quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Se Eu Quiser Falar Com Deus

- Eu, Senhor, pro inferno? - o cara recém-morto e recém-chegado às barbas de deus - E por vaidade, ainda por cima, Senhor?
- É o que consta aqui, no Livro dos Séculos. Amém.
- Amém, Senhor. Nunca tive a menor vaidade ou luxo, sempre fui dos mais desapegados ao material, Senhor.
- Sei.
- Sabe, claro que sabe, é onisciente, não é? Mesmo jovem, Senhor, quando os hormônios fazem-nos, aos machos da espécie, verdadeiros pavões empoados. Mesmo jovem, Senhor, nunca dei importância para a aparência, nunca me apeteceram roupas de grife, tênis importados, nada disso, Senhor, para mim, qualquer coisa estava de bom tamanho.
- Sei.
- Sabe, eu já sei que o Senhor sabe, o que só me faz ver que toda essa conversa é uma perda de tempo, provavelmente o Senhor deve ter mais o que fazer.
- O universo pode esperar, meu filho.
- Nunca me incomodei, Senhor, com as púberes acnes e espinhas, nunca lhes passei pomadas ou tentei escondê-las. E o cabelo, Senhor? Cortei-o, por décadas, no mesmo barbeiro. Barbeiro, Senhor, nem cabeleireiro era. E o mesmo corte a vida toda, enquanto os tive para cortar. E de barbeiro mudei porque minhas cada vez mais cansadas e varicosas pernas não mais davam conta da légua tirana, Senhor.
- Sei.
-Percebeu o que eu disse, Senhor? Minhas pernas já não davam conta da distância. Nunca tive nem carro, Senhor, de tão simples e contemplativa a vida que levei. Vaidoso, eu, Senhor? Nem carteira de habilitação tive.
- Sei.
- Se tive algum mínimo apego, foi, durante um tempo, pelos livros, Senhor. Ainda assim, nunca os comprei em quantidade para acumulá-los com orgulho de colecionador, os tomava em empréstimo na biblioteca municipal. Tampouco eles ficavam expostos na sala, em alguma estante ou em cima da mesa de centro, às vistas e para a apreciação das visitas, um mostruário de uma pretensa intelectualidade, embora ela fosse autêntica no meu caso. Aliás, nunca tive estante ou mesa de centro, e as visitas, raríssimas. Ficavam escondidos no guarda-roupas e não passaram de vinte livros, Senhor, isso durante uma vida inteira, e na velhice me desapeguei deles também, a vida era mais simples sem eles.
- Sei.
- E já que estamos a falar da velhice, Senhor, acha que me importei com ela, que me atacaram vaidades tardias, que me afligiram quereres de uma juventude rediviva? Nada disso, Senhor. Começaram a branquear-me os cabelos, nunca os tingi; começaram a cair e a não mais nascer, nunca apliquei ao couro cabeludo panaceias antiqueda, muito menos aqueles rídiculos implantes capilares; caíram-me de todo, nem chapéu jamais usei para esconder a calva; fiquei broxa, Senhor, nunca um farmacêutico ouviu pedido meu de viagra; capitularam-me os dentes naturais, nunca tive daqueloutros que dormem no copo d'água. Vaidoso, Senhor?
- Sei.
- Pelo contrário, Senhor. Quanto mais limitações a decrepitude me impunha, mais eu gostava; a cada nova impossibilidade física, um alívio. Cada limitação, uma desobrigação, na verdade. Uma libertação de ser isso ou aquilo, de ter que fazer isso ou aquilo e, principalmente, de querer isso ou aquilo. Mais simplicidade e sossego, Senhor. Cada restrição, um habeas corpus para me ver livre do angustiante desejo.
- Sei.
- Atingi um estado quase pleno de simplicidade e de sossego nos meus últimos anos de vida, de fazer inveja ao monge mais xiita. Que foi o que sempre ambicionei, Senhor : sossego. Vaidoso, eu? Até minha morte, Senhor, foi simples e despretensiosa, acabei de morrer sozinho, em casa, sem dar trabalho pra ninguém. Aliás, tenho certeza, só me acharão daqui a uns dias, e me procurarão muito mais incomodados pelo meu mau cheiro do que pela minha falta sentida. Digo isso, Senhor, sem nenhum pingo de autopiedade, prefiro mesmo assim, sem choro nem vela. Infarto, né, Senhor?
- Dos fulminantes, meu filho.
- Eu lhe agradeço por isso, Senhor.
- Ô, mania... Não tenho nada a ver com isso, meu filho, eu não mato ninguém, por quem me tomam, por algum serial killer cósmico? Eu só os faço imperfeitos, com prazo de validade.
- Perfeito que é, por que nos faz imperfeitos?
- É de propósito, meu filho. Eu não consigo não ser perfeito, os faço perfeitamente imperfeitos, tanto que não escapa um para contar história, não fica um para semente.
- Saiu-se bem dessa, Senhor.
- Eu sei, meu filho.
- Repito, vaidoso, eu, Senhor? O inferno para quem pautou sua vida pela simplicidade e pelo sossego?
- Justamente, meu filho. Quem disse que Eu os criei, e ao mundo, para que tivessem sossego e tranquilidade? Pu-los ao mundo para correrem inutilmente atrás de desejos, que, ao mesmo tempo, eu incuto e proíbo. Criei-lhes para o desespero constante das buscas vãs e inalcançáveis; como a qualquer outro bicho, para o frenesi da eterna competição, para a ganância, a beligerância, a inquietação, para o dormir com um olho e ficar em alerta com o outro, para o apuro, o atropelo, o açodamento. Percebe, meu filho?
- Não, Senhor.
- O sossego é o maior luxo a que um ser humano pode se dar. Isto posto, você foi um ostentador dos grandes, levou uma vida de nababo : o inferno, meu filho, e nem cabe recurso nesse caso.
- Senhor?
- Diga, meu filho?
- Não sabe o que vou dizer?
- Não me venha com dialéticas, meu filho, nunca tive paciência para elas.
- Senhor, se eu lhe mandar a puta que o pariu, minha situação piorará em muito?
- Em nada, meu filho.
- Vai à puta que te pariu, Senhor!!!!
- Há! Há! Há! Não dá, meu filho. Não tive mãe. Eu sempre existi. Touché, meu filho. Descendo...

(O cara ainda pensou em xingar deus de filho da puta, mas o mesmo impedimento dogmático da injúria anterior o fez desistir)

domingo, 27 de setembro de 2015

Espumas e Espelhos Ébrios

E no faxinão do banheiro,
A espuma do limpa-vidros
Imiscuiu-se à da cerveja.
Ótimo.
Desembaciará as minhas janelas da alma.

Se fosse o contrário,
Fosse a espuma da cerveja
A promiscuir-se à do limpa-vidros,
O espelho
Ébrio
Achar-me-ia bonito.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

PSDB e o Celeiro de Gênios da Progressão Continuada

O PT não é a única facção política que faz do Bolsa Família a sua plataforma de governo, a parca ração de seu curral eleitoral, a sua arma de reeleição em massa - mesmo porque o Bolsa Família nem foi criação do PT.
O Bolsa Família, esse que o sujeito que não trabalha usa para comprar o arroz, o feijão, a farinha e até o celular em um porrilhão de parcelas nas Casas Bahia, nem é o único Bolsa Família a ser distribuído por essa terra de indolentes, deitados eternamente em berço esplêndido. Existem várias outras modalidades de Bolsas Famílias, com outros nomes, com denominações mais pomposas, cada qual destinada a um público-alvo de preguiçosos.
Um desses Bolsa Família, que não é o Bolsa-família-arroz-feijão-farinha-celular, mas que fatal e posteriormente levará o sujeito que o recebe a também ficar à mercê do Bolsa-família-arroz-feijão-farinha-celular, vem sendo distribuído há mais de duas décadas a milhões de alunos da rede pública de educação do estado de São Paulo pelo PSDB : é a Progressão Continuada.
Lida lá em suas teorias, em seus fundamentos, em suas mal-intencionadas peidagogices, a Progressão Continuada é linda e maravilhosa. Mas, na prática e a grosso modo, ela se resume a dois pilares de sustentação e embuste :
a) até a 7ªsérie/8ºano do ensino fundamental, quando o aluno conta com 13 ou 14 anos, é legalmente impossível reprová-lo, ou melhor, retê-lo na mesma série, que a palavra "reprovação", hoje, é política e pedagogicamente incorreta, traumatiza o jovem desaprendiz - tadinho dele. Até às citadas série e idade, a única obrigação do aluno é ser frequente, é não exceder os 25% de faltas (ops, ausências) permitidos por lei. Até à citada série, o aluno pode encerrar o ano letivo com notas finais (ops, conceitos finais) vermelhas (ops, insuficientes, que vermelho também traumatiza o apedeuta) em todas as disciplinas; desde que ele tenha os 75% de presença, é promovido automaticamente para as séries seguintes. Ou seja, a Progressão Continuada, na prática, é Promoção Automática, é o Bolsa-família-diploma-para-analfabeto.
b) à partir da 8ªsérie/9ºano, a retenção do aluno é permitida por lei, teoricamente é possível reter o aluno na mesma série, mas tal acontecimento é raríssimo e desestimulado pelas coordenações e direções das escolas, uma vez que se fosse levado a cabo e a contento, reprovaria-se 90% ou mais do alunado, que chegam semianalfabetos à idade dos 14, 15 anos. De mais a mais, passar a reprovar alunos que sempre foram aprovados automaticamente (repito, por força da lei, não conheço um único professor que concorde com isso), passar a reprovar alunos feitos em semianalfabetos por um conjunto de diretrizes e bases legais só porque, de uma hora para a outra, a mesma lei diz que agora é possível reprová-los, agora que eles já foram transformados em autômatos, agora que foram tornados incapazes de qualquer método ou disciplina de estudo, ou seja, agora que seus cérebros já foram inutilizados para todo e qualquer tipo sistematizado de conhecimento e aprendizado, seria uma puta duma sacanagem. Seria chutar cachorro morto. Seria uma pegadinha do Sérgio Mallandro. O cara chega na 8ª série e recebe a notícia : Rá, ié, ié, glu-glu! Pegadinha do Mallandro! Agora você vai ter que estudar! O sujeito não sabe estudar. Nem que ele quiser - e ele não quer. Não foi ensinado a. Diante de tal quadro, os professores das séries seguintes e superiores continuam também a "empurrar" esse aluno até à conclusão do Ensino Médio, o antigo colegial. A Progressão Continuada, embora não obrigada por lei no Ensino Médio, é mantida por inércia, por ser impossível lhe parar o movimento ladeira abaixo. E os poucos professores que tentam, veem toda a "culpa" pela reprovação do aluno ser jogada às suas costas; é ele que não entende a progressão, é ele que não sabe avaliar, é ele que não estimula o aluno etc etc etc, todas as canalhices peidagógicas que vocês possam imaginar.
É o Bolsa-família-arroz-feijão-farinha-celular do PT para o improdutivo economicamente e é o Bolsa-família-diploma-para-analfabeto do PSDB para o improdutivo intelectual. É como dizia a antiga canção de Os Incríveis : este é um país que vai pra frente, uou, uou, uou, uou, uou. Se bem que, à época da canção, durante o governo militar, o país até que ia mesmo, endividado pra cacete e na base da porrada, mas ia.
Quem não está em sala de aula, não supõe os descalabros produzidos pelo Bolsa-família-diploma-para-analfabeto. A antiga e saudosa Escolinha do Professor Raimundo, se comparada às reais escolas públicas de SP de hoje, só contava com gênios a ocupar as suas carteiras.
Alguns absurdos já se tornaram tão corriqueiros que nem nos assustam mais, os professores. Alunos de ensino médio que não sabem ver a hora em relógios analógicos, que não entendem que se passam cinco minutos a cada número do visor percorrido pelo ponteiro grande, e quando entendem isso, erram ao somar cinco mais cinco mais cinco etc; muitos têm a "certeza" de que o metro possui 60 centímetros, possivelmente a confundi-lo com a hora, a qual também não entendem; muitos são incapazes de realizar qualquer uma das quatro operações aritméticas sem o uso de uma calculadora e, até com ela, erram muitas das vezes, pois confundem as funções do ponto e da vírgula na matemática - e mais ainda no Português -, já vi casos (no plural realmente) de alunos que erram ao efetuar uma simples divisão porque confundem o símbolo de porcentagem da calculadora (%) com o de divisão; e fazer uma medida com uma régua, então?, é corriqueiro perguntarem se a régua "começa" do zero ou do começo, referindo àquele pequeno espaço antes do zero, se alguém quebrar uma régua em sua ponta e ela passar a começar no 1, 2 etc, estará inutilizada para grande parte dos alunos; sem contar os indefectíveis "nóis", "truxe", "cabeu", "serto", "concerteza", "perca" etc etc.
Nesta semana, porém, em plena segundona braba, e foi o que originou esta postagem, um novo tipo de horror a mim se apresentou, inédito, quando eu estava a vistar as tarefas de uma sala de 3º ano do ensino médio. Geralmente, só verifico se a tarefa foi feita e dou lá a nota, a bolsa-família-diploma-para-analfabeto, independente dela estar correta ou não, mesmo porque, logo após, eu a corrijo no quadro negro. Mas a resposta de um aluno me chamou a atenção e eu, desgraçadamente, resolvi lhe pedir esclarecimento sobre ela.
A pergunta, proposta na apostila dada pelo estado, é exatamente esta : "O que são fósseis? Qual é a sua importância para a ciência?". O que são, ele até que respondeu razoavelmente, copiou lá a definição do livro ou do resumo da teoria que passo no quadro, de modo que a primeira parte da questão, ainda que ele tenha copiado "pedrificado" ao invés de petrificado, estava a contento, passável. Na parte de qual a sua importância para a ciência, ele respondeu, curto e grosso : nenhuma. E foi essa segunda parte que me chamou a atenção, foi essa segunda parte que me ferrou. Perguntei-lhe : nenhuma importância? Respondeu-me que realmente achava que não. Insisti : acha mesmo que os fósseis não contribuem em nada para o conceito de evolução, que não são evidências importantes, que não comprovam nada? Ah, é a importância dos fósseis?!?!?, surpreendeu-se. Sério que até então eu não havia mesmo entendido o que ele "entendera" da questão : qual é a SUA importância... Ele "pensara" que estava a ser perguntada a importância dele, fulano de tal, para a ciência, a DELE!!!! Nesse caso, disse-lhe, sua resposta está correta.
Pãããããta que pariu!!!!
Contando o "causo" para alguns colegas na hora do intervalo - afinal, se tem algo que professor faz muito bem é divertir-se com o próprio infortúnio -, fiquei sabendo de outra pela professora de Física, ocorrida nessa mesma sala, nesse mesmo celeiro de gênios da Progressão Continuada : uma aluna, ao invés de escrever "uma bateria de 12 V" como resposta a uma das questões da prova, escreveu "uma bactéria de 12 V". O acento em bactéria é por minha conta. Uma bactéria de 12 V. Pããããta que o pariu!!!! 
Essa merece o Nobel. Em tempos de urgente necessidade de fontes alternativas e renováveis de energia, ela descobriu a solução, uma bactéria que gera 12 V de potencial elétrico. Imaginem só, uma bactéria, por simples divisão binária, é capaz de produzir um milhão de outras iguais a ela em um tempo curtíssimo, 72 horas, 48 horas, algumas espécies até em 24 horas. Em uma simples e baratíssima Placa de Petri, poderiam ser gerados milhões de volts. Casas, condomínios, bairros, cidades inteiras poderiam ser iluminados por bactérias de 12 V.
Que me sequem os bagos e me caia a benga se esse não é realmente o verdadeiro (micro)biocombústivel.
E o salário, óóó....

Em Cuba, Tapar o "Taio do Priquito" Com Absorvente é Um Deus Nos Acuda

O Guerrilheiro do blog Chumbo Grosso, além de ser um macho das antigas, um grande apreciador de xavascas peludonas e meladas, tem se mostrado também um grande conhecedor de absorventes "alternativos, sustentáveis, ecológicos e politicamente corretos".
Em comentário a uma postagem que copiei de seu blog e que tratava de como as mulheres venezuelanas tinham que se virar para "tapar o rachão do pinguelo", o Guerrilheiro de Garanhuns brindou-me com mais uma pérola de conhecimento, revelou como as mulheres de um outro país comunista, também sem acesso ao bom e velho Modess, se viram nos períodos em que estão no vermelho. 

"MARRETÃO!!! EM CUBA TAMBÉM É ASSIM... É UMA FARTURA DE LASCAR: “FARTA DE TUDO, ATÉ TAMPAX!!!”. NÃO É À TOA QUE, NAS FARMÁCIAS ESTATAIS DA ILHA DE FIDEL, PARA UMA MORENA BUCETUDA, PEITUDA E BUNDUDA, TAPAR O “TAIO DO PRIQUITO” COM ABSORVENTE É UM DEUS NOS ACUDA!!! ABSORVENTE EM CUBA É OURO DE LEI. POR ISSO É RACIONADO...
P.S.: - Para quem ainda não sabe, como é o caso das cubanas, estão surgindo no mercado ABSORVENTES ECOLÓGICOS que, diferentemente dos tradicionais, não vão para o lixo depois do primeiro uso. Assim, eles economizam papel (ou seja, árvores), plástico (petróleo), entre outros recursos naturais. Um deles é o MOON CUP, uma espécie de copinho menstrual. Depois de recolher o fluxo, a menstruadeira o tira, lava na pia e pronto: é só colocar de volta no pacotão cabeludo ou raspado, porém, estufado. Na hora de guardar, a instrução é passar água com um pouco de sabonete, esperar secar ao ar livre e guardar na embalagem original. O preço não é dos mais amigáveis: US$ 35 dólares mais US$ 2 de postagem. Mas, para as cubanas, que vivem no padrão altamente mais ou menos, por ganharem salários aviltantes isso é o menos. Taí, à maneira correta de mandar o racionamento de absorventes para a Cuba que pariu!!!"

Gostei do nome, Moon Cup, poético pra caralho, ou melhor, pra buceta! Uma vez que lua e menstruação guardam uma relação íntima e direta em muitas culturas. Camponeses europeus da era pagã, antes da praga do cristianismo tomar conta de tudo, acreditavam que a Lua menstruava, que estava adoentada no período minguante. Em várias línguas, as palavras menstruação e lua são as mesmas, ou são associadas. Alguns povos usam o termo menstruação com significado de “mudança de Lua”. A lua é o símbolo feminino e também representa para muitos a Grande Mãe.
Eis o Moon Cup, um calicezinho para servir licor de buceta! Pai, aproxima de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

MULHERES VENEZUELANAS, NA MENSTRUAÇÃO, USAM TOALHAS DE PANO DE SACO DE AÇÚCAR PARA TAPAR O RACHÃO DO PINGUELO...

Do blog Chumbo Grosso, o guerrilheiro de Garanhuns, aquele que não usa o linguajar dos conventos.

"Rompendo o ciclo do capitalismo selvagem : mulheres venezuelanas aprendem como fazer seus próprios absorventes femininos de panos laváveis, que por lá são denominadas "toalhas femininas socialistas". Se o impeachment da Dilma demorar muito, as mulheres brasileiras devem fazer um providencial estoque de absorventes..."
Decidida a romper o “ciclo do capitalismo selvagem”, a ‘presidenta’ do Instituto Nacional de Mulheres da Venezuela bolivariana, Yekauna Martinez, iniciou a realização de OFICINAS ESPECIAIS PARA ENSINAR AS MULHERES A CONFECCIONAR ABSORVENTES FEMININOS DE PANO, segundo informa o jornal El Nacional.
A própria Ministra se encarregou de lançar o novo produto pelo Twitter, argumentando que esta iniciativa pretende combater os males da denominada “GUERRA ECONÔMICA”, que nada mais é que a ESCASSEZ BRUTAL QUE CASTIGA OS VENEZUELANOS QUE HÁ UNS 15 ANOS EMBARCARAM NA AVENTURA BOLIVARIANA.
Os absorventes femininos sumiram do mercado e as mulheres venezuelanas estão sendo obrigadas a lançar mão dos superados e anti-higiênicos absorventes de pano laváveis utilizados pelas suas bisavós.
Como a inflação é galopante nesse país comunista UMA CAIXA DE ABSORVENTES FEMININOS CUSTA UMA VERDADEIRA FORTUNA. O regime do tiranete Nicolás Maduro aproveita a situação para praguejar contra o capitalismo que reputa como o culpado pela escassez de alimentos, medicamentos, peças de reposição de veículos, enfim, todos os bens de uso contínuo e necessário que são comuns em qualquer país que não esteja sob um regime comunista.
Esta informação não ganharia notoriedade no Brasil. No máximo seria uma nota de curiosidade digna de gargalhadas. Sequer mereceria neste blog um post exclusivo se não fosse o fato de LULA E SEUS SEQUAZES POSTULAREM A IMPLANTAÇÃO DO MESMO REGIME BOLIVARIANO NO BRASIL.
Como tenho enfatizado de forma recorrente, a crise econômica que já se tornou crônica na Venezuela com a escassez de alimentos e a fome, começou com o descontrole da economia, como ocorre agora no Brasil.  Aliás, esse é o esquema comunista. Foi assim também em Cuba e lá já dura 53 anos! Com o dólar chegando a R$ 4,14 reais na quarta-feira, as mulheres brasileiras poderão de repente ver sumirem das prateleiras dos supermercados os tão comuns absorventes higiênicos femininos tendo que adotar as famigeradas “TOALHAS HIGIÊNICAS SOCIALISTAS”. (Esta matéria jornalística foi gentilmente roubado lá no Blog do Aluizio Amorim. – A manchete não faz parte do texto original)

PITACO DO BLOG CHUMBO GROSSO: - AQUI NO BRASIL, QUANDO O TIRIRICA DISSE QUE "PIOR QUE ESTÁ NÃO FICA", DESCONHECIA O IMENSO POTENCIAL DA DILMA!!!

PITACO DO AZARÃO : essa é mesmo a toalha higiênica socialista, essa é vermelha de verdade!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(33)

Há toda uma geração de músicos da MPB que, embora tenha feito muito sucesso entre as camadas mais populares na década de 60 e 70 e vendido milhões e milhões de discos, sempre foi relegada a segundo plano pela crítica "especializada" da época, que controlava os jornais, rádios e TVs, uma crítica metida a inteligentinha e com (falsos) pendores comunistas. Mais que relegada a segundo plano, sempre foi malhada e vilipendiada pela intelectualidade de merda da época, para a qual só prestavam os artistas "engajados", aqueles que supostamente usavam seus dotes artísticos como instrumento de combate ao governo militar vigente. Os queridinhos dessa corja jornalística, entre outros, eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Gonzaguinha, Geraldo Vandré etc. Alguém acha mesmo que o Chico alguma vez lutou de verdade contra os militares?
Aos que não eram engajados do ponto de vista dessa canalha jornalística, aos que não nasceram dentro de uma elite tanto financeira quanto intelectual, aos que não protestavam contra a política da época, mas que cantavam sim as diferenças sociais - as realidades da empregada doméstica, da prostituta, do feirante, do caminhoneiro, do motorista de ônibus, do analfabeto -, foi impetrada a pecha de "cafona", como sinônimo de má qualidade e gosto duvidoso.
Pode ser que realmente os cafonas nada soubessem da conjuntura política da época, afinal, vindos também das classes mais pobres, eles tinham que trabalhar, não tinham tempo para ficar fumando maconha em diretórios acadêmicos e participar de passeatas. Mas conheciam muito mais das desigualdades sociais que qualquer "politizadinho" universitário, muito mais que qualquer comunistazinha de bosta que ficava a pensar em como consertar o mundo com seu copo de whisky na mão.
Pode ser que não tivessem - e realmente não tinham - o refinamento poético e musical dos da Tropicália ou dos da pernóstica, não negando sua grande importância e imensa qualidade, bossa nova. Mas que compensavam isso com muita emoção, com a emoção de quem vivencia o que canta, de quem veste de fato a pele do lobo, e não de quem olha o mundo de sua cobertura de frente para a lagoa Rodrigo de Freitas, isso compensavam. E sim, tinham também seus laivos de poesia. Eram poeta sim, ora porra. Bardos e menestréis das centrais de ônibus e trens, dos bares pés sujos e bordéis. E falavam a muito mais pessoas que os queridinhos da crítica : o cantor Nelson Ned já vendeu, sozinho, mais discos que toda a Tropicália e Bossa Nova, somadas. Aliás, até os dias de hoje, Nelson Ned é o segundo artista brasileiro mais conhecido, tocado e premiado no exterior. O primeiro posto é de Carmen Miranda, que nem brasileira nata era.
Entre os cafonas mais célebres : Odair José, Agnaldo Timóteo, Cauby Peixoto, Dom e Ravel, Paulo Sérgio, Antônio Marcos, Reginaldo Rossi, Altemar Dutra, Wando, Benito de Paula, Luiz Ayrão, Amado Batista, Evaldo Braga, Diana etc.
E claro, o homenageado dessa postagem, Waldick Soriano, o cafona-mor, o macho das antigas, o Eu Não Sou Cachorro Não da MPB. 
Waldick Soriano, falecido em 2008, era o rei da zona - querem título de nobreza melhor que esse? Com sua voz grossa, de homem, cantava velhos e doloridos bolerões. E dá-lhe fossa, meu chapa. A música a seguir conta a história do cara que assiste ao casamento da ingrata que o deixou em favor de outro mais endinheirado. No fim, Waldick lasca : para mim não foi noivado, para mim foi um enterro, que de branco aqui passou...
Pãããta que o pariu!!! E ainda vem jornalistazinho comunista de merda dizer que o cara não é um poeta?
Meu Coração Está de Luto
(Waldick Soriano)
Hoje está fazendo um ano
Que eu assisti seu casamento
Hoje está fazendo um ano
Que deixaste minha vida

Um rosário de tormento

O meu coração está de luto
Hoje está fazendo um ano
Que por ti vivo sofrendo
De que me deste o desengano


Tenho medo de morrer
Dói demais a dor do amor
Este amor não morrerá
A saudade ficará neste peito sofredor


Tu casaste por dinheiro
A vaidade te obrigou
Para mim não foi noivado
Para mim foi um enterro que de branco ali passou.

domingo, 20 de setembro de 2015

Bukowski, o Melancólico

A história da melancolia
inclui todos nós.
a mim, eu me contorço em sujos lençóis
enquanto observo as paredes azuis
e o nada.
acostumei-me tanto à melancolia
que
a cumprimento
como uma velha
amiga.
Ficarei de luto por 15 minutos
por ter perdido aquela ruiva,
digo isso aos deuses.
eu faço isso e me sinto completamente mal.
completamente triste,
então me levanto
LIMPO
embora nada tenha sido
resolvido.
é isso que consigo por chutar
a bunda da religião.
eu deveria ter chutado a bunda
da ruiva
onde seus miolos, seu pão
e sua manteiga estão...
Mas, não, eu tenho me sentido triste
por tudo isso:
ter perdido a ruiva foi, somente, outra
porrada que foi dada numa vida inteira
fracassada…
escuto os tambores no radio agora
e forço um sorriso.
além
da melancolia
há algo de errado comigo.

O Despertador é Apenas o Arauto do Monárquico e Despótico Dia (Ou : não mate o mensageiro pela mensagem que ele proclama por obrigação de seu ofício)

Dize-me que sou culpado
De acordar em ti
Inquietações, palpitações,
Desassossegos, comichões e gasturas
Que julgavas hibernantes
E catalépticas.
Pergunto-te :
É culpado o estridente e esganiçado despertador
Pelo novo dia que teima em nascer,
Nascer e nascer?
Se assim o for
É fácil para ti :
Para de me dar corda,
Tira minhas pilhas,
Arranca-me da tomada.
Desafio-te a.

Ansiodoron? Vira Homem, Leitinho!

Meu primo Leitinho - e aqui falo sério e com admiração, sem nenhum traço de ironia - não é qualquer cara, não. É sujeito refinado e de bom gosto; além de inteligente, estudioso, dedicado e trabalhador pra cacete.
Pronto. Fim da babação de ovo.
Acontece que há um risco em tanto refinamento, há uma linha tênue entre sofisticação e viadagem, fronteira à qual devemos estar sempre atentos. Sobretudo depois de mais velhos. À bichinha nova, dá-se um desconto; bichona velha é foda.
Há algum tempo, Leitinho me contou que estava a tomar suco de cranberry, uma frutinha ianque. O suco lhe foi indicado para combater uma leve modalidade de incontinência urinária, uma dificuldade de segurar a urina por muito tempo. Sempre que saíamos em turma para tomar umas, o Leitinho se ausentava por várias vezes da mesa para dar a sua, como ele mesmo diz, "mijadinha com a graça de deus". Não tenho certeza, mas acho que o problema é uma cistite nervosa, ou coisa parecida. O que sei é que o termo "nervosa" faz parte do nome da disfunção. 
Imediatamente, preocupei-me, meu alarme para a viadagem começou a soar alto. Perguntei-lhe, então, apreensivo com a tal "nervosa", se a esse suco de cranberry são atribuídas propriedades calmantes, ansiolíticas, antiestresse etc. Assegurou-me que não. Afiançou que o princípio ativo do cranberry atua diretamente na musculatura da velha bexiga, que nada tinha a ver com psicológico e tal. Tranquilizei-me. Nesse caso, tudo bem. Se a ação é física, muscular, coisa de macho, ele podia estar a consumir até cerejinhas marrasquino, que foi o nome mais viado de fruta que lembrei, e ainda bem, ou eu é que estaria com sérios problemas. E reparei que, nesse dia, as idas de Leitinho ao banheiro foram mesmo mais raras.
Ontem, no entanto, flagrei o Leitinho a receitar um medicamento de nome Ansiodoron, da Weleda, enaltecendo as faculdades tranquilizantes, soporíferas e ansiolíticas do fármaco. Tivesse Leitinho parado por aí, eu teria lhe perdoado. Mas foi adiante : à pessoa que aconselhava, disse que o paregórico é elaborado de acordo com a vertente antroposófica da medicina, e seus princípios ativos, extraídos de plantas cultivadas sem o uso de agrotóxicos.
Antroposófica, Leitinho? Plantinhas cultivadas só à base de bosta de vaca? Pããããta que o pariu!!! Eis que sai de cena o refinamento e estreia, cheia de lantejoulas, paetês e holofotes, a viadagem. Nem índio, hoje em dia, toma remédio de plantinha. E que porra é essa de sem agrotóxico? Homeopatia "orgânica" para ninar a Bela Adormecida?
Para não correr o risco de ser injusto para com o Leitinho, fui pesquisar. Antroposofia : "uma doutrina filosófica e mística fundada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925). Segundo Steiner, a antroposofia é a "ciência espiritual". Ele a apresenta como um caminho em busca da verdade que preenche o abismo historicamente criado desde a escolástica entre fé e ciência." Pããããta que o pariu!!! Dar a bunda é menos viado que isso!
Fui ver também a bula do lenitivo : aveia, maracujá e valeriana, também conhecida como erva-de-gato, que é um mato que os gatos comem quando querer ter um "baratinho", uma maconhazinha felina.
Tá sem soninho, Leitinho? Com ansiedade e inquietações na velha alma que não lhe deixam pregar os olhos? Escute o que o Azarão, esse velho rebelde, vai lhe dizer, caro primo.
Tome uma meia dúzia de latas de cerveja, Leitinho, um fardo se for necessário para aliviar o fardo, mas tem que ser cerveja de macho, Antartica, Bavaria, Schin, que se for para tomar Stella Artois ou, pior, uma das tais artesanais, é menos viado tomar mesmo o Ansiodoron. Vá andar, dê uma boa caminhada pela madrugada. Apeie umas "mina", Leitinho, aproveitando que está no oásis de sua recém-solteirice. Bote na vitrola uns velhos tangos, boleros, fados e mariachis. Assista a um bom pornozão. Soque uma bronha.
Nada disso vai aplacar nem mitigar suas inquietações, angústias e remordimentos, mas que você vai dormir, isso eu garanto.
Ansiodoron? Homeopatia antroposófica? Vira homem, Leitinho!

sábado, 19 de setembro de 2015

Você Sabia?

Esse canalha é um dos ícones aos cujos pés os comunistas se ajoelham e fazem prece. Fidel é o deus dos canalhas vermelhos, Guevara é o Cristo, o que foi mandado à morte. 
Inspirados por um filho da puta destes é que os comunistas dizem que lutaram contra os militares brasileiros em prol  da democracia. Foram às perfeitas imagem e semelhança dessa laia de facínora que se fizeram todos os PCs, PCBs, PCs do B e, claro, até mesmo aproveitando-lhe até a estrela da boina como símbolo, o PT. 
É em defesa e louvor a esse tipo de verme que se pronunciam e se pronunciaram a pseudointelectualidade brasileira, entre eles, Chico Buarque e o jogador Sócrates - um dos instituidores da chamada "democracia corintiana", que a grosso modo significava, simplesmente, os jogadores terem o direito de encher a cara e cair na putaria antes dos jogos -, e que, inclusive, batizou um de seus filhos com o nome de Fidel.
E como, no Brasil, tudo é fake, tudo é perfumaria, tudo é de boutique, Guevara foi transformado no maior vendedor de camisetas da paróquia, superando até as do Flamengo e as da Hello Kitty, somadas.
Ir morar em Cuba, nenhum comunista brasileiro quer. Querem é morar em Miami e Orlando, que são os Piscinões de Ramos dos USA. Cuba e comunismo no cu dos outros é refresco.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Anjos no 26º Andar

Anjos são capetas em forma de guris.
Anjos são da guarda, mas têm que ser guardados, cuidados, muito bem cuidados.
Anjos voam, mas são por demais desastrados, distraídos, aéreos. Perdem, por vezes, suas pequenas asas de pensamento, feitas de pétalas de ipês-brancos, e se tornam caídos.
E como caem os pequenos anjos. Caem do chão ao chão. Um tropeção na beirada do tapete e lá se põe o nariz a sangrar, e lá se vai aquele vacilante e pênsil, porém renitente, dente de leite que resistia ao seu permanente sucessor. Caem do sofá ao chão. E lá desponta, cordilheira recém-erguida, aquele galo na testa, um ovo roxo, de avestruz. Caem de suas brincadeiras ao chão. Um joelho ralado, um tornozelo torcido, um braço quebrado.
E anjos caem, às vezes, de janelas de banheiros de apartamentos localizados nos 26º andares de edifícios. Tornam-se, então, verdadeiramente anjos. Ganham os céus.
E a quem fica, e a quem teve o anjo sob a sua falha guarda, o Inferno. Não o de Dante, que esse é colônia de férias, é spa, é resort. O da vida que segue, o da lembrança. O pior e o mais dantesco deles : o da ausência do anjo.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quando a Loucura

Quando a Loucura
Se sentar contigo à mesa de um bar,
Quem é que vai pagar a conta?
Traçado, rabo de galo,
Conhaque, cerveja
Ou água com gás
A abstêmia Loucura tomará?
E tu,
Com tremoço, amendoim
Ou ovos de codorna
Erguerás tuas fortificações?
A quem
O mercador de botões de rosa,
O bucaneiro dos CDs piratas,
O hare krishna do incenso,
O pedinte de esmola
Se dirigirão?
A quem o garçon exibirá a dolorosa
E, pastor neopentecostal da boemia,
Cobrará seu dízimo?

Quando a Loucura,
Exímia gladiadora grego-grace-romana,
Subir ao ringue contigo
E te botares abaixo,
Fuças e beiços à lona,
Imobilizar-te
E agarrar os teus culhões feito vagina dentata,
Quem te valerá,
Quem jogará a toalha branca em tua intenção,
Que árbitro interromperá a luta
Em prol da tua integridade física,
Que juiz terá a coragem de privar a plateia
Dos teus ossos, cartilagens e dentes moídos?
Que imperador te agraciará com o polegar voltado para cima
Ou deixará teu resto para os leões,
Os garis do Coliseu?
Quantos os bookmakers lucrarão?
Oito para dois?
Dez para um?
Qual a tua cotação na bolsa de apostas?
És da luta
O campeão favorito
Ou o desafiante Azarão?

Quando a Loucura
Enjoar do teu sangue,
Cansar de pedir que abaixes a tampa da privada,
Que não largues toalha molhada sobre a cama,
Declarar-te doador incompatível
E também deixar de ser o molho pardo
E o mênstruo 
Da tua pena,
Quando a Loucura te esquecer,
Não mais te ligar,
Não mais te mandar e-mails
Nem fotos de seus belos peitos,
Em que manicômio te internarás?

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Seborreias e Pontualidade (Ou : Às Vezes, o Azarão Também Tece Elogios)

Como disse aqui em outras ocasiões, o blog nasceu de uma provocação de uma velha amiga, que me desafiou a criar e a manter um espaço no qual eu expressasse minhas impressões, visões de mundo, desabafos, bravatas e até mesmo, e por que não?, meus chororôs e lamúrias de mesa de bar, de fim de noite.
Vai daí que, uma vez nascido, o Marreta, mais do que um muro das lamentações, virou um paredão de fuzilamento para temas, assuntos, atividades e, sobretudo, comportamentos humanos que desprezo e que me incomodam profundamente. E como não são poucas as coisas e os comportamentos do bicho-homem que me incomodam, o Marreta está por aqui há quase 7 anos.
Um dos traços do caráter - ou da falta dele - do brasileiro que mais me deixam puto é a impontualidade feita em patrimônio nacional. Brasileiro acha feio chegar na hora marcada, acha coisa de otário cumprir com o horário combinado.
Esse injurioso costume atinge o extremo mais alto da escala entre os da classe médica. Parece-me que a impontualidade é item supervalorizado do currículo de um médico, uma pós, uma especialização comum e obrigatória a todas as áreas. Tenho, inclusive, a impressão de que o atraso contumaz dos médicos nem seja apenas por desleixo e descaso, creio que ele seja proposital. Assim, a clientela estropiada e fudida, que os aguarda em sofrimento, tem a sensação de um alívio imediato quando os negligentes de branco adentram os corredores do hospital, a angustiante espera contribui para alimentar e reforçar a aura de salvadores, de semideuses, que muitos se autoatribuem.
Nos últimos tempos, contudo, tenho dado sorte com médicos. Nos últimos tempos, contudo, dei de cara com duas honrosas exceções dentro desse panteão de relapsos. Uma delas, há quase dez anos; outra, hoje. E é a eles que se destina o elogio do Azarão de hoje. Elogio que, é verdade, não deveria ser necessário, uma vez que é laudatório ao que deveria ser básico, ao que é da obrigação de todo profissional, mas como deveres e responsabilidades são valores em desuso no país, ele não só se faz necessário como também urgente. Dois médicos, pasmem, pontuais.
1) O urologista com quem me consulto há quase 10 anos. 
Tudo bem que pese contra ele o fato de enfiar o dedo no meu cu sem dó nem piedade, sem nem ao menos levar um papinho, me servir um whiskinho, deixar o consultório à meia luz, botar um bolero na vitrola etc. Mas ele o faz de modo profissional, rápido e indolor. E o principal : sempre pontual. Nessa quase década de alguns dedos de prosa, ele nunca se atrasou um único minuto que fosse. 
O que demonstra uma baita duma consideração para com os machos de respeito na sala de espera : o cara já vai lá para levar uma atolada de dedo no toba, só faltava ter que esperar duas ou três horas para isso.  O sujeito chegar em casa, ou em seu local de trabalho, e reclamar que esperou duas ou três horas para se consultar com o cardiologista, com otorrinolaringologista etc, ainda que vai. Mas imagine o cara chegar na hora do cafezinho e dizer : rapaziada, ontem esperei duas  horas para levar um dedo no cu! É muita humilhação.
Ele é pontual em duas das conotações cabíveis ao termo : no sentido de sempre cumprir com o horário marcado e no sentido de que visitá-lo não é ato frequente, é pontual, esporádico, esparso.
2) A dermatologista, que conheci hoje.
Peraí, velho Azarão, dirão, mal-intencionados, alguns de meus leitores mais filhos das putas, isso dum macho velho e das antigas ir numa dermatologista não é muita viadagem, não? 
Sim. É pura viadagem. Mas fazer o quê? Convenhamos, perto dos 50 anos e algumas dedadas já machamente encaradas (embora não possa dizer que as tenha enfrentado exatamente de frente), ir a uma dermatologista para que ela examine minha macilenta tez, é coisa pouca, é frescura menor, é pormenor de somenos. É o velho ditado, meus amigos : passa boi, passa boiada.
Em minha (fraca) defesa, devo dizer que não fui à dermatologista exatamente por iniciativa própria. Há alguns meses, uma pequena descamação se tornou recorrente em minha testa, ao rés do couro cabeludo. Meu autodiagnóstico foi : ou o resquício de velhos chifres, que, volta e meia, teimam em ressurgir - sentimento ilhado, morto e amordaçado, volta a incomodar -, ou uma mundana seborreia. Como a descamação fica indo e voltando, minha esposa começou a externar sua preocupação, a fazer uma espécie de terrorismo amoroso, começou a dizer que poderia ser coisa "pior", que é a maneira eufemística que as pessoas usam quando querem se referir a câncer, como se a simples menção da palavra pudesse ocasionar a doença, atrair a maldição.
Como sou sugestionável pra caramba, ou seja, como sou cagão pra essas coisas, comecei a pôr caraminholas na cabeça e a ficar realmente preocupado. Daí, a minha ida à dermatologista, dermato, para os íntimos e afrescalhados.
A consulta foi marcada para as 15  horas. Como não a conhecia, não sabia qual era o nível de sua pontualidade, ou, o mais provável, da falta dela, e como tinha afazeres outros a cumprir que dependiam do bom andamento cronológico da consulta, preocupei-me. Detesto quebras de rotina, ainda que seja por necessidade médica. Só de pensar em esperar por horas, ter que ir embora sem ser consultado, quando meus compromissos ulteriores assim exigissem, ter que remarcar a consulta, esperar pela nova data e correr o risco de dar errado de novo, já me deixa doente - deu pra ver que tenho sérios transtornos obsessivos, né?
Felizmente, minhas pré-ocupações mostraram-se infundadas. Cheguei ao consultório por volta das 14 e 50h, a secretária fez minha ficha e prontamente me conduziu à presença da médica, uma japonesa, o que explica, em grande parte, a sua britânica pontualidade. Sentamo-nos. Vi no relógio de pulso dela que eram exatamente - exatemente mesmo - 15 horas. Relatei o problema, ela deu uma olhada na minha testa e couro cabeludo e deu o veredicto : dermatite seborreica. Ou seja, a boa e velha seborreia que eu havia imaginado.
Receitou-me lá  um creme para passar no local e me deu até uma amostra grátis, que, pelo que pude calcular, será suficiente para o tempo prescrito de tratamento. 
Também costumo dar esse tipo de sorte, geralmente recebo amostras grátis, sobretudo se for médica - do meu urologista, eu nunca ganhei, e nem quero, nenhuma amostra grátis para levar para casa, no que eu muito lhe agradeço, se é que vocês me entendem. A pediatra que consulta meu filho, a outro exemplo, é sempre muito simpática para comigo e, invariavelmente, saio de seu consultório com um bom fornimento de amostras grátis; quando é minha esposa quem leva o moleque, nem bom-dia ela ganha.
Acho que tem a ver com o o meu estilo casual despojado de me trajar, ou seja, eu corto o cabelo, quando muito, a cada 4 ou 5 meses, vivo com a barba desgrenhada, ando com calças desbotadas e encardidas, que em nada combinam com as cinzas camisetas, que um dia, em seus bons tempos, já foram pretas ou azul-marinho. Acho que desperto nelas uma vontade de cuidar e proteger; seus instintos maternais, ou, o mais provável, de geriatras dedicadas.
Entrei no consultório exatamente às 15 horas; 15 horas mais cinco minutos, eu já me dirigia ao elevador de saída. Exato, perfeito e preciso. Apesar da seborreia, saí de lá estranhamente feliz e satisfeito. Somos, no dia a dia, tão aviltados e negligenciados em nossos direitos mínimos e básicos que, quando eles são respeitados, nos causa surpresa, enfim...
Agora, vou tomar um banhão e, depois, sobre a região afetada, aplicar o meu creminho. Pãããããããta que o pariu!!!!

Voracidade da Luz ao Quadrado

Hoje
Confundo-me com,
Fundo-me ao piche do pavimento,
Me atolo em passos de breu
Da impositiva claridade,
Da voracidade da luz
Da manhã,
Do trabalho,
Dos quatro cômodos
- arejados, iluminados, galeria vazia de paredes brancas, sem segredos nem mofos -
Do meu coração;
Totalmente sem graça.

Saudade 
Do irreversível tempo
Em que calçava minhas sandálias de Hermes
Me elevava em passos de estratosfera
E me movia à velocidade da luz
Pelos escuros da madrugada 
E das masmorras
- outrora cheias de prisioneiros, cheirando a matadouro e a jaula -
Do meu coração;
Felino.

sábado, 12 de setembro de 2015

O Chupa-Cobras

O infausto se deu com um humilde agricultor da Índia, na cordilheira do Himalaia. O cara foi dar uma mijadinha no mato e acabou sendo mordido por uma cobra. No pé? No tornozelo? Na batata da perna? Porra nenhuma. No pau. É o rock das cobras. O que é que essas cobras tão fazendo aí no chão? Invejo-te, Raul. Viveste em tempos muito mais simples.
O agricultor, de 46 anos, só procurou por ajuda médica quando a dor ficou insuportável, três horas depois da mordida. Os médicos que o atenderam relatam que havia várias bolhas necrosadas em volta da região mordida, ou seja, no pescoço da girafa.
O lavrador correu sérios riscos de perder o cacete, mas conseguiu descrever a cobra para os médicos, que a identificaram como sendo uma víbora levantina, possibilitando a imediata aplicação do antídoto específico. Levantina? Duvido que o pau do cara vá levantar de novo.
Após três dias de internação, o camponês teve alta médica; agora, se o pau do sujeito vai voltar a ter altas, ou se só baixas, só o tempo dirá.
Quanto à cobra, ela passa bem, aliás, ele, era um macho da espécie. Passa bem, mas depois de ter pago um boquete para o agricultor, todo o ninho de cobras o está chamando de o chupa-cobras.
Mordida de cobra no pau pode ser novidade lá no Himalaia, mas não tem nada de novo ou surpreendente em terras tupiniquins. Eu mesmo já vivenciei uma situação parecida.
Há alguns anos, estávamos, eu e meu amigo Fernandão, a pescar. Quero dizer, eu estava a pescar, porque eu nunca vi ninguém pior de anzol que o Fernandão; eu ainda fisgo lá uns lambaris, umas tilápias, o Fernandão, nem galho de árvore. Estávamos, então, a pescar e a tomar umas cervejas, quando o Fernandão precisou ir tirar a água do joelho. Se afastou de onde estávamos, procurou uma moita mais reservada, subiu numa pedra para ficar mais alto do chão e evitar que o cabeço do pau ralasse na terra e começou a mijar. Uma urutu-cruzeiro, de quase uns dois metros de comprimento, que por ali passava, sentiu-se ameaçada pela monstruosidade que viu e atacou, deu uma peçonhenta abocanhada no cabeçote de meu amigo. O Fernandão chegou até mim apavorado : "Azar, Azar, pega a porra do meu celular e liga pro pronto-socorro". Peguei o telefone, liguei para o 192, relatei a situação e perguntei sobre como agir. O médico, do outro lado da linha, disse que o ideal seria a imediata administração do soro antiofídico específico (como se eu não soubesse), mas que na impossibilidade de tal, eu poderia realizar um procedimento de emergência, prestar um primeiro-socorro e, então, levar a vítima ao hospital mais próximo, o mais rápido possível. "E que procedimento seria esse?", perguntei eu ao esculápio? "Você vai, põe a boca na região mordida e suga tudo o que puder, pra tirar o máximo de veneno que conseguir e assim retardar a ação proteolítica e neurológica da peçonha."  Agradeci, desliguei o telefone e voltei até onde estava o meu amigo, rolando de dor no chão. "E aí Azar, o que o médico falou?" Respondi : "que você vai morrer!"
Eis a víbora levantina. Agora, a cobra do Fernandão, que me desculpem as leitoras do Marreta e o ex-boiola, eu não vou mostrar.

Suruba de Letrinhas

Em quantas frias
Tens que entrar
Para botares pantufas no frio que sentes?

Em quantas roubadas
Para reaveres
A tranquilidade que te roubaram?

Em quantas barcas furadas
Para recalibrares tua
Des-orientada e des-norteada
Bússola
Para te pores novamente de vento em popa?

Quantas letras
Para usares de escudo, de máscara
E te fartares de neologismos
E de novas (e sempre a mesma) tu?

Quantos alfabetos
Para ingredientes
Da tua suruba de letrinhas?

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa... (32)

O cara está lá, tentando apaziguar a alma e os ânimos, tentando aplacar a dor de cotovelo, fazendo compressa de água quente na marca latejante do sapato plataforma nº 36 que a ex lhe cravou na bunda.
O cara põe, então, uma música ambiente - música de elevador -, prepara um chá de cidreira ou camomila e, desgraça das desgraças, concentra-se nas páginas de um livro de autoajuda, do tipo Amar Pode dar Certo etc e tal.
Aí, aproveitando-se do estado meditativo e absorto do cara, valendo-se de sua guarda baixa, o fantasma da ingrata se materializa. Materializa-se na forma de pequenas, corriqueiras, cotidianas e mundanas coisas : um bilhetinho todo azul com os garranchos dela, um fio de cabelo no paletó, um beijo escondido sob as dobras do blusão, o cheiro dela dentro de um livro, ou o anel que ela esqueceu, aquele em que está gravado "só você e eu".
Aí, é foda, meu chapa! Aí, o cara manda o chá de camomila pra puta que o pariu e pega da garrafa. Aí, o cara manda a serenidade e a meditação pras picas. Aí, o chão se abre sob os pés do sujeito e ele se afunda nas Fossas das Marianas da Solidão.
Eu e Você, Sempre
(Jorge Aragão)
Logo, logo assim que puder vou telefonar,
Por enquanto tá doendo,
E quando a saudade quiser me deixar cantar,
Vão saber que andei sofrendo.


E agora longe de mim,
Você possa enfim, ter felicidade,
Nem que faça um tempo ruim,
Não se sinta assim, só pela metade.


Ontem demorei pra dormir tava assim sei lá,
Meio passional por dentro,
Se eu tivesse o dom de fugir pra qualquer lugar,
Ia feito um pé de vento.


Sem pensar no que aconteceu,
Nada nada é meu (nem meu), nem o pensamento,
Por falar em nada que é meu,
Encontrei o anel, que você esqueceu.


Ai foi que o barraco desabou,
Nessa que meu barco se perdeu,
Nele tá gravado só você e eu.


Ontem demorei pra dormir tava assim sei lá,
Meio passional por dentro,
Se eu tivesse o dom de fugir pra qualquer lugar,
Ia feito um pé de vento.


Sem pensar no que aconteceu,
Nada nada é meu (nem meu), nem o pensamento,
Por falar em nada que é meu,
Encontrei o anel, que você esqueceu.


Ai foi que o barraco desabou,
Nessa que meu barco se perdeu,
Nele tá gravado só você e eu. 
Em tempo : lembrei dessa música porque a escutei ontem numa versão gravada pelo grupo de rock gaúcho Nenhum de Nós : ficou uma bosta! No quesito samba clássico, Aragão é imbatível; já o Nenhum de Nós só vale por Camila e mais umas três ou quatro músicas. Nem percam tempo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Da Educação dos Gatos

No fim, 
Umas mais perenes,
Outras mais perecíveis,
Tudo é carne!
Por que, então,
Tramar estratégias de caça,
Minar novos terrenos
Com alçapões de sorrisos mal-intencionados
E buquês de rosas vermelhas?

No fim,
Uns mais calmos e abundantes,
Outros a seco ou a sangue,
Tudo é gozo fátuo!
Por que, então,
Adentrar labirinto indissolúveis
Tentando marcar o caminho de volta
Com um rastro de migalhas de maus poemas?

No fim,
Tudo é fim!
Por que, então,
Não tornar tudo
Num plácido cuidar de avencas e orquídeas,
Num educar de gatos e pimenteiras?

sábado, 5 de setembro de 2015

Apolo 13

Nunca mais excursões
Nem incursões ao teu Luar.
Minha Challenger explodiu num grito mudo
Quando
Mais uma vez
Se arriscava
Se esquivava
Furtiva em direção a Ti.
Não mais passear de mão dadas contigo,
Com nossos campos gravitacionais entrelaçados,
Por sob a sombra de mil sóis
De nosso lácteo quintal.
Não mais a tua falta de ar
Que me punha ébrio e a plenos pulmões
Nem a tua falta de siso
Que tornava leve, ágil e célere
O meu cada vez mais pesado corpo.
Não mais aninhar minhas naus
Em tuas aconchegantes e uterinas crateras.
Não mais rever minha selenita,
Esperando parada,
Pregada na pedra do porto do Mar da Tranquilidade
Com seu único velho vestido,
Cada dia mais curto.