terça-feira, 30 de março de 2021

"Não me Arrependo de Nada", Diz Sérgio Moro, o Eliot Ness Brasileiro

E por que se arrependeria? Por que o sujeito (o único competente e peitudo surgido até hoje para tal) que colocou no xilindró o maior ladrão de toda a História do Brasil se arrependeria de algo? Por que o sujeito que enfiou nove anos e tanto de condenação (depois elevados para doze) goela abaixo e toba adentro de Luis Inácio Sapo Barbudo Lula da Silva teria alguma mea culpa a fazer, algum tipo de retratação a comunicar?
Pelo contrário. Esse cara tem mais é que ter um orgulho muito grande de si. Tem é que se autocondecorar em todas as manhãs ao se olhar no espelho. Tem que recitar para si o eterno mantra : eu sou fodão. Eu sou o cara.
E eu acredito mesmo que Sérgio Moro é o cara! À parte por ora supostos pequenos pendores para um lado ou para o outro, Sérgio Moro é o cara - e quem é ou sempre foi 100% imparcial em todos os seus atos e intenções que atire a primeira pedra. À parte por ora supostos pequenos interesses, aspirações e conveniências, que lhe possam ter sido atendidos, que ele possa ter alcançado por não ter feito nada mais do que a sua obrigação (pôr bandido na cadeia), que ele possa ter atingido por ter cumprido com galhardia o que, no fim das contas, nada mais era que o seu dever, Sérgio Moro é o cara - e quem nunca usou da própria competência para se promover que atire a primeira pedra; e quem nunca ambicionou voos mais altos no esforço de fazer o seu trabalho bem feito, quem sempre o fez só pelo prazer da "missão cumprida", que me atire a primeira tonelada de pedra.
Sérgio Moro é o cara! E explico.
A maior vitória de Sérgio Moro - e nossa, cidadãos que não vivemos de ilícitos - nem foi só contra o corrupto Lula. Foi além. A maior vitória de Moro foi ter vencido o corrupto Lula dentro dos trâmites e dos conformes de nossa corrupta Constituição. Constituição muito bem elaborada pela quadrilha de parlamentares da época, timoneada pela raposa velha Ulysses Guimarães. Constituição muito bem urdida para proteger e institucionalizar a corrupção parlamentar. Até cachorrinho poodle e amante de político têm foros privilegiados. 
De 1988 para cá, a corruptocracia, seja ela declarada de direita, de centro ou de esquerda, é o regime político vigente no Brasil.
Digo que Sérgio Moro é o cara porque ele conseguiu meter na jaula um ex-presidente corrupto se valendo dos caminhos e dos meandros de uma Carta de Leis muito bem engendrada, justamente, para blindá-lo. A vitória de Moro não foi só contra o gatuno Lula, o que per si já seria um grande feito. Foi contra a corrupção política constitucional.
Sim, no Brasil parlamentar, a corrupção é a lei. Ou acham que se ela fosse, de fato, considerada um crime, vicejaria e reincidiria tanto? Ora porra, nem eu sou tão ingênuo assim.
E, por isso, Sérgio Moro incomodou e incomoda a tantos. Porque mostrou que uma boa dose de conhecimento, competência e coragem pode trespassar as barreiras jurídicas que protegem os parlamentares; barreiras, até então, consideradas intransponíveis por eles. Foi um susto geral! Ou alguém acha mesmo que a revolta de certas alas da política contra Moro, as ações em desqualificar e vilipendiar o seu trabalho e a tentativa agora de uma revanche contra o ex-juiz de Curitiba foram por ele ter posto o Lula na cadeia? Que todos os corruptos deste Brasil dantes mais varonil ficaram com peninha do Sapo Barbudo? Porra nenhuma! Puro instinto de sobrevivência política.
Sérgio Moro é o cara : prendeu um ex-presidente corrupto seguindo as legalidades de uma Constituição corrupta. Moro achou uma brecha na Grande Brecha. Moro deu de goleada jogando na casa do adversário. Fez a cobra morder o próprio rabo.
Abaixo, transcrevo algumas falas de Moro durante sua participação numa live promovida pelo grupo Parlatório, com a presença de políticos, FHC entre eles, e empresários.
"Não me arrependo de nada. Pelo contrário. Tenho muito orgulho do que foi feito na Operação Lava Jato";
"Quando se fala em criminalização da política pela Lava-Jato, isso é uma grande bobagem. O que havia são pessoas que receberam ou que pagaram suborno";
"Quando se fala em abusos e excessos, temos que ir aos fatos" (sobre a suposta parcialidade que estão querendo lhe atribuir);
"20% dos acusados pela Lava Jato foram absolvidos. Cadê o conluio?"
"Sempre tratei o STF com o máximo respeito, mas a decisão de revisão da jurisprudência das execuções da primeira instância foi uma decisão errada, uma decisão infeliz."
"Houve retrocessos em relação a leis, jurisprudências e processos simbólicos" (ao falar do atual combate da corrupção no Brasil);
"Quando vi que não tinha chance de acontecer [a aprovação do pacote anticorrupção] dentro do governo que eu ocupava, eu saí" (ao dizer da decisão de deixar o Ministério da Justiça
"Dá para tocar Piaf ao fundo. Non, je ne regrette Rien. Não me arrependo de nada. Foi um trabalho importante, reconhecido pela população brasileira".

domingo, 28 de março de 2021

People Are Strange

Pessoas são estranhas
Quando você lhes é um estranho.
 
Pessoas são estranhas
Quando não são suas entranhas.
 
Não há nada de estranho nisso.
Estranho, não é?

Corações Sem CEPs Nem Logradouros

Ela mora
Na última casa,
Sem número,
Da rua sem saída
Da minha solidão.
 
Ela mora
Na última porta
Na última janela
Sem tramela
Sem gelosia
Do beco escuro
Do meu coração.
 
E eu,
Senhorio tímido.
 
Sem coragem
De lhe declarar o meu amor
(nem mesmo de lhe cobrar o aluguel).

sexta-feira, 26 de março de 2021

Ora, Vão Todos Tomar no Cu!

Pããããããããta que o pariu!!!! A esquerda enlouqueceu de vez! É o samba do bolchevique doido! Ou, o mais provável, está desesperada para destronar o imbrochável Bolsonoro de qualquer jeito e deixou de fingir a pouca vergonha na cara que nunca teve!
Para você, caro e cada vez mais raro leitor do Marreta, o que significa o gesto abaixo?
Se você for um brasileiro das antigas, bem sabe que é o bom e velho "vá tomar no cu"; se for um ianque, dirá que é um OK; se for chegado a uma meditação, a uma ioga, dirá que é o posicionamento correto dos dedos para apoiar as mãos nos joelhos cruzados e assumir a posição de lótus, certo?
Errados. Errados, todos vocês. Só há uma única e possível interpretação para o gesto, e ela, é claro, é a interpretação da esquerdalha. Uma única e supremacista interpretação : para a canalhada vermelha, ele é um gesto supremacista branco! O símbolo do poder supremacista branco, o white power.
Os três dedos levantados desenham uma letra "W" e a rodinha feita entre o polegar e o indicador, o famoso cu, desenha a letra "P".
Pããããããta que o pariu!!! E o descaramento dos vermelhoides não para por aí. Estão agora a acusar Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, de fazer o tal gesto supremacista durante uma das lenga-lengas de Rodrigo Pacheco, presidente de nosso honrado Senado Federal.
Indignado por tão indigno gesto, o senador Randolfe Rodrigues (Rede - AP), líder da oposição, exigiu que Filipe Martins fosse  retirado das dependências do Senado e autuado pela Polícia Legislativa.
E a patifaria vai tão longe que o Ministério Público Federal, a pedido da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul, abrirá investigação contra Filipe Martins para apurar “suposta prática de crime de racismo e improbidade cometido por servidor público federal, no exercício do cargo”. O procurador Enrico Rodrigues de Freitas, que assinou o despacho enviado a Brasília, garante que há indícios mínimos para embasar a investigação e prevê os seguintes possíveis crimes praticados pelo assessor : “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, bem como por sua repercussão na esfera de improbidade administrativa, posto que praticado no exercício de função pública federal”.
Pãããããta que o pariu!!! Gastar tempo, pessoal qualificado e muito dinheiro público para investigar um "vai tomar no cu"? É muita falta do que fazer. Muita falta do que fazer, não, porque processos sérios estão a se acumular há anos nos porões e nos arquivos empoeirados de nossa célere Justiça. É muita falta de não querer fazer o que tem de ser feito! É falta de tomar uns tapas bem dados nas fuças.
O gesto nada tem de misterioso e não significa nenhuma das possibilidades já citadas : o assessor estava tão-somente a ajeitar a lapela do paletó. Basta olharmos para vermos. Em seu tuíter, ele escreveu : “Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao “supremacismo branco” porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados; um a um”.
Então, tá, vá lá que seja. Hoje é sexta-feira, eu já estou a tomar o meu primeiro latão e eu estou quase de bom humor. Vá lá que seja, vou entrar na vibe da esquerda e admitir a possibilidade de Filipe Martins ter feito um gesto supremacista branco, ainda que judeu. 
E as duas figuras abaixo? Também estarão a fazer um gesto supremacista branco? Também estarão a “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, bem como por sua repercussão na esfera de improbidade administrativa, posto que praticado no exercício de função pública federal”?
Ou será que só é gesto supremacista branco se for feito por alguém de direita? Se for de esquerda, como nos dois casos acima, significa o quê?

Variantes de Quem, Mesmo? De Quem? De Quem? De Quem?

Em tempos normais, tempos de sair ainda antes do sol para o trabalho, tempos de respirar sem barreiras o ainda ar fresco da manhã, tempos nos roubado pelo Império Amarelo, meu despertador ficava programado para as cinco horas da manhã; embora eu sempre acordasse antes. Em tempos de agora, de loquidaus, de escolas novamente fechadas por decreto biológico da pátria de Mao, dou uma folga de uma hora a ele, ao meu velho, empoeirado e cansado rádio-relógio, regulo-o para as seis horas, hora suficiente para que eu prepare o leite e o lanche do filho, em aula remota a partir das sete e quinze, e o café da esposa, em home office. Calibro-o para as seis horas; mas sempre acordo antes.
A depender do quanto antes, como foi o caso de hoje, levantei-me às três e quinze da manhã, vou, faço o meu café na minha surrada e oxidada cafeteira italiana, assisto àlgum filme de curta duração, uma hora e meia no máximo, e assisto a relances de telejornais matutinos. Minhas duas gatas, já novamente cansadas e com sono então, acompanham o meu sonambulismo desperto só com os olhos.
Hoje, num desses telematutinos, o Bom Dia São Paulo, uma repórter bonitinha, mas simplória, transmitia sobre a decisão do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, de colocar seis barreiras a guarnecer a área urbana do município, de modo a impedir o afluxo e a entrada de veículos de outras localidades; sobretudo da capital paulista, que convergiriam aos muitos sítios e chácaras de Sorocaba por conta do super feriadão decretado por Bruno Covas, prefeito da cidade de São Paulo. A intenção é evitar que turistas contaminados venham a piorar a situação da cidade e também que outros não se contaminem com as novas cepas encontradas na cidade e as carreguem de volta para as suas casas.
Segundo a repórter, em Sorocaba, foram detectados casos de contaminação por cinco "variantes diferentes" (sic) do vírus, inclusive com mortes; ou, como tenho certeza que diria a repórter bonitinha, com a ocorrência de óbitos fatais. Cinco "variantes diferentes", as variantes brasileiras de Manaus e de Minas Gerais (uai, sô, dessa eu nunca tinha ouvido falar), a variante britânica e duas outras cujas origens não foram informadas pelas autoridades sanitárias do município.
Antes ainda, num outro telematutino do mesmo canal, o Hora Um, o âncora daquela barca furada, noticiou que 40% dos novos casos de covid-19 no Peru já são devidos à variante de Manaus.
Ora, vejam... bem que chegamos aonde eu queria. Ora, vejam... uma vez que estamos a nomear as "diferentes variantes" por suas origens e procedências geográficas, a chamar-lhes por suas nacionalidades e naturalidades, que tal, só para variar um pouco, até por uma questão de coerência, clareza e, principalmente, de ética, imparcialidade e vergonha na cara, complementar a informação e se fazer acompanhar também do local de seu nascimento o vírus original, do qual se irradiaram adaptativamente todas essas "variantes diferentes"?
Variante manauara de quem, mesmo? Variante mineira de quem, mesmo? Variante britânica de quem, mesmo? De quem? De quem? De quem?
Do novo coronavírus? Do covid-19? Porra nenhuma! Do vírus chinês, isso sim! Do vírus de olhinhos puxados. Pois que digam : a variante brasileira - e completem - do vírus chinês! Por que variante brasileira, ou britânica, podem ser ditas, não "ofendem" ninguém? Por que a repórter bonitinha já teria sido malhada feito Judas nas redes sociais e mesmo perdido seu emprego se, supondo que ela possuísse o discernimento para tal, tivesse dito a variante de Manaus do vírus chinês?
Que sejam reportadas as novas "variantes diferentes", sim; que sejam carimbadas e rotuladas com seus locais de origem, sim; até para tentar controlar e minorar o trânsito e o tráfego de pessoas por essas regiões. Mas que nunca deixe de ser dito a que matriz pertence a nova filial do vírus. Que seja sempre dito e lembrado : filial britânica do vírus chinês. Filial de Manaus do vírus chinês. 
Variante brasileira do coronavírus é o caralho!!! Variante brasileira do vírus chinês!!! Do vírus chinês!!! CHINÊS!!!
Ou, daqui a pouco, se é que já não, e essa é a sub-reptícia intenção, o mundo passará a acreditar que o comunavírus tenha surgido nas selvas amazônicas - mais um exótico vírus tropical -, e logo se esquecerá, se é que já não, e essa é a sub-reptícia intenção, de que ele foi criado na China.
As variantes brasileiras são as versões piratas do vírus chinês. São as cópias xing ling do vírus xing ling!

terça-feira, 23 de março de 2021

Os Padres Dizendo "Uis", as Freiras Dizendo "Ais"

Oh, quanta alegria,
Oh, quanta folia,
Ouvia-se sair daquela abadia...
Na qual,
Ao alvorecer,
Celebravam-se tantas homilias matinais :
Os padres,
Contritos,
Dizendo "uis",
As freiras,
Em posição de genuflexório,
Dizendo "ais".
 
Oh, quantos ulos,
Oh, quantos lamentos,
Ouvia-se sair daquele convento...
No qual,
Ao entardecer,
Nos galhos da figueira velha,
Iam-se aninhar os pardais :
Os padres,
Com o diabo no corpo,
Dizendo "uis",
As freiras,
Possuídas,
Dizendo "ais".
 
Oh, quantos arfares,
Oh, quantos suspiros,
Ouvia-se sair daquele sacrossanto retiro...
No qual,
Ao recolher da noite,
Armava-se um palco de epifanias e elevações espirituais :
Os padres,
Entesados,
Dizendo "uis",
As freiras,
Arreganhadas,
Dizendo "ais".

domingo, 21 de março de 2021

Oh! Dores!

Não gosto do cheiro do povo
(valha-me São João Baptista Figueiredo!)
Gosto do cheiro da pólvora
(das bombinhas de São João)
Do cheiro da chuva que molha o pó.
Gosto do meu cheiro,
Do meu cheiro de só
E só!

Mão de Merda

Não tenho mão boa :
Para jardinagem
Para empinar pipa
Para culinária
Para rodar pião
Para caligrafia
Para embirocar bolinha de gude
Para desenho
Para jogar videogame
Para furar parede e pendurar quadros
Para pintura
Para carinho
Para coar café
Para cafuné
Para marcenaria.
 
Nem pra punheta,
Ultimamente.

sábado, 20 de março de 2021

Loquidau? Só Se For na Nova Zelândia, Jotabê... Só Se For na Nova Zelândia.

Eu nasci um ano antes do AI-5, Jotabê, em 1967. Quando acabou o governo militar, eu tinha a mesma idade que você no início do AI-5. Eu vivi até o meu início da fase adulta sob o governo militar. Nunca tive essa sensação de medo ao andar pelas ruas que você descreveu, Jotabê. 
Pelo contrário, medo de andar pelas ruas, eu tenho hoje. Com 12, 13 anos, muitas vezes, íamos, em grupos de 3 ou 4 amigos, aos cinemas do centro; muitas vezes, voltávamos já ao anoitecer, ao fim da sessão das quatro, que ia até às seis, seis e pouco da tarde. Voltávamos a pé por lugares que hoje eu fico com receio de passar ao meio-dia. Nunca fomos abordados por policiais ou militares; tampouco por vagabundos, que hoje lotam as praças públicas. Nunca tive notícia de algum vizinho, parente ou mesmo professor meu que tenha sofrido algum tipo de repressão ou tortura. Claro que a visão que temos de uma época depende muito do lugar em que vivemos, das relações que tivemos e até da idade que tínhamos então, mas nunca senti, como eu disse, esse medo do regime. 
Durante esse período, entre 1967 e 1985, morei em Ribeirão Preto, em Porto Velho (RO) e em São José dos Campos, e em nenhum dos três lugares presenciei ou fiquei sabendo de nada que pudesse me assustar nesse sentido. Mesmo quando eu já tinha 16, 17 anos e voltava sozinho à noite da escola para casa (já quase 23 horas ou às vezes mais), eu atravessava boa parte do centro de S.J Campos e nunca tive essa sensação. Havia quase sempre viaturas policiais em algumas praças que eram parte do meu trajeto, mas nunca fui abordado por nenhuma delas. Eu passava por eles com meus materiais escolares nas mãos, algumas vezes até os cumprimentava e seguia meu caminho.
Segundo dados oficiais, o número de mortos e desaparecidos durante o governo militar (contabilizando os dois lados da briga) é algo em torno de 400 pessoas. Quatrocentas baixas em uma população de 90 milhões na época. Será que havia, de fato, tanta insatisfação para com o regime vigente?
Quanto aos tratamentos precoces para a praga chinesa, conheço pessoalmente uma enfermeira-chefe que os adotou; conheço, de forma indireta, dois médicos, maridos de duas professoras com quem trabalhei, que também se utilizaram desses tratamentos e os estenderam aos familiares. Será que de fato eles não têm nenhuma eficiência, ou só são desprezados e propositalmente ridicularizados para que todos fiquem "réfens" apenas da vacina, seja ela chinesa etc. Teoria da conspiração? Pode ser uma conspiração dizer também que eles sejam meros placebos. Vá saber.
Quanto a outros países mais civilizados que os nossos adotarem "democraticamente" o loquidau, não se engane : por trás de cada democrata se esconde um ditador pronto para dar o bote. E também, como você disse, eles são mais civilizados. A população tem mais recursos para poder ficar em casa.
A nossa maior tragédia não é o presidente. É a população. É o povo. Burro, indisciplinado, semianalfabeto. Que não é capaz, que não quer, que se recusa em seguir protocolos minímos de segurança, que se nega em ficar sem sair para a balada, sem o seu churrasco na laje. 
Eu não parei em casa um único dia desde o começo dessa pandemia. Só agora, desde quarta-feira, que o ditador Duarte Nogueira nos proibiu de sair às ruas. Antes disso, saí de casa todos os dias, fosse para ir ao mercado, fosse para dar uma caminhada. Sempre usei máscara, sempre mantive o distanciamento. E nunca peguei a peste chinesa. Do começo de fevereiro desse ano até a semana passada, fui todos os dias à escola. Tive contato com outros professores (tivemos três casos de docentes lá), tive contato com alunos. Sempre com máscara e mantendo distância. Também não peguei a gripe chinesa. E não sou mais nenhum garoto, já estou indo para os 54 anos. Se todos, ou a grande maioria, procedessem dessa forma simples, será que um pequeno comércio não poderia funcionar em um ritmo menor, mas ainda funcionar? Limitando o número de pessoas que entram nele de cada vez? Poderia, se não fosse o zé povinho. E quem é que paga por isso? O sujeito que quer trabalhar.
Moro no mesmo bairro há 34 anos (com um intervalo de 3 anos em que residi em Mococa por conta de assumir o meu cargo), conheço vários pequenos comerciantes, donos de quitandas, papelarias, ópticas, perfumarias, lojas de ferragens, de eletrônicos, de colchões, de tintas etc. Eu sou funcionário público, e você, Jotabê, aposentado, o nosso está garantido. E o desse pessoal? Comerciantes de mais de décadas no bairro estão fechando suas portas porque os governos resolveram fechá-las por eles. Por conta de um povo escroto e filho da puta feito o brasileiro, o trabalhador está se fudendo. O zé povinho, como eu disse, está pouco se lixando, sempre teve o bolsa família e agora tem o auxilio emergencial.
Ontem, com itens básicos de alimentação chegando ao fim, minha esposa entrou no site de um mercado para fazer o pedido. Primeiro, essas compras não podem ser feitas a dinheiro, com quem entrega recebendo a grana em mãos. Disse à minha esposa que usasse o meu cartão de débito do banco. Também não podia, tinha de ser, sabe-se lá o porquê, cartão de crédito. Eu não tenho cartão de credito, só de débito. Minha esposa tem. Se eu fosse solteiro, por exemplo, ou se minha esposa também não tivesse, não teríamos comprado os mantimentos. Quantos milhares de pessoas pelo Brasil afora, Jotabê, nem conta em banco têm? Loquidau na Nova Zelândia? Pode até ser, não sei como são as coisas por lá, mas loquidau em país de população pobre e semianalfabeta? Não é possível, meu caro, não é possível. É querer matar mais que o comunavírus. 
Mais : resolvido o problema do cartão de crédito, o uso da página em si era complicadíssimo. Minha esposa, não é de hoje, compra quase tudo o que precisa pela internet, e ela mesma apanhou um bocado até conseguir entender e acertar o procedimento para fazer a compra. Eu mesmo não sei se teria conseguido. A mesma pergunta : quantos milhares de brasileiros que mal fazem ler para não errar o itinerário do ônibus são capazes de navegar por um site de compras? Quantos milhares não têm sequer um computador ou uma conta de internet? Loquidau na Itália, no Reino Unido? Pode até ser, não sei como são as coisas por lá, mas loquidau num país cuja maioria da população não tem acesso nem a saneamento básico, quanto mais a contas bancárias e habilidades cibernéticas? É loucura, meu caro Jotabê. É querer matar mais que a peste chinesa. 
E não é só a população. Quantos pequenos estabelecimentos, quantas pequenas empresas familiares estão equipadas para atender via site, feicibúqui etc? Quantas contam com um esquadrão de entregadores? Quantas podem pagar por eles? Na quitanda do Sudo, de uma família de japoneses antiquíssima do bairro, o cara ainda usa aquelas máquinas de calcular manuais, com bobina de papel, aquelas de puxar a alavanca a cada item adicionado. Eu sou gato velho escaldado nessa história de se imitar modelos que deram "certo" em outros países; na chamada Educação é o que mais se faz, e nunca dá certo, sempre dá merda.
Encontrei por acaso, no mercado, na terça-feira, véspera do início do loquidau por aqui, com o dono de uma oficina de reparos de aparelhos eletrônicos; eu mesmo já me utilizei de seus serviços por várias vezes. Ele me contou que já está há meses sem conseguir pagar o aluguel da pequena sala que ocupa, da qual tira o seu sustento, e que com o loquidau previsto para até domingo, mas com chances de ser prorrogado, ele não terá o que fazer a não ser entregar o ponto no qual trabalha há 18 anos. O assistente que ele tinha já foi dispensado há 3 meses. Falou-me de uma maneira contida, impessoal, mas se ele pudesse, se ele não achasse vergonhoso, tenho certeza de que teria chorado na minha frente. Será que o filho da puta do prefeito vai socorrer financeiramente esse sujeito? Vai é o caralho que vai. Por causa de um povinho desgraçado, acostumado a viver de esmolas governamentais, um cara desse é sacrificado. E milhares de outros como ele.
E não pense que o Cavalão seja tão burro assim. Por que você acha que foi criado o auxílio emergencial e por que, muitas vezes - tenho algumas notícias disso aqui na cidade -, se faça vistas grossas ao funcionamento "ilegal" de pequenos estabelecimentos, sobretudo em bairros de periferia? Para que a panela de pressão não exploda. Para que esse povo sem acesso ao numerário e às ferramentas necessários para se viver confortavelmente em loquidau não saia às ruas saqueando mercados, para que consigam, ao menos, comprar o seu arroz com feijão na mercearia da esquina. Que é o que eu, sinceramente, queria que acontecesse, que a panela de merda explodisse. Mas o Cavalão, assim como todos os que o antecederam, sabem muito bem o gado que tangem.
Para finalizar este texto meio desconexo, que não irei revisar para tentar lhe dar maior coerência, que começou como uma resposta ao seu comentário, concordo com você que se o comportamento do presidente tivesse sido diferente, tivesse sido mais estratégico, capaz de uma macro visão do problema, possivelmente estivéssemos em uma situação um pouco melhor. Mas se o comportamento do povo também tivesse sido diferente, certamente estaríamos numa situação muito menos grave. Não coloquemos, feito os marxistas, o povo sempre como vítima de seus governantes. Nunca nos esqueçamos de quem os colocam lá.

sexta-feira, 19 de março de 2021

E Você? Está Gostando do Comunismo? Está Gostando do AI-6?

Por um lado, todos esses decretos inconstitucionais de lockdown e o caralho a quatro, todos esses atos ditatoriais de quem dizia que os militares que eram os ditadores, condenando o miserável trabalhador brasileiro a uma miséria ainda maior, vêm bem a calhar (note que aqui não digo povo brasileiro, mas, sim, trabalhador brasileiro, pois não somos um povo trabalhador, a maioria recebe hoje a bolsa família mais o auxílio emergencial, para esses melhorou muito).
Uma vez que Lula foi absolvido pelo capanga, pelo pau mandado Fachin, e certamente será candidato à presidência em 2022, e a memória do brasileiro é inexistente e pode cair na tentação de votar massivamente no capo Nove-Dedos, esses AI-6, AI-7 etc que impedem o trabalhador de trabalhar e prover o sustento à sua família, que castram-no desse direito garantido constitucionalmente, acabam por ter um lado ilustrativo, esclarecedor e didático (no AI-5, o pau descia na moleira era de subversivo, de terrorista assaltante de banco e sequestrador, mas nunca proibiu ninguém de trabalhar) . 
Acabam por nos dar uma amostra grátis de como seria a República Socialista Fidel-Guevariana do Brasil, há tanto sonhada por Lula e seus cupinchas. 
O estado de exceções que vivemos hoje, por conta de um atentado biológico de outro país comunista, a China, que bombardeou o mundo com suas ogivas de coronavírus, é o estado de regra nesses países vermelhos. A China está impondo o regime comunista ao mundo através da criação e da disseminação do coronavírus. 
Quem (e com que direito ou propriedade) determina quais serviços são "essenciais" e quais não? Para quem tira deles o seu sustento, todos os serviços são essenciais.
E você? Está gostando do comunismo? Está gostando do AI-6?

quarta-feira, 17 de março de 2021

Itamar Franco, o Presidente do Fusca. E do Capô de Fusca.

Na segunda-feira, publiquei a respeito de duas pesquisas de intenção de voto para 2022, uma da Exame/Ideia, outra da CNN/Real Time Big Data, que mostraram a imbrochável popularidade de Bolsonaro em comparação às dos outros possíveis e prováveis candidatos capazes de lhe fazerem frente, Lula, João Dória, Ciro Gomes, Luciano Huck.
Disse que, dadas as opções nos oferecidas, outubro de 2022 tem tudo para ser o maior mês de Halloween de todos os tempos. Todas as assombrações supracitadas a bater em nossas portas com suas cestinhas em forma de urna eletrônica e a nos intimar : votos ou travessuras? Nesse halloween brasileiro, presenteemos ou não as assombrações com nossos doces votos, sabemos que as travessuras e as sacanagens virão. 
No fim da postagem, rendi-me a um momento de nostalgia, do tipo "éramos felizes e não sabíamos" : "Ah, que saudade do fusca e do pão de queijo do Itamar! Ah, que saudade do bigodão do Sarney (sem nenhuma viadagem)".
De Itamar Franco, vice de Fernando Collor de Mello, tornado no 33º Presidente do Brasil depois do impeachment do "caçador de marajás" de Alagoas, além do tradicional pão de queijo mineiro, lembrei-me também de uma outra dele preferência gastronômica : a esfiha aberta de bacalhau. Aliás, lembrei-me, não, a minha cabeça do pau me lembrou. Itamar Franco, defensor ferrenho da volta da produção em série do Fusca, era também muito chegado a um capô de Fusca!
No carnaval de 1994, Itamar Franco apareceu num camarote da Sapucaí muito bem acompanhado de uma do que hoje se chama de "modelo e atriz". Itamar apareceu pondo pra jambrar, ou pra sambar, nesse caso, ao lado da gostosa Lilian Ramos, uma emergente subcelebridade de então catapultada aos seus 15 minutos de fama pela grande semelhança física guardada com a cantora Fafá de Belém, 15 minutos que foram prorrogados por uns tantos outros por conta do polêmico episódio ao lado de Itamar Franco no Sambódromo do Rio de Janeiro.
Itamar Franco, solteiro que era, Lilian Ramos, idem, o inusitado casal a se divertir sob os eflúvios de Momo não teria rendido mais do que pequenas notas em jornais e colunas sociais da época. Se não fosse pelos trajes da moça.
Lilian, da cintura para cima, estava com tudo dentro dos conformes da moral e dos bons costumes, vestia uma larga camiseta toda estampada de flores, folhas de coqueiro e tal; da cintura para baixo, foi o que pegou, ou, ao menos, foi o que o Itamar pegou.
A incauta e distraída donzela usava uma microssaia, e, como foi registrado por um sortudo fotógrafo com um ângulo privilegiado de visão, apenas a microssaia. Sem nada por baixo. Muito mal os escassos e esparsos pentelhos aparados e depilados da xavasca.
A foto correu todos os jornais e revistas de variedades - viralizou, como se diz hoje - e a celeuma se instalou. Muito se falou, comentou e questionou sobre o comportamento inadequado ou não de Itamar Franco. Muito alarido se fez em torno do fato. Muito mais com a intenção de esticar o assunto e vender jornais e revistas, muito mais para dar assunto aos fofoqueiros de plantão, do que propriamente com o objetivo de usar a trapalhada do presidente como munição para lhe fazer oposição política, ou pedir o seu topete numa bandeja de prata.
Embora algumas vozes mais conservadoras e invejosas tenham se levantado na ocasião, nunca se falou a sério a respeito de um possível impeachment de Itamar por conta da peludinha peladinha. Até porque sempre rezou a lenda, sempre correu à boca pequena, que o presidente impedido Fernando Collor de Mello, para evitar a coriza e a fungação típicas dos cocainômanos, era chegado em enfiar supositórios de cocaína no cu. Fato ou boato, ter em Itamar Franco um presidente que, visivelmente, preferia pôr no toba alheio do que levar no seu próprio, que era um macho comedor das antigas, foi, de certa forma, um alívio para a nação.
Fosse hoje em dia, fosse Bolsonaro, as duas cabeças do Mito estariam a prêmio. Feministas, LGBTs e PSOListas o estariam acusando de machista, sexista, objetificador de mulheres, assediador, estuprador etc.
Lembrei-me - lembrou-me a cabeça do pau, como eu disse - dessa célebre peripécia de Itamar Franco quando finalizei a postagem dizendo do fusca e do pão de queijo, cheguei a pesquisar e a encontrar uma foto da Lilian Ramos com a referida esfiha aberta de bacalhau exposta, sem aquela tarja preta de censura a cobri-la, mas preferi deixar o caso de fora da postagem, ele não fazia muito sentido por lá. Apenas salvei a foto em meus arquivos secretos.
E por lá ela ficaria até o final dos tempos, ou até o HD do meu velho computador queimar. Ficaria. Se não fosse pelo Pateta, leitor das antigas do Marreta, que, a julgar pelo comentário que fez, não tem nada de pateta : "Saudade da gostosa da Lilian Ramos sem calcinha ao lado do Itamar no carnaval, saudade do Plano Real e por aí vai...eram tempos mais ingênuos e otimistas. No caso das eleições 2022 vou abrir uma exceção: rezo a Crom e Mitra para que estes prognósticos se cumpram. Abraços!".
Prometi-lhe, então, uma postagem exclusiva sobre o caso Itamar/Lilian Ramos. Pois aí está, caro Pateta. Aí está Itamar Franco e a suculenta e suadinha Lilian Ramos, a (ul)trajar a sua já lendária microssaia, a desfilar pelo Sambódromo em seu já mitológico abajur de perereca.
Itamar é o Presidente do Fusca! E do capô de fusca!
É a rachadinha do Itamar!
Pããããããta que o pariu!!!!!!

segunda-feira, 15 de março de 2021

A Popularidade de Bolsonaro Continua Imbrochável

A volta do condenado morto-vivo Luis Inácio "Sapo Barbudo" Lula da Silva pôs em polvorosa os institutos de pesquisa deste Brasil dantes mais varonil. Antecipou-lhes os trabalhos. Provocou-lhes ejaculações precoces de prognósticos. Eles já estão a perguntar, a tabular dados, a fazer simulações e a projetar possíveis cenários para a Corrida ao Ouro do Planalto em 2022.
Segundo os Institutos Exame/Ideia e CNN/Real Time Big Data, em resultados publicados, respectivamente em 12/03 e 10/03, se as urnas de Pandora eletrônicas de 2022 fossem abertas hoje, os resultados seriam os abaixo.
No primeiro turno, o paudurescente Bolsonaro bate fácil o meia-bomba Seboso de Caetés por uma larga vantagem de, respectivamente, 15%  e 10%. Um placar mais folgado que cu de avestruz, ou de padre.
Num segundo turno, supondo-o entre Bolsonaro e Nove-Dedos (isso se a PGR não conseguir revertar a patifaria de Fachin), a distância se estreita. Fica apertadinha feito cu de codorna, ou de freira (ou como consideramos que ele deveria ser); 7% e 4%. 
De onde se vê que Lula consegue abiscoitar mais os eleitores dos candidatos eliminados no primeiro turno que Bolsonaro. Para tentar ganhar o potencial eleitor de Lula, Bolsonaro deverá acrescentar umas "trezentas" gramas de "mortandela" ao auxílio emergencial. Mas ainda assim, o gesto da arminha vence o do Lula Livre, gestos que são exatamente os mesmos, apenas colocados em posições diferentes, o primeiro na horizontal e o segundo na vertical. Depois de Lula, o candidato que daria mais trabalho para Bolsonaro seria Luciano Huck.
Pããããããta que o pariu!!!! Isso nem é previsão! É praga! Valha-me Mãe Dinah! Outubro de 2022 será o mês do Hallowen! Que o Hallowen sempre foi nosso. Nossos políticos o inventaram. O ianques apenas capitalizaram-no e registraram-lhe a patente. 
Que venha 2022! Que sejam abertas as urnas de Pandora eletrônicas!
Ah, que saudade do fusca e do pão de queijo do Itamar! Ah, que saudade do bigodão do Sarney (sem nenhuma viadagem, que fique claro).

domingo, 14 de março de 2021

Tigre em Pele de Cervo

Mais um poema em pele de comentário "anônimo". Mais um fragmento fujão e desgarrado da rocha-mãe do Planeta Jota. Incapaz de resistir à minha gravidade. Um poema em pele de incandescente e fogoso meteorito. Uma estrela cadente a riscar os céus do Marreta. 
Faço um pedido à fátua e fugaz estrela. Na sincera esperança de que ela não o realize, de que ela não o me conceda. Ou não precisarei mais dela a fosforecer nos meus céus. Também porque cada desejo satisfeito é um sonho morto, degolado. E está tão difícil de ter novos sonhos ultimamante...
(o título, como de costume, como de provocação, ficou por minha conta)
 
Tigre em Pele de Cervo 
Matamos o que amamos. O resto
nunca esteve vivo.
Ninguém está tão perto. A nenhum outro fere
um esquecimento, uma ausência, às vezes menos.
Matamos o que amamos. Que cesse esta asfixia
de respirar por um pulmão distante!
O ar não é suficiente
para os dois. E não basta a terra
para os corpos juntos
e a ração de esperança é pouca
e a dor não se pode dividir.

O homem é um animal de solidões,
cervo com uma flecha no flanco
que foge e se dessangra.

Ah, porém o ódio, sua fixação insone
de pupilas de vidro; sua atitude
que alterna entre repouso e ameaça.

O cervo vai beber e na água aparece
o reflexo do tigre.

O cervo bebe a água e a imagem. Torna-se
– antes que o devorem – (cúmplice, fascinado)
igual ao seu inimigo.

Damos a vida apenas ao que odiamos.

sexta-feira, 12 de março de 2021

Bolsonaro e o Caso MoçaGate (Ou : É Para Enfiar no Rabo da Imprensa)

Em fins de janeiro deste corrente ano, mais uma calúnia, mais uma infundada aleivosia foi levantada contra o intrépido e imbrochável Bolsonaro pela imprensa vermelhoide com o intuito de puxar o tapete do Cavalão. Durante toda a última semana deste janeiro, os noticiosos esquerdistas só falaram de uma coisa : o Caso Moçagate (ou será o Wikileite?). Até se esqueceram da pandemia da Peste Chinesa.
Com a publicação em Diário Oficial da União dos gastos públicos do ano de 2020 destinados à compra de gêneros alimentícios para todos os órgãos do Executivo Federal, um item chamou a atenção dos órfãos e das viúvas do PT : o leite condensado, o popular leite Moça. Quinze milhões de reais gastos em leite condensado.
Imediatamente, a nossa honesta e imparcial imprensa retirou a parte do "para todos os órgãos do Executivo Federal" (que inclui as Forças Armadas, creches, hospitais, escolas e até reservas indígenas) e tentou nos fazer crer que era uma despesa particular de Bolsonaro. Sugerindo, na clara impossibilidade de que alguém consuma 15 milhões em leite condensado no período de um ano, algum tipo de desvio de verba, de superfaturamento, ou falcatruas e maracutaias outras.
O esclarecimento veio logo, no dia 27/03. O imbrochável Bolsonaro matou a cobra e mostrou o pau. O leite condensado é um produto muito enviado para hospitais, escolas, creches, reservas indígenas e, principalmente, para as tropas das Forças Armadas. Todos os destinos citados são lugares que necessitam de um alimento altamente energético, fácil de armazenar e com longo prazo de validade.
"Não é para a Presidência da República essa compra de alimentos. Até porque a nossa fonte é outra. Um dos gastos é para alimentação das Forças Armadas, para alimentar 370 mil homens. E também programas alimentação via Ministério da Cidadania e via Ministério da Educação, entre tantos outros", declarou Bolsonaro.
Faz sentido. Mas será verdade? Será que o Exército consome mesmo tanto leite condensado? 
Sim, a resposta é sim. Atualmente, o leite condensado serve para a avó fazer pudim e o maconheiro matar a larica, mas o primeiro uso massivo do produto, criado em 1820 pelo francês Nicolas Appert, foi na Guerra de Secessão Americana, justamente por ser um produto com as qualidades descritas acima, longa validade etc.
Para os ainda reticentes, apresentarei duas imagens que colocarão uma pá de cal, de uma vez por todas, no caso Moçagate. E absolverão Bolsonaro. Anúncios publicitários do Leite Moça da época da Revolução Constitucionalista de 1932. 
O anúncio ressalta as virtudes nutritivas do néctar dos militares e ensina até como usá-lo : "dois pequenos furos na lata, um oposto ao outro, bastam para deixar escorrer a quantidade desejada. Depois tampam-se com dois pedacinhos de papel enrolados. Dura, assim, muitos dias". No rodapé do anúncio, há um clamor para que a população doe latas de leite condensado às Forças Armadas, para que elas possam ser encaminhadas ao front : "mande uma lata de Leite Moça como uma dádiva aos soldados".
Fiz as contas. Ao preço médio de seis reais a lata, quinze milhões compraram dois milhões e meio de unidades ao longo do ano de 2020. Para suprir Forças Armadas, escolas, hospitais, reservas indígenas etc, realmente, não me pareceu nenhum desatino.
Sem contar, é claro, a parte destinada à Imprensa. Mesmo sendo malhado por ela ininterruptamente, Bolsonaro não se esquece da imprensa. 
Em um de seus pronunciamentos mais antológicos, ele disse que tanto leite condensado assim é "para enfiar no rabo da imprensa". Sempre se reclamou da verborragia empolada dos discursos de políticos, dos termos ininteligíveis usados por eles, sempre se reclamou que ninguém entende o que o político fala. Ninguém pode se queixar disso em Bolsonaro. "É para enfiar no rabo da imprensa". Mais didático, impossível! Didático e lúdico! E tenho certeza que muito sujeito da imprensa bem que gostou!
Outro "reclame" do leite Moça. Da mesma época. Leite Moça : nas trincheiras ou no lar!
em tempo : eu nem acordei hoje pensando em escrever sobre  o Moçagate; na verdade, estava pesquisando anúncios antigos de cerveja para tentar uma inspiração para a abandonada seção Cerveja-Feira, dei de cara com essas duas propagandas e resolvi, por decisão monocrática, reabrir o caso.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Ué? Mas é Só o Brasil? Cadê os Outros?

Li hoje, no blog do Jotabê, um texto de um tal Jamil Chade, no qual ele se mostra alarmado e preocupadíssimo com a imagem do Brasil no exterior, "a pior desde o fim do Regime Militar", segundo ele. A culpa, é claro, total e integralmente do intrépido e imbrochável Bolsonaro. Mas deixemos isso de lado, por ora.
Fui ver quem era o tal e verifiquei que o cara tem pedigree. Que é cachorro grande. É jornalista e correspondente brasileiro na Europa há quase vinte anos. Dos mais conceitudos, respeitados e premiados do seu ramo. Tem mestrado em Relações Internacionais cursado em Genebra. Fez parte de um grupo de direitos humanos que ajudou nas investigações da Comissão da (meia)Verdade. De onde dá pra sentir a música que o cara toca. Um currículo vastíssimo e invejável (de verdade). Escritor de livros, também. Talentoso, competente e inteligentíssimo, pareceu-me ser Jamil Chade. Porém, a soldo da esquerda.
Em seu texto, ele diz que, aos olhos do mundo, o Brasil passou da condição de pária para a de uma "ameaça global", por conta das estratégias governamentais de combate à Peste Chinesa (adoro me referir a ela desta maneira, e saber que não estou a cometer nenhuma imprecisão ou ato de xenofobia), por conta de um "louco genocida" que nos governa.
Ele relata uma série de pequenos episódios de seu triste cotidiano europeu para fazer com que seus leitores brasileiros entendam e tenham conhecimento do quão terrível é a imagem feita de nós pelos estrangeiros. Imagem essa que deve ser muito fundamentada na imagem que o próprio jornalista tem do Brasil; afinal, há quase vinte anos residindo na Europa, grande parte do olhar dele já é o de um estrangeiro..
Ele conta que, ao levar o filho ao dentista, que os sabe brasileiros, o bom doutor, ressabiado e receoso, perguntou se ele estivera recentemente no Brasil. Oh, constrangimento!!!!
Também que, ao entrar na sede da ONU, em Genebra, foi abordado por um jornalista do New York Times horrorizado sobre o tratamento dado por Bolsonaro à pandemia da Peste Chinesa (os EUA têm maiores números absolutos e maior porcentagem de mortos pelo comunavírus que o Brasil, como logo mostrarei). Por que o "horror" deste jornalista ianque?
Fala de manchetes de jornais britânicos que estamparam uma caçada das autoridades sanitárias em busca da pessoa contaminada pelo "vírus brasileiro". Dizer vírus chinês é preconceito, tá proibido, né, seus porras? Vírus brasileiro, variante de Manaus etc, tá liberado. Ora, vão todos tomar em vossos cus!
Diz, ainda, que perguntou a um dirigente da OMS sobre a opinião dele a respeito de Bolsonaro : "louco, louco", foi a resposta recebida.
Vivemos um contexto de pandemia, de infecção mundial. A Peste Chinesa flagela e colhe em sua foice pessoas de todas as nações. Por que apenas o Brasil, segundo Jamil Chade, é visto como uma ameaça global? Será que a maioria dos outros países estão em situação muito melhor que a nossa nesse quesito, senão pior? Será o imbrochável Bolsonaro o governante mais inepto e sanguinário do planeta?
Deixei de lado o texto de Jamil Chade e fui ter com os números. Ah, os números. Tão impessoais e confiáveis. Adoro os números. Eles não mentem nem deixam que mintam em seus nomes. Por isso, a maior parcela das pessoas os odeiam e à Matemática. Por isso, preferem as "ciências" humanas, putas baratas e facilmente moldáveis e ajustáveis às conveniências de cada um, de cada época.
Pesquisei as populações atuais dos EUA, da Itália, da Espanha, da França, do Reino Unido, da Suíça e do Brasil. Também os respectivos números de mortos pelo comunavírus em cada um deles e calculei a porcentagem de mortos entre as suas populações.
Os dados são de hoje (10/03/21) e foram retirados do site Country Meters. Tabelei-os.

País

População atual

Mortos pela Peste Chinesa

% de mortos

EUA

332.998.465

527.352

0,158

Itália

60.556.770

100.479

0,166

Reino Unido

68.214.810

124.797

0,183

Espanha

46.630.892

71.436

0,153

França

65.550.062

89.301

0,136

Suíça

8.742.053

9.374

0,107

Brasil

214.096.627

268.568

0,125

Dentre os países pesquisados, só estamos pior em números porcentuais que a Suíça. Todos os outros, todos países de primeiro mundo, apresentam índices piores que os nossos.
Por que, então, só o Brasil é internacionalmente considerado uma ameaça global e tem essa terrífica imagem lá fora? Por que só Bolsonaro é tido como um "louco genocida"? Por que não os outros países da minha tabela? Por que não os seus governantes? Nem de Trump foi dito que ele é um genocida. Por que estamos no topo da lista de suspeitos das barreiras alfandegárias do Reino Unido e outros países europeus? Se tivéssemos por aqui a mesma proporção de vítimas fatais que no Reino Unido, estaríamos já a bater na cifra dos 400 mil mortos.
Não estou negando que nossa realidade seja terrível : ela o é. Nem estou a dizer que Bolsonaro tem mais acertado do que errado no combate à Peste Chinesa : ele não tem. Mas a situação está tão terrível quanto a nossa em vários outros países, muito mais desenvolvidos e com melhores estruturas que as nossas. Muitos outros líderes mundiais também estão mais a errar do que a acertar. E por um simples motivo : ninguém nunca teve de lidar com tal conjuntura, é novidade para todo mundo.
Por que, então, a imagem do Brasil às vistas do mundo é muito pior que a imagem de países com maiores índices de mortos que o nosso, EUA, Reino Unido etc?
Para mim, a coisa é clara : a imagem que um estrangeiro tem de um país X, que não é o seu, é a imagem que lhe é transmitida pela própria imprensa do país X. A terrível e alarmista imagem que os europeus têm do Brasil é a terrível e alarmista imagem pintada por nossa própria imprensa. Imprensa esquerdista (na maioria dos casos), desmamada da cornucópia das verbas governamentais petistas e que tem se valido da situação para tentar minar e derrubar o governo, pouco se lixando, de fato, para os mortos, usando-os apenas como bucha de canhão aos seus propósitos.
A imagem do Brasil no exterior que tanto apavora Jamil Chade é a imagem veiculada por seus próprios colegas da imprensa vermelha, que querem reaver as benesses e as regalias que tinham nos governos anteriores.
Quanto ao autor do texto, será que ele está mais preocupado com a imagem do Brasil no exterior ou com a sua própria imagem frente aos estranjas com quem convive? Será que ele está mais preocupado com o estrago intensificado, segundo ele, por Bolsonaro da imagem do Brasil ou com o estrago de sua imagem para "inglês ver", ou para americano ver etc?
Repito :  a situação é, de fato, terrível e apavorante. Mas por que demonizá-la só aqui? "Ué? Mas é só o Brasil? Cadê os outros?" Perguntaria o sábio e indignado Macaco Sócrates, criação de Orival Pessini, do humorístico O Planeta dos Homens, da época em que a rede Globo produzia bons programas humorísticos. Épocas pré-zorra total, pré-Adnet e pré-outros idiotas metidos a gênios.