quarta-feira, 29 de setembro de 2021

O Desconhecido que Veio de Umuarama

No idioma tupi-guarani, Umuarama significa "onde os amigos se encontram". Por isso, esta cidade do Paraná, a 18ª mais populosa do estado, com cerca de 115 mil habitantes, atende pela alcunha de "A Capital da Amizade".
Terceira geradora de empregos do Paraná, perdendo apenas para Curitiba e Ponta Grossa, destaca-se na agropecuária de corte, prestação de serviços e nos setores moveleiro e universitário.
Com médias anuais de temperatura que raramente ultrapassam os 25º C, Umuarama é um agradável e aprazível destino turístico, que conta com belos lagos, como os do Aratimbó e do Tucuruvi, com verdejantes bosques, como os do Uirapuru e dos Xetás e com as tradicionais e típicas feiras de rua que ocorrem em locais diferentes da cidade a cada dia. Umuarama tem até uma réplica da Torre Eiffel. Quem não tem Paris, caça com Umuarama. Seu circuito urbano de ruas e praças é planejado e densamente arborizado.
Se eu já estive em Umuarama? Nunquinha! E por que essa propaganda toda da cidade?
Porque de uns três dias para cá, há um umuaramense, ou uma umuaramense, que passeia o dia todo aqui pelo Marreta; no que eu muito o(a) agradeço.
Ele(a) já deve ter sido responsável por umas 3oo visualizações, ou mais, desde segunda-feira. Neste momento mesmo, ele (a) está a navegar por aqui.
Mas o que tanto interessa no Marreta a este(a) digno (a) paranaense?
Buceta!!!! A boa e velha buceta!!! Em dose dupla, ou tripla!!! Ele(a) é fã da seção Travessuras de Menina Má. Já viu quase todas. Está "zerando" a seção.
De novo, agradeço as visitas, meu caro(a). Peço o favor, caso seja de sua vontade, que se identifique em algum comentário. Que diga como chegou ao Marreta e quais são os seus outros campos de interesse no que publico, além, é claro, das boas e velhas brigas de aranha.
Valeu!!!!
Eis o brasão de armas de Umuarama. O ramo à esquerda, é de café; de que planta é o da direita?

O Vírus em Mim (3)

Pããããããta que o pariu!!!!! Made in China, a famosa República Popular da Tinta à base de Chumbo, eu não compro nem CD pirata nem cabo USB nem pilha palito nem tupperware nem óculos de sol nem fone de ouvido nem incenso nem tênis "Adidas" nem caneca de café nem caneta laser nem porta-retratos!!!
Por que cargas d'água, então, eu iria adquirir logo ele, o vírus xing ling? Se fosse um novo surto de Gripe Espanhola, não tenham dúvidas, eu teria sido um dos primeiros a pegar. Adoro. Não consigo resistir a uma boa e farta espanhola!
Mas Gripe Chinesa? Comigo, não, violão!
Saiu, hoje, o resultado do teste que fiz para a Peste Amarela na segunda-feira.
Negativíssimo!!! Mais negativo que a minha conta bancária!
Os resultados dos exames do meu filho e da minha esposa, idem.
Ontem, eu ainda tive a temperatura alterada durante o dia, oscilando entre os trinta e sete e meio e os trinta e oito graus Celsius. Tomei quarenta gotas de dipirona, três doses de vodka-tônica antes de me deitar e, hoje, acordei praticamente sem nada; só coriza e leve irritação na garganta. Uma gripinha.
Valeu-me, como eu disse, quatro dias de um bom afastamento do "trabalho" presencial.
Ainda não foi dessa vez que o vírus chinês me pegou. Ainda não foi dessa vez que alguma ideia comunista conseguiu me infectar.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O Vírus em Mim (2)

Madrugada de sábado para domingo. Quase quatro horas. Ele se programara para ir deitar às duas, duas e meia, mais tardar. Seus intestinos, no entanto, lhe chamaram à função, ele levou um livro junto e acabou lendo uns três ou quatro capítulos. Não achou o livro ruim, mas sabe que não retomará a sua leitura. Sua especialidade nos últimos tempos : deixar os livros pela metade. Já tendo sabotado a sua programação, resolveu tomar uma última vodka-tônica, terminar de assistir a uma apresentação do Premeditando o Breque, no Sesc Pinheiros.
E essa bem poderia ser a introdução de mais um pequeno conto noturno, de mais um fracasso de Rubens. Mas não.
Quase quatro horas e meu filho abriu a porta que separa a sala do corredor que leva aos quartos e falou que achava que estava quente, que estava com febre. Ele que reclamara, durante o dia, de um desconforto na garganta. O nariz também escorria um pouco.
Tempos normais, nada de preocupante. Um resfriado comum, uma infecção de garganta. Antitérmico para o resfriado e para a infecção, caso viral; antitérmico e antibiótico, se bacteriana. Tempos de Peste Chinesa, os alarmes todos dispararam.
Medi a temperatura. 38,2º C. Em si, não chega a preocupar. Na razão dela poder ser, sim. Dei trinta gotas de dipirona e falei para ele ir se deitar. Logo, o remédio faria efeito. Pediu que eu deitasse com ele enquanto isso. Deitei-me e esperei ele dormir de novo. Em cerca de trinta minutos, ele estava com as faces frescas de novo.
Voltamos às aulas presenciais desde o começo de agosto, eu e meu filho de 12 anos. 
Eu uso máscara o tempo todo, passo álcool nas mãos regularmente, mantenho distância de todos; porém, a escola pública em que eu leciono não tem a mínima estrutura para seguir os protocolos básicos de segurança. Não possui pessoal de limpeza suficiente para a higienização antes das entradas, durante o intervalo e na troca de turnos (são apenas duas moças para limpar uma escola com vinte salas de aulas funcionando pela manhã, vinte à tarde e quatorze à noite). Não há sequer suficiente material de limpeza - o Estado só manda nova remessa em todo dia 30 do mês, acabe quando acabar. João Doria Calcinha Apertada ordenou que todos nós (os que já tivéssemos tomado as duas doses da vacina) voltássemos. Mas não fornece o mínimo para que a volta seja segura.
A escola em que meu filho estuda, da rede particular, tem pessoal, material de limpeza e equipamento para uma adequada higienização das entradas, intervalos e troca de turnos; porém, meu filho, tenho certeza, apesar das recomendações diárias, não mantém distância de nada. Até em brigas tem se metido nos últimos dias.
Dadas as considerações acima, acredito que tanto um quanto o outro possa ter se infectado com algo e trazido esse algo para casa.
Findo o efeito do antitérmico, a temperatura dele, ao longo do dia de ontem, ficou oscilando entre os 37,5 e 38º C. Não administrei remédio durante o dia, deixei o corpo dele brigando contra a temperatura. Antes de se deitar, estava em 37,2º C. Dei vinte gotas da dipirona só para garantir que a febre não subisse durante a madrugada. Garantir a ele um sono mais tranquilo. E a mim também.
Aconteceu que, ainda ontem, pouco depois do almoço, minha garganta também começou a raspar, meu nariz a escorrer e registrei 37,4º C de temperatura por volta das três da tarde. Antes de ir me deitar, ela continuava neste patamar. Também tomei umas tantas gotas de dipirona.
Ficara resolvido que nem eu nem ele iríamos à escola no dia seguinte, hoje. Procuramos médico e fizemos o exame para a peste chinesa. Minha esposa não está a sentir nada, nenhum sintoma; mesmo assim, também fez o exame.
O médico mediu minha pressão, minha temperatura (37,6º C), auscultou meus pulmões. Inquiriu sobre comorbidades, remédios de uso contínuo, alergia a algum fármaco e, finalmente, perguntou se eu havia tomado a vacina e qual fora. Não fez cara de pânico quando disse que tomara a vacina chinesa. Mas também não abriu um sorrisão. Fez cara de quem diz, melhor que nada, né? Em seguida, perguntou se eu costumava reagir bem quando tinha alguma doença, se eu tinha facilidade de responder à medicação e de me restabelecer. Ou seja, o que ele pareceu querer dizer, ou o que não conseguiu disfarçar para que eu não entendesse, é que, caso o resultado dê positivo para o vírus chinês, eu terei que contar muito mais com o meu bom e cada vez mais velho sistema imune do que com a vachina.
Hoje, segunda-feira, meu filho está com a temperatura normal desde manhã, o nariz já escorre menos e nem sente mais nada na garganta. Eu passei o dia todo com a temperatura entre 37,3º e 37,7º C, a coriza aumentou sensivelmente, a garganta não piorou nem melhorou e surgiu, ainda que muito esporadicamente, alguns espirros e tosse.
Os resultados dos exames saem em 48 horas. É aguardar.
Na melhor das hipóteses - a do exame dar negativo -, ganhei quatro dias de teletrabalho, longe do barulho e do cheiro da multidão; na hipótese intermediária, o exame dá positivo, os sintomas leves de uma gripinha não se agravam, eu me curo e ganho mais dez dias de teletrabalho (somando a necessária quarentena de 14 dias); na pior das hipóteses, serei aposentado; de tudo; em definitivo.

domingo, 26 de setembro de 2021

Mea Culpa do Marquês de Sade (Não um Arrependimento... não uma Retratação)

Desculpa.
Não sabia que te feria.
 
Ou antes :
Até sabia.
Mas pensava
- tu me davas todos os indícios -
Que gostavas de ser ferida
 
(gozavas repetidas vezes;
repetidas vezes, não posso ter me enganado)
 
Que gostavas da tua carne
Em carne viva,
Dos hematomas na bunda
E nas coxas,
Dos pôres-d0-sol draculescos
No teu pescoço.
 
Que gostavas
Da tua cara inchada,
Dos teus olhos roxos
Depois de uma surra da minha pica.
 
Que gostavas
Dos lóbulos das tuas orelhas
E das aréolas dos teus peitos
Quase que arrancados pelos meus dentes,
A pedido da tua língua
Quando eles se enroscavam
Na alcova fescenina das nossas bocas.

Que gostavas
Das lacerações no cu.
 
(gozavas repetidas vezes;
repetidas vezes, não posso ter me enganado)

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Boneca de Pano, Sabugo de Gente

Não bebo café descafeinado,
Não tomo cerveja sem álcool,
Não compro leite desnatado e sem lactose.
 
Não como pão sem glúten
Nem presunto com baixo teor de sódio
Nem carne de soja
Nem vegetais "orgânicos".
 
Não meto com bonecas infláveis.
 
De tristes simulacros,
De dublês canastrões,
Chega a minha profissão,
O meu ofício
Do qual não me restam nem os ossos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Eu, Papel Carbono

Antes
Eu
Simplesmente
Escrevia.
 
(e como e com que prazer, eu escrevia)
 
Hoje,
Tenho que pensar,
Que escavar fundos de gavetas
E de garrafas,
Que exumar velhas cartas e contos.
 
Hoje,
Tenho que me concentrar,
Me lembrar
De como eu escrevia
Para continuar a escrever.
 
(troquei a caneta pelo pantógrafo)
 
E torcer...
Torcer pra caralho
Para que não me percebam
Um whisky paraguaio,
Para que não me descubram
Uma falsa-coral sem peçonha,
Um bicho-pau broxa,
Um bicho-folha em branco.
 
Um papel carbono amarfanhado.

domingo, 19 de setembro de 2021

Nossa Ausente Marcha Nupcial

Que música tocava
Quando nunca nos beijamos,
Quando nunca nos adentramos,
Quando fomos para a cama apenas em nossos sonhos?
 
Nenhuma.
Me atinei disso só agora :
Não temos uma música para chamar de nossa.
 
Conhecemos milhares delas,
Mas nenhuma se dispôs
A servir ou de testemunha
Ou de  juiz de paz
Ou de marcha nupcial
Do nosso matrimônio para sempre adiado,
Da nossa comunhão excomungada.
 
Que triste.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Pandemia Gourmet (2)

Bactérias incubadas
- por sobrevivência,
por decreto de uma febre de 40,5 ºC,
ou de um antibiótico de quinta geração -
Desenvolvem algum tipo de consciência
Em seus tempos de recolhimento?
Deixam de ser bactérias
Quando as condições adversas
Se desfazem em fértil primavera?
 
Pois o mesmo se dá
(não se dá)
Com os seres humanos
Pós-pestes e pandemias.
 
Quase morrer
Não muda nada.

domingo, 12 de setembro de 2021

Um Sonho de Dois Gatos

Segundo o folclorista Neil Gaiman, num passado longínquo, felinos gigantes reinavam sobre a Terra, e os fracos e diminutos humanos eram suas presas e pasto. Até que, um dia, durante o sono, mil seres humanos sonharam com o mundo tal qual hoje o conhecemos. E ele foi remodelado. Portanto, para que a ancestral e imponente raça felina voltasse a reinar, bastaria que mil gatos sonhassem, ao mesmo tempo, com o mundo onde eram soberanos.
Enquanto o Sonho de Mil Gatos não acontece, o de dois é o que basta para se ir a levar a vida.

sábado, 11 de setembro de 2021

Pandemia Gourmet

A pandemia,
Arquitetada e teleguiada,
Da Peste Chinesa
Está pelo seu fim
(terei que me reacostumar, que readquirir a tolerância e os calos ao cheiro e às vozes de gente).
 
Está pelo seu fim,
Ou, pelo menos,
Teve os seus estertores finais
E o seu coma induzido,
Decretados e publicados em Diário Oficial
Pelas autoridades governamentais.
 
As mesmas que
Até ontem
Decretavam loquidaus.
E que,
Depois de terem nos inoculado com placebo,
Disseram : vão na fé.
 
Reclassificaram a Peste Amarela
Como uma "gripezinha", agora.
Como um outro, 
Talvez um visionário,
Talvez só menos hipócrita,
Dissera dela desde o início.
 
Bares, restaurantes e biroscas,
Academias, barbearias e salões de beleza,
Salões de festas de prédios e condomínios,
Voltaram a operar em capacidade máxima.
 
A tribo,
A tropa,
A turba
Voltou a se acarrapatar
Em volta das fogueiras paleolíticas,
Das churrasqueiras gourmets com wi-fi e bluetooth,
A bater seus tambores
Transgressores da Lei do Silêncio das 22 às 06 horas da manhã,
A compartilhar a cuia cheia de aguardente de mandioca,
A devorar,
De deixar a gordura escorrer pelos cantos da boca,
A coxa do inimigo
Assada na brasa
Enrolada em folha de bananeira,
A catar e a comer
Os piolhos uns dos outros.
 
O balanço de tudo,
O frigir dos ovos :
Morreu muito pouca gente,
Muito pouca gente,
Desgraçadamente,
Muito pouca gente.
 
Não foi o suficiente.
Ficou longe de.
 
A Morte, 
Antes pantagruélica,
Agora,
Pelo visto,
Deu também para só degustar. 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Democracia Para Quem Precisa, Democracia Para Quem Precisa de Democracia

Havia feito a autopromessa de que nada comentaria a respeito das manifestações do Sete de Setembro. Contudo, se eu não cumpro nem com as promessas que faço aos outros, que dirá com as feitas a mim mesmo. 
Não fiquei, é óbvio, o dia todo por conta de acompanhar os discursos de Bolsonaro e os mugidos prós e contras dos rebanhos verde-amarelos e vermelhos. Tenho mais o que fazer num feriado : cozinhar, tomar cerveja, ouvir uma musiquinha e ir dormir à tarde com o bucho cheio.
Vi pequenos e aleatórios instantâneos das manifestações. Ora pela CNN; ora pela Band News, ora pela Record News (onde descobri estar - ele, sim, um mito - o grande Heródoto Barbeiro), ora (mea culpa, mea maxima culpa) pela GloboNews.
Basicamente, supus que veria, ao longo do dia, transmissões das manifestações dos dois lados da mesma moeda, as a favor e as contra Bolsonaro. A compará-las numericamente. Que tentariam, sobretudo a GloboNews, contrapor imagens de manifestações pró-Bolsonaro de locais onde elas tivessem se dado de forma mais rarefeita com imagens de manifestações contrárias de lugares onde elas tivessem ocorrido de forma mais intensa. Comparar os lugares de menor adesão a Bolsonaro com os de maior rejeição a ele, para corroborar a sua queda de popularidade tão alardeada pelas pesquisas de intenção de votos para 2022.
Pois a grande mídia não teve nem mesmo como fazer essa comparação parcial e tendenciosa. Tão maciças foram as aglomerações pró-Mito e tão pífios e anêmicos os ajuntamentos vermelhos que não houve como negar ou minimizar os primeiros, nem como maquiar e otimizar os segundos. As transmissões do Sete de Setembro contradisseram total e cabalmente todos os resultados divulgados pelos tais Institutos de Pesquisa a respeito da queda de popularidade e da crescente rejeição ao governo Bolsonaro. E não estou dizendo que isso seja bom ou que seja ruim. Tão-somente foi o que se mostrou.
E creio que os milhares de pessoas nas ruas sejam um espaço amostral muito mais abrangente e significativo estatisticamente que as usuais duas mil, duas mil e quinhentas entrevistadas nas tais pesquisas.
Se não pode vencer o inimigo, junte-se a ele, certo? Porra nenhuma. Se não pode vencer o inimigo, desqualifique-o.
Foi o que restou à GloboNews e ao seu time de jornalistas, órfãos desmamados e viúvas dos governos Lula e FHC, desqualificar a vontade popular. O tempo todo - e foi algo que até ultrapassou o limite do ridículo - foi pisado e repisado que as manifestações verde-amarelas carregavam “pautas antidemocráticas”.
Não sei quem convencionou que democracia é manter uma população de mais de 200 milhões de habitantes refém de 513 parlamentares, ainda que sejam sequestradores, em tese, escolhidos por suas vítimas. Beeeeemmmm em tese : em 2018, apenas 27 parlamentares (5,26% da corja) foram eleitos apenas pelos próprios votos; os outros, a reboque do tal quociente eleitoral, votos da coligação e outras mumunhas. Ou seja, 94,74% não representam nem mesmo quem pensa diferente de você, caro leitor; só representam a si mesmos e aos interesses de seus partidos. Democracia? 
Ou, ainda, 200 milhões de reféns de uma malta de 11 juízes cujo maior mérito (se não o único) é serem apadrinhados de algum político.
Posso estar errado - e geralmente estou -, mas me parece que os ataques dos manifestantes verde-amarelos não sejam tanto às instituições democráticas, sim à canalhada que as compõe, e ao poder quase que absolutista dado a ela pela "Constituição Cidadã" do dr. Ulisses. Pessoalmente, não quero, de forma alguma, ver o STF ser dissolvido, mas que eu adoraria ver a exoneração dos 11 que atualmente o formam, isso eu adoraria.
Mas vá lá, vá lá que seja (e agora farei o papel que mais me agrada, o de advogado do diabo) : consideremos que vivamos, de fato, numa genuína democracia e que, por conseguinte, as passeatas pró-Mito apoiem "pautas antidemocráticas", como quer a GloboNews.
Será que ouvir, considerar e mesmo atender às "pautas antidemocráticas" de significativa parcela da população não seria praticar à risca o conceito da democracia? Não seria provar a legitimidade e eficiência do sistema, mostrar que o sistema funciona?
Será que se relevante fatia do povo não quer a democracia que aí se apresenta, essa fatia não deveria ser democraticamente ouvida e acatada? Será que a democracia que aí está, a fazer valer o seu nome, não deveria meter o rabinho por entre as pernas e pedir pra sair?
Será um ato democrático a democracia ser mantida e imposta a uma caudalosa parcela dos eleitores pela vontade e à força de pequenos grupos que dela se beneficiam?
Será a democracia tão democrática a ponto de aceitar que lhe rejeitem, nos moldes e nas mãos de quem hoje está?
Abaixo, respectivamente, sempre da esquerda para a direita, as manifestações contrárias a Bolsonaro (em defesa da democracia) e as favoráveis (as antidemocráticas, como quer a GloboNews).
em tempo : e onde estava o Lula, que não deu as caras? 
em tempo 2 : e, claro, que nenhuma manifestação da vontade de tanta gente, independente das pautas que defenda, pode ser chamada de antidemocrática; pelo contrário.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Pequeno Conto Noturno (87)

02:14 h. Toca o telefone (fixo) de Rubens. Ele não sabe por que mantém ainda essa linha.
- O tempo resolve tudo o que não fomos capazes de, Rubens, o que não quisemos, o que não pudemos, o que não tivemos coragem, o que julgamos a mudança não valer o esforço e as consequências - dispara Calíope.
- Bêbada e relendo Alice no País das Maravilhas, é? A questão é : quanto tempo?
Calíope ri do outro lado da linha. Rubens emborca o resto do rum já aguado e faz dançar as residuais pedras de gelo dentro da boca, com a língua. Antes, as trituraria entre os dentes, as moeria em seus molares, tentando tomar-lhes de volta a alma do rum que absorveram; hoje, melhor não arriscar seus dentes velhos e quebradiços; que a alma do rum se perca em parte, que evapore aos poucos; como a sua.
- O segredo é sabermos esperar, Rubens, mantermos como mantra que nada é para já, que amores serão sempre amáveis.
- Tempo, tempo, mano velho, falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio?
- Também acho ela um tesãozinho. Não acredita mesmo em contos de fada, né, Rubens?
- Só nas fadas.
Pede que Calíope espere um pouco na linha. Reabastece o copo com rum.
- O segredo é mantermos nossos corações de monges, platônicos e estóicos. Acha que seu coração aguentará esperar, Rubens, meu bem? Acha que seu coração aguentará o tempo necessário para que o tempo decida por você?
- Coração? O fígado, minha linda, é a minha preocupação.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Bolsonaro Dividia Rachadinha com Bombeiro

Como eu sempre digo por aqui, o chifre é a mais democrática de nossas instituições. O mais infraudável de nossos pleitos : você nem precisa ser candidato ao chifre para ganhá-lo. O mais imparcial e incorruptível de nossos Supremos Tribunais, até porque juiz monocrático e de um único veredicto : cumpra-se o chifre.
O chifre não distingue raça, cor, religião, classe social, grau de instrução, classe social, idade, orientação sexual, profissão, gênero musical ou posicionamento ideológico. A todos, ele contempla. Dele, ninguém escapa ou consegue se esconder. O chifre é pop. E o pop não poupa ninguém. Não existe quem não tenha sido ou seja corno; o que tem muito por aí é chifrudo desinformado.
O chifre, como vemos agora, não respeita nem hierarquia de poder político. Instalou-se, também e confortavelmente, no frontispício de ninguém mais ninguém menos que o Presidente da República. Sim, meus caros, o Mito, o Capitão, o Cavalão também é corno! E, depois, dizem que não adianta procurar chifre em cabeça de cavalão!
Segundo Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, ex-assessor da família Bolsonaro, em entrevista ao colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles, Bolsonaro foi corno, em 2007, de sua segunda mulher, Ana Cristina Siqueira Valle, que, supostamente era quem controlava o esquema das "rachadinhas" do gabinete da família Bolsonaro.
Aliás, foi corno, não. É corno. Continua a sê-lo. Pode até ser que não da atual consorte, mas uma vez chifrudo, sempre chifrudo. Que o chifre é imperecível, imprescritível e inalienável! É estigma indelével, feito marca de vacina da varíola. Carregamo-no pelo resto de nossos dias.
Se, por um lado, Ana Cristina controlava as rachadinhas da família Bolsonaro, por outro, não tinha o menor controle sobre a sua própria. Saía dividindo-a adoidada por aí.
De acordo com o ex-assessor, o Ricardão de Bolsonaro teria sido o bombeiro militar Luiz Cláudio Teixeira, contratado para fazer a segurança de Ana Cristina, que, sendo verídicos os relatos de nosso afrofolclore, deveria ter uma senhora duma mangueira, acoplada a um hidrante de fazer medo.
Bolsonaro dividia rachadinha da esposa com um bombeiro! Pãããããta que o pariu!!!!
"Papai, ai, que calor... calor na rachadinha!" Valha-me Santa Maria Alcina! Só bombeiro pode apagar, São Rei Roberto Carlos!
Descoberta a traição, Bolsonaro pediu o divórcio, e o controle do esquema das rachadinhas foi delegado aos filhos. Ou seja, por não controlar a sua rachadinha, Ana Cristina perdeu o gerenciamento das rachadinhas.
E não foi a primeira vez que Bolsonaro foi corno. Foi cornucupiado também por Rogéria, sua primeira esposa e mãe de grande parte de sua prole, Flávio, Carlos e Eduardo. Pelo visto, o Capitão nasceu vocacionado para o nobre ofício da galhada.
Em 1987, ainda na Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (Esao), da Academia Militar das Agulhas Negras, ele foi chamado de "marido enganado" em um memorando espalhado por seus colegas de armas. Mui amigos.
No memorando, de o1 de dezembro de 1987, os colegas dão um "toque" no capitão. 
"Ao cap Bolsonaro : exemplo começa em casa. 
Ao invés de tentar denegrir a imagem do "EB" e tentar se tornar líder e portador da voz de todos os companheiros de nossa ESAO, dou-lhe as seguintes sugestões : 
1 - procure averiguar os passeios de sua esposa (Rogéria) com a prostituta da Magda (esposa do major Moraes) nas casas de programa e nas festinhas de embalo que essas compareciam durante o dia;
2 - procure averiguar com quem sua esposa sai durante as tardes de aula na faculdade Castelo Branco;
3 - procure averiguar por onde a mesma andou (motéis) durante as tardes que você estava nos exercícios da ESAO, em Campinas, Rondonópolis e Brasília"
E o memorando segue por essa linha, pede que Bolsonaro averigue as festinhas da faculdade de que sua esposa participa, que ele verifique quem é o professor preferido dela etc. Não sei se a foto que postei está das mais legíveis, mas compensa forçar um pouco as "vistas" para ler os outros avisos ao "marido enganado".
E o chifre já começa a render negativos dividendos à popularidade e à pré-campanha para 2022 de Bolsonaro. Que o povo perdoa e esquece quem rouba, mas não esquece quem leva um chifre. Presidente ladrão, chefe de quadrilha, sim! Corno, não!
Em Santa Cruz do Capiparibe (PE), às corriqueiras frases de repúdio ao mandatário da nação - Fora Bozo; Fora Genocida -, juntou-se a de "Fora Corno"!
Diante de tal e premente questão de segurança nacional, quiçá de risco à nossa soberania, analistas, articulistas e especialistas em chifre começam a ser ouvidos.
Segundo a análise técnica, praticamente forense, do cantor brega Falcão, um de nossos maiores e mais respeitados chifrólogos, Bolsonaro "é um corno que não é ainda esclarecido", "que não está sabendo administrar o chifre". De acordo, ainda, com o autor da canção "Todo Castigo Pra Corno é Pouco" - um verdadeiro tratado sobre o assunto -, a falta de habilidade de Bolsonaro em lidar e superar o chifre, "inclusive, será o motivo da queda dele, brevemente".
É o chifregate!!! Que cada país tem o Nixon que merece!!!
Pãããããããta que o pariu!!!!!!

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Cerveja-Feira (43)

Se Jair Messias Bolsonaro será reconduzido pelas inauditáveis urnas eletrônicas ao trono do Palácio do Planalto, eu não sei. Nem mesmo me arrisco a um prognóstico. É uma tenebrosa incógnita. Uma realidade futura que, talvez sim, talvez não, se incorporará à essa nossa linha temporal.
O que temos para agora, o que há de fato, é que Bolsonaro acaba de ser reeleito para estrelar mais uma postagem da infame seção Cerveja-feira. Reeleito por voto aberto, oral, majoritário e único : o meu. Bolsonaro é a primeira personalidade a figurar pela segunda vez na cerveja-feira. É bicampeão da cerveja-feira.
E para ela foi reeleito por motivo dos mais nobres e caros à bancada da cevada e da barriga. O Mito vetou o aumento dos impostos que já incidem cruelmente sobre a cerveja, impediu que a frígida loirinha fosse sobretaxada.
A notícia é velha, de janeiro de 2020, e sei que, possivelmente, muitos de vocês tenham sabido dela à época. Eu só tomei conhecimento há dois dias. A notícia é velha, mas sair em defesa e proteção dos direitos e dos interesses da população é ação que não envelhece, é imperecível. Não prescreve nem caduca em nossa memória caduca..
Deu-se que Paulo Guedes, ministro da Economia, quis criar o "imposto do pecado" para certos produtos. Produtos que, não bastassem ser supérfluos, ainda são nocivos à saúde : fumo, álcool e açucarados.
Supérfluos para quem, cara-pálida? Maléficos a que saúde, a do corpo ou a da alma?
Deve ser um abstêmio dos mais recalcados, esse Paulo Guedes. Não só de álcool e fumo como também de açúcar, essa subestimada, porém, poderosíssima droga. Pela longa convivência (sempre virtual) que tenho com Jotabê, o Matusalém do Blogson Crusoe, abstêmio de álcool, mas um adicto de leite com Toddy, tenho constatado, pelo que ele escreve e pelo que eu escrevo, que, muitas vezes, o açúcar deixa o cara tão despirocado e sem noção quanto a vodka.
À proposta de Guedes sobre o "imposto do pecado", o Messias foi categórico, curto e grosso : "Paulo Guedes, desculpa, você é meu ministro, te sigo 99%, mas aumento de imposto para cerveja, não".
Mito! Mito! Mito!
Aproveitarei também a postagem para desmentir uma fake news concernente ao tema em questão, a cerveja, lançada contra o Cavalão. Uma desmedida e descabida calúnia com vistas a mais combalir a sua periclitante popularidade. Mais recente, essa fake news, julho de 2021.
Blogs e jornalecos canhotos noticiaram : "Bolsonaro vai acabar até com a cerveja dos brasileiros". Informaram que um decreto assinado por Bolsonaro havia tornada nula a cláusula que estabelece (no Brasil) uma permissão e um limite de 45% de cereais não maltados (sobretudo o milho) em substituição ao malte da cevada. O que torna a cerveja mais barata e, supostamente, mais leve e refrescante, mais adequada ao "nosso" clima.
Com a revogação desta cláusula limitadora, Bolsonaro estaria liberando geral a quantidade de cereais não maltados na cerveja.
Mesmo o site Poder 360, de caráter mais moderado, de centro-direita ao que me parece, deu a fake news, mas logo a retirou e a desmentiu.
O limite de 45% de cereais não maltados não foi alterado pelo decreto, continua firme e forte. O que o decreto passou a permitir foi também a inclusão de outros ingredientes, que, antes, descaracterizavam legalmente como cerveja a bebida que os contivesse em sua composição, como, a exemplos, mel, suco de frutas, chocolate, café, leite etc, e as classificava como "bebidas mistas". 
A partir deste decreto, a lei passa também a reconhecer como cerveja qualquer fermentado de cevada e lúpulo cuja formulações incluam esses ingredientes alienígenas. Os 45% de não maltados continuam vigorando.
Ainda a justificar a reeleição de Bolsonaro para o cerveja-feira, e a quem interessar possa, o Mito, desde 2018, possui o seu próprio rótulo de cerveja, a Mito.
A cerveja Mito, disponível nas versões lager, red lager (não deveria ser green & yellow lager?) e schwarzbier, é produzida pela cervejaria Vapor Negro, de Nova Petrópolis (RS), e tem uma tiragem modesta, praticamente regional, de 10 mil litros mensais.
Aliás, quem tiver a oportunidade de viajar ao sul do país, visite Nova Petrópolis, cidadezinha de colonização alemã na Serra Gaúcha, próxima a Gramado. Visite o Parque do Imigrante e seu belo lago, que, no inverno, exibe cerejeiras em flor em suas margens. Uma paisagem de cartão-postal. De quebra-cabeça de cinco mil peças da Grow. Tomem uma ou várias cervejas a contemplá-lo. Pode até ser uma Mito.
A cerveja, não, Guedes! A cerveja, não!

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Dom Bolsonaro I

Dom Bolsonaro I, em uma cavalgada em Uberlândia (MG), onde esteve ontem para a inauguração de um Complexo de Captação e Tratamento de Água. 
 
"Não tenham medo!"
“Creio que nós vamos mudar o destino do Brasil. Não será levantando uma espada acima e proclamando algumas palavras. No passado, foi assim. Hoje, pela complexidade do que está em jogo em nossa nação, será um pouco diferente."
 
Independência ou Morte, teria ainda dito o Mito.