sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Quociente, Quociente, Quociente Eleitoral, 'Cê Vota no Palhaço e Elege os Marginal...

O ex-jogador Romário, agora senador eleito pelo estado do RJ com 4,6 milhões de votos, bem disse em certa feita : "o Pelé calado é um poeta!"
Concordo com o baixinho.
Não obstante o gênio futebolístico que Pelé tenha sido - e ele o foi -, o seu alter ego, Edson Arantes do Nascimento, o "Edson", como ele próprio gosta de se autorreferir, é um asno de teta. Quando o Edson abre a boca, precavemo-nos : lá vem "pérola".
Exceção a uma única declaração, proferida na década de 70. Ao ser questionado sobre a decisão dos governos militares de suspender eleições diretas para cargos do Executivo, Pelé, ou o Edson, nem ele sabe direito às vezes, mandou na lata : "brasileiro não sabe votar".
A fala de Pelé causou indignação e revolta. Até hoje causa certa consternação, como é próprio das grandes verdades. Brasileiro não sabe mesmo votar, haja vista aos últimos pleitos presidenciais.
Mas e se soubéssemos? E se exercêssemos efetivamente um voto consciente? E se, antes de votar em alguém, pesquisássemos sobre a vida pregressa do sujeito, seus feitos e realizações em prol do coletivo, assim como, e também, suas cagadas, seus podres, botássemos tudo numa balança cívica muito bem calibrada e só depois, muito depois, depositássemos nele a nossa confiança? E se seguíssemos, feito ratos de feicibúqui, a vida pós-urna de nossos candidatos, acompanhássemos seus passos, verificássemos o cumprimento ou não dos compromissos estabelecidos em campanha e usássemos o saldo, positivo ou negativo, na eventualidade de uma nova candidatura? E se etc etc e etc?
De nada adiantaria, também. Não mudaria porra nenhuma. A verdade é que fazemos papel de palhaços nas urnas - nas urnas, também. 
Primeiro que não escolhemos em quem iremos votar, os partidos é que escolhem; portanto, teoricamente, escolhemos entre os candidatos que os partidos escolheram para tal. E nessa escolha, óbvio, está em jogo uma porrada de maracutaias. 
Segundo, os "eleitos" não são os mais votados pelo povo, muito longe disso, aliás. Os "eleitos" apossam-se de suas cadeiras legislativas via coligações, conchavos e, sobretudo, através do Quociente Eleitoral.
Nesta eleição, pasmem, do total de 513 deputados estaduais e federais, apenas 35 - isso mesmo, 35, apenas 6,8% da corja toda - elegeram-se com a própria votação. Os demais 478 "eleitos" no domingo contaram com os votos somados do partido ou coligação para atingir a votação necessária.
O quociente é definido pela divisão do número de votos válidos pelo número de vagas que cabe a cada estado. Em São Paulo, a exemplo, o quociente eleitoral foi de 299,9 mil votos - resultado da divisão dos 20,99 milhões de votos válidos pelas 70 cadeiras da bancada.
Celso Russomano teve 1,5 milhões de votos, Tiririca, pouco mais de 1 milhão, as suas "sobras", rateadas entre os de seus partidos, ajeitaram a vida de mais seis vagabundos, quatro do partido de Russomano e dois do do Tiririca.
Mas não esquentemos a cachola com aritméticas, que o tal quociente eleitoral foi criado para que ninguém mesmo entenda. Deixemos que ele, Tiririca, na inspiradíssima animação do cartunista Piriri, melhor nos esclareça sobre o Q.E., ao ritmo de seu megahit Florentina.
Quociente, quociente, quociente eleitoral... 'cê vota no palhaço e elege os marginal.

Um comentário:

  1. Excelente video! Agora, sabe por que uma cambada se beneficia do QE? Justamente por conta do QI baixo de muitos eleitores (no duro, no duro, não há falta inteligência, o que há é sobra de ignorância).

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