terça-feira, 28 de abril de 2020

Bengay, o Alívio Da Dor Penetrante Profunda

Ontem, o Jotabê, o monarca do Blogson Crusoe, enviou-me uma imagem, dizendo que ela poderia me inspirar um bom texto.
Senti-me de volta à década de 1970, aos meus tempos de grupo primário. Tempos em que a "tia", a Dona Espéria, frequentemente pedia  que fizéssemos "composições". Quem tem menos de 40 e poucos anos nem sabe o que é isso, ou conhece por outros nomes : redação, ou, mais atualmente, produção de texto. Eram duas composições por semana. A Dona Espéria nos dava um desenho, ou uma gravura, geralmente mimeografados, e tínhamos que compor um texto inspirados neles. Lembro que antes de qualquer coisa, eu dava uma boa cheirada na folha rescendendo à álcool. E compunha. E o texto vinha.
Agora, mais de quatro décadas depois, o mestre Jotabê me desafia a uma composição. Sem os eflúvios do álcool do papel mimeografado para me inspirar, dei uma talagada numa dose de vodka-tônica e compus. Não saiu lá grande coisa, mas acho que dá pra passar de ano. Raspando.

"Os músculos são nossas caldeiras, nossos cavalos de força, nossas forças motrizes. Zelar pela manutenção, pela adequada nutrição e pelo constante exercício deles é zelar por nossos próprios ânimos e disposição, por nossas próprias coragem e/ou resignação em levantar da cama todos os dias e enfrentar a lida.
Os músculos impulsionam e coordenam todas as nossas atividades. Músculos são sinônimos de ação. E fez-se o Verbo. E o Verbo fez-se em nós na forma de músculos. Os músculos são nossos verbos; todo o resto é perfumaria, são complementos nominais, conectivos, adjuntos adnominais, preposições, conjunções, objetos indiretos e outros penduricalhos.
Temos os músculos ligados ao nosso esqueleto, que nos colocam de pé, permitem-nos andar, manipular objetos, dar uma "banana" e mostrar o dedo do meio a um desafeto, coçar o saco e futucar o nariz, fazer o gesto da "arminha", ou o do "Lula Livre", e, claro, tocar punheta.
Temos os músculos lisos e involuntários do sistema digestório, responsáveis pela ingestão e pela transformação dos alimentos em moléculas utilizáveis por nossas células; eles, literalmente, dão tudo mastigadinho às nossas células.
Temos o diafragma, responsável pelo inflar e desinflar dos pulmões, garantindo-nos, respectivamente, a captura do gás oxigênio e a eliminação do gás carbônico. Temos os músculos da face, que nos permite expressar nossas emoções, dar vazão a toda a minha inata simpatia. Temos os músculos oculares, que permitem que nos encantemos com uma bela paisagem, com um sangrento pôr-do-sol, que possamos ler um bom livro, assistir a um bom filme e, claro, dar aquela rápida e sub-reptícia espiada no decote da peituda à nossa frente na fila do banco, do supermercado, da padaria.
Temos "o" músculo, o coração, infatigável bomba a lutar contra a "indesejada das gentes".
Engenhos maravilhosos, os nossos músculos; porém, não invulneráveis. Portanto, além de lhes fornecer boa nutrição e atividade física, é imprescíndivel também que recebam imediatos reparos em casos de lesões, estiramentos, lacerações e outros ossos do ofício. Vários são os procedimentos de primeiros socorros que podemos prestar aos nossos músculos : botar gelo, compressas com cataplasma, tomar diclofenaco, entre outros.
Tais ações emergenciais, contudo, não são de nenhuma valia para um músculo bem específico, de suma importância e inigualável grandeza, e sempre relegado a segundo plano, sempre ignorado e desprezado, sempre deixado "para trás" : o esfíncter anal. O guardião da porta do cu. O zelador da prega-rainha. Sempre a impedir a fuga de "prisioneiros" em momentos inapropriados e, principalmente, a defender com a própria vida a invasão de elementos estranhos em quaisquer momentos e sempre.
E se o sujeito exigir muito nos exercícios do esfíncter? E se der um mau jeito no cu? E se o olho do cu, em alguns casos, maior que a barriga, por gulodice, entubar mais do que pode aguentar? E se o sujeito tiver passado o carnaval com o ex-boiola e chegar na quarta-feira de cinzas com distensões e entorses nas pregas?
Gelo, cataplasmas e diclofenaco de nada adiantarão neste caso.
Quem é que socorre o músculo do cu, então, nessas horas de apuro?
Até pouco tempo, a resposta seria nada e ninguém. Cada um que sofresse calado a sua dor.
Pois agora isto ficou no passado!
Pensando sobretudo nos atletas de academia e de cross fit, fervorosos e incondicionais adeptos da prática da rosca direta, o afamado laboratório estadunidense Johnson & Johnson desenvolveu a pomada Bengay. Que tem benga e gay até nome, deixando evidente a que público alvo se destina.
Como se não bastasse o nome fantasia (cheio de purpurina e paetês) da pomada, o seu uso está bem especificado na caixa de sua embalagem : deep penetrating pain relief. Alívio da dor penetrante profunda; segundo o tradutor Google. 
Distendeu o esfíncter anal? Dá-lhe Bengay! Tá com cãibra no brioco? Dá-lhe Bengay! Puxou ferro demais com o cu? Dá-lhe Bengay! Lacerou a prega-rainha? Dá-lhe Bengay.
A Bengay, claro, é comercializada em grandes, grossas e roliças embalagens tubulares.
Mas apesar de ser quase milagrosa, a pomada Bengay, assim como todo e qualquer medicamento, pode provocar efeitos colaterais em usuários mais sensíveis.
Vi, em reportagem do portal G1, de 13/09/2012, que as autoridades sanitárias americanas, depois de investigarem denúncias de consumidores, alertaram o público sobre a ocorrência de queimaduras médias e graves após o uso de algumas pomadas para aliviar dores musculares. Entre elas, claro, estava a Bengay.
Não sei exatamente como se deu o desenrolar do caso na justiça americana, mas tenho quase certeza de que a Bengay foi absolvida. De que foi provado, frente a inegáveis fatos, que a Bengay não causou as queimaduras. De que foi demonstrado para o juíz e para o júri popular - de forma inconteste e irrefutável - que a rosca do sujeito já estava queimada muito antes da aplicação da Bengay.
Pããããããããta que o pariu!!!!"

em tempo : não confundir a Bengay com o Bálsamo Bengué, unguento das antigas, pomada de macho-jurubeba, de pedreiro, estivador, lenhador e marinheiro.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Quer Dizer, Então, Que Eu Agora Sou Um Cara Legal, Seus Cuzões?

Sempre fui considerado e  tido como um cara antipático e rabugento. Seja no ambiente familiar, dentro de meu restrito círculo de amizades, ou no local de trabalho, sou visto sempre como o sujeito azedo, ranzinza e mal-humorado. Sou o tipo de cara do qual ninguém se lembra de convidar para uma festa. E, a todos, por isso, secretamente, sempre agradeci. E, basicamente, por um motivo, este quadro de mim pintado : não gosto nem nunca gostei das convenções e dos ritos sociais inerentes a cada ambiente, não aprecio nem nunca apreciei os salamaleques do convívio humano, nem ao menos o convívio humano em si.
Sou visto sempre como o chato e o estraga-prazeres. E o mérito disto, com grande orgulho, é 100% meu. De fato, às vistas do "serumaninho" comum, seguidor da manada, que gosta e que precisa se reconhecer no cheiro do cu à sua frente e que precisa do focinho do outro a também se reconhecer nele, sou mesmo pessoa das mais intragáveis e intratáveis.
Não dou bom dia nem falo até logo ou até amanhã, se Deus quiser. Não compro rifas, não entro em vaquinha nem em bolão. Não dou parabéns nem presto pêsames. Não congratulo nínguém pelo "seu dia", seja o do professor, o da mulher, o das mães, o dos pais, o das crianças, o do índio, o da árvore, o da bandeira.
De fato : sou um ser social - até e tão-somente pela natureza intrínseca e biológica de minha espécie -, mas jamais fui, ou serei, um ser sociável.
E não é que agora, os cuzões que sempre me criticaram por meu comportamento de caramujo, estão a dizer que eu sou um cara legal? E não é que agora, durante esta pandemia, nesta hora em que a porca está a torcer o rabo e a onça a se fartar de beber água, eu passei a ser considerado um modelo de conduta social ?
Pelo menos, é o que está a veicular e a apregoar um comercial de TV da Amil, empresa de convênio médico. Vejam só uns trechos do comercial cujo vídeo colocarei ao fim da postagem.
"Seja gentil com seus vizinhos. Não aperte as mãos deles". Pãããããããta que o pariu!!!! Eu nunca olhei nem cara!
"Seja generoso com seus amigos. Não se reúna com eles". Está pra indo pra mais de dois anos que me reuní com algum deles.
"Ame seus pais. Não deixe eles se aproximarem dos netos". Eu só vou na casa da minha mãe por Real Decreto Materno, quando sou convocado e conduzido coercitivamente, e mesmo assim se for um domingão e tiver ou lasanha ou feijoada ou dobradinha com calabresa e grão-de-bico para o almoço.
"Tenha responsabilidade. Lave suas mãos para tudo". E vocês não lavavam as mãos, não, seus pulhas?
"Seja sociável. Não saia de casa. Continue sendo a pessoa legal que você é".  Valha-me São Roberto Carlos! Este cara sou eu!!!!
Agora eu sou legal, né, seus cuzões? Eu, um antissocial assumido e  juramentado, agora alçado à categoria de cidadão padrão? Eu, eterno militante do isolamento social - do meu isolamento -, agora posto como paradigma de consciência social? Eu, até ontem um pária social, um esquisitão, aquele nunca escolhido pro time de futebol da educação física (e, a todos, por isso, secretamente, sempre agradeci), agora uma bússola, um guia, um líder, um guru e um Messias de uma nova ordem mundial? A isto, prefiro ser derrubado pela Covid-19.
E agora o esquisitão virou o cara legal? É a vingança do ermitão!!! E ela só não é plena (não se preocupem, não citarei o filósofo Seo Madruga), só não me dá inenarrável prazer porque nunca considerei o serumaninho comum algo digno de minha vingança.
Covardes. Cuzões é o que todos vocês são. Cadê a coragem, a hombridade, a famosa, e em falta, vergonha na cara para continuarem a defender e a praticar seus frívolos, fúteis e frenéticos modos de vida, dos quais até ontem tanto se orgulhavam? Cadê o brio para se arriscarem em nome de suas (não tão) antigas certezas e convicções? 
Bastou o rosnar de um virusinho de merda para vocês mudarem de ideia e acharem que o legal agora é ser como eu?  Que o legal agora são lives e não mais shows com milhares de idiotas aglutinados? Que o legal agora é pedir comida em casa (eu ia dizer fazer a própria comida, mas aí também já é pedir demais de vocês) e não mais ser parte do dantesco espetáculo de centenas de bocas mastigando abertas em uníssono nas praças de alimentação dos shoppings
E o sempre tão superestimado contato humano, seus bostas? E a socialização e a integração, seus boçais? Deixaram de gostar de tudo isso? Deixaram-se convencer fácil demais para o meu gosto. São mais fracos e hipócritas do que sempre julguei. A prepotente espécie humana, moldada à imagem e semelhança do Criador, fugindo de um vírus feito baratas tontas? Até quando continuarão entocados? Até, poltrões, terem a garantia de que o inimigo se foi? O inimigo nunca se irá. Estará entre nós para sempre.
Sempre nutri grande indiferença pela espécia humana como um todo; agora, germinou em mim um profundo desprezo. Covardes. Assumimo-nos como uma espécie covarde.
A seguir, o comercial da Amil.

Cerveja-Feira (12)

A relação, ou melhor, a indissociável simbiose desta célebre figura com a cerveja e demais derivados etílicos é tão óbvia, mas tão óbvia, que, de tão óbvia, até então, escapara-me, passara-me despercebida : Raul Santos Seixas.
Raul Seixas, o Raulzito, o Maluco Beleza, a Metamorfose Ambulante, mas, sobretudo, o Movido a Álcool. Abaixo, Raul Seixas num momento de descontração e em companhia de dois de seus maiores prazeres : cerveja e mulher. Sim, porque além de rockeiro e cervejeiro, Raul era macho das antigas, adorava uma briga de aranhas - como eu. Toca Raul!!!!

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Mao Tsé-Tung Me Livre Desta Coceira

Enfim, uma notícia vinda da China cujo tema não diz respeito ao sinovírus Covid-19.
Um paciente de 60 anos, cujo nome foi mantido em sigilo para não expor a intimidade da biba velha, chegou no consultório do clínico geral Lin Jun se queixando de dores abdominais.
Lin Jun deitou-o na maca e, ao realizar o apalpamento do abdômen do chinês, detectou uma massa sólida. Chegou a supor, inicialmente, de se tratar de um caso de grave constipação instestinal, de bosta empedrada. Mas ao notar o formato um tanto peculiar e sui generis do "troço", resolveu fazer um raio-X da barriga do paciente, o qual revelou, para o espanto do médico, a imagem abaixo.
O paciente estava com um frasco de vidro dentro do bucho, e a via de entrada também ficou clara : o cu. O chinês enfiara no toba o que se viu depois ser um frasco vazio de perfume, produzido na Flórida (EUA).
Perguntado pelo médico de como aquilo fora parar ali, a biba da terceira idade falou que uma coceira sem tamanho acometera a sua região anal e que o único instrumento que ele tinha à mão para coçar o brioco era justamente um vidro de perfume vazio. Contou ainda que quanto mais coçava, mais a coceira se internalizava, aprofundava-se. E ele foi também aprofundando a "coçada" e o frasco acabou escapando da sua mão e entrando "sem querer" no cu.
"O vidro inteiro estava no reto do paciente. Eu podia senti-lo tocando o abdômen. Ele comentou que o seu ânus estava coçando", contou Lin Jun
Fico imaginando a cara do médico ao ouvir tal estapafúrdia e esfarrapada explicação. Fico imaginando o clínico tendo que se segurar, tendo que fazer cara de "paisagem" enquanto revisava mentalmente todos os compêndios da medicina em busca de como lidar com a situação. Mais ainda o constrangimento do esculápio em revelar o diagnóstico, em dizer ao paciente que aquilo não tinha sido coceira anal, tinha sido o mais puro, legitímo e crônico tesão na argola.
Numa hora desta, de pouco vale o médico ser versado nos tratados de Hipócrates, Galeno, Paracelso e tantos outros. Numa hora desta, de muito maior serventia teria sido o médico conhecer o anedotário brasileiro da região dos Pampas Gaúchos.

Conta-nos o folclore gaúcho que, num belo dia, o Gauchão maxoxô, de botas, bombachas e boleadeiras, saiu com um sujeito "bem calçado", "malcriado", daqueles que não têm pena nem da mãe, daqueles que fazem égua olhar pra trás. O sujeito, claro, deixou o toba do gaúcho em pandarecos, em petição de miséria. O Gauchão inda esperou uns dias, ver se o estrago consertava-se por si próprio. Não houve jeito. Sem mais o quê, lá foi o Gauchão pro médico, que o examinou, verificou o estado de calamidade pública do cu do Gaúcho, mandou-o se vestir e o chamou à sua mesa para conversar.
- Como foi que isso aconteceu, seo Gauchão? - perguntou o médico
- Bah, tchê. Tenho uma fazenda lá nos Pampas, região de cavalos selvagens, e tem lá  um potro que mais de dez peões dos bons já falharam em domar. Para honrar o bom nome da minha estância, estância de macho, fui eu mesmo domar o potro. Eu fiquei mais de hora em cima do bicho. Ele pulando, corcoveando e eu firme em cima, tchê. Quando eu pensei que ele tinha cansado e tava domado, afrouxei um pouco a rédea e o potro, traiçoeiro, deu um pinote e me jogou pra fora do seu lombo. Eu voei por uns 20 metros, cai sentado em cima de um toco no pasto e o resultado o doutor acabou de ver.
- Então, quer dizer que isso foi toco, seo Gauchão?
- Bah! Mas é claro que foi toco! Estás a insinuar o quê?
- Nada, nada, seo Gauchão - disse o médico.
Em seguida, tirou dois frascos de uma gaveta da mesa, um com um líquido azul e o outro com um líquido amarelo.
- Seguinte, seo Gauchão, eu tenho dois remédios aqui, o azul é pra toco e o amarelo é pra pinto. Se o senhor levar o pra toco e tiver sido toco mesmo, ele o curará rapidamente, mas se tomar o pra toco e tiver sido pinto, o senhor morrerá. Se o senhor levar o pra pinto e tiver sido pinto, ele também terá efeito curativo imediato, e se tomar o pra pinto e tiver sido toco, nada acontecerá, não haverá nenhum efeito colateral.
O Gauchão pensou, repensou e decidiu. Com uma mão, fincou a faca que trazia à cintura na mesa do médico, com a outra, agarrou o frasco com conteúdo amarelo e falou grosso :
- Bah, doutor! Eu vou levar o pra pinto, mas que foi toco foi!!! 

Conhecesse o anedotário regional gaúcho, o médico chinês teria se saído muito melhor da embaraçosa situação. Bastaria ter colocado dois frascos em cima de sua mesa, um pra coceira anal e outro pra tesão na argola e repetido a terapêutica do médico do gaúcho. A resposta do paciente chinês, todos nós já sabemos : - Eu vou levar o "pla" tesão na "algola", mas que foi "coceila", foi.
O frasco media 18 cm de comprimento por 5 cm de bitola.
E o cu do chinês se afeiçoou ao frasco de perfume, pois se pode ver pela imagem acima que foram necessários espéculos para alargar (ainda mais) o cu do chinês e pinças para retirar o frasco à força e sob gritos de protestos do paciente.
A empresa responsável pela fabricação e comercialização do perfume já pensa em colocar a seguinte advertência no rótulo : descartar a embalagem após o uso, não reutilizá-la para outros fins e não deixá-la ao alcance de crianças, animais domésticos e boiolas.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

A Senhora da Van

"Porque todo escritor é um ser duplo; um que vive e outro que escreve."
O autêntico e refinado humor inglês.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

É a Micareta do Coronavírus

O ex-boiola é o frequentador mais alegre e festivo do Marreta!
O ex-boiola é mais que uma figura ímpar, é uma singularidade!
Nós, eu e vocês que passam regularmente por aqui, já o conhecemos de outros carnavais. Ou melhor, não o conhecemos, não sabemos de onde é, qual sua idade, sua profissão etc. E nada disso importa, nada disso faz a menor diferença.
O que sabemos é que ele é um boiola convertido, um prosélito das pregas, e que, hoje em dia, leva uma vida de macho de respeito durante 51 semanas do ano, porém, na quinquagésima segunda, na semana do Carnaval, ele retoma os antigos hábitos. Na folia de Momo, ele rasga a fantasia de macho, reasssume a pele que habita e se lança a badalados pontos turísticos em companhia de seus crushs. Antes, o Renatão, que, de macho-espada, começou a virar macho-bainha e acabou virando evangélico para parar de dar a bunda, mas, como também não comia mais ninguém, foi dispensado pelo ex-boiola. Depois um japonês, cujo hashi não foi o suficiente para satisfazer o ex-boiola. E, atualmente, com o Renner, garotão esperto com 22 anos de idade e 22 cm de rola. A esposa do ex-boiola também não fica atrás do maridão; na semana do carnaval, se esbalda e se lambuza com a Sandrão.
É como diz o Chico : E um dia, afinal, tinham direito a uma alegria fugaz. uma ofegante epidemia, e que se chamava carnaval, o carnaval, o carnaval...
Da mesma forma que o ex-boiola só é boiola no carnaval, também é só nesta época do ano que ele dá o ar de sua graça por aqui no Marreta. No entanto, ontem, ele me brindou com sua presença, em mais um comentário divertidíssimo. Estranhei a presença temporã, mas logo entendi. Agora, é carnaval para o ex-boiola!
É como diz o velho ditado, se a vida lhe dá limões, faça uma limonada. Eu faço uma caipirinha. E o ex-boiola faz um carnaval. A vida (ou, neste caso, a China) nos deu este limão do novo coronavírus. Fazer o que com ele? Entrar em pânico, frenesi, psicose? Nada disso. Sim, como fez o ex-boiola, isolarmo-nos com pessoas de quem gostamos e aproveitar o máximo. Fazer um nosso carnaval particular.
Eis o comentário do ex-boiola:

"Mestre, mestre, Agora é oficial!! Decidimos juntar forças e vamos passar juntos a quarentena: eu, patroa, Sandrão e Renner. Tem tudo para dar certo. Eu cozinho coisas doces. Renner cozinha receitas de sal. Sandrão é pura diversão e já levou a mesa de sinuca para casa. E a patroa, bem, está fazendo máscaras de algodão para vender. Juntos sairemos dessa Mestre. Ex-boiola".

Pããããããta que o pariu!!!! É a Micareta do Coronavírus!!!
O ex-boiola cozinha. O Renner cozinha. Tá sobrando "cozinho" por lá! Isso sem falar da mesa de sinuca da Sandrão, que é só taco e bola pra tudo quanto é lado. Vai faltar é caçapa neste carnaval fora de época do ex-boiola. É camisinha na rola, máscara hospitalar na cara e vamos que vamos!
Sim, sairemos vivos dessa, meu caro, na certa que sairemos.  

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Não Permitam que Eles Posem Como Nossos Salvadores.

Um texto pra lá de instigante e sensato de João César de Melo. Originalmente publicado no site Instituto Liberal. E exato e preciso quando diz da "imunidade do rebanho". A quarentena, à qual passarei a chamar doravante de acovardamento social, impede que indivíduos resistentes entrem em contato com o vírus e se tornem imunes. Devemos proteger, sim, nossos fracos, mas não se isso impedir que nossos fortes se fortaleçam ainda mais. O isolamento vertical só é vantajoso para o vírus.
Todos amigos da onça, ou melhor, amigos do vírus, estes goverantes metidos a tiranos. Ao texto :

"Não venho, mais uma vez, expressar minha revolta em relação à imposição da quarentena. O mal já foi feito. Porém, já iniciaram a segunda fase do projeto de manipulação social: a glorificação dos agentes do pânico e da ruína econômica − “salvaram milhões de vidas!”.
Não salvaram não!
Muitas pessoas já estão acordando da hipnose. Logo, precisarão entender plenamente o que foi feito contra elas.
Contando com a ajuda de uma médica que atua na linha de frente do combate ao Covid-19 num importante Estado, venho explicar de forma bem objetiva a razão pela qual o isolamento horizontal foi uma péssima ideia.
Vamos lá! (links no final do texto)
Como qualquer novo vírus, o Covid-19 precisa circular pela sociedade para que se crie o que a medicina chama de imunidade de rebanho, que significa indivíduos saudáveis vencendo de forma assintomática o vírus, impedindo sua disseminação. O isolamento horizontal limita isso porque restringe a interação social. O resultado prático é o alargamento do período de atividade do vírus.
Foi por causa disso que a letalidade do Covid-19 aumentou em alguns países, mesmo depois de várias semanas de quarentena. É por isso que as autoridades brasileiras vêm empurrando as previsões do “pico” da epidemia de uma quinzena para outra – o que antes aconteceria no começo de abril, passou para o final deste mês e agora já estão falando que será em maio ou junho.
Outro problema causado pelo isolamento horizontal foi a retirada da responsabilidade dos governos em conter a epidemia no início. Em vez de adotar medidas massivas de detecção de contaminados, para se isolar de forma precisa e eficiente as pessoas, os governos se restringiram a esperar a doença agir de forma violenta nas pessoas. Em vez de promover testes em larga escala, preferiram construir hospitais de campanha, fazer discursos diários, anunciar verbas para isso e aquilo. Ou seja: em vez de salvar pessoas, preferiram fazer política.
Depois de três semanas de quarentena, o governo brasileiro ainda não testou um número significativo de pessoas. Como se fosse pouca displicência, o Ministro da Saúde ainda incentivou que os governos estaduais e municipais criassem medidas próprias de isolamento preventivo, o que resultou num tsunami de irracionalidade e de arbitrariedade. A economia de um país de dimensões continentais foi em sua maior parte paralisada, a despeito dos dados que indicavam que o vírus se concentrava em duas regiões específicas. Outras, sem casos relevantes, foram submetidas a quarentena como se fossem Wuhan, na China, ou a Lombardia, na Itália.
Conclui-se assim que a tese da quarentena não se sustenta. As pessoas continuam morrendo como se nada estivesse sendo feito contra o vírus.
Estudo recente indica que o vírus passou despercebido pela Califórnia (região que recebe enorme número de turistas chineses) no final do ano passado. Por que, então, milhares de pessoas não morreram? Provavelmente, porque o vírus foi vencido pela imunidade de rebanho antes de ganhar letalidade.
Coreia do Sul, Japão e principalmente Taiwan registraram baixos números de vítimas fatais sem implementar o modelo de quarentena adotado na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Exemplos que foram seguidos pela Suécia.
Quando a epidemia começou a dar as caras no Brasil, já tínhamos informações suficientes para embasar medidas mais inteligentes do que a quarentena que ainda está em vigor; mas o Ministério da Saúde e os governos estaduais e municipais preferiram reproduzir cegamente os erros que italianos e espanhóis estavam cometendo.
Não deixa de ser irônico o fato de a imprensa brasileira ter dado notoriedade ao Ministro da Saúde de Jair Bolsonaro como forma de atacar… Jair Bolsonaro.
(Não nos esqueçamos de que Luiz Henrique Mandetta é do mesmo partido do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um dos principais opositores de Bolsonaro)
O que precisa ser entendido é que o número de mortes muito inferior ao que foi previsto pelos “especialistas” NÃO é resultado da quarentena, nem de qualquer medida tomada pelos governos. O governo brasileiro sempre foi extremamente incompetente, não teria deixado de ser em um mês.
O que houve foi apenas a confirmação das afirmações de alguns cientistas ignorados pela grande imprensa de que o vírus não progrediria tanto no Brasil por causa das características do clima, da demografia e do perfil de saúde pulmonar da população. Não teve milagre de ninguém!
Portanto, não podemos deixar que os agentes do pânico e da ruína econômica posem como nossos salvadores. Eles devem ser punidos, não aplaudidos.
Hoje, eles habilmente transformam enfermos de diversas doenças graves em vítimas tão somente do Covid-19, mas nós não teremos como contabilizar como vítimas da quarentena as pessoas que morrerão de fome, de infarto, de derrame ou por suicídio. Por isso, precisamos ter na ponta da língua o argumento contra a quarentena, que deve ser reconhecida como maior crime social e econômico já cometido contra os brasileiros."
https://www.ksbw.com/article/new-study-investigates-californias-possible-herd-immunity-to-covid-19/32073873?fbclid=IwAR0ao_WL6sVFfQMDTyL5eit1UoQ2DOqFyugzHa0QMjlXsG_50haH94PxMZw#
https://www.publico.pt/2020/03/15/mundo/noticia/licoes-taiwan-dar-forma-lidar-novo-coronavirus-1907706
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52047782
https://renovamidia.com.br/suecia-nao-impoe-nem-quarentena-nem-isolamento-contra-coronavirus/

Triste Ano Novo

Três escritores foram fundamentais em minha frágil e lacunosa formação literária, três escritores que mudaram totalmente a minha relação com a leitura e, bem depois, com a escrita.
Augusto dos Anjos, na poesia. Rubem Fonseca e Charles Bukowski, na prosa, sobretudo nos contos.
O último dos três se vai. Se foi. Hoje, aos 94 anos. Infarto.
Rubem Fonseca
1925 - 2020

Ideologias, ideologias... Burguesas de Belas Tetas à parte

Um comentário feito pelo sorumbático GRF, monarca do blog P-O-E-S-I-A, na postagem A Casa Caiu Para a Casa di Conti, a concordar com minha má impressão da cerveja Moinho Real, da referida cervejaria, permitará que eu repare aqui um lapso cometido em relação a uma boa e barata, também da mesma cervejaria; mais que um lapso, ou um esquecimento : uma injustiça.
Comentou GRF : "Não sei se já experimentou, mas a cerveja Burguesa, da mesma fabricante dessa porcaria moinho real (deve ser pra high society mesmo, um lixo), é excelente! Das que encontro por até R$1,99, é minha favorita. A 1500 também é boa. Muito boa. Em época de quarentena, toda noite meto a boca na burguesa".
Respondi a ele que sim, que conhecia a Burguesa. Lembrava-me, sim, de tê-la provado, mas não me lembrava da precisa impressão que me causara à época. Lembrava de que não tinha me desagradado, mas não retive dela os elementos necessários na  minha memória gustativa para lhe dar, ou não, à ocasião do comentário, o mais cobiçado selo da indústria cervejeira, o ISO-Azarão de Boa e Barata.
A verdade - uma vergonhosa verdade - é que, quando a provei, o fiz em trânsito, na volta de uma caminhada, para matar a sede antes de chegar em casa, para reidratar; que macho de respeito toma é cerveja pra reidratar e não águinha de coco ou Gatorade. Não lhe dei, confesso, a devida atenção.
Uma falha e uma lacuna imperdoável. Para comigo, para com o GRF e, sobretudo, para com a Burguesa. Ontem, ao voltar da minha caminhada crepuscular, desfiz a grave falta. Passei por uma loja de conveniência e comprei três Burguesas; R$ 1,99 a lata.
Eis a Burguesa de divinas e cornucópicas tetas que tanto seduz GRF, meus caros.
Ontem, foi diferente, cheguei, deixei-a no congelador, a se preparar para mim, fui tomar um banho, a me preparar para ela, deitei-lhe em merecida cama, no meu canecão viking, e olhando-a nos olhos e nos peitos, levei-lhe à boca.
Boa, muito boa. Bem encorpada, fazendo jus ao rótulo. Sim, meus caros, podem confiar no GRF e em mim, a Burguesa é boa e barata.
Lá pela segunda lata - sim, com uma Buguesa dessa eu dou duas sem tirar de dentro -, no entanto, ocorreu-me : GRF a elogiar, a se empolgar e a cair de boca numa burguesa?
GRF assim autodefine sua posição ideológica : "minha visão "de esquerda" é relacionada a metas sociais e posicionamento quanto aos Princípios Constitucionais. Não é partidária. Por assim dizer. Não sou Petista. Não sou Pedetista. Não sou sindicalista. Vocês entenderam. Sou alguém de esquerda no sentido da experimentação. Penso que poderíamos sim testar modelos econômicos diferentes do capitalismo selvagem". 
Ora, ora, GRF, por suas próprias palavras, é ferrenho crítico do grande capital; o sonho dele não é ir para Pasárgada, ser amigo do Rei, é se ir para Walden II, onde não há Rei. Sem contar que, no comentário, também refere-se ao high society de forma pejorativa. E, de uma hora pra outra, render-se assim aos encantos de uma burguesa? Trair seus princípios por um belo par de tetas?
Lembrou-me muito - e eu já disse isso a ele - do meu saudoso mestre de literatura Valfrides, o responsável por despertar em mim, isso lá pelos idos de 1983-84, no Colégio Objetivo de São José dos Campos, o interesse pela poesia e pela literatura de qualidade.
A vassalagem de GRF à Burguesa me lembrou de quando Valfrides nos disse sobre Gregório de Mattos Guerra, o Boca do Inferno. Contou-nos, ele, que Gregório de Mattos não gostava de padres, de índios e de negros; os satirizava de forma contumaz em seus poemas. Porém, adorava uma freira, uma índia e uma negra.  GRF não pode ver  um burguês pela frente, já uma burguesa...
É como bem disse o filósofo cearense Falcão, a complementar o burguês Cazuza : "eu sei que a burguesia fede, mas tem dinheiro pra comprar perfume".
Mas, neste caso, posso/podemos perdoar facilmente a traição ideológica de GRF; muito facilmente, ainda mais eu, que sou um frequente traidor de mim mesmo. E peço a esses moços que acreditem em mim : não há ideologia que valha um bom par de tetas! Isso sem falar na perseguida e no girassol, que aí não tem regime político nem sistema econômico que os valham!
Sim, podem tomar a Burguesa. É boa e barata. Podem degustá-la sem medo de ressacas, hepáticas ou ideológicas.

em tempo e ao GRF :  encerrada a quarentena, precisamos marcar pra tomar umas geladas. Pode até ser a Burguesa.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Punheta Contra o Coronavírus

Injusta e equivocadamente, as pessoas associam a indústria de filmes pornô à sujeira, à doenças, à promiscuidade, ao abuso de drogas lícitas e ilícitas. Nada mais falso. Puro despeito das barangas muxibentas. Puro despinto dos Davis de Michelângelo.
Antes pelo contrário. Via de regra, os atores e as atrizes pornô têm vidas mais regradas e de hábitos mais espartanos e salutares que os seu colegas dos filmes de suspense, de comédia, das novelas, das séries, dos comerciais de tv e outras obras de ficção. Eles precisam ter. A bem de suas carreiras e de sua arte, precisam estar sempre no gozo pleno de suas faculdades físicas. Para pegar no batente. Para dar duro todos os dias. Tente ficar de pau duro estando de ressaca e entenderá o que estou a dizer.
De modo geral, o ator pornô é muito mais saudável e "limpinho" que os seus colegas de profissão com piroquinha de anjo barroco. Ele pratica atividades físicas regulares, submete-se a exames médicos rotineiramente e tudo.
Não é só. O ator pornô tem que se manter em constante estudo e aperfeiçoamento. Dele, se exige que seja um ator completo. Que bem domine todas as áreas das artes cênicas. Que tenha boa memória, eloquência, dramaticidade e vigor físico para as cenas de ação. Um ator pornô tem que ter memória de elefante : para decorar as extensas falas e diálogos das películas; e rola, idem : para as extensas e exaustivas cenas de ação. O ator pornô ideal seria um híbrido do Paulo Autran com o John Holmes (esta, o pessoal mais novo vai ter que pesquisar). E que fique claro : que reunisse a dramaticidade do Paulo Autran e a rola do John Holmes, nunca o contrário, pois aí o sujeito não serviria para nada.
E não há condescendências neste aspecto. Ou o cara é um ator completo, ou está fora, sem nunca ter ficado dentro. Uma produtora pornô nunca iria, por exemplo, me contratar por minha prodigiosa memória em decorar longos textos e, na hora da ação, cortar a cena e me substituir pelo Kid Bengala. Não há dublê de rola, meus caros. Não há.
E tem mais. O ator comum depende apenas de uma de suas cabeças para bem desempenhar seu ofício, a sua massa encefálica. Caso o ator comum esqueça de uma fala durante a gravação, sempre se pode cortar e voltar a cena. Hoje em dia, existem até os pontos eletrônicos nos ouvidos dos atores, aparatos parecidos com aparelhos de surdez através dos quais o diretor vai lembrando o ator de suas falas. O ator pornô, não. É muito mais difícil para o ator pornô. Durante a sua atuação, as suas duas cabeças devem trabalhar em perfeita sincronia, a sua massa encefálica e sua massa fálica. O ator pornô pode ter lembrado e dito suas falas de maneira impecável, mas se o seu "coadjuvante" se esquecer do roteiro, se falhar em seu script, não tem como voltar a cena, nem de lembrá-lo de suas falas. Não há ponto eletrônico pra rola, meus caros. Não há.
De forma tão injusta e equivocada quanto, a maioria pensa que os atores e as atrizes do cinema pornô são pessoas superficiais, frívolas, levianas, alienadas. Nada mais falso. Não são apenas as subcelebridades da Globo, os cantores de sertanejo universitário, os youtubers e os influencers que possuem compromisso social e preocupação com seus públicos. Nada disso.
Os atores pornô também são bem-dotados de consciência social e zelam pelo seu público. Também estão a "levantar" a bandeira do isolamento social contra o coronavírus. Também estão a erguer o pau da bandeira da quarentena preventiva.
Como eu sei disso? Do engajamento dos atores pornô no combate (ou na fuga, no acovardamento) ao vírus chinês? Bem, vamos lá.
Tenho um amigo... e esse amigo é um aficionado em filmes pornô, um amante do gênero. Dir-lhe-ia, mesmo, um cinéfilo do caralho! Este amigo, hoje, me enviou um link de um vídeo pornô por e-mail, do site XNXX.com. Como todo bom filme que se preza, antes da exibição da película principal, alguns trailers e propagandas.
No caso, antes do filme em si, uma orientação contra o coronavírus, um alerta profilático e de grande utilidade pública, de saúde pública, cuja tela eu capturei e reproduzo abaixo.
Pãããããããta que o pariu!!! Isto sim é um bom conselho e um grande incentivo para não se sair às ruas! As mídias, de forma geral, recomendam que as pessoas aproveitem o isolamento para ler um bom livro, para escutar uma boa música, sugerem que se dediquem a um hobby, jardinagem, gastronomia etc.
A jerkemate.com, não. A jerkemate diz : fiquem em casa tocando punheta! Muito mais convincente, meus caros, muito mais convincente!
É como diz o velho ditado : uma mão lava a outra. E a que for mais hábil (ou a mariquinha, ou a maricota) toca um punhetão.
Punheta, meus caros, punheta contra o coronavírus. Siririca pra mulherada. E curirica pro ex-boiola.
Agora, é que eu não dou mesmo mais a mão pra ninguém.
Pãããããããta que o pariu!!!!!

E Vocês, Por Alguma Razão Insondável, Acreditam. Um Texto Brilhante de Guilherme Fiuza.

Os grifos em vermelho são por minha conta.

"Você está em casa assistindo o governador de São Paulo assumir a paternidade da cloroquina, o ministro da Saúde explicar que traficante também é gente, jornais estrangeiros publicarem foto de covas abertas para dizer que o Brasil não tem mais onde enterrar os seus mortos, entre outras referências intrigantes e estridentes ao mesmo assunto. Se você está paralisado e catatônico é porque já sabe que se trata de um SHOW MÓRBIDO, mas está esperando que alguém te diga isso.
Então vamos lá: isto é um SHOW MÓRBIDO. Levanta daí.

Onde estão os MAPAS demonstrando os resultados diretos do isolamento total na contenção da epidemia ou na suavização dos picos? Aqui vai uma notícia real no intervalo da novela: eles não existem. Repetindo: os mapas comprovando o efeito mitigador do confinamento geral sobre o número de infectados, de internados e de mortos não existem. Nova York se trancou em casa e a curva da epidemia seguiu quase como uma reta para cima – dias, semanas, e o gráfico inabalável, mais para subida de foguete que de avião. O que se passa?
Em vez de MAPAS ou modelos comprováveis, o que você vai ouvir é que sem quarentena seria pior. E fim de papo. Os filósofos do lockdown são invencíveis. E falam pouco. É melhor não insistir, porque senão eles gritam com você, seu irresponsável, alienado, assassino.
Aí vem a própria OMS declarar que a nova frente de contágio está se dando dentro de casa – e que as autoridades de saúde têm agora a tarefa de identificar os infectados no interior dos seus lares. Assim eles poderão ser isolados dos seus familiares e finalmente oferecer ao mundo a tão esperada suavização do surto. Notou como está tudo absolutamente sob controle? Eles só não demonstram suas premissas e estratégias de forma científica porque não querem cansar a sua beleza. Eles têm certeza de que você prefere ouvir um bom discurso e ir dormir tranquilo sabendo que está tudo bem.
Tem sempre uma meia-dúzia de chatos que não gostam de discurso e já notaram que os efeitos do confinamento total sobre a evolução da epidemia não estão sendo demonstrados numericamente – ou seja, permanecem como uma hipótese. Fica em casa porque tem um vírus lá fora, e ponto final. Talvez pensando nisso, o governo de São Paulo resolveu inovar e ofereceu à população um modelo matemático pioneiro, montando no fundo do quintal de algum boteco fechado. João Dória disse que se a quarentena não atingisse 75% da população – observe a precisão – em 15 dias a rede hospitalar não terá mais leitos para atender os infectados. Ou seja: iminência de colapso.
Um dia depois o alerta reapareceu com o dado de 70% – sempre “segundo especialistas”. Deve ser um modelo móvel. E, com certeza, revolucionário, porque nem a OMS, nem cientista nenhum no mundo montou uma fórmula partindo do percentual de confinamento (São Paulo deve ter importado um medidor da China) e estabelecendo sua correlação com a progressão exata da epidemia, o número de vulneráveis infectados e a consequente expansão da demanda por leitos – num cronograma tão preciso que possa ser aferido semanalmente. Vem prêmio Nobel aí.
Junto ao modelo matemático inovador, o governador de São Paulo fez o que vários outros governadores e prefeitos do país estão fazendo: ameaçou prender o cidadão na rua. E essa ética da boçalidade já está em prática em vários pontos do território nacional, com cenas edificantes e civilizatórias de policiais capturando passantes, inclusive mulheres, várias delas tratadas de forma animalesca à luz do dia – sob o silêncio protetor dos humanistas, que estão calados em casa assistindo à novela do vírus.
Ou seja: não está sendo gestada apenas uma ruína proverbial com tudo trancado e a vida adiada indefinidamente. A população também está entregando a sua liberdade de bandeja a tiranetes com propósitos inconfessáveis de poder. O mesmo Dória está usando operadoras de telefonia para vigiar os passos dos seus reféns.
Eles dizem que estão salvando vidas. E vocês, por alguma razão insondável, acreditam."

E você, acredita? E você, vai levantar daí? Eu nunca me sentei. Não sentarei jamais.

domingo, 12 de abril de 2020

Vou-me Embora pra Bielorrússia

Vou-me embora pra Bielorrússia! Lá, tornarei-me amigo do rei!
No caso, de Alexander Lukashenko, líder que, desde 1994, governa com mão de ferro a Bielorrússia, hoje também chamada de Belarus. Alexander Lukashenko é considerado o último ditador da Europa por seus críticos e pela imprensa ocidental frouxa e afrescalhada.
Alexander Lukashenko não é ditador! A Bielorrússia foi república integrante da ex-URSS, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, logo, Alexander Lukashenko é da mesma linhagem dos antigos czares, dos cossacos, dos agentes da KGB e de Wladmir Putin, ou seja, Lukashenko não é ditador, é macho das antigas.
Como macho das antigas que é, Lukashenko também não teme o coronavírus, classifica a atual pandemia e sua respectiva quarentena preventiva de "frenesi" e "psicose". E não teme o coronavírus apenas pela sua congênita condição de macho, não teme o vírus chinês também por possuir uma eficaz terapêutica contra ele : trator (uma metáfora ao trabalho), vodka e banya (um tipo de sauna russa).
Trabalho, vodka e sauna! E não há coronavírus que nos abata, garante Lukashenko.
Em relação ao trabalho, Lukashenko explica : "Vocês têm que simplesmente trabalhar, especialmente nos vilarejos. Os tratores vão curar todo mundo. As plantações vão curar todo mundo'.
Concordo com Lukashenko. O trabalho, se tomado a rigor como qualquer atividade física, e não apenas como a profissão da qual tiramos nosso sustento, e se, mais ainda, for levado ao pé da letra de sua definição pela Física - uma força que aplicada sobre um corpo produz deslocamento, movimento - comprovadamente nos fortalece, torna-nos mais resistentes.
Atividades físicas regulares não só reforçam nossos aparatos muscular, respiratório e cardiovascular; fortalecem também o nosso sistema imunológico, põem nas pontas dos cascos as nossas Forças Armadas de linfócitos, anticorpos, macrófagos etc. Já o sedentarismo moderno, mais agravado agora, pela reclusão imposta pela quarentena, mais comprovadamente ainda, causa efeito oposto em nosso organismo. Deixa-nos flácidos, moleirões, obesos, muito mais sujeitos e vulneráveis a doenças respiratórias e vasculares. Igualmente, nosso sistema imunológico também se torna "sedentário", também fica preguiçoso, indolente e moloide, demora mais a responder ao ataque de um antígeno. Não é a toa que atletas - morram de raiva, esquerdistas - possuem, sim, um sistema imune mais eficiente. E, além do mais, sendo o coronavírus um vírus comunista, a melhor forma de afugentá-lo é, de fato, com trabalho.
Lukashenko está certo neste quesito.
Em relação ao segundo componente da receita, a vodka, Lukashenko diz : "As pessoas não deveriam apenas lavar suas mãos com vodca, mas também envenenar o vírus com ela. Vocês deveriam beber o equivalente a 100 mililitros de álcool por dia. Mas não no trabalho".
De novo, concordo Lukashenko. Embora considere um desperdício gastar vodka pra lavar as mãos, quando um simples sabão em pedra dá perfeitamente conta desta tarefa. Mas ingeri-la, na certa, pode sim combater o coronavírus. Ao mantermos uma adequada e constante concentração de álcool no sangue, transformamos nosso plasma  numa espécie de álcool gel, um endoálcool gel a circular por todo o organismo e a fazer a assepsia do nosso maquinário interno.
Outro ponto para Lukashenko.
Em relação à sauna, Lukashenko diz : "Vá à sauna. Duas ou três vezes por semana vai fazer bem. E quando você sair da sauna, não apenas lave as mãos, mas também tome 100 ml de vodca".
E temos aqui o único componente da receita de Lukashenko do qual discordo. Trabalho, sim; vodka, tanto mais; mas sauna, tô fora. Que sauna é desculpa pra russo viado, pra matrioska louca, ficar manjando a rola do outro no anonimato do vapor.
Eu mesmo, sem saber, e tirando a coisa da sauna, venho seguindo a terapêutica de Lukashenko. Desde o início, nunca me furtei às minhas caminhadas quase que diárias (às vezes, a preguiça bate). Ou no romper da aurora, ou no cair do crepúsculo, saio e ando os meus 8, 10 km de sempre. Hoje mesmo caminhei. E, agora, comecei a tomar a minha vodka. Tomarei umas três ou quatro doses antes de dormir. 
E a minha vodka é ainda mais poderosa que a de Lukashenko. Além do álcool e do gelo, leva umas rodelas de limão - fruto notoriamente rico em vitamina C, substância fortalecedora do sistema imune - e água tônica - bebida à base de quinina, composto extraído da árvore quina, muito usado no combate à malária e do qual a hidroxicloroquina, ou simplesmente cloroquina, é um derivado.
Minha vodka-tônica é um AZT, é um coquetel anticoronavírus!
Levanto um brinde de minha vodka-tônica a Alexander Lukashenko. Saúde! Ou, como diriam na Bielorrússia : Za Zdorovye !

sábado, 11 de abril de 2020

Do Próton Vieste, ao Próton Retornarás

Há átomos,
Artificiais,
Criados pelo ser humano,
Cujas existência e duração,
Em condições muito especiais e controladas,
Resistem por milimigalhas de segundos.
Na prática,
Às vistas de nossos 60, 70, quiçá 100 e poucos anos de longevidade,
É como se nunca tivessem existido.

Há a vida humana,
Criação do Universo
- ou, mais provavelmente, um acidente de trabalho dele -,
Cuja existência e duração,
Em condições muito especiais e controladas,
Resiste por 60, 70, quiçá 100 e poucos anos.
Na prática,
Às vistas da sempiternidade do Cosmos,
É como se nunca tivesse existido.

Por que, então,
Arrogantes,
Tentamos lhe atribuir tanto valor e grandiosidade?
Por que, então,
Prepotentes,
Nos enlutamos de pompa e solenidade e tristeza
E criamos deuses
Ao mais breve aceno dos vermes que roerão nossos ossos?
Por que,
Imperadores romanos,
Rituais pirotécnicos são organizados para registrar nosso fim?

Pedirão também pela salvação da alma
E pela extrema-unção
O moscóvio (Mc) e o Hássio (Hs)?
Lavrarão testamentos
O Tenesso (Ts) e o Copernício (Cn)?
Seguirá em cortejo e carpirá
Pelo Fleróvio (Fl) e pelo Nihônio (Nh)
Toda a tabela periódica?
Brigarão pelos espólios 
Do Laurêncio (Lr) e do Nobélio (No)
Todas as suas partículas subatômicas?