segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Viva Meu Joelho Podre

Meu joelho dói
Arde
Queima
Lateja.
É a menor das minhas dores
Mas é a única da qual posso me queixar.
A única à qual
Vez ou outra
Dão ouvidos
Ainda que poucos
Ainda que moucos.
É a menor das minhas dores
Com a qual poderia viver calado.
Mas é a única
Que aparece no raio-x
Na ressonância
Na tomografia
Na capa da revista.
É a única 
Que é reconhecida
Pelo CRM, pela OMS.
É a única para a qual
São receitados
Recitados
Prescristos 
Em nome de Esculápio e de Cristo
Atenções
Zelos
Condescências
Dipironas
Diclofenacos
Paliativos.
É a menor de minhas dores,
Com a qual poderia andar normalmente
A tiracolo
Pegar o ôniubs
Ir pagar as contas
À feira
Cuidar da casa
E do filho. 
Mas é a única que me dá 
Três dias de atestado médico
Três dias de indulto
Três dias de mar do Caribe com margheritas
Três dias de gente.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Nocauteado em Pé

Meu sono 
Tem sido como certas putas que amei.
Quando me vê impedido
De com ele me deitar
Me abraça
Me enlaça
Me enreda
Faz-se de mole água em dura pedra
Enfia a língua
E sussurra tentações em minha orelha.
E, meu amigo,
Mal há café que baste 
Para me manter
Minimamente acordado no ringue
Ganhando tempo e fôlego
Para aguentar até o soar do gongo ao fim do dia
(e sempre perco por pontos).
Quando me vê, porém, 
À noite,
Livre de minhas atribulações
Descansado e disposto
De pau em riste
Pronto para passar 
Umas boas 8 horas com ele em minha cama
Sem tirar de dentro
Sem levantar nem para mijar
Ele some atrás de outros olhares
Se esquiva e se esconde pelos bares
Toma de outros copos
De outros corpos
Adormece em outros lares.
Então, meu amigo,
Mal há cerveja que chegue
Para me pôr a nocaute.

Cães Sem Dentes

O aluno joga a culpa no professor;
O professor, no aluno;
O tecnocrata formado em pedagogia, no sistema
E a caravana passa...

Todo Castigo Pra Corno é Pouco (22)

O bom e velho Jotabê sugeriu a canção "Tereza da Praia" como tema de mais um TCPCP. Tal obra-prima, de Tom Jobim e Billy Blanco, escudada por Lúcio Alves e Dick Farney, é realmente um dos hinos da cornagem nacional. 
Dois amigos se encontram e começam, cada um, a contar vantagem sobre sua mais recente conquista amorosa, de seu mais fresco abate. Eles vão descrevendo suas atuais musas e os detalhes são coincidentes demais. Ao fim da canção, do duelo poético e musical, eles concluem que estão comendo a mesma mulher, a Tereza da Praia. Pensam que eles brigam? Que saem na porrada? Que puxam a navalha? Nada disso. Decidem que a Tereza é da praia, não é de ninguém. Decidem compartilhá-lha irmanamente. 
É o corno solidário. É o corno comunitário. É o corno que acha preferível comer uma lata de doce de leite em dois do que uma lata de bosta sozinho.
Agradeço, como sempre, imensamente, a sugestão, caro Jotabê. Acontece que ela já foi publicada no Todo Castigo Pra Corno é Pouco (13). Mas para você não sair sem chumbo, postarei aqui a "Tereza da Praia" dos tempos modernos, dos infelizes tempos modernos. 
É uma versão bem-humorada da canção feita pelo saudoso humorista Serginho Leite, uma paródia adaptada ao mundo gay. Sim. Gay também é filho de deus. Gay também é corno. Viado também leva chifre. É a divertidíssima "Reginaldo da Praia". 
Reginaldo da Praia é um surfista de olhos verdinhos, bastante puxados, cabelos loirinhos, todo parafinado. Reginaldo da Praia, assim como sua precursora Tereza o era de Lúcio Alves e Dick Farney, é alvo da disputa entre Cauby Peixoto e Agnaldo Timóteo; melhor, de Aguinaldo Peixoto e Cauby Timóteo. 
Serginho Leite se caracteriza dos dois, veste-se feito uma pizza mezzo Cauby mezzo Timóteo e vai se alternado para a câmera conforme interpreta um ou outro. Genial.
Reginaldo da Praia (Serginho Leite)
(Timóteo canta) :
Cauby,
Arranjei novo amor no Leblon,
Que corpo bonito,
Que pele morena,
Que amor de surfista,
Amar é tão bom
Tão bom...
(Cauby canta) :
Timóteo,
Ele tem o nariz levantado,
Os olhos verdinhos,
Bastante puxados,
Cabelos loirinhos,
Todo parafinado...?
Esse é meu Reginaldo da Praia
(Timóteo canta) :
Se ele é seu, ele é meu também
(Cauby canta) :
Mas o verão passou todo comigo
(Timóteo canta):
Mas o inverno pergunta com quem?
(As duas bichonas entoam um dueto):
Então, vamos Reginaldo na praia deixar
Aos beijos do sol
E abraços do mar
Reginaldo é da praia
Não é de ninguém
Não pode ser seu
E nem tampouco seu também
Reginaldo é da praia
Não é de ninguém
De ninguém
De ninguém...

Para ver o vídeo, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Amigo de Leite é Bezerro

Ah, a genialidade das grandes sacadas condensadas nas pequenas frases... e eu, aqui, insistindo em meus quilométricos textos, que não têm mais nada a dizer.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Jogo da Cabra-Cega

Faz tempo que vejo o mundo turvo
Embaçado
Embaralhado
Em vultos sobrepostos
Cheio de zumbidos nas imagens
Feito duas ou mais estações de rádio
Que teimam em ocupar a mesma frequência no dial.

O horizonte
Os prédios e os monumentos
As árvores
Os itinerários dos ônibus
Os produtos nas prateleiras do mercado
Os outdoors
Os cães vadios e os gatos saltimbancos
As notícias dos jornais
Os pássaros nos fios
Os mendigos nos meios-fios
A peituda que passa pela outra calçada
O asilo de velhos
O saldo na tela do caixa eletrônico
A comida no fogão
O japonês da quitanda em meio à sua paleta de frutas e verduras
A minha letra no papel...
Turvo
Tudo turvo.

Sentei-me às máquinas do oftalmologista.
Tudo bem, elas disseram,
Para perto, um leve grau
Para longe, nada a consertar
Tudo certo com a visão além do alcance
Podemos melhorar sua leitura de um livro
Nada a fazer quanto à sua leitura do mundo,
Diagnosticaram as máquinas do oftalmologista,
Que nem olhou para mim
Que nem me viu
Que só escreveu em seu receituário o que lhe ditaram as suas máquinas
Que só estava ali como intérprete
Como interface
Como boneco de ventríloquo
Só porque as máquinas ainda não tem mãos
Nem títulos e diplomas de doutor em suas paredes.
Desculpei-os, o oftalmologista e suas máquinas
Eles entendem muito de olho
Mas nada do que ele vê.

Só quando tudo descuida de ser visto
É que vejo tudo com nitidez
De madrugada
Na semiescuridão
Quando as formas
Descansam de suas arestas
E passeiam desproporcionais
Com suas vestes velhas, largas e puídas
Roupas de ficar em casa;
Quando as cores
Descansam de suas alegorias
E passeiam monocromáticas
Com seus arco-íris de sombras
Largam mão de sua pavonice;
Quando as máscaras
Descansam dos rostos que juraram servir
E passeiam de cara lavada
Marcham em blocos
Em carnavais de Veneza.
Mas a madrugada dura pouco pra mim
Ando com pouca resistência às altas horas
Baixa tolerância à privação do sono
Também à longas vigílias
À vida, de forma geral.

Posso arrancar meus olhos
Mas não posso eliminar a estática e a interferência
O zumbido
O sentiria por outras vias
Por cada um de meus poros.
Por que Édipo arrancou os próprios olhos?
Por acaso, um cego não é capaz de continuar a comer a mãe?
Até mais fácil, não vendo que é sua mãe.
Por que Édipo não arrancou o pau?
Falso arrependimento
Mise-en-scéne
Viadagem de grego.
Posso trocar minhas lentes
Lapidar a laser meus cristalinos
Mas não posso trocar de mundo.

E o filho da puta do oftalmologista
Nem me viu.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Um Poema Quase Feito, Bukowski

eu vejo você bebendo numa fonte com suas
minúsculas mãos azuis, não, suas mãos não são minúsculas
elas são pequenas e a fonte é na França
de onde você me escreveu aquela última carta e
eu respondi e nunca mais obtive retorno.
você costumava escrever poemas insanos sobre
ANJOS E DEUS, tudo em caixa alta, e você
conhecia artistas famosos e muitos deles
eram seus amantes, e eu escrevia de volta, está tudo bem,
vá em frente, entre na vida deles, não sou ciumento
porque nós nem nos conhecemos. estivemos perto uma
[vez em
New Orleans, metade de uma quadra, mas nunca nos
[encontramos,
nunca um contato. assim você seguiu com os famosos,
[escreveu
sobre os famosos, e, claro, descobriu que os famosos
estavam preocupados com a fama deles – não com a jovem e
bela garota em suas camas, que lhes dava aquilo, e
[que acordava
de manhã para escrever em caixa alta poemas sobre
ANJOS E DEUS. nós sabemos que Deus está morto, eles nos
[disseram,
mas ao ouvi-la eu já não tinha certeza. talvez
fosse a caixa alta. você era uma das melhores poetas e eu
disse para os editores, “publiquem-na, publiquem-na,
[ela é louca mas é
mágica. não há mentira em seu fogo”. eu te amei
como um homem ama uma mulher que jamais tocou,
[para
quem apenas
escreveu, de quem manteve algumas fotografias. eu poderia
[ter te
amado mais se eu tivesse sentado numa pequena sala
[enrolando um
cigarro e ouvindo você mijar no banheiro,
mas isso não aconteceu. suas cartas ficaram mais tristes.
seus amantes te traíram. criança, escrevi de volta, todos os
amantes traem. isso não ajudou. você disse
que tinha um banco em que ia chorar e que ficava numa
[ponte
e a ponte ficava sobre um rio e você sentava no seu banco de
[chorar
todas as noites e descia o pranto pelos amantes que
te machucaram e te esqueceram. escrevi de volta mas não
[obtive
qualquer retorno. um amigo me escreveu contando do seu
[suícidio
3 ou 4 meses depois de consumado. se eu tivesse te
[conhecido
provavelmente teria sido injusto com você ou você
comigo. foi mesmo melhor assim.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Homens Precisam Cair na Gandaia com os Amigos Duas Vezes Por Semana, Conclui Estudo de Oxford

A mulher que se gosta, que se dá os devidos valor e importância, que muito bem se cuida, que prima e zela por seu bem-estar físico, mental, psicológico e espiritual vai regularmente ao ginecologista, ao dermatologista, ao dentista, ao cardiologista, ao endocrinologista, ao nutricionista, ao massagista, ao podólogo, ao acupunturista, ao psicólogo, ao psiquiatra, ao terapeuta, à manicure, ao cabelereiro, ao seu personal homeopata, faz meditação, ioga, reiki, shiatsu, feng shui, cromoterapia, gnose, alinha os chacras, faz pilates, hidroginástica, alisamento de cabelos, depilação da xana, consulta a cartomante, a taróloga, o astrólogo, toma um passe no centro espírita, faz simpatias, acende vela pro anjo da guarda, encomenda cabalas e mapas astrais e, para garantir, afinal, o seguro morreu de velho, faz suas macumbinhas.
E funciona. Tudo isso funciona muito bem para elas. Todos esses cuidados as tornam e as conservam mais bonitas, mais saudáveis, dispostas, vistosas, vigorosas, viçosas, exuberantes, tesudas e atesuadas, confiantes e senhoras de si, desinibidas, despojadas de preconceitos e tabus, bem resolvidas e liberadas - algumas passam até a liberar o cuzinho.
Nós, homens, agradecemos imensamente esse amor-próprio que vocês têm, essa necessidade de estarem bem consigo mesmas para estarem bem para e com o outro. Agradecemos do fundo do coração a esse aprimoramento a que se dedicam, o qual, por tabela, acabamos por usufruir.
A merda, meninas, e não é ingratidão, sei que vocês fazem pensando no nosso bem, é que vocês querem que as acompanhemos em suas jornadas pelo bem-estar pleno, holístico. A merda, meninas, é que vocês pensam que os meios para que nós, homens, alcancemos nosso bem-estar físico, mental, psicológico e espiritual, para que atinjamos nosso nirvana, sejam os mesmos que os seus.
Se você que me lê é casado ou tem relacionamento fixo de longa data, sabe exatamente do que digo. Um dos passatempos preferidos da mulher é marcar consulta médica para o seu homem. O cara tá lá, sentado no sofá, pensando na vida, sem mexer com ninguém, à vontade e de bem com sua pança, sua careca, suas varizes, suas unhas cascudas do dedão do pé, com os pingos de mijo na cueca, em paz e felizão da vida, sentindo-se muito bem, sem sentir nem se queixar de qualquer dor ou desconforto e lá vem a mulher, acabar com seu sossego. Manda-o ao clínico geral, ao cardiologista, ao oftalmologista, ao barbeiro e, principalmente, ao urologista.
Somos diferentes, meninas. Somos muito mais simples. Simplórios, até, se preferirem, e, por conseguinte, muito mais facilmente contentáveis que vocês. Não temos a complexidade de vocês, meninas, apesar de muito a admirarmos, os seus detalhes, as suas complicações, os seus múltiplos talentos. Somos reles, rasos e transparentes se comparados a vocês, meninas. Vocês são aquelas mesas de estúdios de gravação, aqueles equalizadores com infinitos botões, infinitas modulações. Somos radinhos de pilha, meninas, com um só botão, que liga e desliga e aumenta e abaixa o volume. E que só pega AM. Logo, precisamos de muito pouco para alcançarmos nosso bem-estar em sua plenitude.
Homens, meninas, não precisam ir ao médico, não precisam fazer eletrocardiograma, não precisam correr na esteira do cardiologista, não precisam verificar glicemia e triglicérides, não precisam fazer dieta, terapia, artesanato, tomar florais de Bach, raspar o saco e, sobretudo, meninas, guardem isso com vocês, homens não precisam levar dedada no cu.
A nossa felicidade é muito mais prosaica e mundana, nada tem de transcendente, não estamos interessados em nenhuma teoria, nessas coisas do Oriente, romances astrais. O nosso equilíbrio físico, mental, psicológico, espiritual e até sexual pode ser obtido com uma única prática : sair para beber com os amigos no buteco, e, pelo menos, duas vezes por semana.
Todo homem sabe disso. Toda mulher finge não saber. O homem volta renovado para casa depois de um encontro para beber com os amigos. Estar entre iguais, rir, falar besteiras, esquecer da vida, contar piadas sujas e preconceituosas, falar mal da vida dos outros, olhar pras gostosas que desfilam pelas calçadas, recordar histórias da juventude etc etc renova a vontade de viver do sujeito. É biológico. É a coisa do macho que sai para caçar em bando e que, depois, senta-se ao redor da fogueira com seus camaradas para, juntos, assarem uma boa coxa de mamute. É genético e ancestral.
Não é desculpa esfarrapada, meninas, para irmos à gandaia, para nos lançarmos à esbórnia. Não é canalhice de nossa parte. É fisiológico. Podem até não acreditar em mim, meninas, não me ofendo nem guardo mágoas. E na University of Oxford, vocês acreditam, meninas? E a University of Oxford, meninas, vocês são capazes de contestar  os resultados dos estudos e das pesquisas dessa tradicional, icônica e ilibada instituição fundada em 1096, portanto, com mais de 900 anos de tradição?
Pois é de Oxford que nos chega a confirmação da necessidade do homem sair para beber com os amigos. A pesquisa foi conduzida por Robin Dunbar, diretor do departamento de Neurociência da Universidade de Oxford, no Reino Unido. As conclusões são enfáticas e definitivas : beber com os amigos alivia a tensão e o estresse, o que nos torna menos sujeitos ao risco de hipertensão e infarto; beber com os amigos eleva os níveis de endorfina e serotonina, o que diminui nossa ansiedade, aumenta nossa sensação de saciedade e nos torna praticamente invulneráveis à depressão; beber com os amigos aumenta a eficiência de nosso sistema imunológico, faz com que nos recuperemos mais prontamente de alguma enfermidade; beber com os amigos faz elevar os níveis de prolactina e testosterona, beber com os amigos, exercer nossa masculinidade com os companheiros, torna-nos mais autoconfiantes, torna-nos mais viris e paudurescentes.
Querem um companheiro saudável, feliz, de bem com a vida e de pau sempre em riste? Ordene que ele saia com os amigos duas vezes por semana. Que é só disso que precisamos, meninas : de camaradagem e de cerveja. E, claro, de vocês, nossas Penélopes, nos aguardando em casa, tecendo teias intermináveis, mil quarentenas; de vocês nos tratando com açúcar e com afeto, esquentando nosso prato, dando um beijo em nosso retrato e nos abrindo os braços, quando chegamos cansados, maltrapilhos e maltratados.
Um brinde aos meus amigos Leitinho, Fernandão e Margá. Incluam-se nessa, Marcellão e Jotabê, a gente deixa vocês tomarem cerveja sem álcool, mesmo. Joguemos mais essa "migué" pra cima de nossas esposas, mais esse 171, agora com o selo de qualidade de Oxford. Depois me contem os resultados. 
Aqui em casa já falhou!!!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O Dicionário Dilma Rousseff Para Feministas "Ignorantas"

Dilma Rousseff continua firme e destemida em sua íntima e particular reforma gramatical, em sua pessoal cruzada neologística em prol de um feminismo estúpido e anacrônico, bem anos 60, com os sovacos bem cabeludos e os peitos bem muxibentos, rançoso, encruado e revanchista.
O primeiro vocábulo a padecer nas mãos de Dilma foi o próprio substantivo que designa o posto que ocupa frente à nação. Dilma fez - pensa que fez - uma operação de mudança de sexo em "presidente", pensa que o emasculou, típico de feminista portadora da freudiana inveja do pênis, quer cortar tudo quanto é cacete que vê pela frente. Dilma pensa que cortou o pau do presidente : criou a palavra "presidenta".
Ora porra, presidente é aquele que preside algo, ou a algo. É substantivo de dois gêneros, não sofre flexão de gênero. A seguirmos a reforma gramatical de Dilma, e a exemplos da idiotice absurda, inadmissível a quem ocupa tão elevado posto, à mulher que estuda - a estudante -, deveríamos passar a tratar por estudanta; à médica em período de residência - a residente -, por residenta; à mulher que faz comércio - a comerciante -, por comercianta; e a Chefes de Estado (ou Chefas?) como Dilma, por ignorantas. Será que os envelopes utilizados na correspondência presidencial tiveram o seu remetente - aquele que remete - também castrado e transformado em remetenta? Remetenta : Presidenta Dilma Rousseff.
Mais adiante, já dona e assenhoreada do poder, com a autoestima presidencial lá no alto, Dilma ousou ainda mais. Fez muito mais que simplesmente criar uma palavra, criou uma nova espécie biológica. Fez Carl Von Lineé, o pai da classificação e da nomenclatura científica, revirar-se na tumba. Em junho do ano passado, em seu discurso de abertura dos importantíssimos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas - a olimpíada da tanga, do tacape, da piroga e do cochilo na rede -, depois de saudar a mandioca, Dilma, emocionada com o presente recebido de uma tribo da Nova Zelândia, uma bola feita de folhas de bananeira, versou sobre a importância da bola no surgimento e na formação do Homo Sapiens, e também das Mulheres Sapiens. Pãããããta que o pariu!!! Homo Sapiens designa todos os indivíduos pertencentes à espécie humana atual, nomes científicos de espécies com dimorfismo sexual também são comum de dois. Dilma criou uma nova espécie. Uma espécie formada apenas por indivíduos do sexo feminino. Ou seria melhor dizermos indivíduas? E como se reproduzirão as Mulheres Sapiens? De forma assexuada, por cissiparidade ou divisão binária? Feito as bactérias e as amebas? Isso bem explicaria a cara bonita da Dilma.
Agora, Dilma Rousseff, para mostrar que não se deixa abalar pela crise, volta à carga e inventa uma nova palavra : "mosquita". Em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, como parte da campanha nacional de mobilização contra o Zika Vírus e o seu vetor, o mosquito Aedes aegypti, Dilma brindou seus ouvintes com o neologismo "mosquita", inexistente nos dicionários oficiais da Língua Portuguesa. Dilma Rousseff não se fez de rogada, fez uso da "mosquita" por três vezes em sua fala, que, aliás, está de uma coerência cada vez maior, de um brilhantismo sem precedentes, uma joia da eloquência e loquacidade. Deliciem-se:
"A 'mosquita', ela, é a 'mosquita' que põe em média 400 ovos. Se você considerar que a 'mosquita' transmite também [o vírus], que é ela que pica, que ela que provoca a contaminação das pessoas. Portanto, se for uma senhora grávida, uma moça grávida, o que acontece? Há um grande risco de a criança, se isso ocorrer nas primeiras semanas de gestação, ter microcefalia"
Em tempo : a seguir o "raciocínio" de Dilma, o macho da mosca é o mosco e o da aranha, o aranho. Pãããããta que o pariu!!!

Buceta Lavada

Essa é da boa! É pra beber sem copo, direto do gargalo! Essa é de lamber os beiços, os nossos e os dela!
Tal preciosidade foi contribuição enviada por e-mail pelo amigo Margá, que nem é grande entusiasta do artigo, que prefere mais uma caipirinha de vodka de kiwi, enfeitada com guarda-chuvinha e flor de hibisco, e, claro, com três gotinhas de adoçante!

Krypton Café

Krypton que se exploda
(como de fato),
Jor-El que se vire para colar seus cacos;
A Ilha Paraíso que se afunde
Que submerja e se afogue
Em nova e extinta Atlântida;
A Terra que se defenda,
Que sobreviva ou não
Sem a égide de semideuses alienígenas.
Porque,
Muitas vezes,
O único mundo que merece ser salvo
É povoado por dois habitantes
E gira em torno da mesa de um café.
Distraído, despreocupado e alheio à música caótica do universo.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Melhor Assim

Intumescidos
Inchados
Pés de pé de cana
Varicosos
Calcanhares rachados
Cheios de estrepes e carrapichos
Paquidérmicos
Praticamente elefantinos
Mas são meus pés
Meus rastros atolados no barro 
Minhas pegadas em carne viva no asfalto derretido.

Translúcidas
(quase lúcidas)
Diáfanas
De fada
De bolha de sabão
De paina
De dente-de-leão
Mas eram suas asas
Suas vistas aéreas
Suas fotos de satélite.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Dia do Orgulho Ateu é o Cacete!

Está aí. Divulgo a data. Mas só para dizer que não me identifico com ela, tampouco me reconheço como membro desse grupo de "orgulhosos ateus". Antes pelo contrário, considero uma data e uma comemoração inúteis e idiotas. Como, aliás, assim também considero todas e quaisquer datas e comemorações relacionadas ao orgulho desse, daquele ou daqueloutro segmento social. 
Da Parada Gay à Marcha da Maconha, passando pela Marcha para Jesus e pela Marcha das Vadias, considero tudo um espetáculo de circo mambembe, puro exibicionismo, uma romaria de autocomiseração, um desfile carnavalesco de lamentações, chororôs e choramingos - vejam como eu sou perseguido, vejam como eu sou uma vítima inocente e indefesa, um coitadinho infeliz fustigado pela sociedade.
Virou moda se dizer vítima. Tanto que até alguns poucos ateus entraram nessa onda. Sim, alguns poucos, pouquíssimos; asseguro-lhes que um número muito abaixo do que seria representativo em relação ao montante total de ateus, cerca de 2 a 3 milhões no Brasil. De uns tempos para cá, esses ateus pingados se organizaram e se anunciaram como a nova minoria perseguida - mais uma para nos encher o saco com suas lamúrias -, as vítimas da vez, para se dizerem discriminados e injustiçados e, de preferência, fazer disso seu meio de vida : fundar ONGs, promover palestras, viajar para congressos de ateus etc etc. Birra de bebê chorão! O mundo não se ajusta à minha vontade, então, eu esperneio e me faço de melindroso e de ofendidinho.
Tem duas coisas que o ser humano adulto precisaria entender de uma vez por todas : 1) o mundo não é bonzinho com ninguém. Obstáculos, das mais diversas naturezas, são colocados à frente de todos, o tempo inteiro, você não é o único a passar por agruras, não é o único que será injustiçado várias vezes ao longo da vida; você próprio cometerá algumas injustiças contra outros; 2) ninguém é obrigado a gostar de você, a lhe elogiar por suas escolhas, seu modo de vida etc.
Eu sou ateu. Já fui impedido, por duas vezes, de chegar às etapas finais de seleção de emprego por ser ateu. Ambas as vezes em colégios religiosos, claro. Nos dois casos, as entrevistas estavam indo muito bem, até que me perguntaram sobre minha religiosidade. Quando ouviram a palavra ateu, imediatamente deram a entrevista por encerrada. Eu não me encaixava no perfil da escola, disseram-me. Acho que eu teria tido mais chances se, ao invés de ateu, tivesse me declarado um pedófilo. Pensando bem, visto que eram colégios religiosos católicos, as minhas chances teriam aumentado em muito, seria um item positivo no meu currículo. Acham que me senti discriminado, vítima de preconceito, que pensei em processar os colégios para lavar minha honra, para fazer valer meus direitos de cidadão? Porra nenhuma. Caguei e andei. Azar das porras das freiras. 
Elas me tiraram uma pequena e tacanha possibilidade de emprego, só isso. Não tiraram minha capacidade de trabalho, minha força produtiva. Claro que se fosse em um órgão público, tal atitude seria inadmissível, mas em uma empresa particular, de cunho religioso, não vejo nada de absurdo, nem mesmo de ofensivo, o dono considerar que um professor ateu, independente de sua competência acadêmica, seja persona non grata em seu quadro de funcionários. Repito : azar deles. Não me fiz de vítima nem de coitadinho, não fundei ONGs nem promovi marchas para atrapalhar o trânsito e o sábado. Continuei a fazer o que sempre fiz na vida, segui a trabalhar.
E por que orgulho em ser ateu? Que merda é essa? No meu entender, orgulho é um sentimento que só se justifica se advindo de um grande feito, de uma conquista, de uma realização a que tenhamos muito nos dedicado, na qual tenhamos despendido muito tempo, esforço, estudo e planejamento.
Orgulho de ser ateu? Eu não fiz esforço algum para ser ateu, não me instruí para, não me disciplinei para tal. Nasci ateu. Eu sou ateu antes mesmo de conhecer a designação, antes mesmo que alguém, por volta dos meus 13 ou 14 anos, um padre, me dissesse que eu era ateu. Ateu verdadeiro, nasce; não se converte, não se constrói.
A crença religiosa não é racional - é impossível provar a existência de deus -, o crente simplesmente olha para o mundo ao seu redor e vê a presença de deus em tudo, sente o todo-poderoso em tudo que o circunda. Da mesma forma, e contrariando o que pensam a maioria dos ateus, o ateísmo também não é racional - igualmente, é impossível provar a inexistência de deus -, o ateu simplesmente olha para o mundo e não vê nenhum indício de deus nele; para o ateu, deus é uma componente, uma variável, uma hipótese desnecessária para a sua explicação ou visão de mundo. Não só desnecessária : incômoda, inconveniente, atravancadora, contraproducente, um ponto fora da reta a ser desprezado, uma inconsistência no experimento.
Eu nunca senti a presença, muito menos a necessidade de um deus em meu mundo, em minha realidade. E não que o mundo não tenha tentado me impor deus, me inocular com a peçonha da fé cega. Na infância, primos, irmã, colegas de escola, todos fizeram a tal primeira comunhão; cheguei a estudar por um tempo em colégio de padres e, sinceramente, toda essa "presença" de deus ao meu redor nunca me disse nada. Nem me tocou de alguma forma - sempre mantive distância segura de padres.
Por isso, repito : ateu, o verdadeiro, o legítimo, não se constrói, nasce. Não tem, portanto, orgulho de algo que lhe é natural. Tampouco se ressente quando alguém critica sua descrença. É parte dele, sempre foi.
Isso posto, garanto-vos : não são ateus genuínos, de nascença, de DNA, que promovem essa palhaçada de Dia do Orgulho Ateu. Isso é coisa de neoateu, de ateuzinho de boutique, de shopping center, de merda. Papagaiada das crias malparidas de Richard Dawkins - brilhante biólogo evolucionista, mas que perdeu todo o meu respeito desde que, deploravelmente, começou a professar o ateísmo científico mundo afora, desde que se tornou uma espécie de antimessias e angariou uma legião de seguidores, os neoateus, que o seguem como os crentes a Cristo, que têm no best-seller do inglês, Deus, um delírio, a bíblia de suas descrenças.
Não são ateus porra nenhuma. Ateu que é ateu não se reúne com outros ateus para conversar sobre suas falta de fé. Não existe o A.A, ateus anônimos. Ateu que é ateu não participa de grupos de apoio para desabafar, para compartilhar experiências, para dar testemunhos de vida, para ser aplaudido ou consolado. Sempre que pessoas se reúnem em torno de uma única particularidade, das duas uma, ou é fundado um novo partido ou uma nova religião. Esses ateuzinhos de araque estão é atrás disso, de pertencer, de se congregar e de se congraçar com um grupo, estão é atrás de uma nova religião, de um clero cientificista cujo Papa já está eleito : Richard Dawkins. Embusteiros é o que são. Farsantes.
Farsantes e burros ainda por cima. Ignorantes. Iletrados. Incultos. A data do Dia do Orgulho Ateu, 12 de fevereiro, foi escolhida por ser o dia do nascimento de Charles Darwin, o teórico da Evolução. Acontece, seus ateuzinhos de bosta, que Darwin nunca foi ateu. Pelo contrário, foi religioso ferrenho durante a maior parte de sua existência. Só próximo ao fim da vida é que se declarou, muito do hesitante, como agnóstico - alguém que não acredita nem nega a existência de deus, um em cima do muro, um tucano religioso.
Em sua autobiografia, ele relata que foi ridicularizado por oficiais do navio da Marinha Britânica HMS Beagle, embarcação a bordo da qual fez a famosa expedição que originou A Origem das Espécies, por acreditar que a Bíblia era uma autoridade final sobre a moralidade. 
Em sua passagem pelo Brasil, absorto e embasbacado pelas belezas naturais que se lhe apresentavam, Darwin as declarou como sendo a manifestação de um ser superior.
Em 1879, em carta enviada a um amigo, depois publicada por seu filho, Francis Darwin, no livro A Vida e a Correspondência de Charles Darwin, o pai da Evolução confessou :  "Sejam quais forem as minhas convicções sobre este tema [religião], elas só pode ter importância para mim próprio. Mas, já que mo perguntas, posso assegurar-te que o meu juízo sofre, amiúde, flutuações…Nas minhas maiores oscilações, nunca cheguei ao ateísmo no verdadeiro sentido da palavra, isto é, nunca cheguei a negar a existência de Deus"
Eu li o livro A Origem das Espécies em minha juventude, e a impressão que tive foi exatamente essa : Darwin postulou a Evolução de forma científica e acadêmica, mas, em seu íntimo, pareceu-me mesmo que ele considerava a Evolução como um expediente de que deus lançara mão para criar novas espécies, considerava que deus dera o pontapé inicial no processo.
Retiro o que disse acima : a data 12 de fevereira é bem oportuna, é perfeita. Os neoateuzinhos atiraram no que viram e acertaram no que não viram. Sendo eles falsos ateus, nada mais adequado que o dia de seu orgulho tenha como data o dia do nascimento de um outro falso ateu, Charles Darwin.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Marchinhas do Azarão (V)

A mais bonita das lendas carnavalescas.
Estrela do Mar
(Marino Pinto/Paulo Soledad)
Um pequenino grão de areia
Que era um pobre sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor

Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pôde com ela se encontrar

Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O que há de verdade
É que depois, muito depois
Apareceu a estrela do mar.

Para ouvir a gravação clássica com Dalva de Oliveira, clique aqui, no meu poderoso MARRETÃO.
O Pierrot é o pequenino grão de areia; a Colombina, a estrela fulgurante e inacessível. Um pequenino grão de areia, que era um pobre sonhador, olhando o céu viu uma estrela, imaginou coisas de amor...

Marchinhas do Azarão (IV)

Se o rock'n'roll, muito mais que um gênero musical, é uma questão de postura e de atitude combativa à sociedade careta, se os três acordes básicos do rock são a irreverência, o protesto e a subversão ao status quo, aos modelos engessados e preestabelecidos, então, não restam dúvidas : Raul Seixas é o caralho! O verdadeiro pai do rock é o Chacrinha. O Abelardo Barbosa, garoto levado da breca, que tá com tudo e não tá prosa.
Chacrinha é Elvis misturado com Carmen Miranda! É Be bop a lula  com caminhando contra o vento sem lenço sem documento!
Maria Sapatão é o rock das aranhas das marchinhas carnavalescas!
Vocês querem bacalhau? Elas querem, Chacrinha!
E eu também, é claro.
Maria Sapatão
(Chacrinha)
Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João

Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João

O sapatão está na moda
O mundo aplaudiu
É um barato, é um sucesso
Dentro e fora do Brasil

Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João

Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João

O sapatão está na moda
O mundo aplaudiu
É um barato, é um sucesso
Dentro e fora do Brasil

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Marchinhas do Azarão (III)

Vinicius de Moraes compôs belíssimas marchinhas de carnaval; Chico Buarque também nos legou as suas; até o mano Caetano, embora tenha se engraçado mais para o lado do frevo, já alegrou muitos carnavais. Mas, agora, falando sério e deixando de lado (momentaneamente) a faceta satírica, debochada e de duplo sentido das marchinhas, e deixando transparecer o lado sensível do Azarão, sem ironia nem sacanagem nenhuma, nem Vinicius nem Chico nem Caetano conseguiram superar Adoniran Barbosa e a sua doce Vila Esperança.
Para mim, Vila Esperança é a canção mais bonita e dolente sobre carnaval já composta até hoje. Ouvi-a inúmeras vezes, e, sem exceção, arrepio-me a cada nova audição. Arrepio mesmo, de eriçar os pelos do braço feito gato. A temática é das mais banais do carnaval, o cara conhece a mulher no baile, se apaixona e tal e tudo termina nas cinzas da quarta-feira. Mas Adoniran foi de tal forma feliz em sua poesia, na combinação das palavras, em suas rimas, que, sem exagero, teria deixado o poetinha Vinicius roxo de inveja. 
Eu arrepio na parte : O carnaval passou, levou a minha rosa, levou minha esperança, levou o amor criança levou minha Maria, levou minha alegria, levou a fantasia, só deixou uma lembrança. Pãããta que o pariu!!! Levar a nossa rosa, tudo bem, jardins há aos montes; levar o amor criança, muitas vezes um amor maduro é muito melhor; levou a Maria, que se foda, Maria se acha aos montes; levou a alegria, puta sentimento superestimado, a alegria. Agora, quando ele diz que levou embora a fantasia, aí é foda, aí é pra desmontar qualquer macho das antigas. Sem fantasia, o rei fica nu, sem fantasia, o homem capitula. Levou a fantasia, é transformar o sujeito no Pierrot do Manuel Bandeira : Da veste branca/A larga túnica/Por fim arranca/A rosa púnica/Em um soluço/E parecia,/Jogando ao chão/A flor sombria,/Que o coração/Ele arrancara!... 
E o que o ingrato carnaval deixou em troca da fantasia? Só uma lembrança... e como dói a porra de uma lembrança.
Vila Esperança
(Adoniran Barbosa)
Vila Esperança, foi lá que eu passei
O meu primeiro carnaval
Vila Esperança, foi lá que eu conheci
Maria Rosa, meu primeiro amor

Como fui feliz, naquele fevereiro
Pois tudo para mim era primeiro
Primeira rosa, primeira esperança
Primeiro carnaval, primeiro amor criança

Numa volta no salão ela me olhou
Eu envolvi seu corpo em serpentina
E tive a alegria que tem todo Pierrô
Ao ver que descobriu sua Colombina

O carnaval passou, levou a minha rosa
Levou minha esperança, levou o amor criança
Levou minha Maria, levou minha alegria
Levou a fantasia, só deixou uma lembrança.


Para ouvir Vila Esperança, e essa merece ser ouvida com atenção, com reverência, à meia luz, ao fim da noite, quando a casa inteira estiver a dormir, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO 
 O palhaço triste Adoniran Barbosa