terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mimetismos

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(2)

Vento No Litoral
(Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá)
De tarde quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Agora está tão longe
ver a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos
Na mesma direção
Aonde está você agora
Alem de aqui dentro de mim...

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem...

Eieieieiei!
Olha só o que eu achei
Humrun
Cavalos-marinhos...

Sei que faço isso
Pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Instituto Civitas Pela Volta da Inquisição

A França está sendo palco do recrudescimento das truculência, ignorância e intolerância católicas. O grupo Civitas, formado por católicos integristas, e que se define como um "lobby político pela recristianização da França", está querendo trazer de volta a espada cristã e a fogueira do Santo Ofício.
Esses idiotas, esses filhos de Torquemada, nos últimos dois meses, têm atormentado autores, atores e público de diversos eventos culturais importantes.
Munidos de velas, cruzes e abomináveis cânticos religiosos, eles protestam contra qualquer atividade artística que não considerem cristã, ou que não estejam de acordo com a burrice cristã; foram mais de 60 ataques a peças teatrais desde o ano passado.
Em outubro do ano passado, uma apresentação da peça "Sur le concept du visage du fils de Dieu" ("Sobre o conceito do rosto do filho de Deus", em tradução livre), do italiano Romeo Castellucci, foi invadida por manifestantes no palco do Théâtre de la Ville, em Paris, que tentaram agredir os atores.
O motivo do protesto era a associação da figura de Cristo a cenas de escatologia durante o espetáculo. E por quê? Cristo nem existiu. E se tivesse, ele não cagaria, peidaria, ajeitaria o saco, coçaria o cu e enfiaria o dedo no nariz? Qual o problema?
A peça ficou em cartaz por uma semana e os dementes católicos ficaram fielmente postados às portas do teatro, vaiando quem comprava os ingressos e rezando por eles. Vaiar-me, tudo bem, mas se um filho da puta desse começa a rezar por mim, eu perco as estribeiras, encarno Nero e dou-lhes umas porradas, na falta de um fósforo e gasolina. Mais protestos ocorreram em outros países europeus e também na Argentina.
Alain Escadas, secretário-geral dos Civitas, defende que toda expressão artística deveria ser submetida a uma censura prévia baseada nos valores cristãos. É muita cara de pau, ele acha que a França ainda está na Idade Média e que ele é o Papa. Segundo ele, as ações ostensivas de seu grupo visam proteger os católicos de uma crescente cristianofobia, desencadeada pela laicidade do Estado.
Se toda obra artística fosse submetida aos valores cristãos e católicos, só iriam ser produzidos nus de homens musculosos e de pintos pequenos, feito na Renascença, em que a Igreja Católica financiava as artes e ditava seus moldes.
E não tem cristianofobia coisa nenhuma. O fato da igreja católica estar perdendo seguidores não significa que ela esteja angariando inimigos. Bem que merecia, mas não é o caso. Acontece que os antigos "donos do mundo" não aceitam ver sua verdade contestada e rejeitada. Não aceitam que outros farsantes criem novas religiões e lhes roube o pão de suas bocas.
Eu bem que gostaria de dizer que a igreja católica está perdendo fiéis por conta de maiores instrução e esclarecimento das pessoas, mas não posso. O sujeito não sai do catolicismo para ser um livre pensador, para rejeitar toda essa besteira de bíblia e deus, para andar com as próprias pernas, ele sai e migra para outra religião, que continua lhe dando bíblia e deus, mas que lhe faz certas concessões. Troca merda por bosta.
O instituto Civitas também planeja lançar candidatos às eleições municipais de 2014, pela busca de sociedade cristã "pura" e "naturalmente cristã".
O último que falou em uma sociedade "pura" mandou 6 milhões  de pessoas para os fornos crematórios. Fornos crematórios nazistas e fogueiras da inquisição católica foram exatamente a mesma coisa, partiam do princípio da purificação pelo fogo.
Não é à toa que Vaticano e Hitler foram grandes aliados durante a Segunda Guerra Mundial, não é por acaso que grande parte do ouro roubado dos judeus ainda esteja repousando nos cofres papais, e a enfeitar seus tronos e vestes.
Vejam abaixo a foto dessa católica, notem a cara de demente, de lavada cerebral, segurando orgulhosa uma cruz, que nada mais era que um instrumento de execução dos romanos; fosse Cristo executado hoje, os cristãos andariam com um pingente de uma cadeira elétrica pendurado ao pescoço.
Trocasse, essa cristã, a cruz por um cacete de iguais proporções, estaria muito mais feliz. E encheria muito menos o saco de quem gosta da arte livre, que é o único tipo de arte que há.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Rita Lee É Presa Em Aracaju

Contestar é uma coisa, desacatar é outra, e totalmente diferente. Contestar requer certa engenhosidade, é ação para os argutos de pensamento; desacatar é para qualquer idiota, não requer engenho algum, basta saber proferir uns tomar-no-cu e uns puta-que-o-pariu.
Contestar é questionar, é refutar a ordem estabelecida se valendo de argumentos consistentes; desacatar é baixaria, é desespero de causa de quem não tem - nunca teve - raciocínio próprio.
O rock'n'roll, o verdadeiro, é contestador; às vezes, pode até ofender, mas não por ser desrespeitoso, e sim por revelar a grande farsa que é a sociedade humana em seus mais diversos setores, seja na política, no trabalho ou nas relações pessoais.
É o rock'n'roll de Raul Seixas e Bob Dylan, que nunca precisaram proferir um único palavrão para escarnecer e fazer miséria do establishment social e político.
Não é o rock'n'roll de Rita Lee, definitivamente. Para começo de conversa, já é muito questionável chamar de rock'n'roll o que Rita Lee fez nas últimas décadas,  depois que se aliou ao competente, porém pouco inspirado, guitarrista Roberto de Carvalho, mas vamos lá que seja.
Rita Lee se apresentou no Festival Verão Sergipe, no último sábado, dia 28, show com o qual encerraria sua carreira. Seria a despedida dos palcos da vovó do rock. 
Creio que, então, ela tenha resolvido fazer uma saída à la roqueira, ou o que ela julga ser à la roqueira. Do nada, começou a xingar e desacatar os policiais que garantiam a realização do evento. Chamou-os de "cavalo", "cachorro" e "filho da puta"; disse que viu policiais agredindo membros de seu fã-clube.
A organização do festival, sem nenhum vínculo com a PM, disse não ter sido registrada nenhuma ocorrência como a relatada pela cantora, nenhum incidente que justificasse os insultos de Rita. 
Devia tá muito doida, a Rita Lee. Mais de sessenta anos nas costas, de óculos escuros, com luzes fortíssimas na cara, uma turba disforme de milhares de pessoas se acotovelando, e Rita Lee garante ter reconhecido os membros de seu fã-clube? Deem-me logo o que essa mulher anda tomando.
Se Rita Lee teve a intenção de encarnar o espírito contestador do rock pela última vez, ela não o fez. Encarnou o do desacato, o do desrespeito, o da apologia ao crime e ao criminoso. 
Ações mais duras da PM são imprescindíveis nesse tipo de evento, uma boa sacudida num desordeiro evita tragédias de grandes proporções. 
Nenhum artista poderia realizar seus shows - e encher os bolsos - sem o apoio da polícia, sobretudo artistas que congregam multidões, como Rita Lee. A polícia está lá para garantir a boa realização do evento e, inclusive, a segurança da Dona Rita no palco, contra fãs mais exaltados.
Isso não é contestar, Dona Rita. É ser chula. Ofender policiais chamando-os de cavalos e cachorros? Logo a senhora que diz tanto amar e defender os animais, que se diz metida com associações protetoras que querem proibir os rodeios? A senhora diz defender o cavalo das esporas de um burro (no que eu concordo), e transforma o bichinho em adjetivo pejorativo na hora da raiva? Explique-se, vovó.
Os Mutantes, Dona Rita, lembra deles?, eram contestadores. Os Mutantes faziam rock'n'roll. Mas aí não era a senhora, né, Dona Rita?, eram os fabulosos irmãos Baptistas. 
Rita Lee desacatou policiais, sem motivos. Rita Lee foi presa, com motivos. Rita Lee prestou depoimento para inglês ver e foi solta,  não deveria ter sido. Solta por influência de sua amiga Heloísa Helena, deputada alagoana pelo PSOL.
Se a senhora, Dona Rita,  houvesse aberto a boca para protestar contra os favorecimentos políticos recebidos pelo Nordeste nos últimos tempos e tivesse sido presa por isso, eu lhe bateria palmas. Isso seria um minímo de contestação. Mas dizer contra os políticos para quê, né, Dona Rita? A senhora tem amiguinhos entre eles, que vêm em seu  socorro na hora do aperto.
Foi uma despedida medíocre, de uma carreira que igualmente vinha se mostrando. A senhora, Dona Rita, é a verdadeira Ovelha Negra (no mau sentido) do verdadeiro espírito rockeiro. A senhora deveria continuar presa, Dona Rita : por desacato aos policiais e ao genuíno rock'n'roll.
Lamentável.

sábado, 28 de janeiro de 2012

"Partícula De Deus" É Uma Miragem

A grosso modo, o tão falado bóson de Higgs seria a partícula atômica responsável por dar massa às outras partículas e, consequentemente, existência a elas. Daí o nome de a "partícula de deus". 
Pela teoria, o bóson de Higgs dura ínfima fração de segundo antes de decair, quando, então, se transformaria em todas as outras partículas. Seria como um magnânimo deus que abandona sua identidade (e existência) em prol de seus filhos (as outras partículas), como a aranha-mãe que morre e vira a primeira refeição de sua eclodente ninhada.
Acontece que, depois de muito tempo e bilhões de dólares gastos em sua busca, a "partícula de deus" ainda não foi encontrada. E o mais provável é que ela seja uma miragem, uma ilusão, mais uma tentativa desesperada do ser humano explicar a origem de tudo.
É o que pensam (a parte da tentativa desesperada é minha) Gustavo Burdman e Carlos Haluch, da USP, e Ricardo Matheus, da Unesp. Eles sugerem que talvez precise haver uma mudança, um ajuste no modelo teórico do bóson de Higgs para que ele seja comprovado.
Se a "partícula de deus" existisse conforme a teoria, o LHC (Large Hadron Collider), equipamento projetado conforme a teoria para lhe dar veracidade, já a teria "encontrado". No entanto, os resultados são cada vez mais desanimadores.
É a velha e inútil obsessão do ser humano em procurar uma fonte criadora, e pior : uma única fonte criadora. Seja um padre, pastor, fiel ignorante, ou o mais renomado cientista, pouquíssimos são os que escapam a essa tentação de achar um "deus". Somos todos filhos adotivos do Universo, que nos proporciona maravilhas, mas o ser humano insiste na procura de seu "pai biológico", da porra que lhe deu origem. 
O ser humano limita a complexidade do Universo à sua simplicidade de espécie. Busca explicar um vasto infinito de acordo com seus parâmetros mais do que míopes, quer ajustar as leis do Universo às sua leis; quando, na verdade, é claramente o oposto. Nunca vamos explicar o Universo, somos explicados por Ele.
Não existe um Universo real; ao menos, não um único Universo real. Nosso Universo - o do ser humano - é definido pela percepção que temos dele, assim como também devem ser os Universos da bactéria, da ameba, do musgo etc. Cada percepção define uma realidade. Não há um único deus para todas elas. Não há nenhum deus, na verdade.
E, a mim, a ingenuidade desses cientistas parece óbvia e triste, irmã siamesa da tacanhez religiosa, uma derivante dela, até : deus não existe, logo não existe a partícula de deus. 
Nem são precisos doutorados e PhDs. Deus é uma miragem, uma ilusão. Por que a partícula de deus não seria?

Ouro De Tolo

Eu devia estar contente...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

As Verdadeiras Mulheres-Fruta

As atuais, bizarras e desfiguradas mulheres-fruta - melão, melancia, pera etc - nada são de novo ou original no reino da biscataiada televisiva. As mulheres-fruta de hoje são cópias deformadas das garotas-fruta (ou garotas tim-tim) do extinto e saudoso programa Cocktail, do SBT.
E quando digo que são bizarras e deformadas, não estou exagerando ou fazendo média, não estou sendo hipócrita e dizendo que não gosto de ver a mulherada pelada na TV. Gosto sim. Mas de mulher de verdade. Essas mulheres-fruta são mais androides que gente. Silicone às raias do surreal e muito musculosas de uns tempos para cá. Algumas parecem aqueles soldados do futuro, aqueles ciborgues dos filmes do Van Damme e do Schwarzenegger.
Que me desculpem os entusiastas desse novo tipo de hortifrutigranjeiro, mas o cara que tem tesão em mulher com barriga "tanquinho" e com pernas de jogador de futebol, só pode ser viado. O sujeito diz que gosta da mulher-melão, mas devia logo assumir e ir atrás do homem-pepino, do homem-nabo e que tais.
O programa Cocktail foi exibido pelo SBT entre os anos de 1991 e 1992, sob o comando do showman Miele, expert de vasta experiência com a biscataiada do showbizz. 
Era um jogo disputado por dois participantes, sempre um homem e uma mulher, que tinham que cumprir lá uma série de tarefas em ordem crescente de dificuldade ao longo do programa. Ao fim de cada etapa, entrava uma garota-fruta (ou garota tim-tim) e tirava uma peça de seu já sumário traje, uma luva, uma meia-calça. E anunciando o intervalo comercial, ela brindava ao público com uma taça de champanhe, daí o nome de garotas tim-tim.
Havia para todos os gostos, morango, uva, limão, morango, abacaxi e, a melhor de todas, a garota-pêssego, a grande Silvia Rivera. Cada garota apenas simbolizava uma fruta - a trazia estampada em seu vestuário -, não havia semelhanças anatômicas com elas, muito menos a tentativa doentia de recorrer a procedimentos cirúrgicos para provocar tal parecença. Era uma singela homenagem ao reino vegetal.
O programa terminava com um striptease de uma das garotas tim-tim, um striptease parcial apenas com a exibição das tetas e bunda. E não tinha nada de silicone, quem tinha peito grande, tinha peito grande, quem tinha pequeno, pequeno, celulite, celulite e assim por diante.
Elas abriam seus coletes, balançavam os peitos e, ao som de uma musiquinha característica, diziam tim-tim. Por isso, o programa Cocktail (pronuncia-se coquetel) era também conhecido, entre os punheteiros de plantão, como Coqueteta. Um primor. Um marco na TV brasileira.
O programa acabou saindo do ar por pressões de grupos religiosos e da arquidiocese do Rio de Janeiro; aposto que se fossem efebos-frutinhas, a padraiada e a bispaiada não iriam se opor.
Um brinde em memória ao Cocktail, às garotas tim-tim (principalmente a pêssego) e ao idealizador disso tudo, Luis Carlos Miele, abaixo na foto entre as meninas, todo felizão. E por que não estaria?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Gepeto Von Frankenstein

Tomou-a como um projeto. Tomou-a como uma cadeira velha posta à caçamba de lixo, ocorreu-lhe dar-lhe reparo, nova pintura; mais pela necessidade de uma ocupação que de uma cadeira - estava em um período de abstinência e não beber lhe deixava um grande tempo a ser preenchido.
Tomou-a sem rosto, sem nenhum atrativo físico, sem alma, sem moral, pouca coisa diferente dos manequins de vitrines, plásticos, sem mamilos, cu ou buceta, ocorreu-lhe dar-lhe forma e dignidade; mais pela necessidade de um hobby que de uma companhia feminina - já foi dito que não beber cavava largo tempo ocioso em seu dia.
Evocando técnica aprendida em Educação Artística na sexta série, Ele começou sua empreita. Abriu seu porão, seus arquivos mortos. Cortou em finas tiras os seus jornais amarelados, seus gibis em preto e branco, suas enciclopédias desatualizadas. A ela, cobriu de cola e aplicou camadas de seu passado. Uma camada e mais cola, outra camada e mais cola. O interior dela, despovoado de dar dó, seria construído das sólidas memórias dele.
A superfície - rosto, pele, peito, bunda -, compôs com mais cola e mais camadas e camadas de tiras de papel, agora de revistas coloridas, em papel couché, de livros de fotografia, turismo e paisagismo, e de graphic novels nunca publicadas, existentes apenas na biblioteca de seus devaneios.
Culpa dada a quem é seu dono, a falta de habilidade manual d'Ele fê-la troncha, tronco e membros desproporcionados, cabelos desgrenhados, dentes imperfeitos. Mas invólucro oco que ela era - feito aquelas cascas que as cigarras abandonam nos troncos das árvores ao se tornarem adultas -, ao fim da obra, tudo nela era Ele, ainda que uma caricatura, ainda que um autorretrato deformado. Assim, narciso empedernido, Ele quase chegou mesmo a gostar dela.
Ele mirou sua obra acabada, seu pinóquio-frankenstein - muito mais dissimulado pinóquio que atormentado frankenstein -, e ordenou-lhe : Parla! E ela falou. A voz, óbvio, também era a d'Ele, que voz autônoma ela nunca tivera.
Porém o tempo a tudo nos cansa e deposita enfado. Não porque seja (ele, o tempo) cíclico e infinito, mas porque sempre descortina a realidade. 
Passados o afã e o entusiasmo da concepção, Ele começou a ver sua criação como ela realmente era, como nunca deixara de ser. Nada havia mudado nela, nada mais lógico, inevitável e automático, portanto, que tudo voltasse ao seu estado original. De pura penúria.
Muito tempo livre dá nisso, pensou Ele. Era hora de voltar a beber.
Ela ainda era aquela cadeira velha posta à caçamba de lixo pelo primeiro dono; Ele não havia lhe dado ou recuperado qualquer serventia. Ela ainda era aquele manequim de plástico, e seu rosto não era mais um rosto - nunca fora. 
Era apenas papel machê.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Democracia do PT : Vermelha Por Fora, Verde-Oliva Por Dentro

Mais uma medalha de bosta!
Depois de alcançar a desonrosa colocação de 88º no ranking da Educação da Unesco, no qual figuram 128 países, o Brasil agora também é medalha de bosta na modalidade Liberdade de Imprensa.
O Brasil ficou em 99º lugar entre os 179 países do ranking elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteira, 41 posições abaixo do ano passado, em que ocupava o 58º lugar.
A acentuada queda do Brasil no ranking de  liberdade de imprensa se deu, segundo a organização, em função da morte de três jornalistas em 2011. Foram igualmente mencionados o crime organizado e os atentados ao meio ambiente como grandes ameaças à atuação dos profissionais de imprensa.
Indispensável dizer que os primeiros lugares foram ocupados por Finlândia e Noruega,  mas digo, só pra ficar com mais inveja. Mesmo a Argentina, onde a imprensa vem sofrendo graves restrições por parte do clã Kirchner, obteve colocação bem superior à nossa, o 47º lugar. Aliás, os países sul-americanos melhores classificados nesse ranking, Uruguai, Argentina e Chile, são também os sul-americanos melhores colocados no ranking da Educação da Unesco. Coincidência?
Mas será que a periculosidade no exercício da função foi o único critério tomado como restritivo à liberdade de imprensa pelos Repórteres Sem Fronteira? E as censuras governamentais a certos jornalistas e órgãos de imprensa ou, pelo menos, as tentativas de? A reportagem que li não dizia nada a esse respeito.
Se as censuras governamentais não entram nesse cômputo, deveriam. E, então, o Brasil despencaria mais umas tantas posições.
Dentro da chamada democracia pós regime militar, O PT foi o governo que mais censura impôs à imprensa, e mais ainda pretende impor. Só para citar alguns casos de que me lembro : Boris Casoy, demitido a pedido do próprio Lula; Arnaldo Jabor, impedido de comentar assuntos políticos em seu programa na Rádio CBN; Lúcia Hippólito, também da Rádio CBN, tirada misteriosamente do ar e jogada num programa de amenidades; Diogo Mainard, da Revista Veja, além de processado vem sofrendo várias ameaças de morte por parte do jornal do MR-8 (que faz parte da base aliada ao Lula) e de integrantes dos chamados "Movimentos Sociais"; o jornal "Estado de São Paulo" ficou sob forte censura governamental por mais de 300 dias.
Democracia é o caralho! Democracia, porra nenhuma! Não a do PT, pelo menos.
Minha infância e adolescência se deram sob o regime militar, e não digo que simpatizasse com eles à época, mas também não simpatizo com ninguém. Eles eram considerados os inimigos do povo, e talvez até fossem mesmo. Todo governo o é. Mas se eram inimigos, não eram hipócritas, mostravam claramente o que eram e a que vinham e estavam.
Diziam-se vítimas da repressão militar, os mesmos "PTs" que hoje querem cercear a imprensa séria. Há um projeto do PT, o "marco regulatório da imprensa", que irá impôr severas vigilância e censura aos meios de comunicação, uma vez que for aprovado pelo Senado. O projeto está paradão lá, mas não está descartado, volta e meia, o PT tenta pô-lo em pauta.
Lula e seus asseclas usam a estrelinha do PT ao peito, uma estrela vermelha na lapela de seus paletós. Na verdade, sonham (e sempre sonharam) em envergar cinco estrelas douradas, perfiladas nos ombros, em imponentes dragonas militares.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Universidade Do Piauí Ia Virar Sex Shop

Acabou a alegria dos professores, alunos, técnicos e outros funcionários da Universidade Estadual do Piauí - UESPI. Acabou antes de começar.
É que a Justiça do Piauí suspendeu ontem a compra de um material suspeito, para dizer o mínimo. O edital de licitação e compra foi vetado devido a denúncias de irregularidades e pela quantidade do material solicitado.
Entre os materiais que seriam comprados por meio de pregão, figuravam 2000 pênis de borracha, 1500 peitos de variados materiais, borracha, pano e silicone, e 500 vulvas de silicone, as famosas buças. Os pênis foram encomendados em quatro modelos e tamanhos diferentes, para agradar a todos os gostos e preferências : 12 cm; 15cm; com uretra, ejaculação e sêmen artificial; e uretra, ejaculação, sêmen artificial e com suporte (suporte?).
A Universidade alega ter ocorrido um equívoco na interpretação dos números descritos no edital, eles seriam relativos à capacidade máxima de entrega da empresa fornecedora, e não ao total real encomendado. A direção da Universidade afirma ter pedido apenas dois pênis de borracha, cinco mamas artificiais e cinco vulvas para serem usados em aulas para 20 estudantes da residência médica multiprofissional dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Medicina e Nutrição. Bom, aí também já é uma miséria de pinto e peito.
O reitor da UESPI, Carlos Alberto Pereira, explicou ainda que o pregão que seria realizado pela Uespi é diferente do convencional.
Diferente ou não, não há pregão que resista a dois mil cacetes.
Abaixo, o edital:

Vai Confiando No Santo, Vai...

Tenho duas ou três coletâneas de Lupicínio Rodrigues, um dos grandes mestres da dor-de-cotovelo, um dos maiores "exagerados" da música brasileira. Mas coletânea é aquilo, traz as clássica do sujeito, as mais emblemáticas, Esses Moços, Nunca, Vingança, Nervos de Aço.
Numa das raras e gratas surpresas que a TV, seja paga ou aberta, às vezes, nos proporciona, vi ontem o mais recente espetáculo de Arrigo Barnabé no Canal Brasil, Caixa de Ódio, em que ele interpreta, daquele jeitão dele, um repertório de Lupicínio Rodrigues. E ficou muito bom, ficou do caralho.
Entre as músicas, a por mim desconhecida, Pra São João Decidir. O cara bota a maior fé que o santo lhe resolva um problema amoroso e entra pelo cano. O santo puxa do tapete do cara, que acaba ganhando uma bela peruca de touro pela sua devoção. Bem feito.

Pra São João Decidir
(Lupicínio Rodrigues)
Ah que alegria
Levantei de madrugada
Por que a noite passada
Eu não consegui dormir

Rosinha disse que ia por num papelzinho
O meu nome e o do vizinho
Pra São João decidir

O que ficasse de manhã mais orvalhado
Ia ser seu namorado
Ia com ela casar

E eu tinha tanta confiança
Neste santo
Que apostei um conto e tanto
Que era eu que ia ganhar

Sabem o que foi que eu vi quando rompeu o dia?
Vi foguete que explodia
Buscapé, lança rojão
Era o vizinho que já tinha triunfado
Festejando entusiasmado
O dia de São João

Então de noite
Foi mais grossa a brincadeira
Acendeu-se uma fogueira
Todo mundo foi pular

Só eu chorando a traição
Daquele santo
Soluçava no meu canto
Vendo a lenha se queimar

Para vídeo com Arrigo Barnabé cantando a música do corno devoto, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Viver É Outra Coisa

Amanhã - que já é hoje -, volto ao trabalho. 
Que detesto. Com o qual não mais me identifico há muito, se é que um dia já; a memória não é mais confiável para afirmar que sim ou que não.
Algum idiota, querendo me provocar, disse que não lhe parecia muito honesto que eu vivesse de um trabalho o qual desprezo. 
E quem disse que eu vivo do meu trabalho? Ou que sou honesto? Viver, eu vivo das pequenas coisas que gosto de fazer, e que ninguém mais pode fazer por mim. Como escrever essas considerações aqui, a uma hora dessas; como cuidar do meu filho. Meu trabalho, inúmeros outros podem fazer por mim, não interessa se melhor ou pior , podem.
Do meu trabalho tiro o dinheiro que põe a comida na mesa, que paga as contas da casa, a escola e os remédios do filho. Obtenho tudo do trabalho, menos a vida. A vida é o que deixo de lado quando vou trabalhar.
Quando volto ao trabalho é que tiro férias verdadeiramente. Tiro férias da vida, desgraçadamente. Pobre daquele que confunde a vida com os meios de mantê-la.
Amanhã - que já é cada vez mais hoje -, volto ao trabalho. 
Bebi mais do que devia e dormirei menos quê. Ressaca e sono virão me dar bom-dia em poucas horas. Ressaca se rebate com outra talagada do mesmo veneno. E a falta de sono? Com mais falta de sono? Não funciona, eu sei que não. O sono deficitário deveria ser considerado um dos maiores males dos tempos atuais.
Mas ainda tenho meus passos rápidos e firmes movidos à cafeína, tenho o rio que tentam verter em cimento há décadas, mas que sempre transborda transgressor, tenho caminho reto e certo, e um destino que não me exige mais nenhum esforço, cujo roteiro já sei cor.
E tenho a certeza da volta e da reclusão à minha casa, aos meus, à vida.
Eu penso neles, e a merda do trabalho fica fácil.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Água Que Passarinho Não Bebe

Lencinho de Nossa Senhora

Se você anda preocupado com as previsões de  fim de mundo, perdendo o sono com o 2012 do Maias, angustiado com tsunamis e maremotos, estocando comida com medo de terremotos e atividades vulcânicas, tomando remédios tarja preta por causa do aquecimento global, derretimento das geleiras e desertificação das florestas, ficando brocha pela iminência de um choque de asteroide e de uma possível guerra nuclear, cagando-se de pavor da Peste e da Fome, seus problemas terminaram.
Chegou o lencinho Antirradiator das... Organizações Tabajara? Não, nada disso.
É o lencinho milagroso de Nossa Senhora!!!
Cláudio Heckert, 66 anos, fundador do movimento "católico, apostólico, romano e fiel ao papa", é quem traz a nova patifaria ao mercado cristão. 
Segundo ele, o mundo não irá acabar em 2012, mas terá início a Terceira Guerra Mundial, deflagrada pelo lançamento de uma bomba atômica de Israel contra o Irã.
Ainda de acordo com Heckert, milhões e milhões morrerão devido à radiação e doenças contagiosas. Como se não bastasse, a Terceira Guerra açulará a ira divina e os castigos do Todo-Poderoso virão na forma de tsunamis, terremotos e chuvas de asteroides. Bons tempos os do Velho Testamento, os do sangue na água e dos gafanhotos. Deus, à imagem e semelhança do homem, também andou aperfeiçoando sua crueldade.
Mas não há motivo para alarmes, a solução é das mais simples : basta comprar o lencinho abençoado pela Nossa Senhora, do qual Heckert é representante comercial exclusivo na Terra.
No caso da contaminação da atmosfera por radiação e gases tóxicos, bastará que o felizardo possuidor do lencinho cubra a boca, nariz e olhos com o paninho abençoado, não haverá a necessidade de máscaras antigases ou roupas contra radição, garante Heckert em seu site Salvai Almas.
O lencinho, feito em algodão ou cambraia, tem 20cm x 20cm e está sendo distribuído pelo correio; os interessados podem encomendá-lo pelo site Salvai Almas e terão apenas os custos das despesas postais.
Heckert assegura que seu  lencinho é mais poderoso que a toalhinha milagrosa de Valdomiro Santiago, da concorrente Igreja Mundial, porque além de servir de escudo contra a bomba atômica, cura qualquer tipo de doença, é só cobrir o órgão doente ou lesado e rezar pela cura.
Hemorroida? É só dar uma limpadinha no toba com o lencinho. Brochura? Basta uma compressa de água quente no bráulio feita com o lencinho. Corrimento, secura vaginal, frigidez? É só usar o lencinho de Nossa Senhora durante um período menstrual à guisa de absorvente.
O lencinho não é apenas curativo, possui também caráter preventivo. O site orienta os fiéis para que cheirem o lencinho pela manhã antes de saírem de suas casas, essa simples cafungada os protegeria contra todas as pestes do mundo. 
E o melhor nem é isso. O lencinho, se o fiel for um dos escolhidos, poderá exalar um "perfume incomum" vindo do céu. Imediatamente, o dono do lencinho premiado deverá entrar em contato com Heckert, pois é certo que uma missão especial lhe é cabida.
Heckert diz que vê e conversa frequentemente com Nossa Senhora, e que ela lhe contou sobre o trágico futuro da humanidade e dos pecadores.
Já que tão poderosos e com contatos tão influentes no Céu, esses missionários poderiam criar logo uma cueca ungida pelo Frei Serapião, aquele que resistiu à máxima tentação, que era grande, que era imensa, que era enorme, que era incomensurável. Uma cueca benta que mantivesse os caralhos dos padres e pastores afastados das criancinhas.
Fonte : Salvai Almas

sábado, 21 de janeiro de 2012

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...

Bilhete
(Ivan Lins)
Quebrei o teu prato, 
Tranquei o meu quarto,
Bebi teu licor.
Arrumei a sala, 
Já fiz tua mala,
Pus no corredor.
Eu limpei minha vida, 
Te tirei do meu corpo,
Te tirei das entranhas,
Fiz um tipo de aborto
E por fim nosso caso acabou, 

Acabou,
Está morto.
Jogue a cópia da chave por debaixo da porta,
Que é pra não ter motivo
De pensar numa volta.
Fique junto dos teus
Boa sorte, adeus.

N.A.(Nota do Azarão) - Que fossa, hein, meu chapa, que fossa..., é um verso da canção Testamento, de Toquinho e Vinícius.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Tremoço, Esse Injustiçado

No cumprimento de minhas tarefas do lar, estava eu no mercado, aguardando minha vez na fila do balcão de frios. Quando ouvi um senhor, já de vetusta idade, uns três lugares atrás de mim, pedir à pessoa logo à sua frente que lesse o preço do tremoço para ele.
O tremoço estava lá nas prateleiras - entre azeitonas, picles, alcaparras, cerejas e cebolinhas -, conservado em salmoura naqueles recipientes globulares de vidro, parecidos com um aquário. A pessoa olhou, olhou, e, com a maior cara de cu, confessou desconhecer a referida leguminosa; o senhor repetiu o pedido para a pessoa atrás dele, logrando o mesmo resultado.
Detalhe : tanto o sujeito da frente quanto o de trás traziam fardos de cerveja em seus carrinhos. Bebuns que desconhecem tremoço, uma vergonha.
Não tive como, fui obrigado a intervir. Li o preço para ele. Ele me agradeceu, mas disse que estava caro, e me deu a dica de um outro lugar que vende pela metade daquele preço. Ainda lamentou que cada vez menos pessoas conheçam o tremoço; muitos estabelecimentos, inclusive bares, nem mais o comercializam, informou-me ele, um especialista no assunto.
Despedimo-nos e, na sequência, já na fila do caixa, compus uma pequena homenagem ao tremoço, esse clássico tira-gosto tão desdenhado pelas novas gerações de bebuns. Ei-la :

Uma Pequena Ode Ao Tremoço
Não quero bife à milanesa,
Guardanapo, guarnição...
Não carece nem fazer almoço.
Fico mui guapo e bem nutrido
Com cerveja e tremoço.

Não precisa de espaguete à bolonhesa,
Pôr prato, talher...
Para que tanto alvoroço?
O dia fica muito mais divertido
Com cerveja e tremoço.

Dispenso a salada e o pavê por sobremesa,
Toalha de renda, faiança...
Deixemos de confusão, de angu de caroço.
Lava melhor a alma e aumenta a libido,
Cerveja com tremoço.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Os Ateus São Mais Honestos

Mais uma da séria série "Os ateus são mais."
O Marreta já mostrou que os ateus são mais inteligentes e melhores de cama. Agora, através de simples conjecturas, demonstrará a superior honestidade dos ateus.
Os ateus não têm (e nem querem) o perdão de deus, o indulto dominical. Depois de pecar a semana inteira, o ateu sabe que não será perdoado no domingo feito os filhos de deus, que com uma meia dúzia de rezas e um mea culpa estão zerados para novos pecados, lavou tá novo; e ainda ganham um lanchinho de graça do padre, um pãozinho sem graça e sem sal, mas ganham.
O ateu só conta com sua consciência para absolvê-lo. E ela, fruto de seus superiores intelecto e senso crítico, raramente o perdoa. Então se o crente pensa duas vezes para fazer algo errado, o ateu pensa dez, logo se porta mais idoneamente. A consciência do ateu é mais severa que quaisquer deuses, até porque inexistentes.
O ateu, quando acusado "injustamente", não pode se valer de asneiras do tipo, "deus está vendo", "deus é minha testemunha", ou "foi feita a lei dos homens, mas não a de deus". Mesmo porque o ateu não segue as leis de deus, aquelas que um barbudo escreveu depois de subir numa montanha e ficar vendo uma moita pegar fogo, devia estar muito doido, o tal do Moisés. Ao descer da montanha, claro, promoveu um massacre a fio de espada de todos os que não concordaram com o decálogo.
O ateu não precisa de um código de valores escrito por um louco em nome de outro louco. O ateu é capaz de montar seu próprio código de valores; de novo, seu intelcto superior. O ateu faz o certo porque é certo; o crente o faz pelo medo do inferno, não por honestidade ou honradez. Um cristão honesto nem sempre é movido pela Honestidade, é impulsionado muitas vezes pelo medo e pela culpa; um cristão honesto não é honesto, é covarde, é cagão. Já o ateu honesto é honesto mesmo, nenhum medo ou culpa o impele a tal, ele é honesto por questão de índole.
Sendo mais honestos, os ateus são também mais trabalhadores, fazem menos corpo mole. Os ateus pegam firme no batente, não podem se sair com as idiotices cristãs, "deus há de prover", "deus dá o frio conforme o cobertor". O ateu só conta com os resultados de seus próprios trabalho e esforço.
Deriva daí que o ateu mais se esmera e investe no aperfeiçoamento pessoal. Se ele falhar, for incompetente, fizer uma baita cagada, não vai ter a quem imputar a culpa, "foi deus quem quis", "foi a vontade de deus", "deus escreve certo por linhas tortas".
Para finalizar, o ateu não goza do privilégio do engenhoso ardil do juramento, que para sacramentar mentiras foi inventado. O cristão põe a mão em cima da bíblia, jura por deus, pela família e pela propriedade, e pronto! Todos acreditam. E mesmo que não, dizem que sim. Parece que não ter fé em quem jura por deus equivale a não ter fé no próprio deus. E é. Pela lógica, duas afirmações falsas geram uma verdadeira. Duas mentiras (um deus e o juramento em seu nome) gerariam uma verdade?
Já o ateu, nem adianta jurar pelo Pai. Aliás, não adianta jurar nem pelo próprio pai, o seu biológico. Nem o pai do ateu acredita nele. Em suma, o ateu está sempre por suas próprias pernas; em sua estrada, só quem pode lhe seguir é ele mesmo. Talvez sofra mais. Talvez...
Porém tem a inestimável recompensa de andar em pé e altivo, ereto e bípede, como a Evolução o engendrou; não de joelhos, como deus o pôs.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Aço Frio De Um Punhal

Fernando Pellon é o que se pode chamar de um veterano inédito. Tecnicamente, estreou na música em 1983, mas a não ser que você conheça um LP chamado "Cádaver Pega Fogo Durante o Velório", ele é pura (e ótima) novidade na MPB, tão necessitada delas. Eu mesmo, que tanto fuço pela net à cata de raridades musicais, desconhecia-o.
O cara é foda! É mórbido e poético, escatológico e lírico. Sua letras tratam da vida noturna, do mundo dos bêbados e das putas, dos desvalidos, das cervejas quentes a dormirem nos copos, dos tocos de cigarros amassados nos cinzeiros dos botequins, dos perfumes baratos, do sexo sem beijos, dos sorrisos falhos de pivôs, dos crimes passionais.
Tanto que coube a Aldir Blanc, poeta e letrista, parceiro de João Bosco, e profundo conhecedor da vida boêmia carioca, fazer o texto de apresentação do novo trabalho de Fernando Pellon, Aço Frio de Um Punhal :
"O extraordinário autor Fernando Pellon é o "dotô" geólogo reverenciado mundialmente. O fato é que Pellon bate bem com as duas. As violentas e belas imagens que o CD apresenta, valorizadas pelo sempre minucioso trabalha de Jayme Vignoli, são diferentes de tudo que rola por aí com a máscara de "muderno". Música popular se faz com flores de plástico, mistura crime hediondo e mar de delícias, dejetos e desenganos, guimbas e gosmas, daltontrevisanianamente, com ecos de Nelsons, o Cavaquinho e o Rodrigues, a sombra da tuberculose rondando a Rosa da inspiração no buteco imundo, beijos e vômitos rolando com os desejos pelos últimos degraus da vida."
Humildemente, digo ainda que Blanc esqueceu de mencionar duas outras claras referências nas letras de Pellon - posso estar enganado, mas elas vieram a mim logo de cara -, os universos de Augusto dos Anjos (escarra nessa boca que te beija) e o de Paulo Vanzolini e sua famosa Ronda (e nesse dia, então, vai dar na primeira edição, crime de sangue num bar da avenida São João). Com Vanzolini, ele compartilha tanto o universo do "rolando um dadinho e jogando um bilhar" quanto o mundo acadêmico; Vanzolini é zoólogo dos bons e Fernando Pellon, geólogo reconhecido internacionalmente.
Tem mais em o Aço Frio de Um Punhal, tem Lupicínio Rodrigues, Dolores Duran, Odair José e Angela Ro Ro. É um puta disco. A seguir, coloco a letra da minha preferida do CD, o tango Cinco Sentidos, e, ao fim da postagem, o link para baixar essa preciosidade da MPB.

Cinco Sentidos
(Fernando Pellon)
Por teu amor, cheirei o teu sovaco,
Por teu amor, funguei no teu cangote,
Por teu amor não fiquei inibido em pôr a prova meus cincos sentidos.
Por teu amor eu gastei muita ficha de telefone, passei muito trote,
Por teu amor ameacei de morte todo os meus rivais potenciais.
Agora estou na rua da amargura,
Fumando guimba de cigarro usado,
Bebendo resto de cerveja quente,
Comendo o que na travessa é deixado.
E os versos que eu te dediquei, poeta,
Nos quais eu me entregava por inteiro,
Eu reescrevo com as minhas fezes
Atrás da porta de qualquer banheiro.

Para baixar o disco, é só fazer o de sempre, dar uma clicadinha aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

Bukowski - A Morte É Uma Empulhação.

"Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o nascimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. Engolem deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouvi-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer."

domingo, 15 de janeiro de 2012

Pequena Súplica De Um Sem-Talento Insone

Oh, Inspiração e Sonho
Que nada mais querem comigo;
Oh, Calíope e Morpheus
Que não mais me recrutam para longas caminhadas
Nem me convidam aos seus rega-bofes.
Oh, Cerveja finita e Lua Inalcançável,
Concedam-me a bem-aventurança do Sono Tranquilo,
Uma vez que a da Poesia não me legaram.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sexta-Feira 13 - O Dia Do Azarão

Discordo - e fico puto da vida - de quando as pessoas, referindo-se a um dia nublado e chuvoso, dizem que o tempo está ruim ou que o dia está feio. Poucas coisas são mais imponentes e majestáticas na natureza que um céu cinza pesado de chumbo, prestes a esmagar quem o tem por teto e que, no entanto, desfaz-se e desaba tão leve e redentoramente.
A maioria das pessoas é mesmo muito burra. Basta que comece uma rala chuvinha e já correm para abrigos como se mil demônios estivessem em seus calcanhares. Não obstante, expõem-se espontaneamente a borrascas diárias de chuva solar, a tormentas de raios ultravioletas mutagênicos e cancerígenos. A moça da previsão do tempo faz cara de cu ao antever um fim de semana chuvoso, mas ri feito uma débil mental ao anunciar um fim de semana altamente radiativo.
A mesma discordância, manifesto em relação às bobagens ditas e ao comportamento temeroso das pessoas quando o assunto é a Sexta-Feira 13. A Sexta-Feira 13 é um dia, digamos assim, de bagunça cósmica, o dia em que Lorde Caos e Mestre Ordem deixam os ternos no armário e vão tomar umas no bar.
É o dia dos elfos zombeteiros, dos elementais travessos, dos leprechauns bêbados, da sacizada traquinas, dos espíritos galhofeiros em geral. É o dia em que deus tem sua bunda chutada do trono. É o dia dos Azarões.
Hoje, então, é sexta-feira 13 e está nublado e chuvoso. Hoje não tem gato preto, não tem passar sob a escada, não tem espelho quebrado, não tem porra nenhuma que me segure. É o meu maior dia de poder; hoje, nada pode dar errado.
Como se não bastasse, a origem do mito da Sexta-Feira 13 é nórdica. Conta-se que, em certa feita, Odin, chefão do panteão nórdico, promoveu um banquete em Valhalla para o qual foram convidadas 12 divindades; Valhalla era o palácio para onde iam os guerreiros tombados em batalha. Loki, o saci nórdico, não estava entre os 12 convidados e, enciumado, apareceu de penetra e aprontou o maior pampeiro. Deste episódio, surgiu a ideia de que 13 pessoas à mesa era desgraça na certa.
Sexta-feira 13, chuvoso e de ascendência nórdica... pois não é a marreta de Thor a proteger esse blog?
Hoje, eu tô com tudo. Hoje não tem mau-olhado, não tem olho-gordo, não tem urucubaca, não tem ziquizira. Não tem nem quebranto, com o qual sofro tanto cotidianamente.
Mas só para garantir - e deixar o blog mais bonito, antes que meu primo comece novamente a reclamar da falta das gostosas -, posto abaixo uma foto da Scarlett Johansson. Duvido que alguém possa nutrir um mau pensamento ao mirar a pequena Scarlett, o trevo-de-quatro-folhas (e de dois belos peitos) do Marreta.

Caio Fernando Abreu

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido"
(O Inventário do Ir-remediável)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Zoo De Segurança Máxima

Mais uma da série "Quem evoluiu de quem?".
Oito macacos-prego protagonizaram uma fuga em massa do pavilhão dos primatas no zoológico de Cascavel (PR). A fuga se deu na madrugada do dia 10/01 e o zoo foi fechado ontem para a recaptura dos animais. A bióloga Vanilce Pereira de Oliveira disse que os macacos têm o hábito de passar a noite inteira brincando com o cadeado da jaula, e acabaram por quebrá-lo.
Os macacos são todos da mesma família, um tipo máfia primata sob o comando da matriarca Liza, a qual retornou ao recinto horas depois, arrependida da fuga. Tudo indica que o autor intelectual do crime tenha sido um delinquente juvenil, o filhote que atende pela alcunha de Ceará.
Há suspeitas de que Ceará - cuja foto não foi liberada para publicação por ele ser menor de idade - possua contatos externos com os quais se comunique via celular; um desses comparsas, disfarçado de visitante, teria lhe entregue, burlando a vigilância do zoo, uma banana com uma gazua dentro. 
No pavilhão das aves, sobretudo entre as araras, circulam rumores de que Ceará vinha fazendo ameaças à família de seu tratador, que, acuado, poderia ter lhe facilitado a fuga. 
Uma denúnica telefônica anônima acusou a ONG Macaco-Prego Forever de ser a coautora da fuga; ouvido pela direção do zoo, Roberto Bugio, presidente da ONG, eximiu-se - bem como a todo o seu grupo - de qualquer envolvimento com o caso. Depois de ouvir a gravação com a denúncia, Roberto Bugio afirmou ter identificado a voz de Sebastião Cabeça-Chata, diretor da ONG Tubarão-Martelo, organização declaradamente rival e hostil à sua.
Armadilhas foram espalhadas pelo zoológico na esperança de recapturar os meliantes, mas seis macacos ainda estão desaparecidos.
O zoo reabriu suas portas hoje, porém manterá isolada a área dos primatas até que todos os fujões sejam encontrados. A direção do zoo alerta aos visitantes para que não se aproximem dos macacos caso os vejam, nem lhes dê comida. A ideia é que eles, famintos, voltem espontaneamente às suas jaulas em busca de comida.
Uma vez recapturados, serão transferidos para o zoológico de segurança máxima de Sorocaba (SP), o mesmo em que um bêbado, em novembro do ano passado, pulou no fosso dos macacos-aranha e saiu na porrada com eles. O bêbado deixou um macaco de olho roxo e foi encaminhado ao hospital cheio de mordidas, arranhadas e hematomas.
Fonte : Folha de São Paulo e Cabeça Desocupada do Azarão.

Maconheiro Distraído

Maconheiro é foda! Earl Williamson, de 49 anos, morador do Maine (EUA), ligou para a polícia ao perceber que um homem tentava invadir a garagem de sua casa.
A polícia prontamente atendeu ao chamado, e Earl se fudeu. Os policiais não encontraram nem sinal de uma possível invasão de domícilio, menos ainda o suposto invasor. Mas encontraram coisa bem melhor, encontraram uma bela duma plantação de maconha no andar de cima da garagem. Earl passou de vítima a réu, e foi preso por cultivo, fornecimento e porte ilegal de maconha.
O cara tem uma plantation de maconha em casa, um verdadeiro canabis belt,  e chama a polícia por causa de um possível roubo de seu carro. Tem que ser muito mané, muito "esquecido".
Pagou fiança de cinco mil verdinhas (notas de dólares, não as folhas da tal) e responderá em liberdade ao Tribunal de Farmington, sua cidade, quando tentará "explicar" o cultivo ilegal.
Bem que ele podia tentar se sair à Bezerra da Silva : "não sei, não conheço, isso nasceu aí... não sou agricultor, desconheço a semente". Mas duvido que isso vá colar por lá.
Ou dizer que está plantando para fornecer a pesquisadores australianos, prestes a lançar o spray Sativex no mercado, um spray de maconha. É isso mesmo. A Austrália e a Nova Zelândia são os países com a maior taxa de consumo de maconha e anfetamina no mundo, segundo um estudo publicado recentemente na revista médica "The Lancet".
O Sativex é um spray bucal igual a esses vendidos nas farmácias para disfarçar o mau-hálito, o bafo de cigarro e de cerveja (do cigarro, eu não sei; mas da cerveja, eles não escondem de jeito nenhum, eu garanto). 
Só que ao invés de menta, hortelã, morango, mel ou própolis, o Sativex é composto de um extrato da maconha com baixo teor de THC. A ideia é buscar reduzir os efeitos da síndrome da abstinência do maconheiro arrependido, como insônia, mudanças de humor e de desejos. Além do THC, garantem os pesquisadores, o extrato ainda tem grandes quantidades de ácidos carboxílicos, que reduzem a ansiedade e têm efeitos antipsicóticos.
Incrível! Tudo é desculpa para o ser humano usar a sua droguinha sem o incômodo da lei; melhor, amparado por ela.
Fico imaginando a futura cena. O cara chega em casa, de madrugada, e é abordado pela mulher. Acusado de estar bêbado, ele, que usara o Sativex previamente à sua entrada, todo seguro de si, abre a boca para a mulher cheirar. Ela fareja profundamente, sente o característico futum da erva e, toda satisfeita e orgulhosa do marido, diz : "que bom que você não bebeu, só fumou um cigarrinho do capeta". E vão dormir felizes.
Puta que o pariu!!!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Edir Macedo Encontra A Cura Para A AIDS E Para O Tesão Na Argola

Um jovem mancebo, de nome Leandro, procura Edir Macedo e os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, cansado que está da ardência no cu, de levar bolada no queixo e de beijar pra trás. Quer se livrar do demônio da boiolagem, curar-se de suas enfermidades e ganhar forças para romper um relacionamento homossexual com um vizinho.
É o que basta para o bispo Macedo. E só do que ele precisa. Arma-se o circo e Macedo dispara : "nós vamos arrebentar agora". Em meio a muito "sai, capeta", Macedo disse que ia "queimar" a AIDS e outras enfermidades, caso Leandro as possuísse, e que expulsaria todos os espíritos imundos do corpo do rapaz, incluso o da homossexualidade.
Conectado a câmeras de internet, e, portanto, em público, Macedo incorreu no artigo 283 do Código Penal Brasileiro, o charlatanismo, o qual é definido como práticas pseudocientíficas, apregoadas por alguém com vantagens para si, pecuniárias ou não, ludibriando a outros. No início de sua carreira, Macedo já passou uns dias na cadeia por conta do mesmo delito, mas ele não tinha tanto dinheiro e influência à época.
Macedo passou a falsa informação de que a AIDS pode ser "queimada" em rituais religiosos e expôs Leandro a constrangimentos físicos e morais.
Falsa informação, tudo bem, mas constrangimento? O cara procurou Edir Macedo por livre e espontânea vontade e é maior de idade, sabia muito bem onde estava se metendo e pelo que passaria.
O exorcismo era conduzido pelo pastor Clodoaldo Santos, quando Macedo resolveu também entrar na festa e dar uma força a seu acólito : mandou sua esposa, Ester, trazer um chicote, com cujo poder ele expulsaria as entidades malignas a possuírem o rapaz; expulsar o pinto do vizinho do rabo, ficaria por conta de Leandro, depois. 
O chicote não chegou a ser usado, mas os mais sensíveis reclamam de que ficou a imagem de um instrumento de violência.
Falemos com um pouco mais de seriedade. Se charlatanismo é uma prática pseudocientífica etc etc, psicólogos e similares também deveriam ser enquadrados no artigo 283. Se a cura pela fé e rituais religiosos são ocorrências de charlatanismo (e são), por que prender ou punir apenas Edir Macedo? 
As promessas feitas a santos católicos e os milagres por eles operados são igualmente falsos e expõem as pessoas a constrangimentos físicos e morais. Fiéis caminhando quilômetros à exaustão para agradar um santo, ou a colocarem os joelhos em carne viva para subir os infindos degraus de uma escadaria qualquer, parecem-me tão (ou mais) humilhantes quanto umas chicotadinhas. Que nem aconteceram.
Alguém já teve o desprazer de visitar um desses centros de peregrinação católicos? Eu já. E nem era um dos grandes, Fátima, Lourdes, Aparecida, Juazeiro, Pirapora. 
Em Tambaú (SP), há um tal milagreiro, o padre Donizeti. E uma vez por lá, quando dei por mim, tinha sido conduzido à igreja do referido pároco, a uma sala de ex-votos, que são oferendas feitas aos santos pela graça alcançada. 
Poucas vezes entrei em um ambiente tão tétrico, tão pesado, asfixiante. Confeccionados geralmente em cera, pés, cabeças, mãos e pernas abarrotavam a sala. Ignorante sobre o que via, fui informado de que, por exemplo, se o fiel tivesse sido curado de uma dor de cabeça, ele depositava ali uma cabeça de cera, gesso ou outro material; curado de uma artrite, punha ali uma cópia do órgão reestabelecido, mão, perna etc.
E, lógico, uns trocados na caixinha da igreja.
A Igreja Católica vive dessas patifarias desde a Idade Média; Macedo e seus imitadores são meros aprendizes frente ao Vaticano. A Igreja Universal ainda não tem um país próprio, nem uma cadeira na ONU. Ou tem?
Nesses centros, as pessoas chegam aos magotes, em caravanas de cidades vizinhas. Empresas de ônibus tiram a barriga da miséria em cima dos miseráveis, assim como os vendedores ambulantes, bares, restaurantes etc. E é aquela rezação, aquele choro, aqueles ulos de lamentações. Um povo todo estropiado que deveria estar sob cuidados médicos e não sendo enganado pela falsa possibilidade de um milagre; e crianças são levadas a tiracolo, circulam aturdidadas em meio à loucura. Em pouco tempo, também estarão loucas.
Frente a tal massacre físico e mental, o que são, se tivessem sido desferidas, algumas chibatadas para salvar um cuzinho? Um chicote é um símbolo de violência? E o que dizer, então, da figura do idiota do Cristo, pelado, escalavrado e pregado a uma cruz? Que é uma metáfora de paz e serenidade?
Por que charlatanismo para uns e mostras de devoção e fé para outros?
Fosse a lei feita à Justiça, todos seriam presos, padres e pastores. Mas como não, que a todos deixemos soltos e impunes. E que o povo decida pelo charlatão que mais lhe convier.
Fonte : Paulopes

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Professora Xinga Viados E Desacata Policiais

O nível do professorado paulista anda mesmo a superar os mais otimistas prognósticos.
A professora J.O.S.C, de 41 anos, foi presa em Tiête (SP), na sexta-feira passada, por xingar um casal de bichanas que borboleteava de mãos dadas pelas ruas da pequena cidade. O mimoso casal, de 23 e 47 anos, ofendidíssimo em sua honra, chamou a polícia para punir a terrível criminosa.
Ora, que vão todos à merda.
Que raio de homens são esses - independente de suas orientações sexuais - que não são capazes de se defenderem das agressões verbais de uma tresloucada? Dos recalques de uma descompensada que, sei lá, talvez tenha esquecido de tomar o lexotan do dia? Ninguém aqui está falando de um linchamento homofóbico promovido por uma matilha de pitboys. É tão e simplesmente um vômito verbal de uma demente. Que raio de mundo frouxo é esse em que as pessoas não são capazes de responder a um insulto verbal, ou meramente ignorá-lo? Qualquer incômodo ou contratempo e todos correm às barras das saias da mamãe-Estado, feito crianças mimadas e de fraldas cheias.
Ou será que o casalzinho sequer pensou em se defender? Talvez eles tenham visto a oportunidade de se tornarem celebridades instantâneas em sua pacata cidadezinha, o casal paladino da causa gay. Isso dá até plataforma para uma candidatura à vereança. Talvez tenham farejado, também, um azo para arrancarem uns trocados da professora, uma indenização por danos morais; que a honra, hoje, se lava com dinheiro. De mais a mais, apesar do tom pejorativo, que mentiras a professora proferiu? Gay, bicha, viado, homossexual... pura questão de semântica, as pregas rodam do mesmo jeito.
A polícia chegou e teve o mesmo tratamento dispensado ao casal. A nobre docente desacatou os meganhas, chamou-os de "coxinhas", sei lá que porra é essa, mas parece ser ofensa grave. Já grampeada pelos homens da lei, ela ainda chutou a porta do veículo ao ser posta na viatura.
Foi autuada por desacato, dano ao patrimônio e injúria motivada por homofobia. Mas o delegado foi camarada ao fixar a fiança, fez um precinho que um professor bem pode pagar, se dividido em três parcelinhas. A bagatela saiu por R$ 1.000,00. 
A calculadora da lei foi somando : desacato à autoridade + dano ao patrimônio público + chamar bicha de bicha = "milim". A mim, parece uma pechincha. Dá pra pagar fácil, fácil. É só a professora ficar uns dois meses sem realizar as atividades culturais mais corriqueiras à classe, ou seja, abrir mão da chapinha e do alisamento, dos cosméticos Jequiti e dos bailões da terceira idade, os famosos "desmanches".
É sempre reconfortante ver como o Estado valoriza seu patrimônio e seus agentes. Quanto desse total cabe a cada infração? Seria interessante saber.
Quanto ao nível do nosso quadro do magistério, só há uma solução e todos sabem qual é : a paga de um salário decente que permitisse também a aplicação de melhores concursos seletivos. Afinal de contas, um salário inicial de pouco mais de R$ 900,00, por uma jornada de 25 aulas semanais, não atrai exatamente a elite da categoria.
Tanto que deixo aqui uma sugestão aos próximos casais gays que forem vilependiados por algum mestre, basta retrucarem : "Sou bicha, sim, e daí? E você, que é professor?"
É pior, muito pior.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Toda Fé Age De Má-Fé

Há um sem-número de pesquisas "científicas" que tentam relacionar religião e saúde. Pior que simplesmente relacionar, afirmam, esses estudos, que os religiosos gozam, na média, de melhor saúde que os ateus. Não só isso, garantem também que, no caso de ficarem enfermos, os crentes melhor se recuperam.
Balela! Idiotice! Esses pesquisadores estão obviamente a serviço dos governos, a religião, com certeza, faz muito bem para a saúde dos governantes mundiais. Quanto maior a religiosidade de um povo, maior a facilidade em enganá-lo, iludí-lo e manipulá-lo. 
Sobretudo se os fiéis forem seguidores das conformistas religiões cristãs, para as quais a pobreza, a miséria e as privações são virtudes. Elas incutem na cabeça do sujeito que comer o pão que o diabo amassou lhe dará as chaves do céu. Viver em condições sub-humanas o estaria purificando para um além-vida melhor, segundo elas. Sendo tudo, então, a vontade de deus, o imbecil a tudo se conforma; não reclama, não se revolta, não pensa.
O que esses pesquisadores diriam do Papa João Paulo II? Vejam de que bela saúde o Santo Homem desfrutou nos seus últimos vinte anos de vida! Era um caco humano, uma figura deplorável. 
Isso de rezar e etc até pode levar a pessoa a um melhor reestabelecimento, mas não tem nada a ver com um deus inexistente. É o mais que conhecido Efeito Placebo. O cara acredita que vai ser curado e, em algumas vezes, acaba mesmo curado; ou, pelo menos, tamanha é a sua fé cega e seu poder de autossugestão, que ele se sente curado sem o estar, o que é muito perigoso, pois pode levá-lo a dispensar a ajuda médica.
Um pesquisador de medicina comportamental da Universidade de Columbia, Richard Sloan, desce a marreta nesse tipo tendencioso e perigosíssimo de pesquisa; ele vê má-fé nos estudos que ligam religião e saúde e diz que eles afrontam a ética médica. Ora, toda fé age de má-fé. 
Abaixo, entrevista de Richard Sloan à revista Veja:
Que relação existe entre religião e saúde? Não há nenhuma evidência sólida de que haja relação entre devoção religiosa e boa saúde. 
Um novo estudo aponta que pessoas religiosas correm menos riscos de ter hipertensão. É mais um trabalho que sofre dos mesmos problemas de todos os estudos de observação, que são superficiais.
Quais são os problemas das pesquisas que ligam religião e saúde? A grande maioria dos estudos tem graves problemas metodológicos. Alguns usam amostras muito pequenas e escondem ou ignoram dados, escolhendo os que dão força às conclusões. Existe um problema na metodologia da literatura médica que é o das múltiplas comparações. Escolhe-se uma ou mais hipóteses e são feitos inúmeros testes. Eventualmente, se acha um resultado que atinge significância estatística, mas isso é metodologicamente inadequado. A religião, talvez, ajude de outras formas. Pessoas religiosas podem fumar menos, beber moderadamente, se exercitar mais... Ou talvez não. Mas como afirmar com certeza que a religião é a responsável por isso? Não é assim que se faz ciência.
O que motiva tantas pesquisas deste tipo? Pessoas têm diferentes motivações para fazer esse tipo de pesquisa. Mas a maioria destes pesquisadores está interessada em promover alguma religião, alguma atividade religiosa. E usar a medicina para promover religião é uma violação dos valores éticos da medicina. E uma violação da liberdade religiosa.
E por que esses estudos geram tanta repercussão? Eles sempre atraem a atenção da imprensa. A combinação de medicina é religião é simplesmente muito atrativa para que seja ignorada. Então eles escrevem sobre isso o tempo todo, mas o que escrevem é ruim.
As revistas especializadas deveriam rejeitar estes trabalhos? Minha visão é a de que não vale a pena. Essas pesquisas não podem ser provadas. São todas feitas com base em observação. Se fosse possível encontrar essa ligação entre religião e boa saúde, e de novo isso é hipotético, o certo a fazer seria procurar os mecanismos que ligam essas questões. A causa é a redução no isolamento social?  Religiosos são mais sociais porque participam de reuniões religiosas? Então teríamos um caminho por onde seguir, já que isolamento social de fato é ruim para a saúde. Se fosse possível chegar a isso, a próxima questão seria: o que fazer com essa informação? E o que não fazer com ela? Recomendar que as pessoas se tornem mais religiosas? Incentivar políticas que incentivem as pessoas a desenvolver mais interações sociais de qualquer natureza?
A religião não pode ajudar a dar essa esperança aos pacientes? Talvez possa fazer com que o paciente se sinta melhor e isso é uma coisa boa. Há evidências de que otimismo, que não é o mesmo que esperança, está associado com saúde melhor. Há estudos confiáveis mostrando isso. Mas não sabemos se podemos aumentar o senso de otimismo das pessoas. Ser otimista pode ser uma característica pessoal. Você não pode receitar isso. Alguns têm, outros não.
Fonte : Revista Veja