quinta-feira, 28 de novembro de 2019

TRF-4 Enfia Mais 17 Anos de Cadeia no Cu do Sapo Barbudo

A indômita turma do TRF-4 de Porto Alegre enfiou mais 17 anos de xilindró goela abaixo e toba adentro do Sapo Barbudo! Mais uma condenação em segunda instância para o maior ladrão de cofres públicos da história do Brasil e do planeta.
O inquebrantável TRF-4 não só negou o pedido cara de pau da defesa de Lula para anular a condenação em primeira instância dada pela bela juíza Gabriela Hardt, a Sérgio Moro de saias, no caso do Sítio de Atibaia, como foi além, aumentou a pena do Seboso de Caetés, de 12 anos e 11 meses para 17 anos, 1 mês e 10 dias. Lascou mais quatro anos de pena no toba arrombado do Seboso.
A decisão foi unânime! Decisão que se faz exceção à regra Rodrigueana de que toda unanimidade é burra; foi inteligentíssima, neste caso.
Lula só permanece livre por conta da canalhice da máfia de Toga, o STF, que contradisse e anulou a decisão tomada pelo próprio STF há três anos, que previa a prisão de condenados em segunda instância. Só pela safadeza dos paus mandados que Lula e o PT colocaram no STF durante seus governos é que o Nove-Dedos ainda está livre.
Mas, acredito, que logo isso será resolvido. Tramita, manquitola e claudica,  pela Câmara e pelo Senado, um projeto de lei que, se aprovado, estabelecerá, de uma vez por todas, a prisão após condenação em segunda instância. Uma vez aprovado o projeto, o Barbudo volta pro xilindró. Se não pelo caso do Triplex, cujo um sexto da pena ele já cumpriu, sim, dessa vez, pelo caso do Sítio de Atibaia. E Lula ainda é réu em mais sete processos. Honestíssimo o ídolo dos sociólogos, dos professores de História e Geografia e outros vermelhoides afins.
Lula é um fóssil politico! Um dinossauro, um mamute! Não há razão para a sua volta. Sua figura agora só é cabível num museu e nos livros de história, como o maior saqueador dos cofres públicos do planeta. Lula morreu politicamente e se esqueceu de deitar. Só não apodreceu ainda por completo porque está curtido em álcool e porque tem o ego abastecido por toda a canalhada e a jumentalha que o segue e o idolatra.
É Lula Preso!!! Que lugar de criminosos condenados, uma vez que a Constituição não prevê mandá-los para o cemitério, é na cadeia!!!

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Bingo, o Rei dos Coringas

Querem mesmo um palhaço psicótico e transgressor, um palhaço do caralho? Querem mesmo um puta de um drama e não um melodramazinho de sessão da tarde e de novelinha global das seis? Querem sangue, som e fúria verdadeiros?
Pois mandem o Coringa de Joaquin Phoenix à merda.
Querem a loucura pura, nua, crua e sem justificativas nem autopiedade?
Bingo, meus caros, Bingo, o rei das manhãs.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Destilado de Merda

Um elefante adulto pode comer uma média de 100 a 150 kg de folhas, frutos e flores por dia. E, se forem tempos de chuva, época de fartura e opções de cardápio na savana, ele escolhe seu alimento à tromba - que é órgão com sensibilidade olfativa centenas de vezes maior que a nossa -, come só as folhas mais novas, tenras e suculentas, só os frutos mais maduros, enfim, só o filé!
Porém, menos de um terço de toda essa enormidade de alimento é totalmente digerido por ele. Quase 70% do que ele comeu saem semidigeridos nas fezes. Ou seja, o estrume do elefante é material rico em nutrientes, e, dada à criteriosa seleção feita pelo animal, podemos mesmo dizer que é uma bosta gourmet
Então, um sujeito, um ser humano à toa, olhando e sabendo de tudo isso, pensa : por que não me valer de todo o trabalho de seleção e coleta do elefante, por que não reaproveitar as ervas, as flores e os frutos não digeridos da merda do bicho?
Foi o que fizeram Paula e Les Ansley ao ficarem sabendo sobre o processo digestivo do elefante através de um guia durante um passeio a um parque nacional da África do Sul.
O casal resolveu reaproveitar o esterco elefantino, dar-lhe um novo destino. Criou um gin feito de merda! "Por que não deixamos os elefantes fazerem o trabalho duro de coletar todos esses vegetais para fazermos gin com isso?", disse Paula Ansley.
Primeiro, o estrume é lavado, seco e esterilizado; depois, os vegetais não digeridos são extraídos dele e infundidos em gin, para que o álcool sequestre e guarde o melhor de suas essências herbais, florais e frutadas. Então, nem é verdadeiramente um destilado de merda, a merda só entra para melhor compor o bouquet do gin, está mais para um chá de bosta, um tintura de cocô.
"O gin é delicado, amadeirado, quase picante e terroso, capta o espírito mais selvagem da África", descreve o seu produto Les Ansley, que coleta manualmente, junto com sua esposa, as fezes dos elefantes. Terroso, tenho certeza de que ele é. O elefante solta o maior barro e o casal Ansley vai lá e recolhe.
O bouquet da bebida, dizem seus idealizadores, pode apresentar pequenas variações de acordo com o tipo de alimento que o elefante tem disponível em cada época ou estação do ano. A bebida, portanto, apresenta notas de sazonalidade em seu bouquet
Estão pensando o quê? Merda também tem terroir!
O rótulo traz, ainda, informações sobre a safra da merda, traz a data e o local de coleta. Uma garrafa de 750 ml do Gin Indlovu sai pela bagatela de US$ 70,00. Quase 300 dos nossos desvalorizados reais.
E, depois, tem gente que diz que as cervejas boas e baratas que eu tomo é que são uma merda.
Muito a contragosto - muito mesmo - sou obrigado a concordar, neste caso e só neste caso, com o cocainômano, comedor de merda e de mãe e mamador de falos cubanos Sigmund Freud. O ser humano tem mesmo uma fixação anal. Tem verdadeira obsessão e fascinação pelo cu. Por tudo que lhe diga respeito, por tudo que possa ou entrar ou sair dele.
Digo isso porque o gin não é um caso isolado de produto gourmet derivado do cu de outro animais.
O mais famoso deles é o café Kopi Luwak da Indonésia, o mais caro do mundo, feito a partir de grãos de café cagados do cu da civeta, o simpático bichinho aí abaixo.
A civeta, que a exemplo do elefante, também tem rígido controle de qualidade do que come, só se alimenta dos melhores frutos do cafeeiro, só dos  mais maduros e adocicados. A civeta beneficia o fruto da café como faria uma fábrica : ao comê-lo, retira-lhe a polpa e a casca, defecando apenas os grãos já "limpinhos; grãos que, ao longo dos intestinos da civeta, sofrem a ação das bactérias e das enzimas digestivas do bicho, que interagem quimicamente com eles, mudam-lhes certa propriedades e conferem-lhes um gosto peculiar, exótico e único.
A civeta faz todo o trabalho para o ser humano, só não torra os grãos, porque é animal espada e não queima a rosca.
O quilo do Kopi Luwak pode atingir o valor de US$ 2.800,00, mais de dez mil reais, segundo o site Grão Gourmet, em cotação de janeiro de 2019.
No Brasil, há um similar do Kopi Luwak, o Café Jacu, produzido pela Fazenda Camocin, na reserva florestal da Pedra Azul, no município de Domingos Martins (ES). Na Fazenda Camocin, a civeta é substituída pela ave Jacu e o processo que se segue é o mesmo. A ave aí abaixo.
Ainda que muito mais barato que seu concorrente indonésio, o preço do café Jacu não é café pequeno : R$ 700,00 o quilo, segundo o site da própria Fazenda Camocin.
Isso sim é que é dar valor ao cu!!!
São todos produtos refinados, sofisticados, afrescalhados e gourmets.
Custam os olhos da cara. Ou, nesses casos, o olho do cu!
Pããããããta que o pariu!!!!

sábado, 23 de novembro de 2019

JOaKin : Achei uma Bosta!!!

Já aos primeiros comentários a respeito, não simpatizei com ele, o Coringa, o Joker de Joaquin Phoenix, o qual passarei a chamar, pejorativamente e para diferenciá-lo dos outros verdadeiros Coringas, de JOaKin.
Soube, via primeiras críticas que me caíram aos olhos, que haviam mudado e mexido em sua origem; agora, depois de assisti-lo, digo que chafurdaram em sua origem.
Não se mexe em um clássico! Pode-se até, de tempos em tempos, dar-lhe uma renovada, uma repaginada, como diriam os afrescalhados de plantão. Pode-se acrescentar novos elementos à história e à mitologia do personagem, mas não mexer no básico. Pode-se criar e contar histórias nunca contadas, adicionar ao clássico adereços e penduricalhos, histórias de bastidores nunca reveladas; enfim, de tempos em tempos, pode-se dar ao clássico uma nova roupagem. 
Uma nova roupagem, uma nova vestimenta, um novo verniz, uma nova superfície. Nunca, jamais, em tempo algum, no entanto, mudar-lhe o cerne, o âmago, a quintessência. E que maior pedra angular do personagem que a sua origem?
Mexer na origem é matar o clássico, é parir outro personagem, ainda que insistam que é o mesmo. Não é. Outro homem tivesse engravidado a sua mãe, ou, nem precisaria ter sido outro homem, outro espermatozoide de seu pai, dentre os milhões possíveis, tivesse fecundado o óvulo que lhe deu origem, você seria você? Não. Não seria.
Não fui ao cinema assistir a JOaKin, quando de seu lançamento. Não suporto aglomerações humanas; cinemas, os quais muito já frequentei, hoje me causam sufocamento e claustrofobia. Assisti ao filme ontem. Baixei-o da internet. Com boas qualidades de imagem, som e legendas. Só não com boa qualidade de filme. Mas, aí, a culpa não é dos valorosos piratas e ripadores deste nosso Brasil dantes mais varonil.
O JOaKin não é o Joker, não é o Coringa. Em nenhum momento das excruciantes duas horas de filme, vi o Joker em JOaKin. Vi um sujeito desequilibrado, transtornado, psicótico e cheio de autopiedade. Mas e o Coringa, onde estava? Em nenhum lugar.
Para começar, o JOaKin não foi dado à luz da loucura do mundo por conta da queda e imersão em um tanque cheio de um gosmento produto químico, do qual emergiu tantã e lelé da cuca e já, e em definitivo, com a pele descolorida e branca, os cabelos verdes e os músculos faciais ligados à boca deformados, irreversivelmente, na forma de um perpétuo sorriso - como foi estabelecido e sacramentado por Bob Kane, Jerry Robinson e Bill Finger e, depois, fielmente acatado e reproduzido por Tim Burton e Jack Nicholson.
O JOaKin nasceu e enlouqueceu a partir de uma sucessão de percalços e de desgraças pessoais que se abateram sobre a vida de um tal de Arthur Fleck (de onde tiraram a porra desse nome?), um comediante fracassado de stand up. O mundo foi batendo, batendo em Arthur - como bate em todos nós - até que, num belo dia, ele quebrou. E surgiu o JOaKin. O JOaKin surgiu da inabilidade de Fleck em revidar, ou, ao menos, absorver, as pancadas que o mundo nos dá cotidianamente. O JOaKin pinta os cabelos de verde com tintura Wellaton, maquia a cara com pasta d´água e desenha com batom o deformado sorriso.
Origem de merda. Plágio do caralho. História muitíssimo melhor contada, inclusive, no inigualável Um Dia de Fúria (1993), dirigido por Joel Schumacher e estrelado por Michael Douglas, um outro clássico. Exponencialmente melhor contada.
Sem contar que entra por uma linha de pensamento muito da mal-intencionada, que se propõe a justificar o porquê do sujeito ter se tornado um bandido, um assassino, que se propõe a transformar o canalha em vítima, em coitadinho, em produto do seu meio, que se propõe a granjear e a promover a simpatia e a empatia da sociedade - a verdadeira vítima - para com o seu algoz. Quantos não passaram pelas mesmas, ou piores adversidades, e se mantiveram íntegros?
Daí em diante, como não podia deixar de ser, o filme só piora.
O JOaKin ri desbragada e desrespeitosamente frente a situações não tidas como engraçadas, tidas como sérias, cruéis, trágicas, repulsivas e assustadoras - exatamente igual ao Joker. Mas não ri, diferentemente do Joker, porque acha graça delas, não ri devido ao seu peculiar senso de humor, que vê e extrai comicidade da calamidade e do caos. O JOaKin ri desbragada e desrespeitosamente, simplesmente, porque não consegue deixar de rir.
Inventaram lá para o JOaKin uma condição médico-psiquiátrica que lhe estoura o riso a qualquer momento, em qualquer lugar, em qualquer situação, sem aviso nem contenção possível : irrefreável, angustiante. Inventaram lá para o JOaKin uma espécie de Síndrome de Tourette, que faz jorrar um vomitório de gargalhadas ao invés de palavrões, insultos e xingamentos.
O riso louco do Joker é desbragado, desrespeitoso e, sobretudo, prazeroso, muito prazeroso, um orgasmo histriônico para o Coringa. O riso insano do JOaKin é desbragado e desrespeitoso, porém, torturante para ele. Não há nenhum prazer na risada do JOaKin; há angústia e consternação, mesmo remorso e culpa. Mais uma vez, querer fazer o bandido de vítima?
E a cereja deste bolo de merda : há a tentativa de estabelecer um grau de parentesco, um vínculo consanguíneo entre o JOaKin e o Batman; no caso, o jovem Bruce Wayne, à época em que se passa o filme. Há a tentativa de fazê-los irmãos de sangue. Meio-irmãos, por parte de pai.
Há, e sempre houve, nos quadrinhos, uma relação estreita, simbiótica e indissociável entre o Coringa e o Batman, como fossem as duas faces do mesmo dólar de prata, como se a existência de um houvesse convocado e justificado e fosse condição sine qua non para a existência do outro. Jack Napier, assaltante pé de chinelo, caiu no tanque de produtos químicos ao tentar fugir do Batman, e se tornou no Coringa; pode-se dizer que Batman o criou. 
Há versões que dizem que foi Jack Napier, em uma tentativa desastrada de assalto, quem matou Thomas e Martha Wayne, os pais do jovem Bruce Wayne, trauma que levou o menino a jurar, sobre os corpos dos pais, que dedicaria sua vida ao combate ao crime, e tornou-se o Batman; pode-se dizer que Jack Napier criou o Batman, que iria recriá-lo como Coringa.
Sempre houve, entre os dois personagens, essa relação estreita, essa codependência de suas origens. Mas irmãos? Ora, vão à merda.
Segundo o filme, Arthur Fleck é filho bastardo de Thomas Wayne, pai de Bruce, concebido na época em que a mãe do futuro JOaKin trabalhava como empregada na Mansão Wayne. Ao longo do filme, tal ligação consanguínea, confidenciada, às portas da morte, pela mãe a Arthur, é desmentida por Thomas Wayne, que conta a Arthur que a mãe era uma psicótica com delírios sobre a realidade, que estivera, quando Arthur era criança, internada no Asilo Arkham e tal. E que Arthur nem era filho legítimo da própria mãe, que havia sido adotado por ela. E tirou, Thomas Wayne, o seu cu fidalgo da reta da paternidade de Arthur.
JOaKin vai investigar os desmentidos de Wayne. Vai ao sanatório Arkham e tem acesso a documentos e registros que comprovam a versão de Wayne. Mas vai saber? Não poderia, Thomas Wayne, o homem mais poderoso financeira e politicamente de Gotham, ter a tudo forjado para não reconhecer o bastardo? Para alguém com seus recursos, nada mais fácil que ter comprado psiquiatras que lavrassem laudos falsos a respeito da saúde mental da mãe de Arthur Fleck. Nada mais fácil que ter comprado a cumplicidade de médicos e enfermeiros e internado à força o seu caso extraconjugal. Nada mais fácil que ter submetido a moça a sessões de eletrochoques e, quiçá, a uma lobotomia. Nada mais fácil que obter um certificado falso de adoção. A ideia do parentesco foi lançada e, ainda que desmentida, ficou a pairar no ar. Talvez para ser usada numa futura sequência do filme. Que, garanto e adianto, não verei nem sob tortura.
Transformar a rivalidade de Coringa e Batman numa eterna rixa de ódio entre irmãos? Acho que esta história também já foi contada. Salvo engano, os nomes dos irmãos eram Caim e Abel e ela figura na tal da Bíblia, livro de questionável qualidade literária. 
Um conselho : se querem brigas entre irmãos e, assim como eu, preferem os quadrinhos à Bíblia, fiquem com Thor e Loki.
Onde está o grande filme do ano? A película tão incensada pela crítica especializada? E, a pergunta mais relevante de todas, onde está o Coringa, o Joker? Não está. Não o vi. Vi o JOaKin.
Para mim, Coringa por Coringa, foi muito mais Coringa, e tem muito mais o meu respeito, o Cesar Romero, da icônica e avacalhada série Batman, de 1966. Aquela do Pow!, Zap!, Sock!, Biff!, Kapow!

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

É a Podridão, Meu Velho (20)

- O que procuras, velho?
Me pergunta a Madrugada,
Me tirando do semissono,
Do cochilar na cadeira em minha sacada,
Quase me fazendo derrubar a caneca de cerveja.
- Procuro ver uma estrela cadente, há tempos que não vejo tais vagalumes siderais.
- Mentira, velho!
Diz a Madrugada.
- Procuro por inspiração, ideias para um novo texto, um novo conto, um novo poema... para mudar de profissão.
- Mentira, velho!
- Procuro a tranquilidade e a clareza da falta de luz, o ronronar dos decibéis, o trânsito sem buzinas e semáforos dos gatos vadios.
- Mentira, velho!
- O que procuro, me dizes, pois?
- Não procuras por cometas, por ovnis, por embriões de livros, por novos rumos nem pelo sorriso dos gatos de Alice.
- Procuro pelo quê, então, já que és tão sábia e cheia de si?
- Procuras, velho, por uma nova paixão!
- E se for? E caso seja?
- Vá dormir, velho! Não perca o seu tempo, que é tão pouco; nem o meu, que é infinito.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Dores Fantasmas e os Outros Nomes da Saudade

Eu acredito em fantasmas. Nos meus. Aos dos outros, eu tento dar explicações ou científicas, ou psicológicas, ou digo que é tudo superstição e crendice. E em dor fantasma? Só na dos outros?
A dor fantasma, ou a Síndrome do Membro Fantasma, é a percepção de sensações, principalmente dor, em um membro que foi amputado. Um braço, por exemplo, não está mais lá, já era, mas o amputado segue a senti-lo doer como se íntegro estivesse e parte de seu corpo ainda fosse,
Coisa de louco, não? Sim. Tanto que os mais rotineiros tratamentos que se aplicam ao indivíduo com dor fantasma são à base de antidepressivos e antipsicóticos usados para esquizofrenia.
Mas e se a dor não for em o membro amputado, embora assim possa parecer? E se a dor for pelo membro amputado? E se a dor for pela perda do membro? For pela falta?
Aí, não é dor fantasma; aí, é dor pelo fantasma, pelo defunto, pelo que se foi, ou se perdeu, ou nos abandonou.
Aí, não é dor imaginária. Aí, é saudade. É dor real. Que qualquer fingidor pode deveras sentir.
E como dói a danada. A dor pelo fantasma já foi prevista e descrita pelo Chico : "que a saudade dói latejada, é assim como uma fisgada no membro que já perdi".
A dor pelo que nos foi alijado não é fantasma nem imaginária. É concreta e áspera. É real, mesmo que o objeto que a invoca não mais o seja, ou não esteja ao nosso alcance, que exista apenas em nossa imaginação.
Dor fantasma? Só se forem as vossas. Cada qual que diga apenas da sua. Deixemos que o amputado diga da dele, que a dor é dele e de mais ninguém.
Meu peito é um casarão vitoriano mal-assombrado por dores fantasmas. Todas as noites. Como dizer alguém pode que os vagidos e os arrastares de correntes, que muitas vezes não me deixam dormir, não são reais?
Saudade, meus caros, saudade. Dor fantasma é um outro nome que se dá para a saudade. Para a saudade dos outros.
E além do Chico, muito bem sabem disso os tribalistas Marisa Monte e Arnaldo Antunes.
De mais ninguém 
(Marisa Monte/Arnaldo Antunes)
Se ela me deixou, a dor
É minha só, não é de mais ninguém
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor
Se ela preferiu ficar sozinha
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou a dor é minha
A dor é de quem tem

É meu troféu, é o que restou
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor
Eu tenho a minha dor
A sala, o quarto, a casa está vazia
A cozinha, o corredor
Se nos meus braços ela não se aninha
A dor é minha

Se ela me deixou, a dor
É minha só, não é de mais ninguém
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor
Se ela preferiu ficar sozinha
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou
A dor é minha
A dor é de quem tem

É o meu lençol, é o cobertor
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor
Eu tenho a minha dor
A sala, o quarto
A casa está vazia
A cozinha, o corredor
Se nos meus braços
Ela não se aninha
A dor é minha, a dor
Para ouvir a canção, é só clicar aqui, no meu poderoso e dolorido MARRETÃO.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(50)

Vou chorar, desculpe, mas eu vou chorar... perdoe o meu coração. E quando vem a lucidez, estou sozinho outra vez, e então eu volto a conversar com minha tristeza...
Pããããta que o pariu!!!! Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...
Desculpe, Mas Eu Vou Chorar
(César Augusto)
As luzes da cidade acesa
Clareando a foto sobre a mesa
E eu comigo aqui trancado
Nesse apartamento

Olhando o brilho dos faróis
Eu me pego a pensar em nós
Voando na velocidade
Do meu pensamento

E saio a te procurar
Nas esquinas, em qualquer lugar
E às vezes chego a te encontrar
Num gole de cerveja

E quando vem a lucidez
Estou sozinho outra vez
E então eu volto a conversar
Com minha tristeza

Vou chorar
Desculpe, mas eu vou chorar
Não ligue, se eu não te ligar
Faz parte dessa solidão

Vou chorar
Desculpe, mas eu vou chorar
Na hora em que você voltar
Perdoe o meu coração

E saio a te procurar
Nas esquinas, em qualquer lugar
E às vezes chego a te encontrar
Num gole de cerveja

E quando vem a lucidez
Estou sozinho outra vez
E então eu volto a conversar
Com minha tristeza

Vou chorar
Desculpe, mas eu vou chorar
Não ligue, se eu não te ligar
Faz parte dessa solidão

Vou chorar
Desculpe, mas eu vou chorar
Na hora em que você voltar
Perdoe o meu coração.

Para ouvir a canção, em "trieto" com o finado Leandro (que o capeta o tenha) e com dois dos maiores comedores do Brasil, dois dos maiores machos das antigas, Leonardo e o imbatível Fábio Jr, é só clicar aqui, no meu poderoso e lacrimoso MARRETÃO.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

A Bíblia é a Nova Enciclopédia Barsa

Para quem, assim como eu, achou, nem direi absurda, uma vez que, dentro da realidade brasileira, ela tem lá sua coerência, mas lamentável e preocupante a aprovação da lei do deputado evangélico Vavá Martins, que permite que igrejas captem subsídios da Lei Rouanet para a realização de seus eventos, lei originalmente pensada para o fomento e o incremento da cultura, especialmente destinada a músicos, atores etc em início de carreira e/ou sem a notoriedade que os permita angariar recursos por conta própria, saiba que a situação ainda pode piorar muito.
Saibam, ó vós, que consideram (e com razão) alarmante o recrudescimento do pensamento místico, religioso e fanático em nossos parlamentos, Câmara e Senado, e sua possível e provável imposição através de leis nada laicas, saibam, ó vós, que temem pela implantação oficial do obscurantismo sobre a lógica e a ciência, que, em relação aos sobrinhos evangélicos do Tio Sam, a nossa hedionda bancada evangélica ainda está a engatinhar. Que ainda há muito a piorarem as coisas por aqui.
Em 13 de novembro do corrente ano de Nosso Senhor, a Câmara dos Deputados de Ohio (EUA) aprovou a chamada "Lei das Liberdades Religiosas dos Estudantes", por 61 votos contra três.
A lei permitirá que os alunos respondam a toda e qualquer questão, de toda e qualquer disciplina, com base em suas religiões, mesmo que estejam errados cientificamente. E o professor terá de acatar as respostas como corretas.
Assim, se o cordeirinho de Deus responder que a Terra tem cerca de 6 mil anos, como quer a Bíblia, ao invés dos 4,5 bilhões de anos como diz a ciência com base em sólidas evidências, o professor terá que lhe dar uma nota 10. Se ele responder que a humanidade surgiu de Adão e Eva, nota 10 com louvor, medalha e foto no mural da escola. Se ele disser que homens e dinossauros foram contemporâneos no planeta e que a extinção dos grandes lagartos se deu porque eles não conseguiram um lugar na Arca de Noé, será aprovado com louvores e encaminhado diretamente para Harvard.
Os trabalhos escolares de pesquisa também poderão ser feitos de acordo com os dogmas religiosos de cada um. Se o aluno usar a Bíblia, ou o livro de Mórmon, ou a revistinha Sentinela, como fonte de pesquisa, ao invés da Barsa (sou velho pra caralho), o seu trabalho também deverá ser considerado correto. Também autoriza que espaços da escola sejam utilizados para encontros religiosos e proselitismos e arrebanhamento de novos idiotas.
A lei ainda precisa passar pelo Senado estadunidense, o que o fará sem maiores percalços, visto ser este composto por maioria republicana.
Lembrou-me de um caso que se deu comigo em 2004, ou 2005. Uma questão dizia que um acidentado chegou a um hospital precisando de uma transfusão sanguínea e eram fornecidos o tipo sanguíneo do acidentado e quantidade de litros de sangue de cada tipo disponíveis no hospital. A questão exigia que o aluno dissesse quais eram as transfusões possíveis, e os porquês, e as que não eram possíveis, e os porquês. Uma aluna respondeu : nenhuma transfusão seria possível, nenhuma é permitida por Deus, e citou até o versículo que vetava tal prática, acho que do livro dos Levíticos. Na época, tasquei-lhe uma sonora nota vermelho-sangue e ficou por isso mesmo. Hoje, será que ficaria? Em Ohio, não.
Dia desses, disse aqui que Idade Média pouca é bobagem, a querer dizer que antevejo uma  nova idade média do pensamento humano, um novo período de breu da razão, em virtude, dentre outros fatores, das novas tecnologias idiotizantes e do advento das religiões mais fundamentalistas.
Vejo, agora, diante dos fatos daqui e de Ohio, que fui por demais otimista e esperançoso; vejo, agora, de forma clara que a Idade das Trevas nunca abandonou o pensamento humano, não o da grande maioria; antes ainda : que o pensamento humano não quer se desapegar das trevas, gosta delas.
Vejo, agora, que, lá pelo século XVI, algumas poucas mentes lançaram suas luzes sobre o obscurantismo, que alguns poucos, pouquíssimos, acenderam tremeluzentes archotes de racionalidade. Alguns poucos.
Vejo, agora, que alguns poucos, lá pelo século XVI, escreveram o obituário da Idade Média e fizeram o registro de nascimento do Iluminismo. E o fizeram à revelia do povão, como se ele fosse um movimento comum à maioria. Não era. Nunca foi.
Vejo, agora, que tal nascimento passou despercebido - até hoje - do populacho. A notícia do nascimento do pensamento livre não viralizou entre o povão.
Vejo, agora, que alguns poucos fizeram o parto forçado à fórceps das Luzes. Que umas poucas e raras mentes deram à luz a Luz da razão.
Vejo, agora, que é possível - oficial, histórica e tecnologicamente - tirar o ser humano da Idade Média, mas impossível tirar a Idade Média do ser humano. O grosso da grosseira e inculta população mundial nunca abandonará as trevas que traz dentro de si, nunca abandonará o escuro. E não lhes falta uma razão para não abandonarem a falta de razão : o escuro é confortável, aconchegante, acolhedor, não requer dispêndio de esforço ou energia. O escuro, a ignorância, nubla nossa visão do mundo, mas também a visão do mundo acerca de nossas misérias, mazelas e fealdades. O escuro da ignorância nos acolhe sem nada exigir. Embota-nos, reduz-nos a amebas (a alguns até eleva), torna-nos protosseres, mas nada nos cobra.
O escuro é o ventre. Em útero, o escuro primordial, nada precisamos fazer ou pensar para sobreviver. Tudo nos é dado; calor, oxigênio, nutrientes. Nem respirar, ou digerir por nós mesmos, precisamos. Para que migrar à luz no fim do túnel vaginal? Pois se ao corpo não é dada a escolha física de ficar ou não em útero, ele, o corpo, por sua vez, depois de parido e crescido concede essa chance ao seu pensamento, a chance de não sair para a luz da razão.
O indivíduo opta, livre e tranquilamente, por manter seu pensamento em eterna incubação, no eterno escuro. Opta, livre e alegremente, por passar sua vida recebendo, de forma pronta e mastigada, instruções de que decisões deve tomar, de que conduta e de que moral deve seguir, de que impressão do mundo deve ter etc através dos mais variados e perpétuos "cordões umbilicais" : família, escola, círculos de amizade, tv, internet e, sim, as religiões.
Todos estes cordões umbilicais se prestam como mídias e plataformas da eterna Idade Média do pensamento humano, e não da nova idade média como julguei anteriormente.
Não precisar treinar o pensamento, não precisar fazê-lo respirar por conta própria nem pô-lo à caça de seu próprio sustento. Receber o pensamento já formatado e apostilado, tê-lo entregue na porta de casa por um sistema de delivery de opiniões pré-fabricadas sobre cada assunto de relevância cotidiana e, em troca, só aceitar o escuro, a ignorância? Querem melhor negócio? Que troca mais vantajosa ao ser humano médio e medíocre?
O escuro do pensamento é e sempre foi a melhor opção para uns 90% da população global. Desesperariam-se com a luz. Veriam fantasmas e assombrações na claridade da razão, da lógica e da coerência. Noventa por cento da população global tem fotofobia à luz do pensamento.
O idiota sempre existiu, sempre existirá, sempre será a maioria e sempre se orgulhará de ser idiota. Hoje, ele só se expõe mais , só é mais facilmente identificado : o cara louvando a deus na igreja de cada esquina, o abobalhado hipnotizado e de boca aberta grudado na tela do smartphone, o apresentador de programas vespertinos de tv (e o seu público), o universitário das faculdades à distância etc.
Daí, e voltando à vaca fria, o fácil e inexorável avanço das novas religiões cada vez mais tacanhas e xiitas, não só no âmbito das próprias crenças religiosas, mas também, uma vez que elegem os seus para cargos parlamentares, no âmbito das políticas nacionais.
Vejo, agora, que não é de surpreender a aprovação da lei "Lei das Liberdades Religiosas dos Estudantes", em Ohio; muito menos que, futuramente, ela seja copiada pela bancada evangélica daqui e, igualmente, aprovada por larga maioria de votos.
E aqui a coisa pode ficar pior ainda. Em Ohio, a resposta baseada na crença religiosa pode ser aceita como correta, como uma das explicações : aqui, com toda a certeza, ela será cobrada e exigida como a única resposta certa.
Pãããããããta que o pariu!!!

domingo, 17 de novembro de 2019

O Museu da Perseguida

O British Museum, o National Gallery, o Museu de Cera da Madame Tussauds e demais museus londrinos foram desbancados. Jogados à obsolescência. Ofuscados pela inauguração do mais novo espaço artístico de Londres : o Vagina Museum, o Museu da Perseguida.
O Museu da Vagina abriu as suas portas - e os seus pequenos lábios e os seus grandes lábios, enfim, as suas entrefolhas - ontem, sábado, 16/11/2019, a fazer necessário e urgente contraponto ao (bem) dotado de fama e notoriedade Museu do Pênis, em Reykjavík, capital finlandesa, já mostrado aqui na postagem O Museu do Caralho.
O Museu da Vagina é o primeiro do mundo dedicado a vaginas, vulvas e à anatomia ginecológica. 
Todas as obras explicitamente expostas versam sobre um único tema : a buceta. A buceta está representada nas mais variadas formas de manifestações artísticas : tem tela de buceta, escultura de buceta, fotografia de buceta, instalações de buceta, performances de buceta, buceta em ambiente virtual 3D, peças de teatro de buceta, buceta em papel machê, marchetaria de buceta, bordado de buceta, buceta em tricô e crochê. Tem buceta acadêmica, impressionista, expressionista, cubista, hiper-realista, abstrata, psicodélica, desconstruída etc etc. É buceta a dar com o pau! 
É o Museu da Bacurinha! E a curadora é a Maria Alcina. Papai, ai que calor, calor na bacurinha... 
Ao lado de cada obra, os indefectíveis avisos de "não toque na obra" tiveram de ser complementados : "não toque, não cheire, não lamba e não meta a piroca na obra".
A corroborar a minha tese de que o ser humano só criou a arte e a ciência, e delas se vale, para justificar e santificar todos os seus vícios e putarias, o Museu da Vagina não é só "arte pela arte". Segundo sua idealizadora, a "divulgadora científica" Florence Schecter, o Museu da Vagina, a vernissage da xavasca, a bienal da fedegosa, tem forte cunho sócio-educativo, propõe-se a romper tabus e ampliar o conhecimento sobre o sexo feminino pelo próprio sexo feminino, a fazer com que a portadora da xavasca tenha maior consciência de seu poder, promover a religação buceta-mulher.
Florence Schechter, ao lado de uma das obras do Museu da Perseguida

O intento do Museu da Vagina, ainda segundo Florence Schecter, não se restringe apenas a educar e a melhorar a autoestima da mulher, mas também debater uma questão de saúde pública. Uma em cada quatro britânicas evitam se submeter a exames médicos ginecológicos por vergonha de seu centro de poder. Entre essas, mais da metade "desconhecia", inclusive, a necessidade de lavar a vagina.
Pãããããããta que o pariu!!!!
Vergonha é uma coisa, porquice é outra!!!! Até minhas duas gatas, depois de mijarem na caixa de areia, vão para um canto e, às lambidas, fazem a higienização de suas xaninhas. Uma mulher não saber disso? Vai ser porca assim na puta que o pariu!!! Se eu me esquecer, alguém me lembre : jamais chupar uma buceta britânica!!!
Museu do Pênis na Finlândia, Museu da Vagina na Inglaterra. Só está faltando, agora, o Museu do Ânus, o famoso cu, esse injustiçado. E este, a considerar a preferência nacional pelos fundilhos, bem que poderia ser inaugurado aqui, no Brasil, com o Clodovil por patrono. Mas é melhor que não. Pois se o Museu do Ânus pegar fogo, feito o Museu Nacional do Rio de Janeiro, ele passaria para a posteridade, entraria para os anais da História, como o Museu Queima Rosca.
Finalizando, não consegui averiguar o valor cobrado pelo ingresso ao Museu da Vagina, mas, seja ele qual for, tenho de antemão a certeza de que vale a entrada. E a saída. E a entrada. E a saída. E a entrada. E a saída. E a entrada...
Florence Schechter e mais uma das obras-primas do Museu da Buceta. E até que a tal Florence é bem bonitinha. Eu traçaria.

sábado, 16 de novembro de 2019

A Lei Rouanet de Deus (Ou : o MEC Também Começará a Pagar Dízimo)

Valhei-me São Judas da Maracutaia! Valhei-nos Nossa Senhora da Mamata!
De agora em diante, não serão mais apenas os grandes nomes, os medalhões da MPB e os atorezinhos de merda Globais que poderão mamar nas tetas do dinheiro público - do meu dinheiro, do seu dinheiro, caro leitor - sob o pretexto de que fazem cultura, não serão mais os únicos que terão o privilégio de usar o dinheiro dos impostos do trabalhador para montarem seus shows e peças sem que tal subsídio faça baixar sequer um centavo os preços dos ingressos, o mínimo para reverter para o povão o dinheiro tomado dele.
Doravante, também as igrejas, os pastores evangélicos, os cantores gospel e os padres cantores poderão captar recursos da Lei Rouanet para as suas pregações. É o MEC pagando dízimo!
Rogai por nós, São Humberto Gessinger : não é só mais o Papa que é pop!
Picaretagem religiosa foi declarada e homologada uma forma de cultura. O pior? É que, no Brasil, desgraçadamente, ela o é.
A lei que permitirá aos pastores, aos padres, aos cantores de louvores e a outros gigolôs de Cristo também darem suas mamadas nos úberes do erário público foi aprovada na semana passada, em 07/11/2019, pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados e é de autoria do deputado Vavá Martins (Republicanos - PA), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo.
A proposta de Vavá Martins substituiu e ampliou o projeto original do deputado Jefferson Campos (PSB-SP), de 2015, que previa o fomento da Rouanet apenas para músicas gospel e para eventos realizados de forma independente pelos cantores. O novo texto muda "música gospel" para "música religiosa", expandindo a roubalheira de forma ecumênica, e permite que eventos realizados por igrejas também sejam contemplados com recursos da Rouanet. Agora, Edir Macedo, R.R. Soares e Padre Marcelo Rossi, se quiserem, poderão captar dinheiro de nossos impostos para financiarem seus shows da fé.
Justifica-se, Vavá Martins : " Acreditamos que as igrejas também devem ser beneficiadas pelos mecanismos de fomento previstos na Lei de Incentivo à Cultura ou Lei Rouanet, reconhecendo o notável papel evangelizador que essas instituições religiosas cumprem".
A ideia, porém, não é nova, é mesmo anterior a 2015. É de 2007, de proposição do então senador da República Marcelo Crivella, também evangélico. Disse Crivela, com o mesmo propósito de Vavá Martins, em 2007 : “nada expressa melhor a formação da cultura brasileira que o caldeamento das diversas religiões, seitas, cultos e seus sincretismos, que, durante séculos, moldaram o processo civilizatório nacional”.
Revoltas da classe "artística", que terá de dividir o bolo com os religiosos, à parte, Crivella e Vavá Martins estão certíssimos; desgraçadamente certíssimos. Revoltas (inclusive a minha) intelectuais e ideológicas à parte, Crivella e Vavá estão cobertos de razão. Melhor : ungidos de razão.
Em um país de analfabetos, de um povo orgulhoso de sua burrice, que festeja a soltura de criminosos condenados, religiões tacanhas (e existe alguma que não seja?) e obscurantismo são, sim, fortes componentes da cultura popular.
Analisando friamente, e depois de umas geladas, não vejo diferença nenhuma, por exemplo, entre uma Cláudia Leite, baiana do axé que recebeu R$ 1,2 milhões da Lei Rouanet e uma Aline Moraes, diva do gospel. Não vejo diferença nenhuma, a outro exemplo, entre um Luan Santana, o reitor do sertanejo universitário, contemplado com R$ 4 milhões, e a banda Diante do Trono.
Para mim, é tudo a mesma merda em diferentes embalagens.
A bem da verdade, Luan Santana captou, mas não usou. Apresentou documentos que provam que pediu o cancelamento do dinheiro. Mas o fato é que captou. O fato é que alguém julgou que a "música" dele é relevante para a cultura e liberou a grana. Muito digno, até, da parte dele, ter recusado o dinheiro. Mas o que estou discutindo aqui não é a lisura de quem é contemplado pela Rouanet, mas sim os critérios utilizados por quem libera o dinheiro e a qualidade do que está sendo financiado.
E se o axé e o sertanejo universitário são considerados manifestações culturais, por que não o gospel e outros que tais? Repito : certíssimos, em nosso triste contexto nacional, Crivella e Vavá.
Mais : uma vez que o uso do dinheiro público deve ser feito de modo a atender às necessidades e às prioridades do maior número possível de cidadãos, de modo a ir, democraticamente, de encontro aos anseios da maioria, até que demorou para que eventos religiosos - promovidos por igrejas, ou não - fossem considerados atividades culturais e que passassem a receber o mecenato da lei Rouanet. Demorou muito.
Afinal, quem atrai e distrai maior público, maior manada? Um espetáculo do Chico Buarque, ou uma sessão de desencapetamento encabeçada por Edir Macedo? Um show do inigualável e inclassificável Ney Matogrosso, ou os padres Marcelo Rossi e Fábio (Jr.) de Melo cantando em Aparecida do Norte no dia da padroeira?
Pois então. No Brasil, muito melhor uso do dinheiro público dá-lo às religiões e aos religiosos que aos verdadeiros e cada vez mais raros artistas. Aliás, sem nenhum tipo de ironia, sou muito mais o Pe. Antônio Maria que o Wagner Moura, esquerdista e comunista que mora em Los Angeles.
Numa dessa, até o rei Roberto monta uma turnê só com seu repertório religioso e entra na farra. Rouanet, Rouanet, Rouanet, eu estou aqui...
E vamos que vamos. Que Idade Média pouca é bobagem!

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Pode Ser Numa Canção, Pode Ser no Coração, Eu Só Quero Ter Você Por Perto (5)

Quase um Segundo
(Herbert Vianna)
Eu queria ver no escuro do mundo
Onde está tudo o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender?

Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei.
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?

Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender?

Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?
Para ouvir a canção, é só clicar aqui, no meu poderoso e bipolar MARRETÃO

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Ah, Bruta Flor do Querer

Querer,
Preferir,
Escolher...
Verbos possíveis
A quem ainda é capaz de se fazer em Verbo,
De se autoconjugar.
 

Cartas fora do baralho
(de um baralho antigo),
No entanto,
Para quem é mera função auxiliar, conectiva,
Para quem vive sob a sintaxe e o jugo
Do cabresto das inexoráveis fases da Lua
E da cangalha
- soldada a ferro em brasa nos ombros -
Das socializações primárias.
 

em tempo : o título é um verso da letra da canção O Quereres, Caetano Veloso

domingo, 10 de novembro de 2019

A Lua Brinca Comigo de Pique-Esconde

A mesma máscara negra de nuvens cinza-chumbo :
A Lua dá um ESC e some,
A Lua dá um ESC e para onde?
A Lua de mim se ESConde.

(e eu não sou capaz de achá-la no éter do Céu
nem no buraco negro da minha oitava vodka-tônica :
bato, então, uma punheta para uma foto dela tirada pelo Hubble)

sábado, 9 de novembro de 2019

A Justiça Brasileira é uma Puta Sifilítica e Vesga

Repito : o que houve ontem não foi a libertação de um inocente, de um infeliz e de um coitadinho preso por engano.
O que houve foi a soltura de um criminoso atestado e reatestado pela Justiça como tal, a soltura do maior rapinante - mostrado e demonstrado por a+b por duas instâncias jurídicas - do erário público do planeta, e de todos os tempos, a soltura de um criminoso CONDENADO. Libertado sem que tenha surgido nenhuma nova evidência de sua inocência, ou que colocasse em dúvida sua condenação, sem que sua pena tenha sido cumprida, extinta ou anulada.
Lula é um criminoso - nos diz a Justiça -, porém, todavia e data venia, não pode ser ainda considerado culpado - nos diz, em seguida, a mesma Justiça.
O mesmo sistema jurídico que declara o sujeito um criminoso, diz que ele não é culpado. Criminoso, sim; culpado, não, também a coisa não é assim, não é por aí.
Diga isso a qualquer jurista medíocre de algum país de gente, e não de merda e de merdas. Diga isso a qualquer juiz meia boca da Inglaterra, da Alemanha, do Japão, do Canadá. Na melhor das hipóteses, ele tomará a sua fala como uma piada sem graça, de mau gosto; na pior, e mais provável, ele mandará lhe prender por deboche e grave desacato à autoridade, com o agravo de insanidade mental.
Acontece que, se em outros países, minimamente civilizados, a Justiça é uma solene e pudica senhora cega, no Brasil ela é uma putona de zona estrábica. No Brasil, a Justiça é uma puta sifilítica e vesga. O olho direito vê claramente o criminoso e o condena; o esquerdo faz vistas grossas e pressupõe a inocência dele.
No Brasil atual, o Brasil da Constituição Cidadã, ao bandido é dispensado tratamento de fidalgo. Tratamento vip assegurado por leis escritas por outros bandidos, bandidos de terno e gravata, que antevendo a possibilidade de eles próprios, um dia, se tornarem também réus condenados, já preparam, lá em 1988, suas futuras camas macias.
No Brasil, fica-se cheio de dedos para com o bandido, pisa-se em ovos. O bandido é tratado com toda reverência e com todo melindre, para não ofendê-lo, ou constrangê-lo.
No Brasil, para que um criminoso notório e juramentado seja, enfim, considerado culpado, quatro instâncias jurídicas, quatro graus de jurisdição, devem assim declará-lo.
O Seboso de Caetés, oh, coitadinho, oh, injustiçado, foi condenado em "apenas" duas e já o enjaularam. "Só" por dois corpos de juízes e de tribunais. Perseguição politica, meus caros, clara perseguição política. Perseguição política é o caralho!!!
No Brasil, embora oficialmente só sejam previstas duas instâncias jurídicas, há, na prática, quatro instâncias recursais.
"O Brasil é o único país do mundo que tem na verdade quatro instâncias recursais", disse Cézar Peluzo em 2010, quando então do STF no primeiro (des)governo Dilma Rousseff.
A primeira instância são as comarcas, os juízes monocráticos; a segunda instância (e tecnicamente a última) são os tribunais (TRE, TRF, TJ etc). Mas, como ainda se pode recorrer aos tribunais superiores (STE, STJ...) e, depois ainda, ao STF, o Supremo Tribunal Federal, estes passam a funcionar, respectivamente, como terceira e quarta instâncias. E com ritos jurídicos infinitos entre um recurso e outro, que podem atravessar gerações.
O que vimos ontem foi a soltura de um condenado em segunda instância, o último grau de jurisdição legalmente previsto. Por isso, Lula estava preso. Por isso, ele deveria ter continuado enjaulado.
É como se cada juiz ou colegiado de uma instância anterior fossem considerados ineptos pelos das instâncias subsequentes. Como se o que estivesse a ser julgado não fosse a culpa do condenado, mas sim a competência dos juízes. Só em país de bandidos, mesmo.
É como o sujeito que vai ao médico, é submetido a todos os possíveis e imagináveis exames investigativos e os resultados de todos eles - raios-X, hemograma, ressonância magnética, tomografia e dedada no cu - apontam de forma clara, evidente e inequívoca para o mesmo diagnóstico : o cara tem um baita de um tumor na próstata, a leão de chácara do cu.
Pergunta, então, o paciente : "doutor, e que tratamento eu começarei a receber?". "Por ora, nenhum", diz o médico. "Que o senhor tem um tumor, é fato, mas para que seja declarado canceroso e passe a receber o tratamento, terei de encaminhá-lo a um médico de segunda instância, que confirmará meu diagnóstico". Meses na fila do SUS, o segundo médico lhe diz : "vamos com calma, amigo, o tumor existe e é mesmo maligno, mas não podemos condená-lo a uma quimioterapia ainda, nem, ao senhor, taxar de canceroso.  Vou encaminhá-lo a um oncologista de terceira instância." 
Até que um PhD de quarta instância bate o martelo (aquele de dar porrada no joelho) e declara que o paciente é um canceroso. Até que seja tarde demais. Até que o câncer já tenha se alastrado, minado e solapado toda a integridade orgânica do paciente.
Tal e qual ao mito do Lula se espalhou pelo organismo raquítico e cheio de verminoses do Brasil. Tivesse sido aplicada pesada quimioterapia logo no começo, lá na década de 1980, nos tempos de metalúrgico de Lula, o tumor teria sido erradicado em seu início. Mas, por alguma razão, ou por mero descaso, talvez já cansados do poder e querendo logo passar o abacaxi adiante, os militares não se deram ao necessário trabalho.
E o que dizer, então, do paciente - no caso de metade do povo brasileiro - que, com o câncer em remissão, comemora a sua recidiva?
O médico chega para o cara e diz : "sabe aquele seu tumor na porta do cu, aquele seu câncer que estava diminuindo? Voltou com força total." E o paciente sai eufórico do consultório, corre às ruas soltando foguetes e rojões em comemoração.
Não tenho dúvidas : a soltura de Lula, Zé Dirceu e assemelhados é o reaparecimento e a recorrência de um tumor maligno que estava em tímida remissão.
Como comemorar a liberdade destes dois criminosos condenados? Resposta : somos, nós brasileiros, uma nação ainda composta por muito bandidos, vagabundos e encostados. Só um povo com tal formação e índole comemoraria a libertação de Lula.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

A Polícia Prende, a Justiça Solta (Ou : Vermelho é a Cor do Luto Nacional)

Esta sempre foi a lei máxima e inflexível a vigorar no país desde a promulgação da Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã - a bola esquerda do meu saco é muito mais cidadã do que qualquer vagabundo que encontra guarida em nossa Carta Magna. A única cláusula verdadeiramente pétrea do resultado da Constituinte capitaneada pelo safado Ulisses Guimarães : a polícia prende, a justiça solta.
Verdade seja dita, ainda que lamentável, é lei democrática e extensiva a todos os níveis de bandidagem. Desde o ladrãozinho de fundo de quintal, passando pelo traficantezinho rastaquera de porta de escola, até ex-presidentes quadrilheiros.
Hoje, mais um safado, mais um mafioso, mais um bandido, ganha a liberdade para andar entre os cidadãos de bem. Mais que um bandido : um condenado.
Hoje, o maior saqueador dos cofres públicos de toda a História, não só do Brasil como do mundo todo, foi libertado.
Bandido por bandido, Fernandinho Beira-Mar, se liberto, me causaria muito menos medo e apreensão que Lula; na falta de outra opção, antes o Comando Vermelho do Fernandinho do que o Comando Vermelho do Lula.
Tenho certeza de que é apenas neste país de merda e de merdas que tal descalabro ocorre : um condenado pela Justiça ser solto por ela sem ter sido absolvido, sem que tenha aparecido nenhuma nova evidência que provasse sua inocência, ou que colocasse em dúvida sua condenação, sem que sua pena tenha sido cumprida, extinta ou anulada.
Só neste país de merda e de merdas é que a "justiça" declara um sujeito como criminoso e depois dá a ele o direito de circular em liberdade.
Hoje, todo o árduo, investigativo e valoroso trabalho das equipes da Lava Jato e do juiz Sérgio (e antes deles, é bom que não nos esqueçamos, do juiz Joaquim Barbosa) foram deitados esgoto abaixo, como acontece em todos os níveis e em todas as esferas dos podres poderes públicos.
Hoje, o Brasil sério, honesto e trabalhador está de luto. Hoje, o Brasil sério, honesto e trabalhador veste vermelho : daqui em diante, a cor do luto nacional.
Eis o condenado, o corrupto, o quadrilheiro, solto em meio à aclamação de seu séquito de vagabundos e encostados. Todos ávidos e afoitos por uma Bolsa Família, um sanduíche de mortadela e um bonezinho do MST.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A Volta do Espírito Santo

Suspeito que o Espírito Santo, que fora ocasionais e esparsas atuações como cabo eleitoral em eleições papais, andava meio sumido há dois mil e tantos anos, quando daquela sua estripulia lá na Galileia, esteja de volta, esteja de novo a nos dar os ares de sua graça. Mostrando que de santo não tem nada; antes de porco.
Fortes evidências de sua volta nos chegam, agora, não do Oriente Médio, da manjedoura do cristianismo, mas sim da manjedoura da humanidade, da mama África. Ou é o Espírito Santo, ou é alguma outra entidade imaginária se fazendo passar por ele, com o seu mesmo modus operandi, ou seja, um serial e contumaz descabaçador de incautas bucetinhas cristãs e tementes a Deus.
Vamos, pois, ao motivo de minhas hereges suspeitas.
De acordo com a agência de notícias italiana Ansa, o Vaticano anda a investigar as imaculadas concepções de duas freiras em uma missão de caridade na África. As duas irmãs, que são de origem africana, estudaram e fizeram seus votos na Itália e voltaram à sua terra de origem para prestar ajuda às necessitadas ovelhinhas do Senhor.
Uma das prenhes esposas de Cristo tem 34 anos e contou à Ansa que descobriu a gravidez ao ir a um hospital com queixas de dores abdominais. Transferida pela Igreja de sua paróquia em Militello (Sicília) para a de Palermo, ela diz que abandonará a vida (quase) religiosa para cuidar da criança. 
Não sem antes causar espanto e indignação no pequeno vilarejo carcamano. Salvatore Riotta, prefeito de Militello, disse : "a notícia sobre a madre grávida deixou os moradores . O caso deveria ter sido mantido em segredo".
A outra irmã é uma madre superiora, que, depois de saber da gestação, picou a mula da Itália de volta para seu país natal.
O Vaticano ainda não se pronunciou a respeito das circunstâncias que poderiam ter levado às gravidezes das freiras, mas parece que as investigações seguem a linha de um possível abuso sexual, amparadas por um discurso feito pelo Papa Chicão Milongueiro, no início deste ano, de que muitas madres têm sido abusadas durante suas missões.
Uma fonte, um fofoqueiro lá do Vaticano, disse ao tabloide inglês The Sun que as madres teriam quebrado o voto de castidade por vontade própria e engravidado em relações consensuais. Afinal, não era uma missão de caridade? E qual a máxima da caridade cristã? É dando que se recebe.
Mas eu não acredito nem na carne fraca das freiras nem na violência sexual por parte dos africanos assistidos por elas. Eu insisto que o pai é o Espírito Santo! Aliás, um teste de paternidade por DNA incriminaria a quem? Ao Pai, ao Filho, ou ao Espírito Santo, uma vez que são a mesma pessoa? E uma vez que o Espírito Santo embuchou a Maria, quem é o Pai do Filho, o Pai, ou o Espírito Santo?
Repito : parem as investigações. A culpa é do Espírito Santo.
Inclusive, há rumores de que, da mesma forma como procedeu com Maria, o Espírito Santo também se fez antes anunciar às duas irmãs de caridade. Desta vez, não por um anjo a brandir uma ereta espada flamejante. Sim por um imponente e robusto guerreiro Zulu a portar uma longa e envernizada lança cor de ébano, grossa feito um tronco de baobá.
- Ai, como era grande!!! - teria dito uma das religiosas, em off, ao The Sun.

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