segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Anedonia

Preciso
Urgente
Porém, há tempos
Ser remendado
(me remendar).
 
O que não me impede
De continuar por aí...
Mesmo roto 
E esfarrapado.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Hai Cai do Bebum

Chá?
Achas?
Cerveja!

Hai Cai do Bebum (2)

Café?
Estás de ma-fé!
Cerveja!

Hai Cai da Bebum (3)

Suco?
Filho de um eunuco!
Cerveja!

Dalila's Hai Cai

A tesoura
É a insígnia da sanção.
Que o diga Sansão.

Pode Ser Numa Canção, Pode Ser No Coração, Eu Só Quero Ter Você Por Perto (14)

Me Faça um Favor
(Sá, Rodrix & Guarabira)
Quero que você me faça um favor,
Já que a gente não vai mais se encontrar.
Cante uma canção que fale de amor,
Que seja bem fácil de se guardar.

Meu amor,
O que eu sou,
Todo mundo vê,
Me perdi,
Me esqueci,
Dentro do seu mundo,
Procurando a vida com você.

Mesmo que as pessoas lembrem de nós,
Mesmo que eu me lembre dessa canção.
Não vai haver nada pra recordar,
Nada o que valeu, o que houve de bom.

Meu jardim,
Seu quintal,
Sempre a mesma flor,
Hoje não,
Cada um
Dentro do seu mundo,
Navegando contra a solidão.

Quero que você me faça um favor,
Já que a gente não vai mais se encontrar.
Cante uma canção que fale de amor,
Que seja bem fácil de se guardar.

Mesmo que as pessoas lembrem de nós,
Mesmo que eu me lembre dessa canção.
Não vai haver nada pra recordar,
Nada o que valeu, o que houve de bom.

Meu amor,
O que eu sou,
Todo mundo vê,
Me perdi,
Me esqueci,
Dentro do seu mundo,
Procurando a vida com você. 
Para ouvir a música, é só clicar aqui no meu neurastênico MARRETÃO.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Segura na Mão de Deus, Segura na Mão de Deus...

Nunca fui um apreciador de futebol; logo, nunca fui um apreciador de Dom Diego Maradona, o futebolista. Mas sempre fui fã de carteirinha do Maradona, o mito. Do Maradona, o provocador, o gozador, o sacana, o peladeiro das antigas. Do Maradona, o Mão de Deus.
Maradona era o último remanescente do jogador macho das antigas, daqueles que xingavam o juiz na cara, coçavam o saco e cuspiam no gramado. Sujeito que veio dos campinhos de futebol de várzea e não das afrescalhadas escolinhas de futebol e dos anabolizados centros de treinamento.
Uma das histórias mais espirituosas e hilárias já acontecidas no futebol teve a mão de Maradona (e portanto a de Deus) por detrás. 
Vinte e quatro de junho de 1990. A Argentina bateu o Brasil por 1 a 0. Eliminou o Brasil já nas oitavas de final e se classificou para as quartas de final da Copa de 1990. Num lance do jogo, Ricardo Rocha derruba o argentinho Troglio no gramado. O lateral-esquerdo brasileiro Branco, sedento pelo calor que fazia, aproveitou para pedir água aos argentinos que entraram em campo para socorrer Troglio. Foi quando a genialidade de Maradona entrou em ação. Como todo goleador que se preza, Maradona estava ali só de olho, só na "banheira", esperando sua chance. Ao ouvir o pedido de Branco, reza a lenda que Maradona mandou o massagista Miguel di Lorenzo, o Galíndez, trocar as garrafas em que os argentinos estavam bebendo e dar uma diferente a Branco, uma com água "batizada". Com água que canarinho não bebe, mas se beber assovia o Hino Nacional de trás pra frente e de frente pra trás. A água dada a Branco por ordens de Maradona estava "batizada" com um calmante, um tranquilizante ou coisa que o valha. Daí em diante, Branco jogou o resto da partida grogue, grogue, trá-lá-lá de tudo. Foi a partida mais calma que Branco já jogou. Branco só ficou sabendo da pegadinha do Maradona três meses depois, pelo zagueiro argentino daquele jogo, Ruggieri. Depois, outros jogadores confirmaram a história. O próprio Maradona, décadas depois,  confirmou, às gargalhadas, a tramoia em entrevista a um programa argentino de esportes. Sacanagem do Maradona? Não! Burrice do Branco, porra, de pedir água pros argentinos!!! Sensacional, o Maradona! Um filho da puta das antigas.
Muitos creditam a decadência da carreira de Maradona aos seus problemas com drogas e mulheres. Problemas? Como disse Keith Richard, dos Rolling Stones, "eu nunca tive problemas com as drogas, sempre tive problemas foi com a polícia". É o caso de Maradona, porra! Maradona, feito o magnata norte-americano de quem eu me esqueci o nome, gastou grande parte de sua fortuna com drogas e mulheres; o resto, ele desperdiçou.
E hoje, morreu Maradona, o mito. O futebolista há muito já estava. Morreu de parada cardiorrespiratória, aos 60 muito bem vividos anos. Maradona havia passado por uma delicada cirurgia no início desse mês, para drenar um hematoma, um coágulo cerebral. E acho que foi isso que acabou provocando a morte a curto prazo do gênio da pelota. Dadas as proporções dos cérebros dos jogadores de futebol, o médico, ao tentar drenar o coágulo, acabou drenando foi o cérebro todo. Jogar futebol sem cérebro não só é possível como é praticamente um pré-requisito, mas respirar, manter os movimentos involuntários do músculo diafragma, não.
Morreu Maradona, o Mão de Deus.
Morreu Maradona, o mito. Agora, ele vai virar santo. Queira a Igreja Católica canonizá-lo ou não, logo, logo, São Dieguito estará a operar milagres e prodígios. Aliás, santo é o caralho! Que santo é o baixo clero do Céu. Maradona vai chegar no Céu e dizer que joga melhor que Deus.
Diego Armando Maradona
1960 - 2020

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Escala Richter Para Cervejas

Para deixar patente a minha semi-ignorância nas mais variadas áreas, começo esta postagem com uma tripla negativa : não entendo praticamente nada de nenhum dos assuntos dos quais trato aqui no Marreta. Quero dizer com isso que não sou versado ou especialista, nem mesmo um aficionado diletante em qualquer tema ou objeto; muito menos um "entendido", aí é que não mesmo. Inclusive, e principalmente, num dos assuntos que mais toco por aqui, a cerveja. Nada entendo de cerveja. Entendo de tomar cerveja, de entornar. E só.
De resto, nada sei. Nada conheço sobre a seleção de seus ingredientes, das régias proporções entre eles, nada sei do processo de fabrico, sobre os tempos de cozimento, de fermentação, nada dos aspectos visuais, olfativos e gustativos tomados como régua de sua qualidade. Não sei diferenciar uma Pilsen de uma Lager. 
No máximo, percebo as diferentes tonalidades de amarelo de uma cerveja para a outra, mas não sei o que pode ser inferido dessa gradação, percebo se uma é mais ou menos amarga que a outra e, se a diferença for muito grande, percebo se uma é mais ou menos alcoólica que a outra. E não passo disso.
Tanto que quando quero tirar um sarro dos degustadores, debochar de toda aquela pose e aquela terminologia empolada de que se valem, confesso, recorro  a uma "cola". Vou ao excelente site Brejas.com.br. Carbonatação, persistência da espuma, retrogosto, sabor frutado etc, eu tiro tudo de lá, aleatoriamente.
Chegando ao motivo da postagem, o referido site também traz a avaliação de milhares de marcas de cerveja. Nacionais e estrangeiras dos mais variados países. Das mais vagabundas cervejas nacionais às mais cultuadas cervejas belgas e alemãs, verdadeiras lendas que ocupam o Olimpo cervejeiro. 
O Brejas tem um time de avaliadores que julga a cerveja nos quesistos aroma, sabor, aparência, sensação e conjunto. É feita uma média destes quesitos e emitida uma avaliação geral, que varia de 0 (zero) a 5 (cinco).
A cerveja Moema, da qual falei na última cerveja-feira e pela qual paguei R$ 1,35 a lata de 350 ml, alcançou a nota geral de 2,0 na avaliação dos peritos do Breja. Até aí, tudo certo, achei uma nota justa. Um conceito dois em cinco é o mesmo que um quatro numa escala de 0 a 10. Ou seja, a Moema ficou abaixo da média, tirou um quatro na prova, nota vermelha, mas nada que não possa ser recuperado. 
Então, fui procurar por cervejas que tivessem alcançado a nota máxima, ou ficado muito próximas a ela. Entrei na seção de cervejas belgas e nem precisei procurar muito, dei logo de cara com a cerveja Trappistes Rochefort 10. Uma belgian dark strong ale, com 11,3% de teor alcoólico e fabricada por monges da abadia Notre-dame de Saint Remy. Pois a Trappistes etc atingiu uma nota de 4,5 na avaliação geral de duzentos e vinte cervejeiros do site.
Aí, achei estranho. Estranho e de uma mais que injusta desproporção. Quer dizer que, analisando fria e matematicamente as notas atribuídas às duas cervejas, a Trappistes e tal é somente 2,25 vezes melhor que a Moema, uma cerveja safada de milho, que muitos especialistas se recusariam até em classificar como cerveja?
Óbvio que não. A Trappistes, com certeza, é muitas e muitas vezes superior à Moema. Erro dos avaliadores? Não, tenho certeza de que não. Erro de escala, eu afirmo. Do tipo de escala.
Uma vez que os atributos e as qualidades das cervejas analisadas são enormemente díspares e discrepantes, uma escala que abrange um intervalo tão pequeno - de 0 a 5 - é obviamente inadequada e incapaz de bem avaliá-las, e, mais ainda, de fornecer parâmetros confiáveis para os consumidores. Ou se aumenta enormemente o intervalo - zero a cem, zero a mil etc - ou se muda (que é a minha proposta) a base da escala. 
Proponho que a escala de 0 a 5 do Brejas seja mudada de aritmética para logarítmica. E aqui se faz necessária uma breve explicação sobre os dois tipos.
A grosso modo (lembram-se de que eu não sou especialista em nada?), uma escala aritmética é uma reta com origem no zero e dividida em intervalos iguais a partir dele. Os valores atribuídos a cada um dos intervalos são estabelecidos pela soma de um número constante (a razão) a começar do zero e a se repetir pelos valores subsequentes. Uma escala aritmética, a exemplos, pode ter uma razão igual a 1 (0, 1, 2, 3, 4,...), ou a 5 (0, 5, 10, 15, 20...), ou igual a 100 (0, 100, 200, 300...) etc.
Uma escala logarítimica é, basicamente, a mesma coisa; porém, os valores dados a cada intervalo são obtidos a partir do zero não pela soma de uma razão, mas pela multiplicação dela. A escala logarítmica mais usual é a de base 10. Em uma escala logarítmica de base 10, o algarismo 1 representado na reta não tem o valor de 1, mas sim de 10 (dez elevado à primeira potência); o algarismo 2, tem valor de 100 (dez elevado à segunda potência); o 3, de 1000 (dez elevado à terceira potência) e assim por diante.
Um exemplo de escala logarítmica é a Escala Richter, que mede a intensidade dos abalos sísmicos, dos chacoalhões que o planeta dá de vez em quando na esperança de se livrar de suas pulgas; no caso, nós. Assim, a exemplos, um terremoto de magnitude 2,0 não é apenas duas vezes mais forte que um de magnitude um : é dez vezes mais forte (dez elevado a um); nem é apenas duas vezes mais fraco que um de magnitude 4,0 : é cem vezes mais fraco (dez elevado a dois); e é dez mil vezes ( e não apenas três) mais fraco que um de magnitude 6,0 (dez elevado a quatro).
Penso que, dessa forma, se a escala de 0 a 5 do Brejas for tomada como uma escala logarítmica, maior justiça seria feita às cervejas por ela avaliadas.
No caso em questão, a belga Trappistes deixaria de ser apenas 2,25 vezes melhor que a hidromilho Moema; ela passaria a ser dez elevado a 2,25 vezes melhor, ou seja : aproximadamente 180 vezes superior à Moema. Acredito que ficaríamos mais perto da realidade.
Mas será que é possível agregar tantas qualidades a uma cerveja a ponto dela ser tão melhor assim que uma outra? A qualidade intrínseca à Trappistes tem como ser tão maior à da Moema? A qualidade em si, eu não sei, mas o preço, sim. Pãããããããta que o pariu se o preço, sim.

domingo, 22 de novembro de 2020

A Parte Que me Cabe e Que me Pesa Dessa Realidade

Todas as noites
Eu bebo.
 
Bebo para fugir do sono
Para fugir do amor :
Bebo para sonhar 
E para amar.
 
Em algumas noites
Eu bebo e sonho e amo a Fúlvia.
 
Em algumas noites
Eu bebo e sonho e amo
E me caso con a Veridiana.
 
Em algumas noites
Eu bebo e sonho e amo
E me caso
E tenho dois filhos com a Lupicínia.
 
Em todas as noites
Eu bebo e fujo :
De dormir e de sonhar
De casar e de procriar
De dividir cobertor e pasta de dente
De entrelaçar dedos dos pés e contas conjuntas
De me enrodilhar de conchinha e me conformar
Com a realidade 
Que me foi reservada.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Cerveja-Feira (34)

Nem a pandemia da Gripe Chinesa foi capaz de me amedrontar e me demover de minhas eternas prospecção e incursão em mercados e lojas de conveniência nunca dantes visitados em busca do Santo Graal da cerveja boa e barata. Nem o comunavírus conseguiu refrear a minha sede por novas descobertas, por novos conhecimentos e, sobretudo, por cerveja.
Ontem, a minha coragem e o meu arrojo foram recompensados. Ao voltar de minha matutina caminhada, entrei num pequeno armazém de bairro, localizado na vicinal de uma rodovia, Empório Castelo, ou algo assim, para comprar pão para o café do filho e da esposa, e lá estava ela :
Cerveja Moema. R$ 1,35 a lata de 350 ml. Comprei-a às cegas, ou quase às cegas, a olhos presbiópicos com três graus de deficiência, uma vez que, sem meus óculos de leitura, fui incapaz de ler as letras pequenas dispostas horizontalmente na lateral da lata nas quais constam informações sobre o fabricante, o local de procedência, o teor alcoólico etc. Há de se tomar muito cuidado hoje em dia em verificarmos o teor alcoólico da cerveja, pois há uma nova linha de "cervejas leves", elaboradas para paladares mais delicados, comedidos e viadescos, que mal chegam a 3% de álcool. O meu mijo é mais alcoólico que isso!
Comprei quatro latinhas e dei sorte.
A Moema é bem melhor que muitas das marcas comerciais mais conhecidas, Sub Zero, Kaiser, Bavária, Crystal, Schin, Itaipava, Skol, Devassa, Proibida. Dessas populares, para o meu gosto, ela só perdeu para a Brahma.
A fabricante, a Cervejaria Mendes Brewing Company, de Campo Grande (MS), garante que a Moema é "made with excellence", à base de "hops with german origin". Tendo, lógico, sempre em vista o valor de R$ 1,35 a lata, surpreendeu-me o seu bom e ligeiro amargor - imperceptível numa Skol, por exemplo, a vedete maior das cervejas de milho - e a grande persistência de sua espuma, se comparada às outras cerveja citadas.
Uma cerveja honesta, a Moema. Merece, com todas as honras e honrarias, o selo e a comenda ISO-Azarão de boa e barata.
Cerveja Moema : aprecie sem moderação; aliás, aprecie é o caralho, que apreciar cerveja é coisa de degustador, de quem faz biquinho de cu com a boca e dá pequenos golinhos, sentindo o buquê e procurando o retrogosto.
Cerveja Moema : entorne sem moderação. Que cervejeiro das antigas só tem que ter moderação é com o bolso. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Sim. Somos um País de Maricas (2)

Um - com o perdão da má palavra - HOMEM ser elogiado por suas qualidades de ... HOMEM, por seus atributos masculinos, por seu pulso firme e por sua determinação testosterônica agora é crime? 
É crime ser HOMEM e bem se utilizar e se fazer valer todos os potenciais que a Natureza, que o cromossomo Y lhe deu, não só como presente, mas como um encargo, uma obrigação? O legal, o correto é o quê? Pegar o cromossomo Y e enfiar no cu?
Pois parece que sim. Pois parece que estamos a ver o desabrochar de um novo tipo de preconceito e segregação, o preconceito genético, genômico : nasceu XY, nasceu com pinto e gosta de meter esse pinto numa buceta ou num cu ao invés de receber o pinto de outrem no seu, o sujeito já é classificado como "tóxico", como um estuprador em potencial. 
Por que tanta polêmica, celeuma e indignação pelos elogios de Putin à masculinidade de Bolsonaro? Por que alguém ser exaltado por exercer as qualidades que lhe são inatas é tão ofensivo? Por que fazer elogios ao macho por ele ser macho agride e desagrada a tantos? Por que a palavra MACHO desagrada a tantos?
Simples : porque somos um país de maricas. 
E esta postagem é dedicada, com todo respeito e admiração, ao ator Zé Mayer, um dos maiores machos da teledramaturgia brasileira, um dos maiores passadores de rodo de toda a nossa História, "cancelado" por essa corja de maricas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

De Macho das Antigas Para Macho das Antigas, Vladimir Putin Diz : Bolsonaro é o Cara !!!

A corroborar a minha tese de que atualmente Bolsonaro é o homem da esquerda no Brasil, ou, melhor, o macho alfa da esquerda tupiniquim, o sorumbático GRF enviou-me link de um vídeo no qual Vladimir Putin, o mandatário supremo da Rússia, o berço do comunismo moderno, elogia, parabeniza e felicita Jair Bolsonaro por sua força de comando, sua postura firme frente ao cenário da pandemia da Gripe Chinesa e, sobretudo, por "expressar as melhores qualidades masculinas e de determinação".
De macho das antigas para macho das antigas, Vladimir Putin declarou : Bolsonaro é o cara!!!
E o Mito não desfez tampouco menoscabou o elogio por ele ter partido de um comunista. Pelo contrário, postou o vídeo com a declaração de Putin em uma de suas redes sociais - o tuíter, eu acho -, dando-lhe grande destaque.
O que vem a demonstrar que Bolsonaro nada tem contra a Esquerda, contra o Comunismo de raiz; ele tem é muita coisa contra uma corja específica de esquerdistas encostados, safados e oportunistas, comunistas de boutique que, no mais das vezes, distorcem a ideologia para ganhos pessoais, para conseguirem privilégios, mamatas, regalias e outras fidalguices.
Vladimir Putin é comunista das antigas. Do tempo em que ser comunista era coisa para cossaco e para agente da KGB, para homens tenazes, implacáveis e endurecidos pelos rigores do Leste Europeu. Do tempo em que eram necessários brio e colhões roxos para ser comunista. Antes da ideologia vermelha ter sido deturpada e subvertida pelo Ocidente e transformada em abrigo e embaixada de afrescalhados, feministas e outros segmentos da população que se autodeclaram vítimas, perseguidos, excluídos e outras pataquadas mais.
Mas pra cima de Putin, não. Com Putin, não tem frescura nem diplomacia. Não tem questões sociais nem dívidas históricas. Não tem marcha das vadias, da maconha, da rosca frouxa, de Jesus. Com Putin, escreveu, não leu, o pau comeu! Ele manda envenenar com ricina e pronto! Que quem manda naquela porra lá é ele!
Comunismo assim, dá até gosto de ver.
Transcrevo, pois, abaixo, os elogios de Putin que tanto envaideceram Bolsonaro, proferidos ontem durante uma reunião virtual com os chefes de Estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China e ÁFrica do Sul).
 
"Muito obrigado, Sr. Presidente Bolsonaro, não foi fácil para todos nós trabalharmos este ano, mas você também enfrentou pessoalmente esta infecção e passou pelas provações com muita coragem. Desejo a você tudo de melhor, em primeiro lugar, saúde. Todos nós vimos como não foi fácil para o senhor. O senhor expressou as melhores qualidades masculinas e de determinação. O senhor foi buscar a solução de todas as questões, antes de tudo na base dos interesses do povo de seu país, deixando para depois as soluções ligadas aos problemas de sua saúde pessoal. Isso é para todos nós um exemplo de relacionamento corajoso com o cumprimento de seu dever e a execução de suas obrigações na qualidade de chefe de Estado."

Quem preferir assistir ao vídeo, é só clicar no meme abaixo, o Bolsoringa barbarizando também no Kremlin, confeccionado especialmente para esta postagem. Este, você não acha em lugar nenhum.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Bolsoringa (Ou, a Crítica da Esquerda a Bolsonaro Por Ele Ser de... Esquerda)

A rigor histórico, ser de esquerda é querer a cabeça do Rei, querer que, de preferência, nem haja um Rei - e não, como hoje, apenas querer substituir, trocar seis por meia dúzia, a bunda que se assenta e se acomoda ao macio trono. Ser de esquerda é se opor e querer o desmanche do sistema estabelecido - e não, como hoje, apenas querer usurpar e bem se estabelecer no lugar de quem vinha mantendo e perpetuando o sistema estabelecido. É querer acabar com o Baile do Rei - e não, como hoje, ansiar por ingressos em camarote VIP para tomar parte do mesmo; não, como hoje, apenas querer trocar de Rei para passar a se sentar à direita dele.
A rigor histórico, ser de esquerda é querer romper com e demolir os paradigmas viciados do poder político vigente e renovar e modificar as suas relações, é ter um pensamento, portanto e minimamente, anárquico. Ser de esquerda é ser fora do rumo e do prumo, é pensar fora da casinha - e não, como hoje, invejar e ambicionar a casinha do outro, ainda que seja para adquiri-la, a prestações vitalícias, no Minha Casa, Minha Vida.
A rigor histórico, ser de esquerda é ser um eterno "se há governo, sou contra", um sem-teto ideológico, um sem-trono por convicção. É ser, às vistas do establishment e do cidadão comum, um "inconsequente, irresponsável e insano".
Se buscarmos nas histórias em quadrinhos, a nona arte, hoje tristemente rebaixadas a cinema, a sétima arte, que personagem é o mais anárquico, o mais contestador do sistema, o mais avesso às relações de hierarquia e comando, quem é o maior crítico da ordem da Nova Ordem Mundial, quem é que quer, de fato, ver o circo pegar fogo e não apenas ser mais um palhaço ao picadeiro? Que personagem de quadrinhos é, enfim, mais de esquerda que o desvairado Coringa? Nenhum, meus caros. Nenhum.
O Coringa quer a cabeça do Rei. E nem é para exibi-la à parede de sua sala de troféus. Muito menos para colocar à própria cabeça a coroa que antes aninhava-se na do decapitado regente. O Coringa quer a cabeça do Rei, simplesmente, porque o Rei é o Rei. No máximo, quer jogar uma pelada de fim de semana com ela e descartá-la.
O Coringa não confronta a sisudez, a disciplina, o rigor espartano e todo o poderio bélico do Batman para assumir o lugar dele na bat-caverna. O Coringa nem quer matar o Batman, só quer subvertê-lo, só quer despi-lo de sua negra e engessada armadura de morcego para vesti-lo com um modelito mais leve, mais relax; quiçá, ver o morcegão carruncudo em largas bermudas, camisas e colares havaianos.
Em um dos filmes mais recentes do Cavaleiro das Trevas, o Coringa, encarnado pelo suicida Heath Ledger, trama lá um assalto, um sequestro, ou sei lá o quê, como forma de receber um resgate trilionário (em dólar) : só  para ter o prazer de, literalmente, a fósforo e gasolina, queimar toda a sua parte. Karl Marx, vagabundo que foi sustentado pela esposa enquanto escrevia "O Capital", choraria de emoção! 
Conseguem imaginar um esquerdista de hoje tacando fogo em dólares? Conseguem conceber o Lula, o Chaves, o Maduro ou o Fidel a incinerarem "verdinhas", que são o símbolo supremo do grande capital? Quem pode ser mais fiel ao próprio discurso e mais desapegado ao capital que o Coringa? Quem é capaz de contestar mais o sistema e ser mais de esquerda que o Coringa? Ou, ao menos, equipará-lo?
Quem nos dá a resposta, é a própria mídia esquerdista, através de um de seus veículos impressos mais notórios, a revista Isto É. E a resposta é : ele, o Mito, o intrépido Bolsonaro.
Jair Bolsonaro, segundo a capa sensacionalista (e muito bem bolada, eu gostei pra caralho) da Isto É desta semana, é o Coringa, é o nosso homem de esquerda, portanto. Tão de esquerda, mas tão de esquerda, que continua sem partido até hoje. Continua sem querer a nenhuma denominação se filiar, sem querer ser representado ou definido por nenhuma sigla partidária, muito menos representá-la ou defini-la.
Diga-me a quem te coligas e te direi quem és. Pois Bolsoringa não se filia a ninguém. Mais de esquerda, mais à esquerda do sistema, impossível. Mais contrário e refratário ao sistema binário do mercenarismo político da Câmara e do Senado, impossível.
A esquerda tanto fez que acabou por colocar um homem de esquerda no Palácio do Planalto, ainda que esse homem não tenha sido o Lula (que boa piada!) nem a Dilma (que boa piada de português), ainda que esse homem não tenha emergido dentre os seus ungidos : ainda que esse homem tenha sido Jair Bolsonaro.
E o que a esquerda faz agora, que logrou o seu intento? Critica. Malha. Tenta avacalhar e esculhambar com Bolsonaro, o mais fora da casinha de nossos eleitos (no caso, das casinhas da Câmara e do Senado), o mais desalinhado politicamente de nossos políticos, o mais à esquerda e a escanteio do status quo político tupiniquim. Toda crítica da suposta e pretensa esquerda brasileira vira elogio e propaganda positiva ao Bolsoringa. Tiros de festim que saem pela culatra.
A esquerdista Isto É critica Bolsonaro por ele ser, a rigor histórico, de... esquerda. É o Samba do Bolchevique Doido! Valha-me São Bakunin!
E, claro, pãããããããããta que o pariu!!!!
 
Por que tão sérios?

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Cerveja-Feira (33)

Resolvi : hoje, eu volto a beber! E ponto! Volto, não : já estou a.
Um mês sem cerveja, eu fico. Trinta dias, nem fodendo!
Ora, direis, certo perdeste o senso, Azarão, e eu vos direi, no entanto : nunca estive tão lúcido e dono de minhas faculdades (não à distância) mentais. E explico.
No Brasil, a hora-aula do professor tem cinquenta minutos; idem para a do psicólogo, a do terapeuta etc; a da puta, a depender do freguês, não chega nem a dez ou quinze minutinhos. Por que não posso instituir, então, o mês de três semanas?
No Brasil, há muito tempo que mandamos o Sistema Internacional de Unidades à merda. Aqui tem o litro, o litrinho e o litrão, com, respectivamente, 600 ml, 300 ml e 1000 ml. Por que não um mês com três semanas?
Pelas feiras livres Brasil afora, em muitas das quais ainda são usadas aquelas balanças antigas de pratos, o que existe de quilo com novecentos gramas não está escrito em nenhum gibi. Por que não o mês de três semanas?
Pois instituo, hoje e agora, o Mês Azarônico Trino, o mês de três hebdômadas. Cumpro, assim, o meu mês sabático de cerveja. E volto a beber. Já estou a.
Além disso, como bem lembrou-me e alertou-me o Cássio do Recife, macho e leitor das antigas do Marreta, hoje não é uma sexta-feira qualquer : é uma sexta-feira 13. Em tão agourenta data, não é aconselhável afrontar a paciência dos deuses do acaso e da fortuna com nossa sobriedade e nossa sisudez. Que, de tristeza, só se nutre o deus cristão. Aliás, afrontar os deuses, não : a deusa. Frigga, a deusa nórdica da fertilidade, esposa de Odin, madrasta de Thor e a responsável por esta desditosa data.
Sempre, neste infausto dia, Frigga (de onde derivou frigadag e friday, daí sexta-feira) se reunia - suspeito que ainda se reúna - com outras onze deusas e com o próprio Demônio, para, juntos, os treze, rogarem pragas à humanidade.
As pragas são uma retaliação de Frigga por a humanidade, antes devota a ela, ter virado as costas ao paganismo, aos elementais e aos deuses da Natureza e abraçado o Cristianismo. Mais do que justas e merecidas, portanto, as pragas de Frigga rogadas sobre nós.
Compreendo a tua ira e frustração, boa e boazuda deusa. Também não entendo por que o ser humano deixou de seguir deuses guerreiros, viris e paudurescentes às tavernas, às bebedeiras e às noitadas de orgia para se sentar cordeiro à sombra de oliveiras e ficar escutando o 171 do cabação de Nazaré, o Virgem de 33 anos. Também não me entra na cabeça por que o ser humano deixou de adorar e "homenagear" deusas feito ti, loiras ou ruivas, peitudas e voluptuosas, para passar a adorar um cabeludo e barbudo pelado pregado a uma cruz. Por que trocaram as fogueiras dos solstícios, dos equinócios, das festas da boa colheita, em torno das quais dançavam alegres, frenéticos e nus, pelas fogueiras da Inquisição? Também não sei, libidinosa deusa.
Mas não estenda nem despeje suas pragas e sua ira sobre mim, sobre este que vos fala, cornucópica deusa. Eu sou ateu. Não tenho nada a ver com isso, com a trairagem por ti sofrida. Eu só nasci no meio de tudo isso. Quando por aqui cheguei, a coisa já estava assim.
Como prova de minha solidariedade e de minha admiração por ti, coloco-me inteiramente aos seus serviços. Se caso, numa dessas sextas-feiras 13 quaisquers, o Demônio estiver muito ocupado, com a agenda cheia, e não puder comparecer ao nefasto encontro, convoque-me, formosa e bem fornida deusa. Convoque-me. Serei o teu 13º parlamentar. Surpreender-te-á com a minha disposição e com o meu talento de rogar pragas aos homens.
Um brinde, com um enorme canecão de hidromel, queria eu, nesta funesta data, levantar a ti; bebida que sei de tua predileção. Nascido e residente, porém, nestes tristes trópicos, não disponho da sagrada beberagem. Isto posto, peço-te desculpas pela heresia que irei cometer, mas a saiba mui respeitosa e reverente. Na falta do hidromel, brindarei a ti com o hidromilho, a nossa aguada cerveja brasileira.
Quem não tem hidromel, caça com hidromilho, embriagante deusa.
Um brinde, pois. À Frigga! À cerveja-feira 13! Ao fim do meu jejum! E a todos os leitores do Marreta, que devem ter tido o azar de aterrissar por aqui em alguma sexta-feira 13. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Sim. Somos um País de Maricas.

O intrépido Bolsonaro bem que tentou. Todos vimos e somos testemunhas de que ele tentou. Contra a sua natureza de macho das antigas, Bolsonaro tentou e se esforçou em adotar uma postura e um tom mais comedidos em suas aparições e em seus pronunciamentos - talvez o fugaz vislumbre de uma trégua e do início de uma política de boa vizinhança com certas alas da política e da grande mídia. Tentou ser mais manso, mais contido, mais moderado. Tentou sorrir e parecer simpático àqueles cujo desejo é o de esganar. Tentou ser mais político, na pior acepção da palavra. Tentou, enfim, ser um fingidor; adjetivo que só cabe ao poeta, que, no fundo, é um maricas.
Mas há um limite para tudo e para todos. Mais ainda para a paciência e para a boa vontade de um macho das antigas. Bolsonaro não recebeu nenhuma contrapartida positiva de seus adversários políticos e da grande mídia por sua incipiente e canhestra polidez. Antes pelo contrário, só chumbo grosso e perfídias e trairagens estão a despontar e a raiar em seus horizontes.
O ex-juiz Sérgio Moro, a quem Bolsonaro confiou o mais alto cargo da Justiça do país, não só deixou o cargo cuspindo no prato em que comeu, dizendo que possuía provas contra graves improbidades cometidas pelo Presidente, sem, no entanto, nunca ter apresentado nenhuma, como agora, aparentemente, pretende lhe fazer frente nas eleições de 2022, coligando-se ao mauricinho global Luciano Huck. Não bastasse, vem sendo também aventada a possibilidade da candidatura do general Hamilton Mourão para 2022, por algum partido do centrão. Até tu, Mourão? Militar das antigas a quem Bolsonaro condecorou como o seu segundo-em-comando.
Pois ele voltou! O Mito voltou novamente! Bolsonaro mandou às favas e à merda qualquer possibilidade de alianças políticas futuras e de ser elogiado pelo William Bonner em horário dantes mais nobre da televisão brasileira. Mandou à puta que o pariu o comedimento e o centrão de Rodrigo "Nhonho" Maia, o Marquês de Rabicó da Câmara dos Deputados. Pois deles, do comedimento e dos mercenários de nossa política, Bolsonaro não precisa. Nunca precisou.
Amado por uns, odiado por outros tantos, o fato, queiramos ou não, é que Bolsonaro perpetrou uma façanha notória e inédita na história política do país :  elegeu-se Presidente da República sem ter feito nenhum acordo, coligação ou conchavo com ninguém; nem com outros partidos nem com empreiteiros nem com os poderosos e onipresentes canais de televisão. Bolsonaro se fez Presidente sozinho. E sozinho, mostra agora, continuará a se fazer. Bolsonaro envergou a faixa presidencial ao peito sem dever absolutamente nenhum favor de campanha, sem ter leiloado pastas e ministérios como garantia de apoio político.
No país do homem cordial, onde a troca de favores e, mais ainda, de favorecimentos é a moeda corrente, muito melhor cotada que o dólar e o euro, é inadmissível que alguém chegue à Presidência da República sem dever nada a ninguém, sem ter o rabo preso e comprometido com a canalhada da Câmara e do Senado. Essa é a grande mágoa, o grande ranço do establishment político, econômico e midiático contra Bolsonaro, saber que ele chegou lá sem pedir as bençãos deles. O resto, o resto é pretexto, é subterfúgio, são desculpas esfarrapadas, é birra e esperneio de quem foi alijado da mamata a que estava habituado.
Bolsonaro voltou a ser Bolsonaro. E voltou com tudo. Sem economizar munição de sua metralhadora giratória de uso exclusivo das Forças Armadas. Ontem, em poucas palavras, que Bolsonaro não é homem de lero-lero nem de vem cá que eu também quero, o Capitão estarreceu jornalistas, comentaristas políticos, articulistas e outros VPC (viadinhos politicamente corretos). Mostrou que Bolsonaro ainda é Bolsonaro. Que é só o que ele sabe ser.
Sobre a gripe chinesa, sobre o comunavírus, o Messias lascou : "A pandemia foi superdimensionada". Será? Será que a pandemia chinesa foi mesmo superdimensionada pelas lentes distorcidas e sempre mal-intencionadas dos meios de comunicação dominantes?
O prefixo super-, do latim, quer dizer "sobre", "além de", "acima de". Porém, não especifica o quão acima, o quão SUPERior. Aos afeitos aos quadrinhos, como um dia eu fui, é mais que conhecido e recorrente o termo super-humano, alguém com dotes e atributos além dos humanos, acima deles. E pode ser aplicado desde ao Super-Homem, capaz de arrancar um planeta de sua órbita com um único soco, até ao Capitão América, um atleta anabolizado pelo supersoro, bem treinado e disciplinado pra cacete e que consegue levantar, segundo o site marvel.fandom.com, 360 kg. O termo super, portanto, abrange uma larga gama de possibilidades.Valendo-me, pois, da inespecificidade do prefixo super e, por conseguinte, de sua enorme plasticidade, digo-vos que sim, digo-vos que a pandemia foi superdimensionada.
O vírus existe, é claro. Foi bem criado. A pandemia e o comunavírus são, sem dúvida ou qualquer questionamento, dignos de atenção, apreensão e vigilante prevenção. Mas serão dignos de todo esse alarde, alarmismo e terrorismo midiático ao qual estão a nos submeter nos últimos seis ou mais meses? Duvido muito. Dignos da implosão e do sucateamento da economia? Duvido mais ainda. Alguns setores não só continuaram em atividade como até experimentaram uma expansão durante a pandemia; a exemplos, os supermercados e o ramo das reformas residenciais e prediais. Será que houve um número maior de contaminados e de mortos entre os trabalhadores dos serviços ditos essenciais do que entre os que ficaram em home office ou entre os que perderam seus empregos? Duvido muito que pesquisas tenham sido feitas a esse respeito. Se alguns serviços foram mantidos, tomando-se os devidos cuidados, por que não todos? Não sei em que grau do amplo espectro abarcado pelo prefixo super Bolsonaro coloca o superdimensionamento da pandemia, mas que ela foi superdimensionada, foi.
Bolsonaro seguiu dizendo : "A manchete amanhã. ‘Não tem carinho, não tem sentimento’. Tenho sentimento com todos que morreram. Tudo o que eu falei sobre o vírus lá atrás, e eu apanhava como um cão sarnento em porta de igreja, se comprova que é verdade agora. Até a isenção de impostos para vitamina D. Isolamento vertical, que não podia ser daquela forma. ‘Fique em casa, economia a gente vê depois’ –afundaram vocês".
Nesse caso, na primeira parte, quando diz que, ao contrário do que pensam dele, ele lamenta os 160 mil mortos pelo vírus chinês, Bolsonaro mente. Como eu também mentiria caso dissesse o mesmo. Como também vocês, meus cada vez mais minguados leitores, a não ser que tivessem vítimas da Covid-19 entre os seus entes queridos, estariam a mentir se afirmassem o mesmo. Até, e principalmente, o VPC que dissesse sentir empatia não só pelos mortos como por toda a humanidade e quiçá pelo planeta estaria mentindo. Ninguém sente ou lamenta, de fato, a perda do outro, que lhe é desconhecido e distante. Não existe isso de empatia pela dor do semelhante. Aliás, nem existe essa balela de empatia. Que tal sublime e tão apregoado sentimento é fake, é uma construção social. É mais uma invenção do serumaninho sensível e civilizado, geralmente um inútil e um perdedor, que, muito mais interessado do que em ajudar com o fardo do infortúnio alheio, está a querer é que se apiedem e se condoam de seus fracassos. Que tal reação, tal desconforto que nos acomete frente às tragédias daqueles que não nos são próximos não é empatia. É medo. É cagaço de que ela, a tragédia, venha também bater à nossa porta e às dos nossos. É o alarme de nosso instinto de sobrevivência. Este sim, um sentimento natural, gravado a ferro, fogo, adenina, timina, guanina e citosina no nosso DNA e no de todas as outras espécies. Mas até o necessário ditame biológico de primeiro sobreviver para depois, se for o caso, salvar o outro é tido hoje como politicamente incorreto. Foi, assim, esse alarme biológico, conspurcado e transformado em empatia. O Zezinho morreu de Covid-19 lá no Acre. Ficou triste por ele? Sentiu empatia? O caralho. Ficou é com medo. Ficou em alerta pela possibilidade de também acontecer com você. Como eu disse, nessa parte, Bolsonaro mentiu.
Acertou em cheio, no entanto, na sequência, acertou que a vida não pode parar em detrimento dos mortos, que os vivos não podem se acovardar e estagnar frente a iminência da morte. Acertou na mosca, o Mito. Ora porra, estamos na iminência da morte desde o momento em que fomos dados à luz. Antes disso, até. Estamos na iminência da morte desde o instante de nossa fecundação no útero, desde o momento em que o espermatozoide do pai fez fiu-fiu, passou uma cantada no óvulo da mãe e este, ao invés de processá-lo por assédio sexual, se abriu e se arreganhou para ser penetrado. Desde que éramos um inocente zigoto estávamos na iminência da morte. Poderíamos não nos ter bem fixado ao endométrio materno, poderíamos ter nos mal dividido e malformado. Poderíamos ter sofrido um aborto, espontâneo ou praticado por alguma feminista que defende a vida dos bebês-focas e bebês-tartarugas e é militante convicta do fetocídio humano. Vivemos na iminência da morte. E se a vida é sagrada (há controvérsias), mais sagrados ainda os meios que permitem a sua manutenção, as atividades econômicas, no caso. Parar com a vida pela iminência da morte? Por isso? Só por isso? Melhor seria que nem a tivéssemos começado.
E se a porcentagem de infectados e de mortos pelo vírus chinês na população brasileira é superior à maioria dos outros países, a culpa também não é de Bolsonaro. É da falta de educação congênita do brasileiro. O brasileiro tem orgulho de ser grosseirão e mal-educado. Valoriza o "jeitinho" e despreza toda e qualquer regra (regra, para ele, é autoritarismo), não tem nenhum respeito pela ordem, hierarquia ou disciplina. Eu mesmo, durante esta pandemia, no mercado em que me abasteço, tive que, por várias vezes, discutir com pessoas atrás de mim na fila do açougue, dos frios, do hortifruti, do caixa etc e fazê-las observar e obedecer às marcas de distanciamento impressas no chão. Todos me fizeram cara de cu. Um até tentou acalorar a discussão, mas foi aconselhado a não pelo atendente do balcão, que ameaçou chamar o segurança caso ele não respeitasse as marcações. Culpa do Bolsonaro, a escrotice desse sujeito? Que é aquele tipo de verme que faz churrasco na calçada de casa e bota sertanejo universitário no máximo volume para incomodar a vizinhança? Culpa do Bolsonaro, o sujeito ser o tipo de verme que eu, caso possuísse os supracitados atributos super-humanos, a todos de sua lais exterminaria? Não, claro que não. A eleição de Bolsonaro para a Presidência da República pode até ser um reflexo dessa falta de educação do brasileiro. Um dos efeitos dela; jamais a causa.
Para fechar com chave de ouro e coroar o bolo com rutilante e rubra cereja, o Capitão disparou : "Tem que acabar com esse negócio, pô. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô".
Somos mesmo um país de maricas? Sim, somos. Não éramos. Nem sempre fomos. Broncos, chucros, ignorantes, iletrados prepotentes, sim, sempre fomos um país de. De maricas, começamos a ser quando nos passou a ser conveniente, vantojoso e mesmo lucrativo. Começamos a nos tornar um país de maricas a partir da Constituição de 1988, a malfadada "Constituição Cidadã", a maldição nos legada pelo safado do Ulysses Guimarães.
Carta Magna que abre suas páginas nos declarando todos iguais perante a lei, para depois, logo em seguida, fragmentar-se, segmentar-se e promover a segreção favorável de certos grupos da população em Estatutos especiais. Estatutos, estes, que são verdadeiras cartilhas de criar indolentes, vagabundos, moleirões e encostados de todos os tipos. Estatutos, estes, que são verdadeiros bunkers a blindar os seus escolhidos de todas as adversidades e contrariedades da vida; inclusive e sobretudo a de ter que trabalhar, de ter que pegar no batente.
A partir da promulgação da desgraça desta Constituição, todo mundo começou a se autodeclarar vítima de alguém ou de alguma coisa, todo mundo começou a querer um estatuto para chamar de seu. Viramos, sim, em pouco mais de três décadas, um país de vitiminhas, de ofendidinhos, de melindrados, de coitadinhos, de mimizentos, de frouxos, que barganham facilmente os seus brios e dignidade por qualquer esmola governamental. Ou seja : um país de mariquinhas.
Em certos ambientes sociais, é muito benquisto o cara que se declara fraco e em posição de vulnerabilidade, o maricas que, ao invés de tomar as rédeas da própria vida nas mãos e virar gente, prefere viver da comiseração alheia - e dos impostos alheios também, é claro. Ser maricas hoje em dia no Brasil é legalmente vantajoso e bem visto socialmente. É a viadagem institucional.
Sim, Bolsonaro está certo. Somos um país de maricas. Temos que parar de sê-lo? Sim. Deixaremos de sê-lo? Duvido muito.
Bolsonaro, afasta de mim esse cálice. De Guaraná Jesus rosa de purpurina!

em tempo : e teve um singelo recadinho até para o recém-eleito Joe Biden, que nem se sentou ainda à Casa Branca e já está querendo meter o bedelho na Amazônia : "Assistimos a um grande candidato a chefia de Estado (Biden) dizendo que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil (...) Apenas na diplomacia não dá (...) Quando acaba a saliva tem que ter pólvora".
                                                       

domingo, 8 de novembro de 2020

O Que Você Fará em 2022?

Devemos atualizar o título de eleitor ou o passaporte?

Comprimidos

Tomo comprimidos :
Para dor de cabeça
Para merda empedrada
Para alergia
Para tendinite
Para paumolescência
Para alegria.
 
Tomo comprimidos
Para descomprimir
Os meus egos
O-primidos
Re-primidos :
Os placebos engavetados em mim.

Comprimidos (II)

Milhões e milhões de pessoas
Todos os dias
Planeta afora
Tomam comprimidos para dormir.
 
Pois eu só os tomarei
Feito jujubas
Feito jabuticabas
Feito amoras maduras que se colhe nas calçadas em caminhada pela madrugada,
Pois eu só os tomarei
À congestão
À overdose
A afogamento
Quando forem lançados comprimidos
Para 
Finalmente
Despertar.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Cerveja-Feira (32)

(Comentário do português Antenor Barbeiro, em cuja cadeira Ferrante, quando criança e levado por meu pai, muito já me sentei para cortar o cabelo, transformado numa postagem).
 
"Ó menino da Marreta! Muito tempo que cá não estive e nesta minha volta confesso-me agora um tantinho decepcionado contigo. Que arenga é esta de parares de beber, mesmo que por uma dança completa da Lua? Estás a te sair de paneleiro, ó pá?
Como tu mesmo dizes, mês sabático é o caralho, abstinência é a pãããããta que o pariu!!! O que estás a fazeire? Estás a pagar promessa e a imolar-te em sacrifício em altar de algum deus pagão de aguardente bagaceira, uma vez que frente ao deus cristão, com o qual, embora eu acredite, não simpatizo, te sei ateu? 
Diz-te em 30 dias no deserto da abstinência. Pois serei eu, que muito cortou-te o cabelo quando eras um bicho do mato em forma de petiz, o Satanás a tentar-te neste árido e incongruente areal em que te meteste.
Apresentar-te-ei não uma, mas três das, como tu mesmo dizes, boas e baratas, Quero ver-te não sucumbires a estas Três Graças.
A começar sem muito alarmar o fígado talvez um tanto desacostumado e preguiçoso pelo ócio, a Brussel, uma lager mais leve com apenas 4,3% de álcool. Receita alemã, puro malte e outras embromações que nos empurram e que fingimos crer. Mas é boa, ó menino da Marreta, uma espuma cremosa, um sabor meio cítrico. Harmoniza bem com uma boa sopa de grelos. R$ 1,99 na rede atacadista Tonin.
Com a memória hepática já melhor desperta e ainda na linha "puro malte", a Estrella Sírius, a melhor das três liliths com as quais te induzo a fraquejar do disparate do teu jejum. Mais pujante e encorpada que a anterior, 4,8% de álcool, um amargor bem dosado e nem sinal do gosto de milho percebido na maioria das cervejas nacionais. Combina bem com uma punheta de bacalhau. R$ 1,99 no atacadista Tonin.
A finalizar o pavimento da estrada para a tua perdição, a versão Pilsen da Estrella Sírius. Corpo intermediário às duas anteriores, 4,6% de álcool, leve e refrescante, excelente para lubrificar os rins e pôr a teste a velha bexiga, para tomar o dia inteiro sem empapuçarmo-nos. Ideal para acompanhar um boa feira da foda. E o que julgas melhor, ó menino da Marreta, apenas R$ 2,09 o latão! Também no Tonin. 2,09 o latão! Irás resistir, ó menino da Marreta?
Eis o latão e o meu, como tu dizes, poderoso canecão, comigo desde 1967, adquirido à 1ª Festa Regional da Cerveja de Ribeirão Preto, promovida pelo Lions Clube.
Deixe-te de aragens e de frescura, ó menino da Marreta. Entornes umas tantas destas hoje.
Atenciosamente,
Antenor Barbeiro (que aposentou a navalha assim que apareceram os primeiros clientes a quererem fazer barba, cabelo, bigode, sobrancelhas e depilação da virilha).

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Sem Tiro de Misericórdia

Eu não tenho como ganhar
(eu sei)
Ainda assim 
Não me dou por vencido.
 
Que desgraça de doença é essa?
Que não tem a misericórdia
De me dar um tiro de misericórdia?
 
Que me mantém respirando
Por aparelhos e convicções obsoletos,
Que faz com que eu continue a arrastar meus joelhos esfolados
Por gólgotas e romarias
A pagar por promessas que nunca fiz?
 
Que me transfigura num queijo suiço de escaras
A servir de spa e resort 
Para bernes e moscas-bicheiras?