terça-feira, 29 de junho de 2010

Vaticano Não Tem Mais Imunidade Para Comer Efebos

Trecho extraído de "Hoje em dia - Notícias"
WASHINGTON - A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou ontem uma apelação pela imunidade do Vaticano em um processo contra o Estado soberano católico pelas diversas transferências de um padre acusado de abuso sexual de crianças.

O Vaticano queria que as cortes federais americanas rejeitassem o processo que visa responsabilizar a Igreja Católica pela transferência do reverendo Andrew Ronan da Irlanda para Chicago (EUA) e, depois, para Portland, apesar das várias acusações de pedofilia.
A decisão permite que os sacerdotes acusados de pedofilia nos EUA sejam julgados e anula os efeitos das leis de imunidade soberana que determinam que um Estado soberano, incluindo o Vaticano, fique imune a processos judiciais. As cortes federais de menor instância determinaram neste caso que haveria uma exceção ao Ato de Imunidade Soberana Internacional que afetaria o Vaticano.
 
Deixa ver se eu entendi. Quer dizer, então, que cada igreja católica era uma espécie de embaixada do Vaticano em solo estadunidense? Um território livre para as orgias clericais? Que se um padre enrabasse um efebozinho dentro da igreja, ele só estaria sujeito às leis do Vaticano? Ainda que fosse. Mas por que as leis do Vaticano não punem os pedófilos? Antes de mais nada, registre-se: sacerdote é tudo filho da puta, seja da religião que for. Porém, há um outro lado dessa putaria eclesiástica, um aspecto nada ou muito pouco discutido e trazido à baila. Será que os padres são sempre os culpados dessa putaria toda? Ou, pelo menos, os únicos culpados? Adolescente, hoje, não tem nada de inocente, se é que um dia teve. Será que, em todos os casos, os padres são os grandes desvirtuadores? Sei não. Tem muito viadinho por aí que, por vontade própria, adora sentar numa jeba monástica, numa piroca benta, que fica com o cuzinho piscando frente (ou de costas, depende) à sensação do pecado, que, é fato, sempre aumenta o prazer. Deve ter muito viadinho assediando padre, muita bichinha não-assumida que vê na necessidade de sigilo do padre também a garantia de seu próprio sigilo.
Tudo bem que, sendo o padre um adulto e ocupando uma posição fundada na moral, ele deveria ser possuidor de um maior discernimento, mas a carne é fraca, o cara é falível, também.
Responsabilizar apenas os padres é análogo à questão das drogas ilegais, o traficante é o demônio e o usuário, tadinho, a vítima. No caso da padraiada, quem entra com o pau é o corruptor e quem entra com a bunda, o corrompido? Nem sempre. E tem mais : se o cara nasce com tesão na argola, não tem jeito, um dia alguém vai entubá-lo, seja o padre, o vizinho, o amigo da escola, o primo mais velho; em contrapartida, se o cara nasce com o brioco hermeticamente fechado, com o roscofe lacrado a vácuo, não tem quem adentre o recinto, pode usar do artifício que for, pode ter a lábia que tiver, não entra. 
Não estou aqui defendendo padre, não - já registrei, em meu favor, que sacerdote nenhum presta. Não estou defendendo ninguém, aliás. Padres, efebos... quero que todos se fodam. Até porque eles gostam, e se entendem muito bem lá entre eles. De qualquer forma, a rejeição da imunidade do Vaticano pela Suprema Corte dos EUA é uma significativa derrota da igreja católica. E é sempre bom ver a Igreja ser derrotada, ainda que nada mude.

domingo, 27 de junho de 2010

"Pais" Processam Mc Lanche Feliz

Um grupo de defesa dos direitos do consumidor de Washington (EUA) está ameaçando processar o McDonald's por causa da venda de brinquedos associada ao McLanche Feliz.

"O McDonald's está transformando as crianças americanas em um exército não pago de vendedores, que pedem para seus pais comprarem McDonald's", disse Stepehn Gardner, do Center for Science in the Public Interest, em carta aos diretores da rede em que anunciou o processo."

Será que é mais fácil processar o McDonalds que simplesmente dizer NÃO aos filhos? Que merda de sociedade é essa que vem sendo formada e que pede por uma intervenção estatal em sua própria casa? Por uma decisão oficial que dite o que seus filhos podem comer ou não?
Em outros e não tão longínquos tempos, esse tipo de interferência seria considerada um ato arbitrário, ditatorial, e combatida.
Hoje, as pessoas pedem que os Estados as tutelem, as vigiem.
George Orwell foi brilhante em seu "1984", onde preconizava um Estado controlador, mas errou no agente do controle, não será um sombrio e temível Big Brother a nos vigiar de telas em nossas paredes.
Orwell, na minha opinião, apesar da intenção de pintar um quadro terrivelmente opressor e asfixiante, foi otimista em seu "1984", ele supunha que as pessoas reagissem a tal controle, ainda que fossem impotentes para rompê-lo.
Não será um soturno e imposto Big Brother o nosso eterno vigilante, nosso controlador não será um carrasco. Será uma babá, uma babysitter, alguém a quem pediremos colo por pura preguiça de caminhar com nossos próprios pés. É a Super Nanny quem nos vigiará e nos ditará as regras mais absurdas. E somos nós quem estamos pedindo. É a Super Nanny Federal.
Orwell foi mesmo muito otimista em relação ao espírito combativo do ser humano
Mas será que esses pais estão mesmo preocupados com a nutrição dos filhos ou arrumando um jeito de levar uma grana numa provável indenização?
Tomara que esses pais ganhem o tal processo, e que o McDonalds os pague em espécie, milhares de bonequinhos do Ronald e seus cupinchas.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Ditadura Das Bandeiras

Está tudo embandeirado. As ruas, as portas dos estabelecimentos comerciais, os postos de gasolina, as janelas dos apartamentos, os supermercados, os bares, as escolas; as pessoas estão embandeiradas, as bundas, os cachorros de madame (é sério que vi um poodle com o pelo tingido de verde e amarelo) e os carros.
Sobretudo os carros, a mais evidente extensão do pau do dono do veículo, portanto há paus embandeirados por aí, também. Há bandeiras cobrindo os capôs dos carros feito caixão de herói de guerra, há bandeiras obstruindo a visão da janela traseira e, em muito maior número, bandeiras pequenas, em nylon ou matéria plástica, hasteadas nas antenas ou em varetas adaptáveis ao espaço entre os vidros laterais e a capota.
Antes que alguém coloque a bandeira nacional na enorme lista das coisas de que não gosto, devo dizer que nada tenho contra a bandeira : se sua ostentação fosse de uso costumeiro, se a figura de lema positivista fosse presença rotineira na vida das pessoas. Abrindo um parênteses, a única coisa que me desagrada no nosso "lindo pendão da esperança" é justamente o "ordem e progresso", o tal positivismo me parece coisa de autoajuda.
O estadunidense age assim, a bandeira americana é onipresente em seu dia-a-dia, para onde se olhe, a bandeira lá está. Também não simpatizo com esse patriotismo quase fanático, mercadológico, inclusive, mas ao menos é coerente.
No Brasil, não. Aqui o nosso "símbolo augusto da paz" só é desfraldado na copa do mundo de futebol. A bandeira, aqui, não é símbolo da nação, é símbolo do futebol.
Aí eu fico puto, mesmo. Por que não fazer tremular "o lábaro que ostentas estrelado" em outras situações que não o futebol? Foi promovido no emprego? Tremule a bandeira, merda! O filho tirou notas melhores na escola? Tremule a bandeira, caralho! Um político foi exonerado a bem do serviço público? Tremule a bandeira, porra! A mulher não teve TPM esse mês? Tremule a bandeira, ora essa! O intestino e o pau andam a bem funcionar? Tremule a bandeira, tremule e tremule.
Mas não! É só na bosta do futebol.
Então sou tomado por ganas de me lançar numa ação subversiva contra esse patriotismo da bola. Tem me dado vontade de encher a cara e sair à rua, de madrugada, com meu passo de gato manco, carregando um isqueiro BIC no bolso - eu que piromaníaco fui na infância e desenvolvi várias técnicas de atear fogo em terrenos baldios.
Eu percorreria as ruas e iria ateando fogo em cada bandeira que eu encontrasse acoplada a um carro. Fico me imaginando como uma resistência solitária a essa ditadura das bandeiras. Em meu delírio justiceiro (e justo), vejo ruas e avenidas se estendendo por quarteirões e mais quarteirões de bandeiras a crepitar e derreter, uma trilha flamejante na brenha da noite sem lua, aberta a golpes de isqueiro; eu, o portador da chama.
Claro que - infelizmente - não sairei pela madrugada a brincar com pirotecnias. Na verdade, não vou nem mesmo encher a cara.
Contudo fica registrado meu desejo e, quem sabe?, lançada uma ideia. Para os mais corajosos que eu, para os que ainda são do fogo.

Acabou, Ainda Que Continue

Gregory House m.d. FOI talvez o personagem mais cáustico da história dos seriados da TV americana. A série teve uma temporada de estreia surpreendente, as segunda e terceira temporadas fantásticas e inigualáveis e uma quarta e uma quinta temporadas bem acima da média do gênero.A série encerrou hoje sua sexta temporada, fraquíssima.Nela, resolvem tornar House bonzinho, o livram da hidrocodona, um médico que não usa drogas, onde já se viu? Um House preocupado, vejam só, em ser feliz. E o que é pior, agradar os outros para chegar a isso.O cara só se fodeu a temporada inteira em episódios mais que previsíveis e nos quais nada de significativo acontecia, virou um novelão, mas restava-me a esperança de um último episódio redentor.Ele resolveria mandar às favas todo seu inútil esforço de se enquadrar, voltaria a se dopar de Vicodin, a fazer suas piadas racistas e sexistas, a olhar descaradamente para o traseiro da Cuddy, a filar o almoço e sacanear o Wilson. E a resolver genialmente os casos mais obscuros da medicina.E tudo indicava um retorno à boa e velha origem, já que tentando ser "correto", sua infelicidade mais e mais se agravava. No penúltimo episódio, mandou o psicólogo à puta que o pariu.Para resumir a história, e a minha decepção, na cena final do episódio de hoje, o final, House tava lá, todo machucado, fodido, estropiado, rejeitado e o caralho; sentado no chão do banheiro e com duas drágeas da boa e velha hidrocodona na mão, prestes a repetir o gesto de arremessá-las à boca, um clássico do personagem.Aí chega a Cuddy, a que passou as seis temporadas sem cagar nem desocupar a moita. Chegou a Cuddy, a buceta. E buceta é problema, sempre foi. Daí pra frente, foram uns três minutos do mais puro "água-com-açúcar". The End : o episódio final da temporada, o que deveria salvar todos os outros, o fodão, acaba com a câmera fechando num close de duas mãozinhas dadas, entrelaçadas, as de House e Cuddy.Lamentável.Acabou o House. Mas a série ainda deve continuar por aí, mais umas duas ou três temporadas.Um minuto de TV desligada e uma respeitosa dose de bourbon em memória do morto. Com duas drágeas de Vicodin.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sou O Guardião Da Caverna

Verifico várias vezes se as portas do apartamento estão trancadas antes de sair à rua ou ir me deitar. Várias vezes, mesmo. Três, quatro, oito, varia, mas sempre muitas.
E não são só as portas. Também checo se a válvula do gás está fechada, se o ferro de passar roupa está fora da tomada, se a porta da geladeira está de acordo, se as luzes de cada cômodo estão apagadas, se os ventiladores estão de hélices paradas, se as torneiras das pias, tanque e chuveiros não estão a pingar, se as gatinhas estão em seus lugares.
Várias vezes tudo!
Aí vêm as dondocas e os viadinhos da psicologia dizer que eu tenho uma doença e que ela se chama T.O.C. (transtorno obssessivo compulsivo), toque é o que esses pederastas gostam de levar no rabo. Mais uma vez, esses inúteis da psicologia se metem em assuntos que não conhecem nem lhes competem. Se bem que se os psicólogos parassem de se intrometer no que não sabem, a psicologia acabaria.
O caralho que eu tenho uma doença, ainda mais psicológica. Caralhos duplos!
O que eu tenho é uma virtude, uma habilidade ancestral, e ela é genética.
Sou descendente da linhagem dos guardiães das cavernas, sou herdeiro dos genes dos protetores dos clãs pré-históricos.
Os guardiães eram quem alimentavam o fogo, ao longo da madrugada, para manter os predadores afastados, também controlavam o estoque de provisões do clã. Eram eles que se punham às entradas das cavernas, a guardar o sono da tribo com suas lanças em riste.
Querem maior honraria que essa? Ser o depositário de toda a confiança de um clã? Tem que se confiar muito nas habilidades de alguém para nomeá-lo guardador de seu sono e dos sonos de seus familiares. Não era qualquer um a receber tal distinção. Somente aos descendentes de uma alta estirpe com habilidades especiais era dada tal comenda.
Habilidades geneticamente determinadas, é claro, lógico, óbvio e ululante!
Uma vez que, à época, para a sorte da espécie, não havia escolas profissionalizantes para guardiães de cavernas; tampouco havia, para sorte ainda maior da espécie, uma sorte quase inacreditável, faculdades à distância formadoras de guardiães da caverna. Se existissem, a espécie humana não teria chegado até aqui.
Portanto, habilidades genéticas, sim!
Agora vem um bando de afrescalhados, chupadores de charuto, comedores de merda e de mães, dizer que eu tenho transtorno? Transtorno têm as putas que os pariram e os aleitaram.
Graças aos de minha cepa é que todos chegaram até aqui, inclusive os efebos da psicologia; se hoje eles podem dar tranquilamente seus rabinhos bem cuidados é porque alguém conduziu a espécie até aqui : os meus, os de minha ascendência!
Atualmente, não há mais tigres-de-dentes-de-sabre rondando as portas nem mais a necessidade de não deixar morrer a fogueira.
Não há problema : enceno, todos os dias, digna e honradamente, o meu ritual genético, o rito da minha linhagem.
Ah, sim...
E com a lança eternamente em riste !

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Alvoreceres Não Muito Esperançosos

- Você parece velho...
- Estou velho.
- Fraco, cansado...
- Estou fraco e cansado, tanque na reserva.
- Engraçado... nem parece a mesma pessoa.
- Ora, e não era precisamente sobre isso que falávamos?

Sou Falso Como Cobra Coral (a falsa)

Camuflagem e mimetismo são recursos visuais adaptativos dos quais os mais fracos lançam mão para confundir e fugir dos mais fortes, são logros morfocromáticos para enganar os predadores. Embora sejam tomados muitas vezes como sinônimos, e realmente existam casos intermediários de difíceis definições, camuflagem e mimetismo são conceitos bem distintos.
Na camuflagem, o animal se entremeia ao entorno, solo, rochas, folhagem, fundo de um rio ou mar; no mimetismo, ele imita uma outra espécie em particular. A camuflagem evita a detecção da presa; no mimetismo, ela é detectada, porém identificada como outra, não apetecível ao predador.
Dos vários tipos, o meu preferido é o mimetismo batesiano, onde um animal de gosto agrádavel e sem recursos mais ofensivos de defesa, como um veneno ou odor nauseabundo a exemplos, imita a forma e as cores de outra espécie, essa, sim, não-palatável, ou de odores fétidos, ou peçonhenta.
É o que ocorre entre a borboleta Monarca, de gosto amaríssimo, e a borboleta Vice-rei, de gosto agradável, mas que, ao imitar os padrões cromáticos da primeira, se safa lépida e faceira dos predadores, que nem desconfiam do bom prato que deixaram bater asas.
Outro caso, o meu predileto, é o da falsa coral - cobrinha raquítica, franzina, sem peçonha, uma merdinha que não aguenta um peido -, que imita os anéis vermelhos, pretos e amarelos dispostos ao longo do corpo da coral verdadeira, dona de uma das mais mortíferas peçonhas da natureza. Não é uma imitação perfeita, há sutil diferença na sequência de cores entre a falsa e a verdadeira; na dúvida, os animais maiores fogem da falsa coral e predadores não a importunam.
Eu também sou uma espécie de falsa coral, também mimetizo um animal muito mais forte e perigoso que eu. Mimetizo a mim mesmo, sou um cover de mim.
De mim há uns 4, 5, 10 anos, quando verdadeiramente eu era casca-grossa, espinhento, intragável, indigerível, áspero e não havia soro para a minha peçonha, eu era um perigo real e imediato.

Mas aí vieram o tempo, o cansaço, a constatação da falta de talento, a depreciação do material humano que me cai às mãos e com o qual eu trabalho, a testosterona já mais baixa, os dentes e garras já mais quebradiços e a fatal indiferença.
Não quero mais briga, contudo não quero virar presa, e a selva lá fora continua implacável, alheia aos cansaços e desânimos pessoais.
Então imito o que eu era para manter afastados possíveis desafiantes, doidos para usurpar meu cetro. Enceno, a cada momento, meus tempos glórios de força, competência e honestidade, atuo canastrão. Sou um álbum ambulante de velhas fotografias minhas, fotografias em branco-e-preto de lambe-lambe.

Sou, a bem da verdade, um canalha, mas fazer o quê? Faltam-me forças. Como à borboleta Vice-rei. Como à falsa coral.
Algumas pessoas chegam a desconfiar do meu embuste, notam sutis diferenças no padrão - como igualmente as há entre as duas corais ou entre as duas borboletas -, entretanto, por via das dúvidas, vítimas da minha peçonha que já foram no passado, preferem não se arriscar. E mantêm de mim a distância que eu tanto prezo.
Sou um caso de automimetismo batesiano, se é que isso existe.
E essa minha empulhação vem funcionando, satisfatoriamente.
Por enquanto.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ateus Em Luto

O pequeno, não obstante estóico, exército ateu sofreu hoje uma baixa mais que considerável.
Morreu José Saramago, o ateu prêmio Nobel, aos 87 anos.
De acordo com nota oficial, deixada pela família no site do escritor, Saramago morreu em consequência de falência múltipla dos órgãos. O autor sofria de problemas respiratórios. "O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila", disse o comunicado oficial.
A informação foi dada em primeira mão à agência de notícias EFE pela família do escritor, que era um dos maiores nomes da literatura contemporânea e vencedor de um prêmio Nobel de Literatura e um prêmio Camões.
Entre as obras publicadas por Saramago estão: "Manual de Pintura e Caligrafia" (1977), "Levantado do Chão" (1980), "Memorial do Convento" (1982), "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1986), "A Jangada de Pedra" (1986), "História do Cerco de Lisboa" (1989), "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991),"Todos os Nomes" (1997), "O Homem Duplicado" (2003), "As Intermitências da Morte" (2005) e "Caim" (2009).

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os Heróis Também Querem Se Aposentar

Não vou debater nem tentar desvendar os porquês : as pessoas precisam de heróis, e ponto.
Pobres dos heróis, que não tem trégua ou sossego. Há sempre algum incapaz precisando do herói; deve se assemelhar a ser santo, mas de ser santo nada entendo, logo não me aventurarei por tais domínios.
O herói é refém daqueles que defende, protege, empresta uma grana, quebra um galho no serviço, põe o nome num trabalho de escola. E uma vez herói, tchau! Herói para sempre. Ajude um filho da puta uma vez e ele nunca mais o deixará desvestir seu uniforme, sua máscara.
Os heróis não têm superpoderes porque querem ou porque se esmeraram em conseguí-los; antes pelo contrário, se livrariam deles de muito bom grado. O herói tem poderes porque é um azarado.
O herói a nada tem direito.
O herói, porque as pessoas precisam dos heróis, tem que estar sempre com vontade de viver, não pode ficar triste ou cabisbaixo, o herói.
O herói, porque as pessoas precisam de heróis, deve manter-se jovial ou, na pior das hipóteses, envelhecer dignamente.
Quer maior maldição que essa? Não poder envelhecer indignamente como todo mundo?
Via de regra, o cara vai ficando careca, barrigudo e broxa quando ultrapassa os 40, 50 anos. Torna-se aquela figura ridícula, porém calma, tranquila, sem o menor pudor de exibir seu barrigão na rua. É o cara que já se desapegou de tudo, que já teve da vida o que dela esperou, ninguém é tão livre quanto ele. Não há figura mais representativa da serenidade, do zen, que o cara que não quer mais nada, não há símbolo melhor da placidez que o cara careca, barrigudo e broxa.
O herói, não, coitado. Tem que sempre ostentar um baita topetão (no máximo são admitidos uns fios grisalhos ao herói), manter uma forma física ágil e esguia (é obrigado a controlar a cerveja) e estar perenamente de pau em riste.
O herói, porque as pessoas precisam dos heróis, também não se aposenta. Houve apenas um relato de aposentadoria de herói, mas já faz tempo e não criou jurisprudência, que foi o caso daquele rapaz grego, meio bronco, o tal do Héracles, que recebeu a encomenda de 12 trabahos e se aposentou.
Que sorte a desse grego, 12 míseros trabalhinhos e já encostou o burro na sombra, já virou pensionista da previdência do Olimpo. É que o cara era meio que lá aparentado de Zeus, então gozava de certo prestígio e influência nos altos escalões.
Mais um caso de nepotismo no Olimpo, que era uma grande duma repartição pública, mantida pelas oferendas e sacrifícios do povo grego, para servir de cabide de emprego aos bastardos de Zeus. Grandes festas, regadas a néctar, ambrosia e bucetinhas de deusas, eram realizadas às expensas do povão. É a democracia grega em ação, não à toa ela é adotada pelos governantes atuais.
Exceto Héracles, herói não aposenta. Nem tem bucetinha de deusa à disposição.
Por isso, francamente, eu torço por uma futura humanidade mais capaz, mais ativa, mais independente. Uma humanidade que não precise de heróis.
Só assim eu terei descanso.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A Injusta Medida

O corpo já não se ajusta à roupa,
Seca, áspera,
Pele morta de réptil a ranger e importunar.

O corpo já não se ajusta ao conforto,
Ao sofá, à cama, à cadeira,
À espuma, ao veludo, à madeira,
Tudo é falta de lugar.

O corpo já não se ajusta à evolução,
Ao bipedismo, ao polegar oponível, ao sedentarismo,
À inteligência sem razão :
O corpo só quer um galho para se balançar.

O corpo já não se ajusta ao corpo;
Ao esquecimento, se ajustará?

domingo, 13 de junho de 2010

Mande Um Abraço À Bukowski

Hoje será mais uma madrugada daquelas,
Quilométrica e de ponteiros parados.
E você nem está mais bêbado,
Está doente de bebida.
Que entornou desde o seu café da manhã
Sem pão quente e margarina feliz.
Precisa de mais um trago para começar a funilaria,
Desamassar cabeça, estômago, desentortar as juntas,
Curar veneno com veneno,
Chegar em casa.
Mas não há bar, puteiro,
Posto de gasolina ou padaria abertos em seu caminho.
E você maldiz essa cidade
Que parece ter sido projetada pelos A.A.s
Também não há solitário níquel em seu bolso.

O dia será mais um daqueles,
Locomotiva feita em concreto e plasma
A moer suas córneas e a cegar seus ossos,
Uma rasa poça de ácido sulfúrico a lhe comer pelas solas.
Será dia de cartelas de aspirina ingeridas
E vomitadas sem terem tempo de surtir efeito,
De cãibras no estômago, na consciência e na alma,
De exorcistas suores frios.
E sem a mais vaga esperança de ser essa a última vez.
Nada de esperanças: você sabe que vai sobreviver.
Oh, sim!
Com todos os demônios, você vai sobreviver!

sábado, 12 de junho de 2010

Essa Copa Não Passa Na Globo

Mais uma prova de que eu não sou tão mal-humorado quanto dizem. E que até posso vir a ser um simpatizante do velho esporte bretão, desde que ele sofra alguns ajustes, algumas adaptações para agradar ao público verdadeiramente macho. Porque sinto muito dizer (sinto porra nenhuma), mas ficar berrando histericamente durante duas horas por causa de um bando de homens suados correndo atrás de uma bola, não me parece muito coisa de macho legitímo, não.Hoje, véspera do jogo Austrália x Alemanha, foi realizada uma partida prévia erótica da contenda. As seleções formadas por atrizes pornô dos dois países disputaram uma partida de futebol de praia.A vencedora foi a Austrália. Também pudera. Basta ver as fotos para ficar claro que as australianas - elas "vestem" as camisas amarelas - são realmente bem melhores de "bola".
Tadinha das japonesas... não têm a menor chance nessa Copa Erótica (aliás, o Japão está nessa copa?)
A propósito : tenho certeza de que foi o Galvão Bueno quem barrou a transmissão desses jogos na Globo, ele ficaria enojado e com ânsias de vômito caso tivesse que narrar as partidas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Da Merda, Vieste. À Merda, Tornarás.

Detesto aquele papo doutrinário, chegando às raias do fundamentalismo, dos ecochatos: ecologistas, ambientalistas, biólogos sem serviço, artistas engajados e biscataiada em geral.
Totalmente despropositado isso de ficar condenando ao inferno o cara que não tá afim de separar o lixo, o cara que não compra detergente biodegrádavel, que deixa lá a sua torneirinha aberta enquanto escova os dentes, que está no quarto e deixa a luz da cozinha acesa, que continua usando sacolas plásticas de supermercado, e que se recusa a aderir a inúmeras outras "soluções" para salvar o planeta, quando o buraco, na verdade, é bem mais embaixo. Será que nenhum desses ecopentelhos têm carro? Será que todos andam a pé ou de bicicleta? Então vão todos tomar em vossos cus verdes.
Mas o fato é que, independente dos ecomalas, os recursos naturais são finitos. Um dia vão mesmo acabar. Portanto, enquanto o ser humano não for capaz de colonizar outros planetas (como os europeus fizeram com as Américas na época dos descobrimentos), o negócio é reaproveitar tudo o que for possível.
Inclusive a merda humana.
Sim, a merda humana já é insumo de muitas atividades econômicas.
Duzentos milhões de camponeses, especialmente da Ásia, são responsáveis pela produção de 10% de todo o alimento mundial, e irrigam e fertilizam suas culturas com esgoto cru. Cada tonelada de merda humana tem 6 quilos de nitrogênio, 2,5 de fósforo, 4,2 de potássio, entre outros macronutrientes.
Quinze milhões de lares na China rural conectam suas privadas a um biodigestor e poucas horas depois de terem dado a descarga, podem cozinhar seu almoço.
A Alemanha já transforma 60% de suas fezes à base de chucrute em energia.
Na Suécia já há carros movidos a merda; a cidade de Linköping transforma todo o esgoto de seus habitantes no biogás que movimenta os 64 ônibus do lugar e também o primeiro trem impulsionado a bosta do planeta, que tem autonomia de 600 quilômetros.
No Reino Unido, 70% do lodo de esgoto tratado vai para a agricultura, e só não dá para substituir todo o fertilizante artificial por merda porque não produzimos o suficiente, garantem os técnicos da empresa responsável pelo tratamento do lodo.
Aliás, é do Reino Unido a possível utilização mais sui generis da merda reciclada. A empresa britânica Thames Water, responsável pela limpeza do rio Tâmisa, afirma que da merda - que tem cerca de 4% de gordura - é possível produzir batons e outros cosméticos de alta qualidade.
Puta que o pariu!!!
Cada privada de uma casa é um verdadeiro pré-sal de cocô.
Mas vejam só que mundo é esse...
Um mundo cheio de injustiças, desigualdades, iniquidades...
E, logo, logo, um mundo onde não haverá diferença entre beijar uma boca ou lamber um cu.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Luiz Felipe Pondé, Curto e Grosso. E brilhante.

Sou professor de Biologia e as pessoas muitas vezes estranham - até se indignam - quando desço a lenha, por exemplo, nessas ONGs ambientais, quando descobrem que eu não "abraço" essas causas ecológicas, quando digo que não amo os animais (salvo minhas duas gatinhas), se horrorizam ao saber que considero enorme desperdício de dinheiro bancar projetos para salvar espécies esdrúxulas como o panda, ou o coala, ou o mico-leão. Também não faço pregação panfletária antidrogas, não falo de métodos anticoncepcionais e nem fico enchendo o saco dos alunos ensinando-os a reciclar lixo ou a economizar água, os pais que façam isso. Se quiserem.
Não tenho ideais de salvar o planeta. Tampouco a humanidade.
E por que eu teria de aderir a essas e a outras inúmeras causas "humanitárias"?
Por que fiz uma faculdade de Biologia e alguém resolveu que esse seria meu castigo?
Por que eu tenho que assumir o estereótipo de meu diploma?
À puta que o pariu que tenho.

No texto abaixo, publicado na Folha de São Paulo, em 07/06/2010, Luiz Felipe Pondé trata brilhantemente dessa questão:

"Respondo assim, de bate-pronto, a um aluno: "Não, não tenho nenhum ideal". Silêncio. Talvez um pouco de mal-estar. Todos ali esperavam uma resposta diferente porque todo mundo legal tem um ideal.


Eu não tenho. É assim? Confesso, não sou legal, nem quero ser. Duvido de quem é legal e que tem um ideal. Esperança? Tampouco. E suspeito de quem queira me dar uma.

De novo respondo assim, de bate-pronto, a outro aluno: "Não, não quero mudar o mundo, nem mudar o homem, muito menos a mulher, a mulher, então, está perfeita como é, se mudar, atrapalha, gosto dela assim, carente, instável, infernal, de batom vermelho e de saia justa".

Mentira, esta última parte eu acrescentei agora, mas devia ter dito isso também. Outro silêncio. Talvez, de novo, um pouco de mal-estar. Espero que falhem todas as tentativas de mudar o homem.

Não saio para jantar com gente que quer mudar o mundo e que tem ideais. Prefiro as que perdem a hora no dia que decidiram salvar o mundo ou as que trocam seus ideais por um carro novo. Ou as que choram todo dia à noite na cama.

Tenho amigos que padecem desse vício de ter ideais e quererem salvar o mundo, mas você sabe como são essas coisas, amigo é amigo, e a gente deve aceitar como ele (ou ela) é, ou não é amizade.

Perguntam-me, estupefatos: "Mas você é professor, filósofo, escritor, intelectual, colunista da Folha, como pode não ter ideal algum ou não querer mudar o mundo?".

Penso um minuto e respondo: "Acordo de manhã e fico feliz porque sou isso tudo, gosto do que faço, espero poder fazer o que faço até o dia da minha morte".

Perguntam-me, de novo, mais estupefatos: "Mas você está envolvido no debate público! Pra quê, se você não quer mudar o mundo?".

Sou obrigado a pensar de novo, outro minuto (afinal, são perguntas difíceis), e respondo: "Participo do debate público pra atrapalhar a vida de quem quer mudar o mundo ou de quem tem ideais".

Os intelectuais e os professores pegaram uma mania de ser pregadores, e isso é uma lástima. Inclusive porque são pessoas que leem pouco e que são muito vaidosas, e da vaidade nunca sai coisa que preste (com exceção da mulher, para quem a vaidade é como uma segunda pele, que lhe cai bem).

O que você faria se algum professor pregasse o evangelho ao seu filho na faculdade? Provavelmente você lançaria mão de argumentos do tipo que os intelectuais lançam contra o ensino religioso: "O Estado é laico e blá-blá-blá... porque a liberdade de pensamento blá-blá-blá...". Se for para proibir Jesus, por que não proibir qualquer pregação?

Pergunto-me por que não proíbem professores de pregar o marxismo em sala de aula e toda aquela bobagem de luta de classes e sociedade sem lógica do capital? Isso não passa de uma crendice, assim como velhas senhoras creem em olho gordo.

Nas faculdades (e me refiro a grandes faculdades, não a bibocas que existem aos montes por aí), torturam-se alunos todos os dias com pregações vazias como essas, que apenas atrapalham a formação deles, fazendo-os crer que, de fato, "haverá outro mundo quando o McDonald"s fechar e o mundo inteiro ficar igual a Cuba".

Esses "pastores da fé socialista" aproveitam a invenção dessa bobagem de que jovem tem que mudar o mundo para pregarem suas taras.

Normalmente, a vontade de mudar o mundo no jovem é causada apenas pela raiva que ele tem de ter que arrumar o quarto.

E suspeito que, assim como fanáticos religiosos leem só um livro, esses pregadores também só leem um livro e o deles começa assim: "No princípio era Marx, e Marx se fez carne e habitou entre nós...".

Reconhece-se uma pregação evangélica quando se ouve frases como: "Aleluia, irmão!". Reconhece-se uma pregação marxista quando se ouve frases como: "É necessário destruir o mundo do capital e criar uma sociedade mais justa onde o verdadeiro homem surgirá"."

Pergunto, confesso, com sono: "E quem vai criar essa sociedade mais justa?". Provavelmente o pregador em questão pensa que ele próprio e os seus amigos devem criar essa nova sociedade. Mentirosos, deveriam ser tratados como pastores que vendem Jesus e aceitam cartão Visa."

domingo, 6 de junho de 2010

A Insustentável (e Nociva) Delicadeza do Ser

Passo para as pessoas a impressão de que não gosto de esportes; de que não gosto de nada, aliás.
Não é verdade. O que não gosto, não tolero e combato - inutilmente, eu sei - é a demasiada importância dada ao esporte, principalmente a financeira.
Os esportes, admito, têm sua importância social. Evolutiva, até. Os esportes são os substitutos civilizados das caçadas e das guerras intertribais pré-históricas. Nas primeiras, os mais fortes do clã se reuniam para matar animais muitas vezes maiores que eles e seus receptores de prazer urravam frente a um mamute abatido. Nas segundas, os mais brutais de cada clã se reuniam para trucidar os mais brutais de outros clãs, e seus receptores de prazer explodiam frente à garganta cortada ou ao crânio esmigalhado do inimigo. No fim das contas, a história de toda a vida no planeta, não só a humana, se resume ao prazer obtido por um DNA em eliminar outros DNAs mais imperfeitos que ele. Os seres vivos, nas suas milhões de diferentes manifestações, são maneiras que o DNA tem de se propagar pelo planeta.
A civilização e, especialmente, as religiões vieram a condenar a eliminação a sangue-frio do mais fraco (até porque são eles que a ela recorrem), vieram a embotar essa competição sanguissedenta, artificialmente e sob vigília constante.
Porque a inevitabilidade de eliminar os mais fracos é imperativa na Natureza e ela condecora àqueles que servem aos seus propósitos com pleno regojizo sensorial. Nesse aspecto, nós, ditos homens modernos, ainda somos pré-históricos, nosso DNA ainda é o mesmo e clama pelas mesmas premências.
Os esportes vieram palidamente substituir essa urgência de esmagar o mais fraco, sobretudo os esportes coletivos e de contato, o futebol a exemplo. Cada time é uma tribo a caminho de dizimar a outra. Por conta disso, os esportes eliminam de seus quadros os de genes mais cerebrais e selecionam e privilegiam os truculentos e os brutos, os xucros. Adjetivos usados pejorativamente nos dias de hoje, mas que são a verdadeira índole e força-motriz da espécie.
Não foram a civilidade, a polidez e os bons modos que impulsionaram a espécie humana em sua expansão por todos os continentes e na dominação do planeta. A força bruta e primal é a responsável por todas as conquistas humanas, no passado, ainda hoje e sempre.
Nesse sentido, os esportes são reservas naturais dessa têmpera humana, verdadeiros bancos onde ficam armazenados os genes da pujança da raça, mananciais da macheza humana.
Ou, pelo menos, os esportes eram.
A coisa vem degenerando de uns tempos para cá. Jogadores de futebol recém-endinheirados têm aderido abertamente à viadagem, usam brinquinhos e colarzinhos de brilhantes, põem aparelhinhos coloridos nos dentes, tiram as sobrancelhas, fazem limpeza de pele, pintam cabelo e etc etc.
Alguém consegue imaginar o Garrincha com um mimoso brinquinho de brilhante? Pelé, Gérson e Rivelino tirando as sobrancelhas? O Socrátes de gargantilha de diamantes? O Edmundo "Animal" e o Serginho Chulapa tirando cravinhos do nariz e passando hidratantezinho? Os goleirões Valdir Peres e Marcos fazendo apliques de longas madeixas?
O problema é o efeito a médio prazo dessas práticas antimacheza. Esse tipo de "modernidade" enfraquece e faz desmoronar o espírito, mina-lhe o vigor e a robustez.
E chego na razão de todo esse palavrório.
Li, sexta-feira, que um tal Neimar, jogadorzinho dessas novas gerações de moloides, está com baixa autoestima, tadinho, precisando dos préstimos de um psicólogo. O motivo teria sido a sua não-convocação para a Copa do Mundo. Psicólogo é a puta que o pariu. Dá uma enxada pro filho da puta e vê se ele tem tempo pra ficar tristinho.
E se fosse um sujeito que tivesse se esforçado verdadeiramente para conquistar uma carreira? Um cara que tivesse estudado, feito curso superior, se especializado e, com 40 anos de idade, mandado embora do emprego por estar "velho" e, pela mesma "razão", nunca mais conseguisse sua recolocação no mercado?
Frescura!!! Viadagem pura o caso desse tal Neimar!!!
Se perguntados, há uns míseros 15 anos, sobre a atuação de psicólogos no futebol, os jogadores das antigas que supracitei se poriam a gargalhar debochada e desbragadamente, brandindo suas clavas e suas canecas de cerveja, até quase engasgarem com seus nacos de carne crua na boca.
Reitero : vou torcer para o time do Maradona, que liberou vinho, churrasco e sexo para os seus jogadores. Nada melhor para nutrir os brios do macho que vinho, carne malpassada e uma boa fêmea a aguardá-lo em seu retorno à caverna.
Virão o declínio e a extinção da espécie humana, sim. Como já ocorreu com várias outras espécies antes de nós e que um dia dominaram o planeta. É inevitável. E até salutar.
A derrocada da espécie humana, porém, não virá da truculência ou da barbárie, como querem nos fazer acreditar a hedionda raça dos humanistas, esse outro bando de frouxos - sociólogos, antropólogos, psicólogos, filósofos e que tais -, a barbárie é que nos trouxe até aqui, por isso estamos aqui e não os Neanderthais ou os tigres-de-dentes-de-sabre.
A ruína não virá pela barbárie inata.
Antes pelo contrário, virá pela civilidade, pela sofisticação, pela delicadeza adquirida.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Pequeno Conto Noturno (13)

Rubens acorda com a buceta de Lívia esfregando em sua cara, e a dona da buceta o maldizendo:
- Que é isso, agora? Tá brochando com a língua?
Rubens recobra a consciência e vai se localizando.
Devo ter apagado, vodka quente sempre faz isso comigo, conclui Rubens.
Mas há noites em que um homem não é dono de suas escolhas, e tem que se arranjar com o que lhe cai nas mãos; vodka quente, a buceta excessivamente mucilaginosa de Lívia... fazer o quê?
Lívia não gosta muito de pau, mas se derrete em cima de uma língua. Rubens lembra disso e retesa a língua. Os movimentos de Lívia tornam a acelerar, a acelerar, então ela respira mais fundo e sua musculatura enrijece, como uma cãibra que travasse todo seu corpo por uns segundos. Um urro, uns arfares em ritmo decrescente e Lívia amolece, abate-se por cima de Rubens.
Menos de um minuto e Rubens percebe que Lívia adormeceu, a vodka quente não havia feito estragos somente nele. Levanta lentamente a perna de Lívia, sai debaixo dela e a deixa a dormir ali, de bunda para cima.
Vai até à pia da cozinha, lava a cara e faz um bochecho com a vodka quente, para se limpar de Lívia. Pega as palavras cruzadas e vai para o banheiro, pensando que não há como arrumar um táxi, a essa hora da madrugada, para levar Lívia embora.
Até que o dia amanheça, suas únicas ambições serão conseguir completar as cruzadas sem olhar as respostas no fim do livro e dar uma bela cagada, daquelas que chegam a ultrapassar o nível da água da privada.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Vou Torcer Para A Argentina

A seleção brasileira de futebol venceu por 3 a 0 a valorosa seleção do Zimbábue, a 110ª do ranking da FIFA.

Nem posso imaginar o significado dessa vitória. Para mim, o mesmo que se tivesse perdido, nenhum, mas dizem que serve para dar confiança aos atletas brazucas. Confiança? Os coitadinhos se sentem inseguros? Pois que vão às putas que os pariram. Os caras são considerados os melhores do mundo, ganham milhões de euros e são adorados por milhões de pessoas, milhões de estúpidos é verdade, mas milhões. E ainda estão com baixa autoestima?
Eu, então, tô fudido. Sou professor, mal ganho mil e poucos reais, ninguém vibra ou faz a "ola" quando dou uma puta aula e ainda sou considerado o grande responsável pela ruína da educação no Brasil. Quero um buraco de avestruz, já. Para passar o resto de meus dias.
E aí para se sentirem confiantes vão espancar o Zimbábue?
Não entendo picas de futebol. E nem quero começar a.
Gosto de boxe e de música. Brasil x Zimbábue parece a mim algo semelhante a Mike Tyson (no auge) x Cazuza (no bico do urubu).
Vai ver algum psicólogo - sabiam que jogador de futebol agora tem acompanhamento psicológico? - receitou a seleção do Zimbábue como terapia aos pobrezinhos do Brasil. Jogador de futebol em terapia... é a viadagem se alastrando.
Por isso, vou torcer para o time do Maradona, macho das antigas, que já liberou sexo, vinho e churrasco na concentração dos hermanos.
Só torço para a seleção brasileira no dia em que o Romário for o técnico e, ele próprio, comandar as fugas da concentração rumo às boates e passar o jogos andando pela beira do campo, orientando os jogadores, cuspindo no chão e coçando o saco.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Mulas Sem-Cabeça Enviam Carta Ao Papa

Um grupo de mulheres que afirma ter relações amorosas com sacerdotes católicos - e que segundo o folclore virariam mulas-sem-cabeça - enviou uma carta ao Vaticano clamando pelo fim do celibato.
Para quê? Para que os padres possam comê-las? Já as comem. Essas beatas estão querendo o direito de se casar com os padres para depois reivindicar pensão. Alguns trechos da carta:

"Estamos acostumadas a viver de forma anônima os poucos momentos que os padres nos concedem e vivemos diariamente o medo e as inseguranças dos nossos homens, suprindo suas carências afetivas e sofrendo as consequências da obrigação do celibato"
(Tadinhas e tadinhos...)

"Quando ouvimos mais uma vez o papa declarar que o celibato é sagrado, decidimos escrever pedindo que ele seja eliminado ou que se torne opcional", disse Stefania, 42 anos, de Roma.
A carta foi assinada apenas por três mulheres: Antonella Carisio, Maria Grazia Filipucci e Stefania Salomone. As outras preferiram permanecer no anonimato.

"Todos têm medo porque estamos perto do Vaticano. As mulheres, os padres e as pessoas que sabem dos casos preferem não falar. Por causa disso é difícil que na Itália exista uma verdadeira associação, como existe na França, na Suíça ou na Espanha";

"A coisa fundamental é que não se saiba. O superior do religioso não tem interesse de impedir que o padre se encontre com uma mulher ou mesmo com um homem. O problema surge quando isto se torna público, ou quando desta relação nasce um filho. No grupo temos mulheres com filhos de padres."

E a carta inteira segue na mesma linha, as beatas se fazendo de vítimas e colocando também os padres, seus concubinos, como tais. Utilizando sua própria hipocrisia - a hipocrisia de quem sabia que estava se envolvendo com um celibatário e também das consequências - para tentar combater a hipocrisia da Igreja.
Da Igreja, não. Até que nesse caso, não.
A Igreja estabelece suas regras e elas - absurdas ou não - são bem claras para quem se dispõe a serví-la. A hipocrisia aqui é apenas dos padres e suas putas.
Conclusão crítica, criteriosa e imparcial do Azarão : vão atrás de um cacete ateu, bando de mulas-sem-cabeça, vão arrumar uma ocupação na vida, suas sopradoras de "apito de chamar anjo".
OBS - "Apito de chamar anjo", segundo o anedotário nacional, seria o nome dado pelos padres ao famoso caralho, para convencer as beatas a fazerem sexo oral neles. Como se fosse preciso esse tipo de subterfúgio para convencer uma beata a cair de boca numa rola...

(quem quiser ler a carta na íntegra, basta dar uma clicadinha aqui, no meu MARRETÃO de chamar anjo)