sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Dia do Saci

Hoje, 31 de outubro, é o Dia do Saci!
E Dia do Saci é feriado lá no bambuzal.
No Dia do Saci, Saci não trabalha, fica de pernas pro ar, quer dizer, de perna pro ar.
Pau no cu do cabeça de abóbora! Que se foda o cavaleiro sem cabeça!
Aqui não tem Ráloim porra nenhuma. Hoje é o Dia do Saci. E da mula-sem-cabeça, da Cuca, da Iara, do Boi-tatá, do Curupira, do Caipora, do Anhangá, do Mapinguaru, e até do Boto, o grande metelão da Amazônia. 
O Saci é traquinas, levado, safado, moleque, elemental dos bambuzais, inconveniente, arruaceiro, pregador de peças, irresponsável, um leprechaun preto, um curinga mulatinho, um Macunaíma de uma perna só.
O Saci é o capeta em forma de guri, incomoda pessoas e animais, faz queimar o feijão, esconde objetos, a pipoca vira piruá se ele dá uma benzida, trança a crina dos cavalos, faz ovo gorar no ninho. Os sacis nascem nos bambuzais, dentro dos gomos mais velhos de bambu onde ficam incubados por sete anos.
Se você achar um berçário de Sacis e quiser ver um ainda no choco, pode abrir uma pequena janelinha no gomo do bambu e espiar. Mas com um olho só. Se espiar com os dois, o filho da puta joga a brasa do cachimbinho nos seus olhos.  
O Saci viaja de redemoinho, quer coisa mais elegante? Para capturar um Saci basta jogar uma peneira feita de taquara trançada sobre o redemoinho, agarrar o Saci, subtrair seu barrete vermelho e aprisioná-lo (o Saci) em uma garrafa.
Mas para quê, né? Deixa o Saci solto. Pegando carona em cauda de pé-de-vento. De mais a mais, o Saci é quem comanda toda a bicharada, Cuca, Iara, Curupira, Caipora, Boitatá, Mapinguaru, Mula-sem-cabeça, Jurupari, Anhangá... O Saci é o Zeus brasileiro. Cada povo tem o Zeus que merece.
Abóbora, aqui, devia servir só pra fazer doce e dar pros porcos.
Aqui não tem gostosuras nem travessuras. Tem é festa na floresta, no capoeirão, lua cheia a pino.
E nada de deixar seus filhos assistirem a filmes de Raloim hoje. Desligue a porra da televisão. Leia para eles O Saci, de Monteiro Lobato. 
Em tempo : Aldo Rebelo (PC do B - SP), em 2003, através de um projeto de lei federal, instituiu a comemoração de "O Dia do Saci" em 31 de outubro, em oposição ao "enlatado" Ráloim.

Câncer de Próstata : O Melhor Preventivo é a Buceta.

As melhores maneiras de prevenir o câncer de próstata são manter uma dieta rica em vegetais antioxidantes e, depois dos 40 anos, realizar anualmente o exame de toque retal, para detectar, se for o caso, possíveis alterações, pequenas neoplasias ainda em fase inicial, certo?
Consumir frutos e raízes ricos no pigmento licopeno - tomate, melancia, goiaba vermelha, cenoura, mamão, beterraba, quase tudo que tenha cor no espectro do laranja ao vermelho -, hortaliças abundantes em sulforafano - brócolis, repolho, couve-flor, couve -, grãos e leguminosas controladores da produção de testosterona - soja, linhaça, grão-de-bico, lentilha -, e, depois dos fatídicos 40 anos, uma vez por ano, ter o famoso um dedo de prosa com seu urologista, certo?
Porra nenhuma. Certo é o caralho. Bobajada pura.
Tais hábitos, na melhor das hipóteses, são meros paliativos, anódinos. Arrisco-me mesmo em dizer que são placebos, homeopatia, floraizinhos de Bach. Propaganda enganosa para que os produtores de tomate etc tirem o pé da lama e para que médicos sádicos e tarados enfiem o dedo em nosso inviolável e improfanável orifício.
O melhor remédio para a próstata não se compra em farmácias, tampouco em varejões hortifrutigranjeiros. O melhor remédio para a próstata se persegue, corteja-se, conquista-se, abate-se e se come das vísceras aos ossos, não se deixa nem cheiro para os urubus, lambuza-se da testa ao queixo.
O Santa Graal da próstata é a buceta. Óbvio. Ululante. E não há risco de overdose. Pelo contrário. Quanto mais bucetas, melhor. No mínimo, vinte bucetas diferentes para garantir uma vida saudável a um macho praticante.
Essa é a (evidente) conclusão de uma pesquisa realizada por Marie-Elise Parent e Marie-Claude Rousseau, professoras da Escola de Saúde Pública da Universidade de Montreal, Canadá. 
De acordo com a pesquisa, quando um homem trepa com mais de 20 mulheres durante o seu tempo de vida, existe uma redução de 28% no risco de ter câncer da próstata de todos os tipos e uma redução de 19% para os tipos mais agressivos.
O motivo de tal redução também é evidente. É bem sabido e provado que uma boa frequência de ejaculações mantém a próstata sempre em funcionamento, sempre sendo lavada, sempre trocando o óleo, o que reduz o risco de câncer. E homens que trocam de parceiras regularmente tendem a ter mais relações sexuais que homens fiéis e monogâmicos.
Basta pensar : vinte anos com a mesma mulher e vinte anos se esbaldando e se revezando entre vinte mulheres, uma média de uma xavasca nova ao ano. Qual dos dois vai meter mais? 
“É possível que ter muitos parceiros sexuais do sexo feminino resulte em uma maior frequência de ejaculações, cujo efeito de proteção contra o câncer de próstata foi observado anteriormente em outros estudos”, explica Parent. 
É possível? É patente e inconteste. Já dizia Luiz Gonzaga, o Gonzagão : para burro velho, o remédio é capim novo.
E que não se animem os viados, os mordedores de fronha, que dão o rabo para mais de vinte numa única festa rave. Eles não se tornarão imortais. Nem vão virar purpurina. A pesquisa também foi estendida ao público da argola frouxa e os resultados foram desanimadores para os roscas tostadas :  aqueles com mais de 20 parceiros masculinos enfrentam um risco 100% maior de contrair câncer de próstata do que aqueles que nunca furunfaram com um homem. E o risco de ter um câncer de próstata menos agressivo aumenta em 500% em comparação com aqueles que tiveram apenas um parceiro homem, em relação ao viadinho fiel.
Cheia de dedos (no bom sentido), toda polida e politicamente correta, talvez com receio de ser processada por homofobia, Marie-Elise Parent tira o seu da reta e diz que a explicação para os funestos resultados, por enquanto, são meramente especulativas : “Poderia vir de uma maior exposição a doenças sexualmente transmissíveis, ou pode ser que o sexo anal produza trauma físico para a próstata”, sugere ela.
A pesquisa foi mais além e entrevistou também aqueles que têm pelos na palma das mãos, os virgens, os cabações. Foi constatado que eles têm quase duas vezes mais probabilidade de serem diagnosticados com câncer de próstata do que aqueles que já tiveram experiências sexuais. 
Juntem-se os resultados dos viados e dos punheteiros e claramente se vê que o segredo de uma próstata sadia nem é o número de ejaculações, nem é a gozada em si - viado goza até pelo cu e virgens tocam 5 punhetas por dia, no mínimo. O segredo da longevidade, o elixir da longa vida do macho é a buceta!!!
Ou melhor, as bucetas. Quanto mais, melhor. É a ciência dizendo. E a ciência produzida por duas mulheres.
Agora, de posse dos resultados dessa pesquisa, o negócio é chegar para a sua digníssima esposa e dizer da necessidade terapêutica da puladinha de cerca masculina. Não é galinhagem, tampouco mau-caratismo. É zelo para com a saúde da próstata. É um check-up preventivo, dar uma lambida e uma fincada em terrenos vulvares e uterinos nunca dantes prospectados. Diga a ela que é como ir a uma consulta médica. Fazer um hemograma, dar uma corridinha na esteira. É zelo, inclusive, para com a vida conjugal do casal. É garantia de uma vida mais longa e saudável. É viver mais ao lado dela. É honrar e prolongar o juramento, "até que a morte os separe". Comer bucetas novas é enganar a Morte para viver mais tempo ao lado da mulher eleita e amada, e até ser, se possível, valha-me São Vinícius, um só defunto.
Agora, se a história não colar de primeira, não insista, diga que foi uma brincadeira, desconverse. Afinal, é melhor uma próstata combalida do que um pau cortado fora.
Fonte : HypeScience

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Todo Castigo Para Corno é Pouco (5)

Já estava até sendo injustiça, a ausência dele aqui no Todo Castigo Para Corno é Pouco. Afinal, quando o assunto é pé na bunda, encher a cara pela mulher amada e cornagem, ele é o Rei. O finado e imortal Reginaldo Rossi.
Reginaldo Rossi tem formação superior em engenharia, mas sempre afirmou não gostar de academicismos, de falar difícil, de usar metáforas elaboradas em suas músicas, sempre preferiu falar na lata, ir direto no feridão. Pois, segundo Rossi, dor de corno é igual para todos, para o velho e para o jovem, para o pobre e para o rico, para o analfabeto e para o doutor.
E dispara, preciso : "quando o chifre dói, o diploma cai da parede".
Genial. Universal. E ainda vêm me dizer de Proust, de Nietzsche? Ora, vão à merda. Reginaldo é o Rei.
Na canção abaixo selecionada, Rossi não põe panos quentes, não disfarça, não tenta tapar o sol com a peneira :  "dor de corno faz bem para qualquer coração". É o corno apaixonado. É o corno que perdoa.
Aceito Tudo de Você (Dor de Corno)
(Reginaldo Rossi)
Hoje, você veio me dizer que não quer mais
Continuar com esse romance entre nós dois
Te encher o saco e que eu tenho que aceitar
Eu aceito todos os caprichos de você
Eu faço tudo, tudo que você quiser
Eu só não posso é deixar de te amar


Eu vou tomar todos os porres que o corpo aguentar
Pra lembrar que um dia o meu grande amor
Me deu um pé na bunda sem qualquer razão
Mais não vou mover uma palha pra te esquecer
Por que eu te adoro eu amo você
Dor de corno faz bem para qualquer coração


Ah, eu sei você não gosta tanto mas de mim
E se tiver alguém que você tá afim
Não perca tempo vá correndo se entregar
E se por acaso esse alguém te maltratar
Eu tô rezando pra você voltar pra mim
Pois na distância meu amor aumentar mais


Eu vou tomar todos os porres que o corpo aguentar
Pra lembrar que um dia o meu grande amor
Me deu um pé na bunda sem qualquer razão
Mais não vou mover uma palha pra te esquecer
Por que eu te adoro eu amo você
Dor de corno faz bem para qualquer coração

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Deus Pode Ser Uma Invenção Humana, Dizem 2% dos Padres Anglicanos.

E não é que existe uma nesga de pensamento racional nas religiões? Não nas religiões propriamente ditas, mas em algumas pessoas a serviço delas, em alguns de seus professos.
E não é que existem - poucos, é verdade, mas existem - padres racionais? Não católicos, claro. Que aí também já seria pedir um milagre de deus e, como todos sabemos, deus não existe.
Na Grã-Bretanha e na Irlanda, uma pesquisa entre padres anglicanos revelou os seguintes dados:
- 2% admitiram que Deus pode não existir, sendo o Todo-Poderoso, nesse caso, um construto humano, um produto da imaginação, um delírio coletivo. Pode não existir? Sempre muito moderados e polidos, esses padres. Sempre muito politicamente corretos. É claro que Deus - todos os que já existiram e todos os que porventura (ou desventura) vierem a existir - é criação humana. Onde estão os deuses gregos, egípcios, assírios, maias etc? Mortos. Finaram-se concomitantemente com as civilizações que os criaram. Ruíram as civilizações que os adoravam, ruíram juntos os deuses eternos. É óbvio que Deus não criou ninguém à sua imagem e semelhança, sim o oposto, deus é criado à imagem e semelhança de cada povo e época.
- 9% responderam que ninguém (logo, nem eles próprios) sabe como é Deus. Essa é melhor ainda. Deus é o objeto de trabalho do sujeito, é o ganha-pão dos padres, os padres gerenciam franquias de deus, são gigolôs do Pai Eterno, e aí o fiel chega para ele, pergunta como é deus e ele responde, ninguém sabe, meu filho, ninguém sabe. Maior 171. Maior picaretagem. Pergunte a um médico como é o quadro de uma pessoa com reumatismo, com artrite, com dengue, com faringite... ninguém sabe, meu filho, ninguém sabe. A um pedreiro, como fazer o alicerce de uma casa, como bem subir as paredes sempre no prumo... ninguém sabe, meu filho, ninguém sabe. A uma costureira, como tirar as medidas, como cortar, cerzir, coser, chulear... ninguém sabe, meu filho, ninguém sabe. A um engenheiro, como fazer o cálculo estrutural de um prédio, de uma estrada, de uma ponte... ninguém sabe, meu filho, ninguém sabe.
- 3% endossaram que deus "é algum tipo de espírito ou forma de vida". Típica resposta de quem está mais perdido que cachorro que cai do caminhão de mudança, que cego em tiroteio. Só está faltando a padraiada voltar no tempo e invocar Aristóteles e sua equivocadíssima Abiogênese ou Geração Espontânea, segundo a qual a vida surgiria da matéria inanimada por ordem e decreto de uma força, de uma energia, de algo etéreo no ar, ou seja, algo que ninguém também sabia o que era ou como era, chamada princípio ativo ou força vital. Essa "força" adentraria a matéria bruta, reorganizaria os seus átomos e, dessa reestruturação, a vida surgiria feito mágica. Pensando bem, os padres nem precisariam voltar no tempo, uma vez que suas religiões pouco se deslocaram pela quarta variável einsteiniana, a mitologia cristã já é adepta e defensora da Abiogênese de Aristóteles. O que lhes parece um monte de barro tornado em homem por um sopro divino?
- 83% consideram que não existe um Deus Universal, mas um Deus pessoal, de acordo com as crenças e convicções mais íntimas de cada cristão. Ou seja, é homem criando deus, mais uma vez, é o homem-criador, não o homem-criatura. Fica parecendo aquele cumprimento entre os praticantes do hinduísmo, o deus em mim saúda o deus em você.
Um dos padres que duvida da existência de Deus, disse que não se sente constrangido diante dos fiéis : “Eu prego usando a terminologia de Deus, mas nunca sugiro que Deus realmente existe”, afirmou ao jornal University Times, do Trinity College de Dublin. E afirmou que, na sua paróquia, há “dezenas” de sacerdotes que agem como ele. Honesto ou hipócrita, esse padre?
Acredito que está mais para honesto, ou melhor, para profissional. As pessoas querem e procuram desesperadamente por deus. As religiões, nas figuras de seus sacerdotes, vendem o produto deus que elas tanto querem e pelo qual tanto suplicam. Agora, ser vendedor de um produto não significa, necessariamente, acreditar nas qualidades e virtudes que estão em seu rótulo ou no manual de instruções. Não significa nem, e inclusive, que o vendedor use o produto em sua vida pessoal.
Acho que eu iria gostar muito de prosear com esse padre, de jogar uma conversa fora com ele, num pub, tomando uma boa ale ou uma stout inglesas. Pensando melhor, tomando as duas.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Quem Lê e Quem Limpa a Bunda

Há uma frase muito boa e sobretudo esclarecedora a correr pela net, de autoria atribuída a Arnaldo Jabor. Não sei se realmente é de Jabor, pois é prática comum na net alguém lançar uma frase ou um texto e imputá-los a pessoas famosas, como forma de melhor disseminá-los.
Ainda que o autor não tenha sido Jabor (eu gostaria muito que fosse), a frase explica com clareza e precisão irretocáveis o acontecido no segundo turno da eleição presidencial. Consegue ser sucinta e ao mesmo tempo abrangente. Ei-la :
"infelizmente no brasil quem decide não é quem lê jornal, mas sim quem limpa a bunda com ele."

País dos Macunaímas

É isso aí. Dilma e o PT só ganharam de novo porque o brasileiro é povo encostado, é tudo filho do Macunaíma. Sem brio, sem fibra, sem hombridade, sem caráter, sem vergonha na cara. Só quer saber de balançar na rede, de comer farinha, tomar cachaça e fazer filhos para que outros sustentem.
Em qualquer país civilizado e honesto, o pai de família que, por algum revés ou fatalidade, receba auxílio governamental por um tempo, procura arrumar outro emprego o mais rápido possível, é vergonhoso para ele viver muito tempo às custas do Estado. No Brasil, é orgulho viver eternamente encostado. É a Lei de Gérson, a magna lei desse país.
O brasileiro de Dilma e do PT é aquele pássaro chamado chupim, que bota seus ovos nos ninhos de outras aves e puxa o carro. A outra ave é que vai cuidar do filhote para ele.
Canonizemos, imediatamente, Macunaíma. Exoneremos Nossa Senhora do cargo de padroeira do Brasil. Outorguemos a São Macunaíma o posto eterno de nosso padroeiro protetor.
Ai, que preguiça...

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Separa São Paulo !!!

Aécio Neves : 64,31%
Dilma Rousseff : 35,69%

Mais uma vez, o estado de São Paulo mostrou nas urnas que em terra de trabalhador, vagabundo não faz morada. Juntamente com Santa Catarina (64,59%/35,41) foi o estado com maior rejeição aos petralhas. Dilma também perdeu no Paraná e, com menor margem de votos, no Rio Grande do Sul.
Talvez seja a hora de São Paulo, a exemplo dos três estados do Sul, começar a pensar seriamente num movimento separatista de independência, pois é óbvio que Norte e Nordeste são um país totalmente diferente do Sudeste e Sul. Falamos a mesma língua, e só. Argentina, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Chile etc também falam a mesma língua, o espanhol, e nem por isso são uma só nação.
Só falamos a mesma língua que Norte e Nordeste. De resto, as diferenças culturais e, principalmente, de trabalho e produtividade são gritantes. Melhor : falamos o mesmo idioma, o português, porém, uma língua totalmente diferente, ainda mais quando o assunto é trabalho.
São Paulo, sozinho, contribui (dados de 2011) com 32,6% do PIB nacional. E depois recebemos tudo dividido por 27 (26 estados e um distrito federal)? Somos escalpelados em 32,6% e nos dão de esmola 0,037%  ???
Norte e Nordeste se dão por satisfeitos em viver de esmola, São Paulo, não! São Paulo quer viver única e excluisvamente de seu trabalho. E por um simples e claro motivo : porque trabalha!
Não dá mais para que uns poucos estados continuem a puxar o carroção dos encostados, dos mendigos esmoleiros sustentados pelo PT. Não foi Minas Gerais, como querem os comentarisas políticos, que derrotou Aécio Neves : foi o Bolsa Família. E teria derrotado a qualquer outro candidato. De qualquer outro partido.
Desde 1991, existe o movimento O Sul é Meu País, um movimento separatista que se assim se define : "Movimento pela autodeterminação do povo Sul-brasileiro. O movimento O Sul é o Meu País, em seus mais de 20 anos de história é a resistência pacífica ao imperialismo centralizador do estado brasileiro. Nós somos uma associação legalizada segundo as leis brasileiras vigentes e sempre agimos à luz dela. Por acreditar na democracia como a melhor forma para alcançarmos nossos objetivos, nos propomos a discutir com a sociedade Sul-Brasileira a melhor maneira desta nação conquistar sua autodeterminação".
Os caras têm até uma bela bandeira. Uma estrela para o Paraná, outra para Santa Catarina e outra para o Rio Grande do Sul.
Será que eles aceitariam o estado de São Paulo como a quarta estrela de sua bandeira?
Passou da hora de São Paulo repensar seriamente em um movimento separatista, de retomar as ideias da Revolução Paulista de 1932, ainda que, feito os do O Sul é Meu País, de uma forma democrática e pacífica. Alguns dos expoentes, dos grandes cérebros apoiadores da Revolução Paulista de 1932 foram os escritores Monteiro Lobato, José de Alcântara Machado e o modernista Mário de Andrade.
Vejamos uma definição para Nação : "Nação é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, que falam o mesmo idioma e tem os mesmos costumes, formando assim, um povo. Uma nação se mantém  unida pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional."
Foi o que eu disse no ínicio, apenas o idioma temos em comum. E na parte da "consciência nacional" é que a porca torce o rabo de vez. Aí é que não há qualquer coadunação possível.
Após o resultado dessa última eleição presidencial, ficou claro que somos vários Brasis, não podemos ser chamados de uma única nação.
Separemo-no, pois.
Separa São Paulo!!!

Êh, Oô, Vida de Gado

Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!
Os pecuaristas Lula e Dilma, donos do maior rebanho eleitoral do planeta.

domingo, 26 de outubro de 2014

Religião é Como Um Pênis

"É bom ter um.
É bom ser orgulhoso dele.
Mas, por favor, não o use como um chicote em público 
nem comece a acená-lo para os ao seu redor
E, por favor, não tente enfiá-lo goela abaixo de meus filhos"

Parabéns, Leitinho !!!

Leitinho, hoje é o seu dia, que dia mais feliz, parabéns, parabéns...

sábado, 25 de outubro de 2014

Eles Sabiam de Tudo (e alguém, algum dia, acreditou que eles não soubessem?)

“…Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
— O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.
— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.”

Fosse o Brasil um país realmente sério, o pleito de domingo (26/10) seria disputado entre Aécio Neves e Michel Temer. Mas é claro que as autoridades não agirão a tempo. Ainda assim, se fosse o brasileiro médio um sujeito decente, eu estaria tranquilo, o impeachment de Dilma se daria nas urnas, o PT seria escorraçado via voto popular. Depois, a Justiça teria todo tempo para agir.
Acontece que o brasileiro não o é. O brasileiro tem alma de mendigo, de pedinte, de esmoleiro, de vagabundo, mesmo. E depois de 12 anos vivendo no bem-bom, comendo e bebendo de graça, coçando o saco o dia inteiro e fazendo mais filhos para aumentar o gado eleitoral do PT, ingressando em universidades via cotas etc etc, acham mesmo que o brasileiro vai colocar seus padrinhos para fora do Planalto? Eu bem que queria ter essa certeza.
O PT conseguiu transformar as novas gerações em uma massa de moloides, sem iniciativa, sem o menor instinto de competição, jovens que ficam esperando tudo lhes cair do céu, melhor, dos tais "programas sociais".
Voltamos, se é que um dia deixamos de, a ser índios extrativistas, aos quais a natureza tudo provinha. Ele ia no rio e pegava o peixe, andava na mata e pegava os frutos, muito mal plantava lá a sua rocinha de mandioca. O índio não desenvolveu nenhuma disciplina, nenhum método de produção ou trabalho. Ele não precisava. Sorte dele. Mas pelo menos nenhum índio vivia às custas do outro. E hoje há um contingente enorme de brasileiros vivendo às expensas de quem trabalha, uma legião enorme e crescente de parasitas sociais.
O jovem de hoje está com esse mesmo pensamento extrativista, e dou como exemplo apenas o que sei. Ele não estuda e a nota lhe é dada por lei, sua aprovação é automática, queiram ou não os professores e diretores de escolas e ainda que briguem contra e inutilmente alguns. Ele não se dedica aos estudos e a vaga na universidade acaba lhe sendo dada através de uma série de programas que vão adicionando pontos e porcentagens ao seu resultado no vestibular. Só por ele ter estudado em escola pública. Só por que ele é um "coitadinho".
Dou aula em uma escola pública de classe média em que a grande maioria dos alunos tem boas condições de vida. Todos estão sempre muito bem vestidinhos com as marcas da moda, com seus tênis caros, com seus celulares de último tipo etc. Ou seja, com raras exceções, é um alunado que não tem desculpa para não estudar, mora bem, não passa fome.
Pois ontem, ouvi de uma aluna - e uma das mais dedicadas da sala - que, apesar de ainda não votar, ela prefere que Dilma seja reeleita. Perguntei-lhe o porquê. Disse-me que, caso não consiga entrar numa universidade pública e nem tenha dinheiro para pagar uma particular, sabe que o PT dá bolsas de estudo através do ProUni.
E você já pensou em trabalhar para pagar a sua faculdade, ou, pelo menos, um ano de cursinho para tentar de novo uma vaga pública? - perguntei. A risadinha de pouco caso que ela deu foi resposta suficiente. 
Claro que o PSDB, caso eleito, não pretende acabar com ProUni, Bolsa Família etc etc, e ainda que um dia venha a pretender, o buraco é mais embaixo, teria que passar pela Câmara, pelo Senado e tudo mais, mas o brasileiro sabe disso? Claro que não. Se informar, ler a respeito dá muito trabalho.
Vou votar em Aécio, sim. Mas ainda acho que Dilma se reelegerá. O povão é preguiçoso, é encostado, adora ser apadrinhado pelos poderosos, adora lhes beijar as mãos sujas e corruptas e lhes pedir a benção. Lula e Dilma sabem disso. Eles sempre souberam. Eles sabiam de tudo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Todo Castigo Para Corno é Pouco (4)

Alípio Martins, cantor, compositor e produtor musical paraense, foi um dos expoentes do brega no Brasil e, consequentemente, da música de corno. Pois o brega é o verdadeiro macho sensível sem ser viado, o brega escancara sua dor como só um verdadeiro cabra macho teria coragem de fazer. O brega não esconde o chifre, canta-o em prosa e verso.
Morto aos 52 anos por  um câncer no estômago, Alípio Martins legou à MPB um dos maiores acervos de músicas do bom e velho chifre. Abaixo um de seus clássicos:
Lá Vai Ele
(Alípio Martins)
Lá vai ele
Com a cabeça enfeitada
Sem saber que a sua amada
Lhe traiu com outro alguém

(Lá vai ele
Com a cabeça enfeitada
Sem saber que a sua amada
Lhe traiu com outro alguém)

Já não sei mais o que faça
Já estou preocupado
Algo está acontecendo

Onde o meu amigo passa
Ficam todos cochichando
Sinto que estão querendo
 Lhe dizer alguma coisa
Sobre a sua pessoa
Ou então do seu amor

Mas ele não está gostando
E fica todo sem graça
Quando escuta alguém cantando...

Lá vai ele
Com a cabeça enfeitada
Sem saber que a sua amada
Lhe traiu com outro alguém

(Lá vai ele
Com a cabeça enfeitada
Sem saber que a sua amada
Lhe traiu com outro alguém)
Lá vai ele...

Fora PT, por Marco Antonio Villa

Publicado na Folha desta quinta-feira
"Estamos vivendo o processo eleitoral mais importante da história da República. Nesta eleição está em jogo um mandato de 12 anos. Caso o PT vença, estarão dadas as condições para a materialização do projeto criminoso de poder –expressão cunhada pelo ministro Celso de Mello no julgamento do mensalão.
Em contrapartida, poderemos pela primeira vez ter uma ruptura democrática –pelo voto– com a vitória da oposição. Isso não é pouco, especialmente em um país com a tradição autoritária que tem.
O PT não gosta da democracia. Nunca gostou. E os 12 anos no poder reforçaram seu autoritarismo. Hoje, o partido não sobrevive longe das benesses do Estado. Tem de sustentar milhares de militantes profissionais.
O socialismo marxista foi substituído pelo oportunismo, pela despolitização, pelo rebaixamento da política às práticas tradicionais do coronelismo. A socialização dos meios de produção se transformou no maior saque do Estado brasileiro em proveito do partido e de seus asseclas de maior ou menor graus.
Lula representa o que há de mais atrasado na política brasileira. Tem uma personalidade que oscila entre Mussum e Stálin. Ataca as elites –sem defini-las– e apoia José Sarney, Jader Barbalho e Renan Calheiros. Fala em poder popular e transfere bilhões de reais dos bancos públicos para empresários aventureiros. Fez de tudo para que esta eleição fosse a mais suja da história.
E conseguiu. Por meio do seu departamento de propaganda –especializado em destruir reputações–, triturou Marina Silva com a mais vil campanha de calúnias e mentiras de uma eleição presidencial.
Dilma nada representa. É mera criatura sem vida própria. O que está em jogo é derrotar seu criador, Lula. Ele transformou o Estado em sua imagem e semelhança. Desmoralizou o Itamaraty ao apoiar terroristas e ditadores. Os bancos e as estatais foram transformadas em seções do partido. Nenhuma política pública foi adotada sem que fosse tirado proveito partidário. A estrutura estatal foi ampliada para tê-la sob controle, estando no poder ou não.
A derrota petista é a derrota de Lula. Será muito positiva para o PT, pois o partido poderá renovar sua direção e suas práticas longe daquele que sempre sufocou as discussões políticas, personalizou as divergências e expulsou lideranças emergentes. Mas, principalmente, quem vai ganhar será o Brasil porque o lulismo é um inimigo das liberdades e sonha com a ditadura.
Daí a importância de votar em Aécio Neves. Hoje sua candidatura é muito maior do que aquela que deu início ao processo eleitoral.
Aécio representa aqueles que querem dar um basta às mazelas do PT. Representa o desejo de que a máquina governamental esteja a serviço do interesse público. Representa a disposição do país para voltar a crescer –de forma sustentável– e, então, enfrentar os graves problemas sociais. Representa a ética e a moralidade públicas que foram pisoteadas pelo petismo durante longos 12 anos.
Cabe aos democratas construir as condições para a vitória de Aécio. Não é tarefa fácil. Afinal, os marginais do poder –outra expressão utilizada no julgamento do mensalão– tudo farão para se manter no governo. Mas o país clama: fora PT!"
Fora PT

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Heróis da Resistência (IV)

Ernesto Geisel
Mandato: 15/03/1974 a 15/03/1979
Governo (realizações, acontecimentos, atos):
- propôs a abertura política desde que fosse "lenta, gradual e segura"
- aumentou o mandato de presidente de 5 para 6 anos
- criação do senador biônico
- alta da inflação e dívida externa
- restauração do habeas corpus e fim do AI-5

- criação do Pró-álcool, até hoje o maior programa do mundo de combustível alternativo ao petróleo.
- início da construção da hidrelétrica de Itaipu, na época, a maior hidrelétrica do mundo; hoje é a segunda, perde para a de Três Gargantas, na China

Uma curiosidade. Geisel, ao iniciar o processo de abertura política, fez uma profecia de nostradâmica precisão : “Se é vontade do povo brasileiro, eu promoverei a Abertura Política no Brasil. Mas chegará um tempo que o povo sentirá saudade da Ditadura Militar. Pois muitos desses que lideram o fim da ditadura não estão visando o bem do povo mas sim seus próprios interesses”.

Heróis da Resistência (III)

Emílio Garrastazu Médici
Mandato: 30/10/1969 a 15/3/1974
Governo (realizações, acontecimentos, atos):
- repressão política; 
"Anos de Chumbo" 
- exílios, tortura, prisões, desaparecimento de pessoas - todos "inocentes", 
- combate aos movimentos sociais e censura.
- "Milagre Econômico" - forte crescimento do PIB
- propaganda patriótica

Heróis da Resistência (II)

Arthur da Costa e Silva
Mandato: 15/3/1967 a 31/8/1969
Governo (realizações, acontecimentos, atos):
- Ato Institucional nº 5 (AI-5)
- política econômica voltada para o combate da inflação e expansão do comércio exterior.
- investimentos nos setores de transporte e comunicações
- reforma administrativa

Heróis da Resistência (I)

Nunca houve grupos revolucionários de resistência ao Governo Militar (1964-1985) com o nobre intento de instalar a liberdade e a democracia em cabralinas terras.
Houve, sim, muitos grupos revolucionários dotados de uma ferocíssima gana de perpetrar uma ditadura comunista, verter o Brasil numa grande Cuba. Em correspondências trocadas entre a súcia esquerdista, a palavra "democracia", ou mesmo o seu conceito, nunca aparecia, era sempre a tal "ditadura do proletariado".
Sim, houve resistência no período entre 1964 e 1985, mas não foi exercida pela malta vermelha que hoje atende genericamente pelo nome de PT, sim pelas valorosas Forças Armadas Brasileiras, pelos militares. Os militares são os verdadeiros heróis da resistência.
Ao contrário do que querem nos fazer acreditar os livros de história, sociologia etc e seus respectivos professores, a luta armada de esquerda não surgiu em resposta à tomada do poder pelos militares. Sim o oposto : os militares tomaram o poder para combater as atividades criminosas que tais grupos já praticavam desde inícios da década de 1960 - o mais famoso deles, o VAR-Palmares, bando exímio em sequestros, assaltos a banco, roubo de armas, assassinato etc e de cujas entranhas surgiu Dilma Rousseff, a nossa estimada "presidenta".
E não importam os motivos que esses baderneiros aleguem para tal atos, tentando torná-los justificáveis, tampouco as falácias que tentam apregoar, o que sei é que sequestro, assalto a banco, roubo e assassinato, são crimes em qualquer país do mundo, seja qual for o regime de governo vigente.
Ah, mas houve mortos, torturados, desaparecidos... dirão alguns. Sim, houve mortos, torturados e desaparecidos. De ambos os lados, inclusive. Era uma guerra, afinal. Porém, uma guerra que não foi iniciada pelos militares, apenas combatida por eles, como é da função e do treinamento de todo bom militar. O militar é preparado para dar porrada mesmo e aniquilar com os inimigos da nação. Será que alguém, hoje em dia, depois de toda a podridão praticada pelo PT, ainda duvida de que eles sejam inimigos da nação?
Os militares podem ter - e têm - muitos defeitos, mas são infalíveis em um aspecto, em identificar o inimigo. A mesma coisa que os militares disseram em 1964, que esses grupos de esquerda eram criminosos, o STJ de um Estado agora democrático, na ilustre figura de Joaquim Barbosa, cinquenta anos depois, chegou à mesma conclusão : quadrilheiros.
Repito : os militares são os verdadeiros heróis da resistência do Brasil.
Assim, através dessa série de 5 postagens, o Marreta presta sua homenagem e externa seu agradecimento aos heróis verdes-oliva.
O primeiro deles, Castelo Branco.
Castelo Branco
Mandato: 15/04/1964 a 15/03/1967
Governo (realizações, acontecimentos, atos):
- cassações políticas
- fim da eleição direta para presidente, 
criação do bipartidarismo
- limitação de direitos constitucionais
- suspensão da imunidade parlamentar

Heróis da Resistência (V)

João Baptista Figueiredo
Mandato: 15/03/1979 a 15/03/1985
Governo (realizações, acontecimentos, atos):
- início da transição para o sistema democrático
- restabelecimento do pluripartidarismo
- crise econômica, greves, protestos sociais
- restabelecimento das eleições diretas para governadores dos estados

Em tempo : não sei até que ponto procede, mas já ouvi algumas vezes uma história sobre Figueiredo. Dizem que quando foi assinar lá o decreto, o acordo, sei lá, para promover a transição a um Estado democrático, Figueiredo, antes de dar a canetada, teria se desculpado pela merda que estava prestes a fazer. E fê-la. Antes de ser um Presidente da República, ele era um bom soldado. E cumpria ordens.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Namorada de Chico Buarque Receberá Verba do PT Para Gravar CDzinho e Fazer Showzinho

Chico Buarque, na minha modesta opinião, é o maior letrista que já houve na MPB, e outro não haverá a equipará-lo. O cara é foda! Foi mais fodão nos anos 70 e 80, é verdade, mas continua foda.
Tenho uma caralhada de discos do Chico, tudo em vinil. Certas músicas, não obstante ouvidas centenas de vezes, arrepiam-me até hoje. Arrepiam-me mesmo, não é modo de dizer, não é uma figura de linguagem.
Fora isso, o seu enorme talento poético e musical, esqueçam Chico Buarque. Fora isso, ele é um grande dum hipócrita, do mesmo naipe dos políticos cujas candidaturas sempre apoiou.
Nos anos 60 e 70, assim como grande parte da "intelectualidade" brasileira, era um baba-ovo (talvez ainda seja) de Cuba, Fidel e sua ditadura sanguinária. Como um sujeito pode dizer que lutou e foi perseguido pela ditadura em seu país e, ao mesmo tempo, apoiar uma ditadura em pátria alheia? Não pode, simplesmente não pode. Ditadura no cu dos outros é refresco, Chico, é isso? Ditadura de direita é ruim e ditadura de esquerda é boa, Chico, é isso? Quando se exilou, por que não foi buscar abrigo sob as auspiciosas barbas do Tio Fidel, por que não se exilou em Cuba? Chico foi para Roma, uma das cidades mais belas e culturais do mundo. Caetano e Gil foram para Londres. Esses caras se exilaram em cartões-postais. Chico Buarque ama Cuba, porém, passa a maior parte do ano em seu apartamento em Paris.
Quando, então, ele abre a boca para falar das desigualdades sociais do país, dá vontade de chorar. De raiva. Chico Buarque nasceu elite. Intelectual e financeira. Sorte dele. Queria eu também ter assim nascido. Não entende porra nenhuma de povão, nunca lidou com o povão, não conhece o cheiro do povão. Sorte dele.
Chico Buarque apoiou as candidaturas de Lula e Dilma. Teve sua irmã, Ana de Hollanda, nomeada Ministra da Cultura, ministério que, em 2012, concedeu a Chico um subsídio, uma grana oficial para "ajudá-lo" a bancar a tradução do livro “Leite Derramado” para o idioma coreano, uma forcinha para o cantor vender sua obra em parte do mercado asiático. Tadinho do Chico... Tão necessitado...
Chico é sogro de Carlinhos Brown, que também passeia muito à vontade, com muita desenvoltura pelas celestes esferas do poder. Em vésperas da Copa de 2014, foi dada a Brown a nobre incumbência de "projetar" o que seria o instrumento musical oficial do Copa do Mundo, a Caxirola. Brown nada mais fez que pegar um chocoalho usado em rodas de capoeira e confeccioná-lo em plástico e com bolinhas de vidro em seu interior, ao invés de palha e pedras. Pela genialidade, Brown enfiou um milhão de reais no bolso.
Bebel Gilberto, filha de João Gilberto e Miúcha, portanto, sobrinha de Chico, também foi uma das contempladas pela canalha Lei Rouanet : R$ 1,9 milhões.
E agora, Chico volta a fazer propaganda para o PT. Diz que votou pela primeira vez em Dilma influenciado por Lula, mas que nesse pleito votará em Dilma pelo governo que ela realizou. Fiquei pensando : o que Chico irá ganhar com isso?
Hoje, deparei-me com a resposta, ou, ao menos, com parte dela : a namoradinha de Chico, a dita cantora Thaís Gullin, que podia ser sua bisneta - sorte dele, de novo -, receberá verba pública de 800 mil reais para gravar um novo CD e organizar sua turnê por oito capitais brasileiras. Será coincidência a moça ser a namoradinha do velho Francisco?
Ai, que vida boa, olerê
(né, Chico?)
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral
Vai passar

E Pensar Que Eu Já Tive Tesão Pela Dilma

A semelhança é desgraçadamente inequívoca : Suzy Rêgo está a cópia cuspida e escarrada de Dilma Rousseff; cara de uma, cu da outra.
O tempo é algoz para com algumas mulheres. Brigitte Bardot, uma das belezas mais helênicas e irretocáveis de todos os tempos, tornou-se um autêntico maracujá de gaveta em sua maturidade. De gaveta, não. Maracujá da tumba do Tutankamon!
Para Suzy Rêgo, o tempo reservou destino ainda mais cruel : transformou-a em Dilma Rousseff!
Bem me lembro de Suzy Rêgo surgindo em fins da década de 80 na novela Top Model, toda gostosinha, cabeleira selvagem, com aquela voz rouca de travesseiro... Foi um dos grandes tesões da estação. Muitas "homenagens" prestei ao rego da Suzy Rêgo. E ela parece a Dilma.
Pããããta que o pariu!!! Pensar que já tive tesão pela Dilma!
E aí foi aquela história : o tempo passa, o tempo voa, e a Suzy Rêgo não continuou a ser boa. Embuchou. Barangou. Pior : endilmou!
Embora triste e melancólico, o endilmamento de Suzy Rêgo serve ao menos para explicar um dos maiores mistérios do Universo : o embichamento de José Mayer.
Até hoje, nenhuma pista tinha me surgido do que teria levado um ator como José Mayer - consagrado, sólida carreira, talento inquestionável, e o maior pegador, o maior comedor, o maior passador de rodo, o maior encaçapador de buceta da história da teledramaturgia brasileira - a interpretar um viadão enrustido, uma biba velha, na corrente novela da Globo da faixa das 21 horas.
Creio ter descoberto a possível causa : o endilmamento de Suzy Rêgo afrouxou as pregas do Zé Mayer.
Explico : dias desses, sei lá por qual via, fiquei sabendo que o personagem de Zé Mayer é um sujeito de meia-idade, profissional bem-sucedido, bom pai e casado há mais de vinte anos. Casado com quem, porém? Aí é que a porca torce o rabo. Com a Suzy Rêgo. Imaginem a mortificação do sujeito : o cara se casa com a delícia da Suzy Rêgo, o tempo vai correndo, a vida vai passando e, num belo dia, o cara acorda ao lado da Dilma Rousseff. Casou com a Suzy Rêgo e acordou com a Dilma.
Pããããta que o pariu!!!! Dá pra tirar qualquer um do prumo, dá pra despirocar as ideias do cara.
Portanto, entendo e sou solidário ao seu drama e ao seu trauma, Zé Mayer. Mas daí a começar a dar a bunda? Mas daí, como diria meu grande amigo Odair, trocar uns peitos suculentos por uma bunda cabeluda? Não é para tanto, meu amigo, não é para tanto.
Não quer mais a Dilma? Basta não reelegê-la, Zé Mayer. Desfilie-se do partido, saia em busca de novas coligações. Mas dar a bunda? Não é para tanto, não é para tanto.
Suzy Rêgo, antes do endilmamento.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Direita, Volver!

Nunca aqui no blog, ou em qualquer outro lugar, real ou virtual, situei-me politicamente, defini e finquei meus pendores ou posicionamentos ideológicos, se de direita ou de esquerda. Até agora.
Em parte, porque sinceramente nunca consegui ver claras diferenças de pensamento e atitudes entre os ditos de direita e os ditos de esquerda; pelo contrário, é muito comum vermos políticos declaradamente de direita a fazer pronunciamentos, muitas vezes, de esquerda, e vice-versa. É a famosa farinha do mesmo saco.
E em parte, e principalmente, porque nunca tive elementos concretos de vivência (e eu não estou interessado em nenhuma teoria...) sob os dois tipos de regime, para poder compará-los. Até agora.
Nasci em 1967, dentro de um regime de extrema direita, o regime militar (1964-1985), que foi sucedido pela Nova República, um regime que se definia de centro, os em cima do muro, mas com claros pendores à direita, um regime de centro-direita. Como eu disse, ainda sem elementos de comparação. Até 2002, quando a chamada esquerda brasileira, final e desgraçadamente, assumiu o poder federal e começou a nos mostrar as suas verdadeiras fuças.
Doze anos de um governo de esquerda, doze anos de uma quantidade gigantesca de dados para tecer paralelos e, tranquilamente, vos digo : sou de direita! A esquerda brasileira conseguiu definir-me politicamente : sou de direita! Em sendo o PT a esquerda que nos cabe, em sendo o PT a esquerda que se nos apresenta, não tenho titubeios : sou de direita! Destro até à medula!
O uso político dos termos "direita" e "esquerda" surgiu na Revolução Francesa. Durante os debates sobre a Constituição, os deputados ligados à aristocracia e aos defensores da monarquia constitucional, bem como os membros da alta burguesia, sentavam-se à direita do plenário, e os simpatizantes da revolução acomodavam suas mal lavadas bundas francesas nas cadeiras à esquerda.
Consenso geral, ou melhor, senso comum, a esquerda inclui progressistas, sociais-liberais, ambientalistas, social-democratas, socialistas, democrático-socialistas, libertários socialistas, secularistas, comunistas e anarquistas, enquanto a direita congrega fascistas, conservadores, reacionários, neoconservadores, capitalistas, neoliberais, monarquistas, teocratas e nacionalistas.
Uma definição claramente tendenciosa, uma classificação claramente elaborada pelos de esquerda, que se consideram o suprassumo da criação, a quintessência da humanidade.
Pois eu vejo a coisa de modo um pouco diferente. Os de direita que conheço são aqueles que trabalham responsavelmente (e desde de tenras idades), que cumprem com suas obrigações profissionais, pessoais e familiares, que pagam seus impostos, que conquistam - e muito justamente - seu pequeno patrimônio, suas propriedades, são aqueles que, mesmo às vistas de um quase irrisório progresso, pautam-se pela ordem. 
Os de esquerda que conheço são aqueles que querem ter tudo o que os de direita conquistam, mas sem trabalhar, sem terem responsabilidades, método ou disciplina em suas vidas; os esquerdistas querem tudo o que os direitistas têm, mas não na base do esforço, sim na base da "justiça social". Os de esquerda se esgoelam por uma mais justa divisão de rendas. Rendas de quem, cara-pálida? Dos outros, claro. O esquerdista está de olho é na renda do outro. Jamais cogita em ter sua própria renda e com ela incrementar o bolo a ser bem e salomonicamente dividido. Divisão de renda no cu dos outros é refresco.
Claro que, em minha longínqua adolescência, tentei ser doutrinado pelos da esquerda. Sempre tinha aquele professor de história, filosofia, sociologia e outros que tais, barbudos, cabeludos, encardidos, querendo fazer nossa cabeça contra a direita, querendo nos arrebanhar para a manada vermelha. E, confesso, algumas vezes, sofri leves influências, cheguei a votar no PT, no Suplicy e no jurista, não sei se ainda vivo, Hélio Bicudo.
Mas meu lema sempre foi : o que sei é o que vi e vivi.
E o que sei e me lembro do período militar é do meu pai, vindo já quase um adulto da zona rural para a cidade. Começou lavando peças de trator, fez o "madureza", que era o supletivo da época, fez cursos de mecânica, passou de lavador de peças a mecânico, estudou mais, passou a representante comercial, concomitantemente, trabalhava o dia todo, construiu uma bela casa, fez faculdade de administração e de economia, e foi promovido a gerente de seu departamento. Hoje, ele não faria nem para pagar o mais reles aluguel de uma casa decente. E se hoje ele não vive confortavelmente, ainda que de forma frugal e modesta, de sua dilapidada aposentadoria, se hoje, com mais de 70 anos, ele ainda se impõe o trabalho, é porque, direitista que é, tem arraiagado em si um enorme senso de provedor, considera-se ainda na obrigação moral de sustentar o filho mais novo, praticamente uma criança, na tenra idade dos quase 40 anos, esquerdista, claro.
O que sei e me lembro do período militar é de um tio materno, que com sua fábrica de sapatos de fundo de quintal, o que hoje se chama de microempresa, também progrediu em sua vida, construiu sua casa, criou e bem estudou três filhos e ainda dava emprego para dois ou três parentes. Hoje, sua pequena empresa iria à falência, não faria nem para os tais encargos sociais.
O que sei e me lembro do período militar é que quem trabalhava, tinha, conquistava, o dinheiro era dele. Hoje, quem trabalha, sustenta um enorme e cada vez maior contingente de vagabundos, de enconstados, de parasitas reprodutores, chamados pela canalha esquerdista de "excluídos", de "vítimas do sistema" etc etc.
O que sei e me lembro do período militar é de ter estudado em uma escola pública mil vezes melhor que a escola pública em que hoje leciono. O que sei e me lembro é de professores meus com salários equivalentes, à época, ao de um juiz de direito. Hoje, um ingressante no magistério mal ganha R$ 1000,00 com sua carga horária inicial.
Por essas e por outras : Direita, volver!!!
Por essas e por outras, depois de exatos vinte anos a anular todos os meus votos - o último candidato que teve meu voto foi o Fernando Henrique Cardoso, em 1994 -, vou votar agora, no segundo turno, em Aécio Neves. Melhor, vou votar contra o PT, contra a esquerda que aí está. Fosse Marina Silva a confrontar Dilma nas urnas, votaria nela; fosse o Pastor Everaldo, idem.
Insatisfatoriamente, o que se oferece é Aécio Neves. Paciência, Iracema, paciência. 
Como diz o populacho, o Aécio é o que a gente tem pra hoje. O fundamental e urgente é arrancar o PT do Planalto. Depois a gente vê o que faz. Se o Aécio for uma merda, a gente o demite na próxima eleição, se o seu sucessor for outra merda, o trocamos também. É para isso que serve a democracia. É isso que ela nos permite.
Fora, PT!
Direita, volver!!!

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Assim Eu Acabo Virando Sommelier

Tenho cá para mim que quando o cara começa a se dizer muito sofisticado, a ser dar ares de especialista e pompas de expert, a recitar terminologias e técnicos glossários, é porque ele já dá a bunda há muito tempo. Não tem como, sofisticação relaxa as pregas do sujeito.
E de todos esses cabotinos com tesão na argola, o meu preferido, o sommelier, o especialista em vinhos.
É o cara que abre o vinho, cheira a rolha, posiciona garrafa e taça em correta inclinação, derrama quantidade medida e padronizada, gira o vinho pelas paredes da taça, observa com peritos olhos a formação e o escoamento das "lágrimas", enfia a canapia quase até o fundo da taça, aspira o bouquet com espectrofotométrico olfato, sorve um pequeno trago, bochecha, aprova o vinho e volta a encher a taça.
Claro que aprova o vinho. Quem já viu alguém abrir um vinhão e jogá-lo fora? Claro que ele aprova. Toda essa viadagem travestida de ciência é só uma maneira do cara justificar, digo até glamourizar, o vício pela birita
E o sommelier não é capaz de simplesmente aferir as qualidades do vinho e guardar o laudo técnico para si. Porra nenhuma. Ele tem que falar. Tem que relatar aos ao seu redor os resultados de sua pedante análise. E o cara começa : esse vinho recende a tâmaras, damascos, ameixas vermelhas...
O filho da puta sente o cheiro de todas as frutas do mundo no vinho. Menos o da uva. Viadagem, pura viadagem.
Mas acontece que o peixe - e o homem - morre pela boca. Acontece que um dia é o da caça e outro o do caçador. Acontece que araruta também tem seu dia de minguau. Acontece que eu posso acabar pagando a minha ferina língua.
Hoje, de repente, sem mais nem porquê, assaltou-me uma vontade incomensurável de me tornar um sommelier, um degustador.
Esse, eu abriria com todo cuidado, com toda pompa e circunstância, cheiraria-o, sentiria-lhe o bouquet, a viscosidade de suas "lágrimas", bochecharia com um pequeno trago, aprovaria-o e meteria-lhe a "rolha"
Não provei desse vinho, mas adivinho-lhe com notas pungentes e ao mesmo tempo suaves de um moderado agridoce, um azedinho nectarizado, também timidamente salobras, abacalhoadas.
Só não me impinjam taças de formatos e volumes adequados a cada tipo de vinho etc. Que esse vinho, eu bebo a la Bukowski : no gargalo. Na beiçada.

Divertidos, Moleques e Bêbados

Ao longo desta semana, o Canal Brasil está a exibir uma programação especial com obras de Hugo Carvana, grande cineasta, malandro profissional, dos que trabalham duro.
Assisti ontem a um episódio do excelente e indispensável Sangue Latino, capitaneado pela batuta austera, silenciosa e acolhedora de Eric Nepomuceno, com Hugo Carvana.
Num dado momento, é perguntado a Carvana sobre a amizade. Ele diz que fazer amigos é criar irmãos. E que ele não precisa de muitos, uns poucos e bons lhe servem : "desde que sejam divertidos, moleques e bêbados... como eu", explica Carvana.
Pãããta que o pariu!!! É isso mesmo!!! 
É o retrato falado! É o raio-X, a tomografia! É o perfil sine qua non do amigo! Tão simples e foi preciso o Carvana para me dizer. Já falei tanto de amizade por aqui, já teorizei tanto e a receita não podia ser mais básica : divertidos, moleques e bêbados.
Se Carvana ainda fosse vivo, se eu tivesse sabido disso antes, teria mandado um currículo meu para ele. Isso, claro, se os dados em meu currículo ainda fizessem jus ao cargo. Se eu ainda fosse divertido, moleque e bêbado. Não sou mais. Meu currículo está desatualizado. Mentiroso. Em todos os sentidos.
Sim, fui divertido um dia. Ranzinza pra caralho, é bem verdade, mas espirituoso, de uma rabugice sarcástica, filha da puta, capaz de extrair gargalhadas de paladares mais exigentes e sofisticados; hoje, ficou só o amargor.
Sim, fui moleque dos bons. Tipo Saci Pererê. Sempre a atazanar e a sacanear os amigos, brincadeiras de macho, próprias da camaradagem, páginas de um livro bom; hoje, não rio e não saboto nem a mim mesmo, o adulto balança e o menino já não vem me dar a mão.
Bêbado, tornei-me tarde, não era vocação natural, mas aprendi rápido, esmerei-me na prática do ofício; hoje, é a única qualidade carvaniana que ainda exercito. E nem é bem um exercício, é mais uma fisioterapia, uma manutenção. Porre, acho que o último foi em 2005, no casamento do Margá, e foi dos homéricos. Passei mal algumas vezes depois disso, o que é muito diferente : passar mal por ter exagerado na canjebrina é uma coisa; porre é outra, diametralmente oposta.
Carvana acertara na mosca : divertidos, moleques e bêbados!
Muitas vezes nos queixamos de que vamos perdendo amigos ao longo da vida. Eu mesmo, chorão profissional, nos meus momentos de recordação solitária e etílica, muito me lamentei por isso. Nada mais equivocado, porém. Uma mentira do caralho.
Não os perdemos, os amigos. Perdemos é a competência para continuar exercendo a nobre função de amigo. Deixamos de ser divertidos, moleques e bêbados. Amigos, os legítimos, não se perdem uns dos outros. Mas podem perder a habilidade de se manterem como amigos.
Era madrugada ao término do Sangue Latino com Hugo Carvana. Madrugada é sempre boa hora para revelações, para epifanias. Quis, e já se findava o sexto latão de cerveja, dividir a descoberta, diria até a cura, com meus poucos e remanescentes amigos, uns três ou quatro.
Quis ligar para eles, desculpar-me pela negligência, por ter me tornado um relapso funcionário público da repartição da fraternidade. E também, claro, acordá-los, atrapalhar-lhes o sono : já seria o moleque voltando, seria muito divertido - bom, para mim seria.
Lembrei-me do telefone de um deles, ***-1630. Pãããta que o pariu. Não era dele, não mais, era (não sei se ainda é) o número da casa da mãe dele. Vasculhei pelo telefone de outro, veio-me : ***-2135. Mesma coisa. Recordei ainda de mais outros dois telefones, igualmente das mátrias residências. E olha que já se vão umas boas duas décadas, ou mais, que abandonamos nossos respectivos ninhos
Constatei : não sei de cor (nem tenho anotado em alguma agenda, não tenho agenda) os números de telefones atuais de nenhum de meus amigos. Na verdade, não sei-lhes nem o endereço.
Procurei racionalizar, mitigar meu remorso. A culpa não é totalmente desse meu cérebro cansado e sem tesão por novos dados, informações e armazenamentos. Explico:  antes, as linhas telefônicas eram propriedades contratuais das pessoas - minha mãe, uma de minhas tias, mantêm o mesmo número há décadas -, hoje tudo é virtual, cambiável, escamoteável, volátil feito éter.
Hoje não há tempo para nos afeiçoarmos a um número de telefone, que ele já mudou, que ele já ganhou algarismos adicionais. E é tanto número, e é tanto nove, que nem é mais número, são dígitos. Dígitos... até os números perderam sua pessoalidade. Dígitos é o caralho. Hoje em dia, quem sabe o número dos telefones dos amigos de cor?
Antes, o número de telefone do amigo era a sua identidade, o seu RG, era um código morse particular para SOS, era o bat-sinal, era uma bolsa de sangue de mesmo tipo que o nosso. Quando ligávamos para o amigo, e ele atendia, sabíamos que ele estava na casa dele, sabíamos em que cadeira ele estava sentado para conversar conosco, víamos a mesa da sala, escutávamos o barulho da TV, a movimentação da mãe pela casa, erámos capazes mesmo de adivinhar a rádio que ele estava a ouvir, ou o vinil que estava a ser acariciado pelo diamante do toca-disco, o gibizão que ele estava a ler.
Hoje ele pode estar no trânsito, no banheiro, no trabalho, na fila do banco, no motel com a amante (alguns de nós têm mais sorte que os outros), no cinema, na puta que o pariu. Ele nos atende, mas, tenho certeza, mal nos ouve
Antes, acontecia de ligarmos várias vezes para o amigo e não encontrá-lo, dependia dele estar em casa, seu local de maior probabilidade, seu orbital : era o princípio da incerteza que regia nossas ligações. Hoje, com celulares, e-mails, skypes, facebooks, cresceu a acessibilidade ao amigo. Ele sempre nos atende, está sempre acessível, mas nunca disponível.
Nunca divertido, moleque e bêbado.
Como não sei os telefones atuais deles, escrevi esse texto capenga, pois sei que, volta e meia, eles passam por aqui para dar uma lida em minhas sandices.
É madrugada, de novo. Que as mesmas inquietações que me mantêm acordado a uma hora dessa, que fazem com que eu insista em escrever e escrever e escrever, não os aflijam. Bom sono, meus amigos. Aproveitem-no bem, enquanto podem. Enquanto eu não descubro os seus telefones atuais.
"Fazer amigos é criar irmãos. Divertidos, moleques e bêbados... como eu."