quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Diga-me Quem Te Apoias e Te Direi Quem És?

Estava demorando pro PT apelar para a religião, que é o último recurso de todo canalha, safado e escroto. Quando a viola está em cacos, o filho da puta se refugia na religião.
Antevendo sua derrota num provável segundo turno, Dilma marca reunião com católicos e evangélicos para desmentir "boatos" a seu respeito. Com católicos e evangélicos? Não é Dilma uma comunista-marxista-trotkista e etc? E, logo, ateia? Diz agora que é cristã e que jamais usaria o nome de Cristo em vão; esse povo usaria qualquer nome em vão, desde que não fosse tão em vão para eles, desde que algum benefício lhe trouxesse.
Na reunião do capeta estará Gabriel Chalita, ex-secretário da educação de SP e que muito contribuiu para o lixo em que ela se encontra hoje, Chalita é católico carismático daquela praga da Canção Nova e amiguinho do tal Padre Fábio de Melo, com quem troca cartinhas sobre as inquietações da alma...sei, sei.
Pra fechar com chave de ouro, Edir Macedo publicou carta em apoio a Dilma, tá muito certo, safado apoia safado. E duvido que Dilma irá recusar o apoio. Quem sabe ela, se ganhar, não cria o Ministério do Reino de Deus e o entrega a Edir Macedo? Só que aí quem terá que pagar o dízimo será o bispo, ao PT.
O apoio do bispo só aumenta a certeza da falta de caráter da candidata, os iguais se reconhecem.
Canalhas!!! Contra a canalhada, votarei pelo segundo turno.
É só o que tenho a dizer.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

VEEEEENHA !!! (FOI-SE)

Para nós, ocidentais, a morte é sempre algo triste, pesar dobrado se morre um humorista, luto decuplicado se o finado é um humorista "das antigas", oriundo do rádio e da TV sem videotape, os verdadeiros detentores do legítimo humor brasileiro. Que morra um ou outro "casseta e planeta" de vez em quando, vá lá, grandes faltas não fazem, ou algum desses chatíssimos stand-ups, a mal-imitar o fraco humor estadunidense, esses podiam morrer todos.
Morreu hoje Mário Tupinambá, o irascível e aperreado Bertoldo Brecha da Escolinha do Professor Raimundo. Em seus justos ataques de indignação, avermelhavam-se-lhe as faces e, em tom de pilhéria, era comparado pelos amigos a um famoso crustáceo; no que respondia de pronto : "Camarão é a mãe!".
Morreu aos 78 anos, de choque cardiogênico. A uma hora dessa, já deve ter chegado ao inferno, onde foi recebido festivamente pelos amigos, Costinha (Seo Mazzarito), Rogério Cardoso (Rolando Lero), Walter D´Ávila (Baltazar da Rocha), Grande Otelo (Seo Eustáquio), Mussum (ele mesmo), Roni Cócegas (Galeão Cumbica), Brandão Filho (Sandoval Quaresma) e outros tantos contra os quais minha memória - sempre injusta - está pecando nesse momento.
Hoje vai ter capítulo especial da "Escolinha do Capeta" lá no inferno. Sorte do capeta.

E zé fini, zé fini.

domingo, 26 de setembro de 2010

O Tiririca É O Macunaíma

Outra palhaçada contra o Tiririca, outra tentativa de impugnar sua candidatura, outra tentativa para ver o circo do Tiririca pegar fogo; tentativa preconceituosa e hipócrita, diga-se de passagem.
O promotor Maurício Antônio Riberiro Lopes, movido mais pela vontade de aparecer que pela sede de justiça, quer submeter Tiririca a um teste de leitura e escrita, a justificativa são as suspeitas e os indícios do analfabetismo do palhaço. O que acho muito certo. Mas por que só o palhaço? Por que não o boxeador, o jogador de futebol, o cantor de forró, as mulheres-fruta, por que não o nosso ex-torneiro mêcanico?
Tentativa preconceituosa e hipócrita, sim, de tentar derrubar o palhaço. O voto do analfabeto é muito bem-vindo, mas não sua candidatura; a mesma justiça que proíbe a candidatura dos analfabetos, autoriza a progressão continuada nas escolas e dá sua chancela para centenas de faculdades à distância.
Porém a maior prova da má-fé contra Tiririca está no teste que lhe será possivelmente aplicado: ler trechos da Constituição. Puta que o pariu!!! Nem eu consigo ler aquela merda.
Outra coisa que está "pegando" para o lado do palhaço é a "Cartilha do Tiririca", um gibi onde ele expõe seus pensamentos e intenções políticas de forma bem-humorada. Exemplos : diz que não vai esquecer dos idosos e aparece ao lado de uma senhora, dizendo 'essa véia ainda dá um caldo'; garante que em sua legislatura dará nome aos bois, sobrenome às vacas e apelido aos bezerros; ainda que era "cobra" em sua época de aluno, só passava arrastado. Qual o mal nisso?
O Tiririca é analfabeto, sim, claro que é, nem precisa de teste, é desdentado, preguiçoso, safado e oportunista. O Tiririca é o Macunaíma atual, igualmente sem nenhum caráter. E qual de nossos heróis nacionais o possuem? O Tiririca é um emblema mais que significativo de um povo produzido, em parte, por uma mistura étnica das mais infelizes e, em outra parte, pelas práticas políticas que vigoram há séculos no país, a política do mais absoluto descaso para com a população.
O Tiririca é a mais perfeita cria do sistema político brasileiro, e a criatura, sempre chega esse dia, começa a incomodar o criador. Cria corvos e eles te furarão os olhos, alerta um velho ditado espanhol, basco provavelmente.
Votarei no Tiririca, sim, ainda mais agora. Para que ele continue a distribuir suas bicadas por aí.
Em tempo : eu já baixei a "Cartilha do Tiririca", se alguém souber como arrumo a de papel, por favor me avisem, se quiserem baixar a cartilha do palhaço, basta dar uma clicadinha aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

sábado, 25 de setembro de 2010

Bem Distante de Ser Educação

Acabei de ler agora na Revista Época que um a cada sete novos alunos de graduação no país faz seu curso à distância. E a matéria segue exaltando as "qualidades" dessa recente modalidade de picaretagem educacional, embasa-se em supostas estatísticas que comparam o sucesso de graduados de cursos normais com os graduados fantasmas e estabelece uma paridade entre eles, traz ainda o depoimento de vários idiotas que gastaram seu dinheiro na compra de um diploma à distância.
É óbvio que matérias engrandecendo falsamente tais cursos aparecerão cada vez mais na mídia. E nem as considero matérias jornalísticas, são propagandas pagas, são informes publicitários disfarçados, como são os cursos à distância também disfarçados de seriedade.
Os cursos à distância são um novo produto no mercado, um produto como um novo modelo de celular ou de TV de plasma, exatamente a mesma coisa. Um produto com forte apelo comercial para a índole preguiçosa do brasileiro, um produto que cai como um luva para o nosso famoso "jeitinho", são mais baratos que os cursos presenciais, exigem muito menos esforço e permitem uma maracutaia muito maior em relação às avaliações, as velhas "colas" feitas em pedaços pequenos de papel ou nas palmas das mãos são coisa do passado, a "cola" hoje é online, é tecnológica, é oficial, é reconhecida pelo MEC, a trapaça no aprendizado é reconhecida pelo nosso Ministério da Educação e Cultura.
O pior, vou repetir aqui pela enésima vez, nem é o idiota que se dispõe a ser aluno de uma estrovenga dessas, o pior é o profissional que se diz professor e colabora com essa aberração, gravando lá suas aulinhas safadas que serão transmitidas via internet. O pior é o cara que se diz professor, e portanto se julga erroneamente igual a mim, e que, ao gravar aulas, elimina a figura do professor do processo de aprendizado. Manifesto aqui, de novo, meu mais profundo repúdio e menoscabo por esse "professor".
Esses indivíduos deveriam se envergonhar de se dizer professores, mas não se envergonham; alguma vergonha ainda tivessem, não se prestariam a isso. Uma nova categoria deveria ser criada dentro da "Educação", a esses vídeoeducadores não se deveria permitir o título de professor, é urgente uma nova denominação, é urgente separar o joio do trigo.
Eles deveriam ser enquadrados na mesma categoria dos operadores de telemarketing e daqueles caras que ficam berrando o dia todo nos canais de compras da TV, os polishops da vida, deveriam ser enquadrados na mesma categoria profissional dos vendedores da faca Ginsu.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Oscar De Melhor Atriz

E porra nenhuma que amanheceu primavera,
O ar daqui não dá suporte às borboletas amarelas
Nem os campos sem útero aos veadinhos pululantes.
Amanheceu a mesma ressaca calculada,
A mesma troca de turno entre o resto de sono nunca dormido
E a sirene da xícara gigante de café.
Amanheceu a mesma barba no rosto já a se encovar,
Barba falha e esparsa
Adubada que é apenas pela preguiça de desbastá-la.
Amanheceu a mesma roupa,
Cansada, mal-humorada, amarrotada feito funcionário público,
Que me veste a contragosto, contrariada,
Negada que vem lhe sendo sua merecida aposentadoria.
Não amanheceu ruas com hálito de lavandas
Nem transpirando rosa-pólen.
Amanheceu a mesma névoa seca, 
Saliva de deserto,
Amanheceu as mesmas flores de betume,
O mesmo olor de chumbo tetraetila
Das avenidas que há muito não se banham.
Não amanheceu passarinhos enamorados tecendo ninhos monogâmicos
Nem abelhas-operárias felizes bebendo néctar em copos de alamanda.
Amanheceu o mesmo fluxo humano,
Barrento, viscoso e coagulado.
E porra nenhuma que amanheceu primavera,
Não existe a estação primavera.
A primavera
- a exemplos da felicidade, do bem que sempre vence o mal e da Angelina Jolie -
É só mais um efeito especial hollywoodiano.

Também Vou Querer Minhas Garras

Wolverine não será o único a ter metais fundidos no corpo se uma espuma feita de titânio for eficaz substituindo ou fortalecendo ossos humanos.
Embora não haja rejeição pelo corpo, o implante feito atualmente com materiais sólidos, geralmente o titânio, é mais duro que o osso. 
Isso significa que pode acabar arcando com o peso de um dos ossos ao redor, o que poderia levar a uma deterioração do osso e a uma troca do implante, explica Peter Quadbeck, do Instituto de Pesquisa Fraunhofer de Manufatura Tecnológica e Materiais Avançados de Dresden, na Alemanha. 
Quadbeck e seu grupo desenvolveram um implante de titânio cuja estrutura se assemelha a uma espuma, inspirada no fato de os ossos serem naturalmente esponjosos. 
Como a espuma é porosa, o osso poderia crescer ao redor e dentro dele, verdadeiramente se integrando ao esqueleto humano. Os pesquisadores também descobriram que a espuma de titânio responde melhor ao osso do que os metais sólidos em termos de flexibilidade, além de encorajar a recomposição do mesmo. 
Ainda sem aprovação para o uso em seres humanos, Quadbeck está trabalhando com médicos para explorar quais tratamentos em que o material poderia ser usado.
Onde eu pego a minha senha?

Bukowski, Antes Que o Mês Acabe

HOJE  CONHECI  UM  GÊNIO
Hoje
Conheci um gênio no trem,
De seis anos de idade;
Se sentou ao meu lado
Enquanto o trem corria pela costa
Chegamos ao oceano.
O menino me olhou e me disse:
"o mar não é nada bonito"
Foi a primeira vez
Que me dei conta
Disso.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Alguém Lembrou?

Ontem, 21/09, foi o Dia Mundial da Conscientização do Alzheimer.
- Hããããããããããããã???????????????????

A Burrice É A Mãe De Todo Otimista

Um levantamento realizado por um instituto de pesquisas americano aponta que os brasileiros são uma das populações mais otimistas do planeta. Entre os 22 países avaliados pela Pew Research Center, o Brasil é o segundo mais otimista, com 75% dos entrevistados confiando que a economia vai melhorar depois dessas eleições.
Toda euforia manifestada nessa avaliação pode ser facilmente explicada pelo resultado de uma outra, a avaliação do PISA (Programa para Avaliação Internacional dos Estudantes). Os estudantes brasileiros - imaginem, então, os que não mais estudam - estão classificados entre os piores do mundo em matemática, leitura e ciências, ou seja, em tudo.
Os dados mais recentes que consegui foram de 2007, os resultados de anos anteriores são ainda mais lamentáveis. Em 2007, cinquenta e seis países foram avaliados pelo PISA, o Brasil ocupou as honrosas posições : 53ª em Matemática (na frente apenas da Colômbia e Tunísia), 48ª em Leitura (derrotamos Montenegro, Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Qatar e Kyrgyzatan (?) ), 51ª em Ciências (humilhamos todos os anteriores de novo, menos Montenegro).
Em resumo, o brasileiro não sabe ler, não sabe operar com números e é incapaz de entender e se relacionar com fenômenos naturais, logo só pode mesmo ser otimista. Tudo para ele está bom. O patrão diz que deu 20% de aumento e deu, na verdade, 5%, mas ele nem sabe como conferir, fica feliz pelos "20%", e a coisa vai por aí.
Burrice e otimismo são grandezas diretamente proporcionais, quanto mais burro, mais otimista.
Não à toa, e pelos mesmos motivos, o brasileiro, em pesquisa realizada há alguns anos, também foi classificado como um dos povos mais felizes do mundo.
O brasileiro não é feliz ou otimista, é bobo alegre.
"O otimista proclama que vivemos no melhor dos mundos. O pessimista teme que seja verdade." (James Branch Cabell)"

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vou Votar No Tiririca

Coulrofobia é o nome dado ao medo patológico a palhaços, muitas pessoas o têm. O palhaço causa medo em alguns pelo mesmo motivo do riso desatado em outros, ele é uma caricatura e nada mais fiel a um objeto que sua caricatura.
A caricatura, a boa caricatura, realça e expõe - realça para expor - as imperfeições do indivíduo ou grupo representado, ressalta as asperezas, as arestas, as deformidades, uma boa caricatura passa longe da suavidade pasteurizadora dos photoshops, sejam photoshops de imagem ou de discursos, sempre tão morais e éticos, apenas na fala. Por isso, uma boa caricatura é sempre medonha.
O palhaço é uma caricatura por excelência, a mais fidedigna caricatura do ser humano, também medonha e disforme. A visão do disforme pode gerar duas reações no ser humano, distintas e antagônicas. Aos dados a um humor mais mórbido, o palhaço causa risos, um riso de si mesmo transferido para o palhaço, um riso de quem senta em cima do próprio rabo e diz do rabo alheio; somente uma morbidez de humor faria alguém rir de uma deformidade. Aos afeitos a uma maior racionalidade, a desconforme figura do palhaço causa, no mínimo, certa aversão, que, se escapar do controle, converte-se em fobia.
A política brasileira está com cuolrofobia, a política brasileira está com medo do Tiririca, oito já foram as tentativas de impugnar sua candidatura.
O Tiririca - ingênua ou intencionalmente, não sei - transformou-se na mais perfeita caricatura do político brasileiro. Ele diz que não sabe sobre as atribuições de um deputado (e quais deles sabem?), ele diz que pior do que está não fica (alguém é capaz de contestar?), diz que vai ajudar os necessitados, inclusa sua família (novidade?), convoca ainda as criancinhas a convencerem os pais a votar nele (beijar crianças em frente às câmeras não dá no mesmo?). O Ministro da Cultura o acusa de debochar da democracia; é o palhaço, na visão do ministro, quem debocha da democracia e não os mensaleiros, chefes da Casa Civil ou o próprio presidente Lula e sua candidata, já multados algumas vezes por ilegalidades de campanha.
Não é à toa o medo ao Tiririca. Ele tira o photoshop da classe política; rugas, marcas de acne, cicatrizes, olheiras e pústulas afloram no semblante político brasileiro. Tiririca tirou do porão - e mostra em horário eleitoral - os retratos de Dorian Gray da politicada tupiniquim. O Tiririca é um amálgama de todos os outros candidatos - por isso, grotesco -, é a quintessência da canalhada política.
Meu último voto válido - e aqui confesso ter sido em Fernando Henrique Cardoso - se deu em 1994, anulei todos os outros de lá para cá. Invalidação que repetirei nesse pleito, com uma exceção : votarei em Tiririca, nº 2222. Pela graça que acho nele como comediante e pelo medo que ele vem incutindo naqueles a quem mais temo, os políticos.
Votarei no Tiririca!
E você, abestado, votará em quem?

domingo, 19 de setembro de 2010

Geração Leite De Soja

Um estudo publicado na revista "Human Reproduction", de autoria de Jorge Chavarro, Universidade de Harvard, diz que o consumo diário de produtos de soja reduz a concentração do esperma e pode afetar a fertilidade do homem.A equipe de Chavarro constatou que homens consumidores regulares de produtos de soja (tofu, embutidos de soja, toucinho e hambúrgueres de soja, leite de soja, queijo, iogurte, sorvete e outros produtos) produzem 40 milhões a menos de espermatozoides por mililitro de sêmen; a taxa normal está entre 80 e 120 milhões de espermatozoides por mililitro.Ao que tudo indica, as isoflavonas abundantes na soja podem aumentar o nível de estrogênio, hormônio feminino, tanto que dietas a base de soja são usadas em tratamentos de reposição hormonal para mulheres às portas da menopausa. Será coincidência a inclusão de soja numa grande parte dos alimentos que consumimos? A soja está oculta em boa parte dos alimentos industrializados, bolachas, macarrões instantâneos, massa pronta para bolos, fora os já acima citados.
Não será mais uma tentativa de reduzir a natalidade, de promover o controle populacional? Taca-se estrogênio nos homens, diminui-se sua testosterona e aumenta-se a viadagem. E viado não reproduz.E o leite de soja servido há sei lá quantos anos na merenda escolar? O menino, antes mesmo de entrar na puberdade e aumentar seus níveis de testosterona, começa a produzir altas taxas de progesterona, acaba virando uma mocinha.Posso estar sendo simplista - vários são os fatores que orientam a sexualidade -, mas depois de ler esse estudo, considero elucidada uma boa parte da viadagem que campeia entre essa nova geração. 

Por que inserir justamente a soja em grande parte dos produtos consumidos diariamente pela população e não outros grãos como a canola, o girassol, o algodão, quimicamente similares a ela, e que não produzem mesmo efeito colateral? 
Alguém ainda não acredita nas teorias da conspiração?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Inconfidência Das Coxinhas

Quem passa as vistas de vez em quando por aqui, sabe que sou professor de escola pública e também, pelas minhas perorações, das profundas "admiração" e "simpatia" que nutro pela classe professoral a grosso modo. Sobretudo por seus fulgurante estandarte de luta e inquebrantável espírito combativo.
Já presenciei - e fico sempre atônito e embasbacado - batalhas memoráveis da categoria em prol da real qualidade de ensino e da melhoria da prática de aula, individual e coletiva.
Recordo-me da briga pela instalação de um purificador de água na sala dos professores, foram reuniões e mais reuniões, disse-me-disses e mais disse-me-disses até atingir a vitória, e ela veio, cansativa, mas nada esmorece a classe professoral paulista; recordo-me também, e quase me vêm lágrimas de orgulho, da peleja pelo forno micro-ondas, mesas redondas e fóruns se estenderam indefinidamente à questão de tão fundamental tema, e a vitória veio, de novo.
Hoje foi deflagrado mais um desses vitais conflitos da Educação, que, tenho certeza, ainda dará muito pano pra manga, ainda será objeto de muita análise e debates.
Chamarei a essa legítima luta da classe professoral de "A Inconfidência das Coxinhas".
Começarei o relato de mais esse épico docente tentando me fazer sucinto, que conhecido não sou pela minha paciência.
Hoje, os terceiros anos do ensino médio promoveram a "Festa dos Cem Dias" (até me convidaram, mas como eu só podia ficar dois dias, declinei do convite), em comemoração aos últimos cem dias do ano e, no caso dos terceiros anos, os últimos cem dias deles na escola; na verdade é mais um artifício para aquilo que o nosso "estudante" mais gosta de fazer, matar aula, mas, me apegando à sucintez prometida, não discutirei isso por ora.
A festa contou com trajes especiais, um DJ a tocar o que hoje eles chamam de música, refrigerantes e salgadinhos. Tudo transcorreu dentro do caos previsto e anunciado, a festa era só para os terceiros anos, mas o quiproquó acabou por impossibilitar as aulas nas outras séries.
Finada a festa, os salgadinhos não consumidos foram doados aos professores pelos alunos, sabedores que são do apetite de nuvem de gafanhotos de seus mestres. E foi aí que a desgraça começou a se dar.
O excedente dos quitutes foi confiado às mãos da equipe gestora, ops, digestora, para que essa procedesse à igualitária distribuição entre os diversos setores famintos da escola. Que ingenuidade de nossos pupilos!
Na surdina, os salgadinhos, feitos butim de guerra, foram conduzidos para as criptas da secretaria, onde se prestaram a matar a fome de mandruvá da equipe administrativa, e nada para as professoras. Os burocratas comeram tudo o que puderam, e o que não deram conta de, provavelmente foi acondicionado em sacolas e bolsas e levado para as respectivas residências à guisa de almoço para maridos e filhos, e nada para as professoras.
Mais um duro golpe na sofrida categoria docente, atingida onde lhe é mais dolorido, no estômago, orgão do qual extrai todo o seu prazer sexual.
Inconfidência! Perfídia! Traição em mais alto grau! Digna de corte marcial, forca e esquartejamento, pelo Código de Ética e Conduta Docente.
Enquanto isso se desenrolava, eu estava alheio à realidade, dando aula , e a quem trabalha não sobra grandes tempos de saber do mundo. Soado o sinal das 12h20, a anunciar o fim do período, fui guardar meu material e encontrei a sala dos professores em rebuliço, em pé-de-guerra.
Tentei passar incólume pela polvorosa, só queria guardar meu material, pegar meu filho na escolinha, ir para casa e, com um pouco de sorte, dar uma cochilada vespertina, não queria saber o que estava se passando.
Não houve maneira. A mim nunca não foi concedido o sacro direito à ignorância. As pessoas chegam até mim para contar das coisas, ávidas por ouvir meus sensatos e abalizados pareceres sobre as mais variadas e inusitadas situações.
Fui posto a par de tudo e um segundo de silêncio se sucedeu, à espera de um pronunciamento. Queria ficar quieto, não tive escolha, porém. E mandei ver, disse que, por mim, esse povo todo podia morrer entalado com um croquete no cu e uma salsicha empanada na boca, no que arranquei alguns risos da plateia. Maldade minha? Não, asseguro que não. Acreditem-me, elas morreriam felizes.
Aproveitei ainda para tornar público meu apoio à causa, disse que era isso mesmo, que era pelo direito aos salgadinhos que o professor tinha que brigar; os risos não vieram dessa vez.
Saí, deixei-as lá, de estômago vazio, a ponderar sobre minhas sábias palavras. Haverá a trégua do fim de semana, mas a luta continuará na segunda-feira. Na certa, será pauta do HTPC. E se não for, eu reconduzirei a questão à baila.
Puta que o pariu !!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mas uma luz se fez ao fim do dia. O supermercado aqui perto de casa está com uma promoção de cervejas, a garrafa de 600 ml (a famosa ampola) da Bavária está saindo a R$ 1,35.
Quão oportuno.

O Sorriso Dos Gatos

Há o sorriso das minhas duas gatas;
E há meu filho :
O sorriso que engatinha.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pústulas

Época de eleição é tempo de político pegar no colo e beijar criancinhas remelentas, de visitar favelas (devidamente escoltado), de inaugurar escolas e hospitais que logo estarão inativos por falta de manutenção - obras cenográficas, eu as chamo -, de receber abraços dos eleitores (e gastar, depois, litros de álcool gel para se livrar do futum), de dar dentaduras e butijões de gás,de comer buchada de bode.
Tudo vale como munição na caça aos votos, tudo. Até falar da progressão continuada (teleporte para a matéria completa aqui). Já expliquei claramente a tal progressão continuada aqui no blog, umas duas ou três postagens atrás.
Alckmin a defende a progressão e lembra, já se escudando de ataques pseudovermelhos, que ela foi implantada pela primeira vez em um governo petista; Mercadante, que já mentiu sobre seu currículo, se dizendo doutorado quando nem mestrado tem, se posiciona contra; até um tal Celso Russomano, picareta televiso oriundo de programas como o "Povo na TV" e "Aqui e Agora", também é contra a progressão e o bônus dado ao professor; o tal Paulo Skaf, que pode entender muito de indústria, mas escola não é indústria, é mais filosófico em relação à questão da progressão e do bônus e dispara : uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Ou seja, nenhum desses imbecis sabe coisa alguma do impacto da progressão nas escolas, dos danos causados a toda uma geração - quase duas, na verdade. Simplesmente não têm a menor noção do que estão falando.
Muito me engano, nenhum desses pústulas jamais pegou num giz e, apenas com essa arma, enfrentou uma sala de aula superlotada, sem cortina ou ventiladores, com mais de 40 alunos onde uns 35 deles gostaria de estar em qualquer outro lugar do planeta que não ali, e que não têm a menor obrigação de estudar ou serem responsáveis. Nunca tiveram também que enfrentar a ignorância de pais e mães relapsos que atribuem à escola toda a culpa pela falta de educação de seus filhos.
Muito me engano, nenhum desses trastes têm filhos estudando em escola públicas.
Deveriam, portanto, continuar a tratar do que entendem, restringir-se ao de sempre, beijar criancinhas remelentas e abraçar favelados.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Possível Voo

Sempre fui de me lembrar bem pouco dos meus sonhos, de uma década para cá, então, praticamente nunca me lembro de minhas andanças durante o sono.
Quando a lembrança deles ainda se dispunha a tomar café da manhã comigo, duas situações oníricas eram recorrentes, uma cidade de paralelepípedos verde-leitosos e meus passos órfãos por essas ruas desconhecidas, e a outra, a campeã de audiência, os meus voos pelo Sonhar, eu voava muito à época.

Meus voos sonâmbulos não eram exatamente voos, eu mais planava, voos mesmo só em duas ocasiões. Em uma, um voo calmo, rente ao chão, pelas ruas do centro da cidade; na outra, um voo agitado, em velocidade próxima à da luz, estroboscópico, eu não possuia muita matéria, era mais um vulto, um fantasma - quem sabe até eu era o sonho de outro dormidor - a voar alto pela cidade, atravessando as estruturas de aço e concreto dos edifícios.
Eu sempre tive vontade de voar, desejo nada original ou peculiar, milhões e milhões de outras pessoas também devem partilhar dessa vontade. Igual à tara de transar com duas gostosas ao mesmo tempo, quase todo mundo tem. E nem dá para chamar de tara, tara é o cara querer transar só com uma, tara é a monogamia.

Mas voltando aos meus voos, sempre tive mais que simplesmente vontade de voar, sempre me julguei com o direito de voar. Se a alguém, um dia, forem concedidas habilidades sobre-humanas, entre elas a do voo, esse alguém tem de ser eu. Eu estudei para isso, foram cerca de 30 anos estudando toda a fauna de super-heróis, observando e aprendendo o que fazer com superpoderes quando eles me chegassem. E os estudei na época em que super-heróis eram super-heróis, não o que foram tornados por essas novas gerações de argumentistas e desenhistas : psicopatas e deformados físicos e morais.

Tudo isso para dizer que, depois de anos, de ontem para hoje, sonhei - e lembrei - que novamente voava; melhor, planava, como de costume. Planava por sobre um descampado de terra que era puro óxido de ferro, desse terral, brotando feito vesículas de pus, raras e esporádicas formações de cor sulfúrea, ipês-amarelos, agora é tempo deles. Mas, como sempre acontece, meu voo começa a perder altitude e acordo antes de me estabacar; por razões que desconheço, isso sempre se dá, a corrente de ar que ampara meu voo começa a me negar seu colo e eu, a derrear.

Ainda assim, acordando sobressaltado, a sensação que fica é excelente, a de que ainda posso voar. Vamos ficando velhos e perdendo as vontades, as forças para realizá-las, a paciência para elas, inclusive.

Constatar que ainda posso planar, elevar-me do chão, mostra-me que pode ser muito bom ficar por aqui mais um tempo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Motoristas Semi-Habilitados

As escolas públicas de SP são (des)norteadas pelo modelo peidagógico da "Progressão Continuada". Modelo que, no papel e se lido por imbecis, pode até parecer muito interessante e inovador, mas que, na prática, resume-se meramente a catapultar o aluno às séries seguintes, tendo ele adquirido, ou não, os conteúdos básicos das séries anteriores. A progressão continuada proíbe legalmente que um aluno seja reprovado até que conclua a sétima série do ensino fundamental (antigo ginásio), quando ele já conta com 13, 14 anos. A possibilidade de uma retenção - ainda que remota - só começa a ser vislumbrada a partir da 8ª série, porém aí a coisa já desandou, irreversivelmente.
Primeiro que a grande maioria, não precisando estudar para ser promovida, não adquiriu o menor hábito de estudo ao longo de sua vida escolar, nem método ou disciplina. Pior, o cérebro não "cresceu" junto com o restante do corpo. A criança não foi construindo sua estrutura cognitiva, partindo das informações e conceitos mais rudimentares, que vão se complexando gradativamente, o cérebro tem que aprender a aprender.
Aí na oitava série, esse indivíduo, sem hábito algum de estudo e nem o mínimo alicerce cognitivo, é confrontado em ter de absorver um conteúdo para um cérebro de 14 anos, o dele ainda tem 6 ou 7 anos. Óbvio que ele não vai dar conta. Conserto para isso? Não há! Virtualmente não há! Solução adotada na prática : apesar da possibilidade de retê-lo, a escola continua promovendo automaticamente esse aluno; culpa no cartório, remorso, talvez.
Ao fim do ensino médio (antigo colegial), têm-se uma grossa massa de semianalfabetos, ou analfabetos funcionais, como querem os peidagogos de merda. Analfabeto funcional, o cara funciona para quê? Para mão de obra barata, serviços braçais, atividades que qualquer chimpanzé bem treinado faria melhor.
Infelizmente, ao que parece, e peço desculpas antecipadas pelo infame trocadilho, a progressão continuada está a fazer "escola" em outros setores, está a se alastrar por outras plagas.
Li hoje que as autoescolas terão de apresentar um nível mínimo de aprovação de seus alunos se quiserem renovar suas credenciais de funcionamento. O suborno e a propina vão comer ainda mais soltos, os delegados de trânsito vão pôr o burro na sombra de tanta grana que receberão das autoescolas, para eles também aprovarem automaticamente os aprendizes de condutores de veículos.
O trânsito brasileiro, não notório por sua educação, passará a ter motoristas, digamos assim, semi-habilitados? Ou melhor, condutores não-habilitados funcionais, como preferem os peidagogos de bosta? Haverá supletivo de autoescola? Cursos à distância? Os alunos, ao invés de pegarem no volante, assistirão on-line a uma aula gravada por algum idiota? Se a moda da progressão infectar outras áreas, estaremos verdadeiramente fudidos. E ela infectará.
No mesmo jornal, outra notícia : "1/5 dos estudantes brasileiros sai do colegial com matemática de 4ª série".
De novo, a progressão, cria bastarda dos peidagogos abjetos. E a manchete é propositalmente ambígua, leva o leitor desavisado a supor que os outros 4/5 (ei, estão vendo como sei fazer contas com fração?) tenham adquirido o conteúdo adequado ao ensino médio. Nada disso!
O 1/5 (ou os 20%) que sai do ensino médio com habilidade matemática de 4ª série é a fração dos bons, dos melhores alunos; os outros 80% nem com isso saem. Ei, e não é que eu também sei fazer umas continhas com porcentagem? Não é que eu aprendi tudo certinho, lá na minha época?
Será que foi porque a escola que me formou, segundo os peidagogos de cu, era uma instituição massacrante, traumatizante, cerceadora e inibidora de aprendizado? Engraçado, não traumatizou nem inibiu meu conhecimento e vontade de aprender, tampouco me senti aviltado em alguma ocasião.
Ou será que aprendi o básico porque era uma escola digna do nome, uma escola que trazia o aluno à responsabilidade, que deixava bem definido que escola era local de obrigação, não de diversão e licenciosidade?
Desde ontem, acordei com uma vontade medonha de mandar alguém tomar no cu, assim do nada, sem mais nem menos, gratuitamente, coisa dessas catarses cretinas.
Vou aproveitar o ensejo : vão todos tomar no meio dos vossos cus, peidagogos filhos de puta.

sábado, 11 de setembro de 2010

Terceira Lei De Newton

Rita E Caetano Estão Certos

Um tal professor José Ribamar Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos Indígenas da UERJ, está indignadíssimo com declarações supostamente feitas por Caetano Veloso e Rita Lee.
Caetano teria dito que não vota em Lula da Silva por ele ser analfabeto; Rita Lee, que não vota em Marina Silva porque ela tem cara de fome.
Primeiro, "grande" cargo o desse José Ribamar, coordenador de estudos indígenas, tem o maior cheiro de cabidão de emprego. Quero que o índio, canalhada silvícola, se foda.
Segundo que se Rita e Caetano disseram isso, eles estão corretíssimos. Detesto admitir, pois há muito perdi a admiração artística que tinha pelos dois em minha juventude, mas Rita e Caetano estão cobertos e recobertos de razão, nesse caso.
Eu também não voto em analfabetos e nem em famintos, são os mais perigosos, os mais rancorosos. Em seu artigo, José Ribamar sai em defesa dos "Silva", afirmando que os dois artistas foram levianos e preconceituosos.
Não há leviandade ou preconceito nas declarações dos dois tropicalistas. O que existe é uma dose brutal de realidade, realidade à qual, em tempos de politicamente correto e estatutos especiais para defender "minorias" improdutivas, as pessoas não estão mais habituadas. Caetano e Rita são e sempre foram elite, os "Silva", povão. A elite nasceu e foi preparada para governar, governar é prerrogativa e papel das elites; os Silva nasceram para mão-de-obra barata e silenciosa, a cada qual cabe o seu quinhão.
Onde um dublê de torneiro mecânico ou uma ex-seringalista estão mais preparados para gerir um país que um bacharel? Em nenhum lugar do mundo!
Um mau governo das elites não está ligado ao despreparo na função do cargo, está ligado à desonestidade e corrupção; um mau governo dos "Silva" está atrelado ao despreparo, à corrupção e ao revanchismo, o cara nasce lá no cu mal-lavado do mundo e bota a culpa de seu azar nas elites, o cara nasce de uma total falta de planejamento familiar e bota a culpa da trepada maldada de seus pais nas elites. Não é à toa que o governo Lula da Silva rouba quatro meses de salário da classe média, na forma de impostos, para encher os buchos vagabundos e preguiçosos de seus conterrâneos, comedores de farinha e incubadoras humanas ambulantes. E se Marina Silva fosse eleita, tenho certeza, ela iria nos lesar ainda mais.
Há muito que desejo recuperar o respeito por Rita e Caetano e voltar a ouvir suas músicas. Por isso, torço para que eles tenham mesmo dado essas declarações. O meu respeito por eles estaria restabelecido.
Agora, a caminho de meu sono, darei um voto de confiança
a Caetano e Rita. Colocarei "Ovelha Negra" e "Tigresa" na minha velha vitrola.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Silêncio Dos Nada Inocentes

Vi ontem as chamadas para o início da sétima temporada da série "House M.D.", em outubro, provavelmente a última. Pelo visto, o foco será o romance entre House e Cuddy, tudo indica que o tom piegas e água-com-acúçar será o eixo da nova temporada, rumo já tomado na sexta temporada, em oposição à atmosfera cáustica, sardônica, asfixiante e corrosiva das temporadas iniciais.
Eu fiquei puto com a "humanização" do personagem na temporada anterior. Mas chega uma hora em que os rebeldes como House têm o direito de capitular, de jogarem a toalha e abandonar o ringue, têm o direito de ceder ao cansaço e parar de brigar contra o mundo, mesmo sob o risco de parecer que foram derrotados, que aderiram à moral comum ou que foram cooptados, certo?
Errado. Por dois básicos motivos.
Caras como Gregory House, e tive a sorte de conhecer dois durante minha vida, não têm o direito de rendição; aos Houses, não é dado o privilégio de abandonar a luta, é sua maldição, seu ônus por serem superiores. Depois, os Houses são altruístas e magnânimos, eles não brigam contra o mundo como pode sugerir uma análise superficial e leviana, eles brigam pelo mundo, em favor do. São grosseiros, petulantes, é fato, porém suas agressões têm caráter educativo, têm por objetivo dar uma sacudida e acordar o mundo de seu estado de burrice e idiotia, seus ataques se prestam a despertar as pessoas de seus torpores, de suas faltas de senso crítico frente à vida. Mas o mundo não quer ser acordado, não quer ser tirado de sua sedação, pensar causa sofrimento e passar a vida sem dor é bem mais desejável.
E é quando percebem que não vale a pena tentar despertar as pessoas, que elas não merecem que se brigue por elas, é que os Houses aparentemente se rendem.
Aparentemente.
É justamente a partir daí que os Houses começam a brigar contra o mundo, é a partir daí que eles começam a se vingar, na sua aparente rendição. Suas armas, o silêncio, a indiferença, o descaso. O rebelde briga contra o mundo ficando quieto, deixando o mundo confortável em sua ignorância, em sua desorganização, em sua falta de método.
Foi isso que Gregory House começou a proceder em sua sexta temporada, deixou de se importar com o alheio, passou a se preocupar consigo próprio. House não capitulou, ele apenas começou a se vingar.
Alguém já disse que as sereias têm uma arma ainda mais terrível que seu canto, o seu silêncio. Igualmente, o silêncio de House se revelará a sua mais terrível arma.
Quem dera eu conseguisse torná-lo minha mais destrutiva arma, também; quem dera eu conseguisse ficar calado.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tudo Quanto É Puta Vem Pra Cá

Não se têm notícias - ao menos a mim elas não chegam - de cientistas, pesquisadores, prêmios Nobel, literatos, que venham se radicar no Brasil, por terem maior reconhecimento aqui que em seus territórios natais.
Em contrapartida, puta e bandido vêm tudo montar acampamento por aqui, se dizem bem acolhidos e reconhecidos em terras tupiniquins. Ronald Biggs é um exemplo clássico disso, o cara é considerado o maior bandido do século passado na Inglaterra; aqui o cara era até atração turística, levava vida de star e teve um filho que encheu muito o nosso saco sendo integrante do grupo Balão Mágico, uma das grandes aberrações da MPB.
Agora é a vez da tal Larissa Riquelme. Quem é essa puta? Tudo bem que ela seja muito da gostosa e etc, mas e daí? Uma puta paraguaia que surgiu torcendo para a seleção guarani na copa de 2010 e já a caminho do esquecimento em seu próprio país. Aí vem a playboy e alça a biscate à condição de musa, musa do caralho, isso sim. Faz uma revista com fotos 3D da moça.
A puta, vendo que o negócio aqui é muito mais fácil que no Paraguai (vejam só), agradece à playboy e diz que fixará residência no Brasil, em consideração ao carinho dos fãs. Que fãs? Um bando de punheteiros tocadores de vuvuzela.
A biscate disse, ainda, que mostrar o bucetão 3D para as câmeras foi a coisa mais difícil que já fez, tadinha dela; aliás, hoje em dia, mostrar o bucetão, posar pelada, chama-se ensaio fotográfico.
Não é de hoje que o Brasil importa contrabando do Paraguai, eletrônicos, perfumes, cigarros e whisky, principalmente. Agora estamos importando putas paraguaias, como se nossa produção já não fosse suficiente.

Ainda Me Pedes Um Sonho, Criança?

Os Sonhos são precipícios fendidos por nossos próprios cascos;
Os sonhadores, uns idiotas;
E os objetos dos sonhos, pela força que lhes é atribuída,
Portam-se comumente como canalhas.

Sonhar ou ser sonhado,
Idiota ou canalha?
Não há outros papéis no Teatro das Ilusões.

De minha parte, nunca neguei meu mau-caratismo congênito.
E tu, criança? Ainda me pedes um sonho?
Ainda anseias em ser irradiada pela luz de meu rubi?
Ainda desejas ser assombrada pelo espectro de meu elmo?
Queres mesmo que eu te lance aos olhos
Um punhado de minha areia?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tal Pai, Tal filho

Ou filho de peixe, peixinho é; ou quem sai aos seus não degenera.
Essa é muito boa, o pai de Mel Gibson, Hutton Gibson, 91 anos, declara que metade do Vaticano, incluso o Papa, é homossexual.
Eu também acho que o Papa queima a hóstia.
Nazista que foi/é, segue os costumes dos altos escalões da Gestapo, onde, de tão superiores que se achavam, inclusive às mulheres, só tinham tesão por eles mesmos, pela raça pura, e o troca-troca rolava direto. Heil, Hitler e a pistola Mauser entrava, Heil, Hitler e a Mauser saía, e era Heil Hitler o dia inteiro.
Excelente, essa família Gibson. Reportagem abaixo.


"Pai de Mel Gibson diz que Papa Bento 16 é homossexual"

O pai do ator Mel Gibson, Hutton Gibson, 91, disse em entrevista à uma rádio norte-americana que acredita que "metade do Vaticano", incluindo o Papa Bento 16, seja homossexual.
Na gravação, obtida pelo site especializado em celebridades TMZ, o pai do ator respondia perguntas sobre a Igreja católica.
"Eles não querem [lidar com assuntos como a homossexualidade] por que metade das pessoas do Vaticano são 'bichas'", disse Gibson.
Em seguida, o entrevistador lhe perguntou se isso também incluia o Papa Bento 16. "Com certeza. Por que mais ele adiaria isso?", afirmou. "Ele está fugindo", completou.

A CETESB Garante

Agosto passado foi o segundo mês mais seco na cidade de São Paulo desde os anos 1940. Além dos evidentes prejuízos à saúde respiratória causados pela baixa taxa de vapor d'água no ar, a falta de chuvas agrava também o problema da poluição nos grandes centros, uma vez que as precipitações "limpam" a atmosfera das mais variadas partículas em suspensão, pondo enxurrada abaixo a poeira, poluentes e até vírus.
Agosto foi o segundo mês mais seco desde 1940. Apesar disso, misteriosamente, os boletins da CETESB sobre a qualidade do ar tranquilizavam a população; segundo esse órgão, a qualidade do ar se manteve dentro dos padrões legais aceitáveis. A questão : dentro dos padrões de quem? Dos padrões da CETESB, bem mais lassos e permissivos que os da Organização Mundial da Sáude (OMS); o índice de poeira, por exemplo, é de 50 microgramas/m para a CETESB, contra os 20 microgramas/m da OMS. Nós, brasileiros, podemos respirar aproximadamente 3 vezes mais detritos que os americanos, os japoneses e os europeus. Será que alguma pesquisa médica feita no Brasil verificou que somos tão mais resistentes assim?
E essa frouxidão nos padrões de tolerância de substâncias tóxicas não se restringe à qualidade do ar. Nossos alimentos podem conter mais conservantes e corantes, nossas radiografias podem nos bombardear com maiores emissões de raios-x que ao indivíduo que teve a sorte de nascer fora desses tristes trópicos. Todas as escalas de toxidade brasileiras toleram números bem superiores aos das escalas internacionais.
Sempre foi assim no Brasil. Os problemas são resolvidos, pura e simplesmente, aumentando-se legalmente o grau de tolerância a eles. Subvertem-se os parâmetros, enlouquecem-se as escalas, desnorteiam-se os referenciais, descalibram-se os instrumentos medidores do problema. E pronto: tudo fica solucionado, tudo fica dentro dos limites permitidos pela lei.
Tal como o sujeito cujo médico começa a lhe impor muitas restrições, parar de beber, de fumar, de comer alimentos gordurosos, começar a realizar exercícios... o sujeito simplesmente troca de médico, o problema é o médico.
Quero crer que os referenciais adotados pela OMS sejam estabelecidos com base em pareceres técnicos e científicos das diversas áreas afins, médica, química, metereológica etc. E os referenciais da CETESB, tão discrepantes dos internacionais? Vai ver são fundamentados em pareceres dos industriais, cujos exorbitantes lucros poderiam, talvez, ser levemente corroídos pela obrigatoriedade da instalação de equipamentos antipoluição mais modernos. Vai ver os referenciais Cetesbianos se fundamentam na politicagem, nos lobbys e nos dólares e euros dos usineiros de cana-de-acúcar, que, apesar da proibição legal, continuam incendiando o estado de SP e enchendo o ar de fuligem cancerígena.
O pior é que esse truque, essa canalhice de "alargar" as escalas de referência, é utilizido em todos os âmbitos da administração pública, inclusive, e sobretudo hoje, na Educação, mas digo disso em uma próxima postagem.
Se você sente dificuldades para respirar, nariz, olhos e garganta arderem, tem acessos de tosse, asma ou bronquite, procure um psicólogo, deve ser coisa da sua cabeça.
O ar está prenhe de qualidade, garante a CETESB.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Nada De Novo Em Stephen Hawking

Conta-se sobre Pierre Simon, o Marquês de Laplace (1749-1827), a célebre história:
Laplace foi ao estado para implorar para Napoleão aceitar uma cópia de seu trabalho, que havia escutado que o livro não continha menção a Deus; Napoleão, que era fã de propor perguntas desconcertantes, recebeu-o com o comentário, "M. Laplace, me disseram que você escreveu este grande livro sobre o sistema do universo e jamais sequer mencionou seu Criador." Laplace, que, embora o mais obsequioso dos políticos, era inflexível como um mártir sobre cada aspecto de sua filosofia, levantou-se e respondeu rispidamente, "Je n'avais pas besoin de cette hypothèse-là". (Eu não precisei fazer tal suposição).

E agora vem Stephen Hawking dizer exatamente a mesma coisa, que deus é desnecessário para explicar a criação:
"Porque existe uma lei como a gravidade, o Universo pode e deve criar-se a partir do nada. Criação espontânea é a razão para haver alguma coisa em vez de nada, para que o Universo exista, para que nós existamos", escreve Hawking. "Não é necessário invocar Deus para acender o pavio e pôr o Universo em movimento".

Eu não tenho a mínima condição de entender os conceitos físicos que levaram esses dois senhores a afirmar a inutilidade de um deus no processo da criação, meu conhecimento acadêmico mal resvala na física e, sobretudo, na matemática. Não obstante, tenho a certeza da inexistência de deus desde os meus 6 anos, 7 anos, quando da época em que meus amigos começaram a fazer o catecismo para a primeira comunhão.
Para mim - e aqui agradeço a Monteiro Lobato, que me introduziu à mitologia, a grega e a brasileira -, a coisa sempre foi muito clara, para cada fenômeno sem uma explicação conhecida, um deus é criado. Onde estão Tupã e Thor, por exemplo, deuses do trovão nas mitologias brasileira e nórdica, respectivamente? Morreram. Causa mortis : a explicação física do que é um raio e um trovão. A Lua já foi deusa, O Sol, o Vento, o Mar Revolto...
O último grande fenômeno a ser desvendado é justamente o da Criação. Quando for devidamente elucidado - e será -, o último deus cairá ruidosa e majestosamente. E eu quero estar vivo e por perto, para pegar um caco dele, guardar de recordação.
Será um dia a se celebrar, o dia da ReCriação.

Pequeno Conto Noturno (16)

Samira dorme na cama de Rubens, barriga para cima, pernas semiabertas, lençol cobrindo a direita e negligenciando a esquerda. Dorme segura, sob a contemplação de Rubens, sentado na velha banqueta de sua velha mesa, uma dose de vodka-cola já pelo fim, a transpirar na superfície de fórmica.
Samira sonha, e Rubens, de certa forma, também. Aos sonhos de Rubens, temos acesso : Samira é agradável, sabe bem conversar, tem um corpo confortável, traja-se com uma discrição há muito esquecida. Poderia manter Samira ali por muito tempo, uns bons e longos anos, pensa Rubens.
Não fosse o que sempre põe tudo a perder. Não fosse o sexo. A inventada necessidade do sexo, a obrigatoriedade do, o mito.
Samira resolvera fazer "jogo duro", decidira liberar o sexo só após o terceiro encontro com Rubens, hoje, no caso; algumas vodkas a mais, porém, puseram-na fora de combate. Rubens não achou ruim. Samira durará mais tempo assim. Rubens considera que poderia conservá-la ali para sempre, em sua hibernação, pensa que Samira seria ótima companhia para a longa hibernação que é a vida.
No entanto, Samira acordará e quererá sexo - daqui a instantes ou pela manhã. E geralmente Rubens consegue fornecê-lo a contento para suas mulheres; ele estará pronto para Samira, acorde ela a hora que for, estará a postos para lhe proporcionar um bom sexo, hábil que o tempo o tornou. É ciente, contudo, da erosão que o sexo começa a impor a partir da primeira trepada, o sexo demarca seu latifúndio, crava seus mourões, estica seus arames farpados e, em pouco tempo, talvez em umas poucas semanas, Rubens terá que mandar Samira embora.
Ele toma o último gole de sua vodka-cola, já meio morno, e vai à cozinha preparar outra dose.
Talvez tenha sido o barulho do gelo contra o inox da pia, ou talvez tenha sido simplesmente a hora do ciclo recomeçar :
- Rubens... -, Samira chamando com uma voz espreguiçada e lânguida, saída de algum lugar entre a faringe e o Onírico.
Rubens termina de preparar sua dose, misturando tudo com o dedo, e se põe a fazer uma segunda, a de Samira.
Dirige-se para o quarto com os copos na mão.
Já pensando em Samira com uma enorme saudade.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

POR QUE TÃO SÉRIO?

- Por que choras, Curinga?
Da corte, não és o bobo?
Por nós, ser louco não é o teu encargo?
- Por que dizes que choro?
- Essas gotas de teus olhos...
- Há! Se julgas serem lágrimas, te confundes.
- E o que são?
- É minha loucura que se liquefaz e se funde,
Minha insanidade que escorre,
Que de tão plena não me cabe.
É meu histrionismo destilado.

- Mas e os cantos da tua boca que não mais se elevam,
E esse sorriso de ponta-cabeça, pendente, sisudo e grave
Que cede à força da gravidade?
- Bobagem tua!
Só errei um pouco no contorno do batom,
Só borrei um pouco a maquiagem.

- Sei... e essas unhas roídas, essas cutículas comidas,
Esse retorcer de dedos,
Esse estalar frenético das juntas?
- São parte das minhas traquinagens,
Da minha mise-en-scène,
Das minhas momices, minhas micagens.

- E esses olhos arenosos de quem há muito não dorme,
Essa face de crateras profundas,
Essas olheiras roxo-figo de quem há muito não sonha?
- Ora, se te dizes meu amigo, deixe de perguntas enfadonhas.

- E esse rombo?
Essa boca desdentada,
De gengivas a minar sangue e pus,
Que se abre em teu peito?
- Basta, maldito!
Pegaste-me de jeito, é o que queres ouvir?
Pegaste-me, eu admito.
Cessa com tuas judiarias.

- Algo errado tens...
- O que tenho é que sou um Curinga.
Sou nada e o Universo,
Sou Dr. Jekyll e Mr. Hyde,
Sou Hulk e Bruce Banner,
Hermes e Afrodite.
Nunca notaste como pareço Pierrot e Arlequim?
Sou Álvaro, Ricardo, Alberto, Fernando e Bernardo...
Todos dentro de uma mesma roupa,
Todos se disfarçando na mesma fantasia.
Sou uma dinastia de fantasmas,
A rondar e penar pela mesma casa,
Pela mesma casca vazia.
( Fim do “diálogo”.
Minutos após o qual,
Ouve-se o brutal estilhaçar de um espelho ).