte do repertório petista, calcado na desonestidade, esse tipo de virtude. E Marcelo Freixo pregava seu conhecido ódio, um “ódio do bem”, alegando que é preciso “destruir o governo Bolsonaro”. Afinal, destruir não é discurso de ódio quando se trata do “fascismo”, como sabemos, ainda que um fascismo imaginário criado por esquerdistas radicais que, estes sim, adotam métodos muito similares aos fascistas.
Esse universo paralelo da esquerda radical, que ainda controla boa parte da mídia e da cultura, engana cada vez menos gente, graças às redes sociais. A turminha fala para sua própria bolha, e só. Petra já pode até fazer um novo “documentário” de como ganhou um Oscar, já que não é preciso ter ligação com fatos. E todos podem apontar para os grandes vencedores da noite e alegar, ao menos, que não há um só negro representando as minorias ali. O quê? São coreanos? Pouco importa! Nada que uma marretada não possa encaixar na narrativa de homens brancos ocidentais que dominam a cultura e demonstram preconceitos contra as pobres minorias…"

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Proibir Livros? No Brasil? Para Quê?

Toda censura é burra em si mesma, ou per si, como diria meu saudoso amigo Odair, químico, ufólogo, tocador de viola, contador de causos e piadas, livre-pensador e filósofo diletante. Toda censura não faz senão jogar holofotes sobre o objeto, ou a obra que pretende oblinuviar e furtar da apreciação das pessoas. Obra essa que, no mais das vezes, sempre esteve mesmo oblinuviada, obscura e recôndita. Toda censura não faz mais do que botar o oxiúro da curiosidade nos olhos e nos ouvidos que diz querer poupar e proteger do que ela julga impróprio.
Suamy Vivecananda de Abreu
Mas a tentativa de censura, ocorrida na quinta-feira (06/02), por parte da Secretaria de Educação de Rondônia, comandada pelo secretário Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, foi duplamente burra.
Primeiro, pelos motivos supraexpostos, e, depois, pela natureza das obras que tentou censurar : livros.
Proibir livros? No Brasil? Para quê? Quem é que ainda lê neste país cada vez mais de merda e de merdas?
O Index Librorum Prohibitorum rondoniense pretendia recolher das escolas públicas do estado mais de quarenta títulos de nossa literatura, considerados de "conteúdo inadequado para crianças e adolescentes".
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, consta do Index rondoniense; Os Sertões, de Euclides da Cunha, idem. Repergunto : que ínfima fração da população adolescente em idade escolar deste país ainda lê? Que irrisória parcela entra numa biblioteca por conta própria e, ao se deparar com um Machado de Assis nas prateleiras, entusiasma-se em retirá-lo para leitura e depois recomenda-o aos amigos, propagando, assim, o "conteúdo inadequado" que há nele, segundo a seduc de Rondônia?
Nem quando eu era adolescente a molecada lia Machado de Assis ou Euclides da Cunha, a não ser que fosse por obrigação escolar, a não ser, como no meu caso, que o moleque fosse (eu ainda sou) um misantrapo e um desajustado social, um anormal que gostasse mais de livros do que de gente - e ainda continuo gostando.
Proibir livros? No Brasil? Para quê? Ainda que a medida tivesse logrado êxito, ela seria, na melhor das hipóteses, inócua. Ou alguém acha mesmo que o mano de boné aba reta, com tatuagem de palhaço assassino na panturrilha e "Jesus" no antebraço vai entrar na biblioteca da escola, dar pela falta d' Os Sertões e protestar : cadê o Euclides que tava aqui? Exijo o meu direito de ler Os Sertões! Não vai, né? Queimou-se à toa e desnecessariamente, o tal secretário Suamy.
Claro que o secretário deu mil desculpas esfarrapadas. Inicialmente, disse que era uma fake news lançada por seus opositores, depois disse que o documento era um rascunho sem nenhuma intenção de ser de fato publicado em Diário Oficial, depois disse que era um estudo feito por uma equipe técnica por conta de reclamações e de denúncias de que nas bibliotecas das escolas estaduais havia livros paradidáticos com conteúdos inapropriados para o público alvo, alunos do ensino médio. Cada emenda a se sair pior que o soneto. Ou seja, o secretário foi pego com uma marca de batom na cueca, mas ainda com cueca, defender-se-á até a morte. Como diz um amigo meu, canalha e biscateiro de primeira linha, se não me pegarem pelado, eu nego até o fim.
Um memorando emitido pela tal equipe técnica tentava justificar a proibição dos livros dizendo da responsabilidade de os educadores  "estarem atentos as demais literaturas já existentes ou que chegam nas escolas" (sic) de modo que "sejam analisadas e assegurados os direitos do estudante de usufruir do mesmo com a intervenção do professor ou sozinho sem constrangimentos e desconfortos".
Tendo em vista este memorando, dá pra ver que nem o secretário Suamy nem a sua curriola são grande leitores. Pois este é o objetivo primeiro de um livro, de um bom livro : causar desconforto, incomodar. Fustigar-nos e afligir-nos. Um bom livro tem o dever de nos flagelar a mente. Haja vista o caso de meu amigo Jotabê, que nunca mais será o mesmo depois da leitura de Sapiens.
O governo militar, que tentou colocar o país na linha de 1964 a 1985, em vão e desastradamente, é verdade, afinal, como disse o filósofo Compadre Washington, pau que nasce torto nunca se endireita, e nascemos tortos como nação, proibiu diversas obras - literárias, musicais, teatrais, jornalísticas etc. Tal censura, condenável, obviamente, na época tinha lá o seu sentido para quem governava, era, de fato, útil, prudente e previdente aos detentores do poder : as décadas de 1960 e 1970 eram formadas por gerações de pessoas com hábito de leitura. A leitura de certas obras, realmente, oferecia risco aos governantes. Foi uma censura inútil. As obras proibidas foram lidas, vistas e ouvidas. Mas hoje? Proibir livros? No Brasil? Para quê? E esta situação é mais uma obra da esquerda, a sua mais bem acabada obra, o seu Davi de Michelângelo, ou a sua "desobra-prima", uma vez que o modus operandi da esquerda é destruir, subverter e inverter os bons valores morais.
A esquerda, a suceder o governo militar e através da "Constituição Cidadã", do ECA e das novas Leis de Diretrizes e Bases do Ensino, perpetrou um novo, sub-reptício e definitivo tipo de censura : o semianalfabetismo institucional.
Hoje em dia, não há mais mecanismos legais que permitam que as escolas obriguem o aluno a estudar, que permitam que eles sejam reprovados por mau rendimento (a progressão continuada), que permitam as suas expulsões em casos de má conduta recorrente; desta forma, sem ordem, disciplina e respeito à hierarquia, a maior e esmagadora parcela dos alunos de escolas públicas que conclui o Ensino Médio (antigo segundo grau), deixa os muros escolares semianalfabetos e sem a mínima noção de civilidade. Deixam o Ensino Médio letrados apenas o suficiente para lerem o nome do itinerário do ônibus que pegarão da casa para o trabalho e do trabalho para a casa. Só não lhes pergunte o que é itinerário.
A esquerda foi genial neste aspecto, não tenho problema algum em dar o braço a torcer ao inimigo, quando ele se revela superior. E neste aspecto, o da censura, a esquerda deu de goleada alemã no governo militar : a direita militar proibia que se lessem certos livros; a esquerda passou a proibir que o aluno aprenda a ler. Genial. Insuperável. Uma vez tornado em um adulto semiletrado, com desprezo pelos livros e por qualquer coisa que diga respeito à cultura e ao conhecimento, a censura definitiva está instalada. Não será nunca mais necessário proibir livros, uma vez que o sujeito nunca se interessará em lê-los, e, caso se interesse, não será capaz de.
Um sujeito deste pode ser largado dentro da melhor e maior biblioteca do mundo, nada ali lhe apetecerá. Podemos reerguer a Biblioteca de Alexandria e lhe dar acesso irrestrito a ela e a todos os seus volumes. A única coisa que ele perguntará ao atendente será : aqui tem wi-fi?.
A lista dos livros proibidos traz ainda Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Ferreira Gullar, Carlos Heitor Cony e outros. O campeão do Index Librorum Prohibitorum rondoniense é Rubem Fonseca, com 19 títulos proibidos, do total de 42 da lista.
Ou, talvez, o campeão seja um outro Rubem, o Alves, pois não foi relacionado o nome de nenhum livro seu na lista, mas ao rodapé da mesma a observação : Todos os livros de Rubem Alves devem ser recolhidos".
Todos!!! Pããããããta que o pariu!!!
Devo confessar que, no caso deste autor, o pequeno Torquemada que habita em mim, assanhou-se.
Rubem Alves foi homem de grandes letras e sólida formação intelectual e acadêmica - admiro-o por isso. Foi psicanalista, téologo e escritor. Mas a partir do momento em que descobriu o rico filão de ouro da peidagogia, tornou-se em mais um picareta metido a educador, que escreve uns livrinhos cheios de metáforas estapafúrdias, bem ao estilo motivacional e de autoajuda. Este fala mansa, há tempos caiu nas graças da abominável classe professoral - sobretudo as professoras primárias e as coordenadoras peidagógicas -, que se emociona com suas historinhas para boi dormir, que considera os seus escritos de grande profundidade e inspiração. Entre seu clássicos estão : "O sapo que não queria ser príncipe" e "Ostra feliz não faz pérola". Além da parábola "O fogo que nos transforma", na qual compara - numa cara-de-pau que beira o ineditismo - o potencial humano a um grão de pipoca submetido ao fogo. O grão pode virar uma tenra e macia pipoca ou se tornar um piruá. Assim também são as pessoas, afirma esse grão-mestre da educação tupiniquim, se elas se despem de suas ideias formadas e de seus sólidos conceitos frente a uma nova situação, diante de uma adversidade, se abrem-se ao novo, viram uma bela e formosa pipoca; caso contrário, se continuam fechadas nas "cascas" de seus pensamentos preconcebidos, serão eternos piruás.
É ou não é pra censurar uma velhacaria desta?
Mas e se esta tentativa de censura da Seduc de Rondônia, como eu disse sobre as censuras de forma geral, despertar a curiosidade e o interesse da atual geração de apedeutas deste nosso Brasil dantes mais varonil para as obras de Machado de Assis, Mário de Andrade, Nelson Rodrigues e outros?
Não. Neste caso, não. Não acontecerá. Não no Brasil atual. Não com esta geração que não quer nem estudar nem trabalhar, que só quer saber de passar o dia nas redes sociais.
A censura ao Porta dos Fundos fez aumentar exponencialmente as visualizações de seus vídeos; a censura e a ordem de recolhimento do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, a um gibi dos Vingadores, na Bienal 2019 do Rio, onde dois superboiolas se beijavam, fez explodir a venda da HQ.
Mas com livros, com Euclides da Cunha, com Machado de Assis, com Mário de Andrade, esqueçam, tal efeito não se dará, nem se iludam a este respeito.
O brasileiro é exceção à maioria das regras, sobretudo às boas. Ponham um livro na frente de um adolescente padrão dos dias de hoje e ele dirá como o Macunaíma, personagem da obra de Mário de Andrade e um dos títulos censurados : Ai, que preguiça!...
Suamy, é claro, deu pra trás. Os livros não serão recolhidos.