domingo, 29 de setembro de 2013

Cheesus Christ, O Senhor dos Raladores de Queijo

O site britânico Find Me a Gift encontrou mais uma maneira de tosquiar as ovelhinhas cristãs, que rebanho,
já disse várias vezes aqui, serve mesmo é para ser tosquiado, esfolado. E por que só padres e pastores teriam o direito de explorar a ignorância dos crentes?
Nada disso. Todo mundo tem o direito de sangrar o ignorante, sobretudo o ignorante religioso.
O ignorante que se orgulha de sua ignorância, que não se desapega dela nem que as provas mais cabais de seu engano lhe estapeiem o rosto, que a considera uma virtude divina, está no mundo para duas coisas : para encher o saco de quem tem um mínimo de racionalidade e, claro, para ser explorado.
Eu não sou canalha a ponto de explorar a ignorância do religioso, ignorância que nada mais é que a soberba de se considerar o filho dileto do Todo-Poderoso, por isso, não lhe tenham dó ou piedade. Ainda não sou canalha a ponto de, ainda.
Mas não condeno quem o faz, tenho-lhe inveja, na verdade.
O site Find Me a Gift lançou o Chessus Christ, o Senhor dos Raladores.
Pela bagatela de US$ 6,38, o cristão pode adquirir um ralador inoxidável de queijo estampado com a figura do Cristo. “Este Cheesus glorioso é o salvador dos raladores de queijo”, afirma o site. “Ele vai livrar para todo o sempre seus queijos favoritos dos raladores enferrujados.”
E, para os fiéis mais dados a alucinações e epifanias, o site avisa que a imagem do Cristo não tem nenhuma natureza sobrenatural, não veio do além, tampouco é visão inspirada pelo Espírito Santo. As fuças do Cristo foram gravadas no metal com laser de baixa definição.
Atrás do ralador, um bônus, a oração "ao queijo nosso que estais no Céu", traduzido pelo Google Tradutor :

"Nosso Queijo no céu, halloumi seja o teu nome. 
Seu sabor picante, não vamos desperdiçar,
Assim na terra como no céu. 
Dá-nos hoje o nosso brie diária. 
Perdoa-nos as nossas stilton, 
como nós forgove quem stilton contra nós. 
Não nos em fatias de queijo, mas livrai-nos do cheddar. 
Para a glória do leite, da coalhada e do soro de leite são suas. 
Agora e para sempre. 
Edam."

Sei lá, de repente, deve ter graça lá para eles. Mas querem saber do mais engraçado? Em quinze dias de lançamento, mais de 20 mil unidades do ralador foram vendidas.
Merecem ou não merecem ser tosquiados até o último pelo, até o pelo do saco e do cu?  
Se Cristo presta para ralar queijo, não sei. Mas que Cristo é o maior ralador de cérebros de todos os tempos, disso não restam dúvidas.
E todos os cérebros cristãos, ralados, moídos e prensados, mal dão para fazer um hambúrger.

sábado, 28 de setembro de 2013

Marina Silva é (ainda) Mais Feia Do Que Parece

Marina Silva é mais uma fraude, mais uma picareta, feito todos os outros. Marina Silva congrega "qualidades" de duas das piores raças do planeta, os políticos e os evangélicos.
Reproduzirei algumas informações que venho lendo na internet sobre Marina Silva, a apóstola do meio ambiente, a pastora da sustentabilidade, a bispa do salvem o planeta. 
No caso de Marina Silva, o diabo é ainda mais feio do que se pinta.

OS BILIONÁRIOS QUE EMBALAM O SONHO DE MARINA
Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú e detentora de 3,5% das ações da holding do grupo, foi quem assinou o cheque para patrocinar o evento deste sábado, que lançou oficialmente o partido da ex-senadora; Guilherme Leal, que foi vice de Marina Silva na candidatura à presidência em 2010, é fundador da Natura e dono de uma fortuna de US$ 1,6 bilhão.
Decidida a selecionar as doações financeiras que receberá para a sustentação de seu novo partido, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva tem ao seu lado dois grandes patrocinadores, dispostos a embalar seu sonho.
Um deles é Guilherme Leal, que foi vice na chapa de Marina em sua candidatura à presidência da República em 2010, pelo Partido Verde. Fundador do grupo Natura, o empresário é dono hoje de uma fortuna de US$ 1,6 bilhão, de acordo com a revista Forbes.
Já Maria Alice Setúbal, conhecida como Neca Setúbal, é nada menos do que herdeira do banco Itaú e detentora de 3,5% das ações da holding do grupo. Foi ela quem assinou o cheque para patrocinar a festa dada neste sábado 16, no evento de lançamento do novo partido de Marina, e será a responsável por passar a sacola entre os empresários, a fim de obter mais arrecadações.
NATURAlmente. Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura. A gigante do setor de cosméticos tem relações próximas com a pré-candidata do PV a presidente.
A empresa é ré em uma ação do Ministério Público Federal na Justiça Federal do Acre em razão do suposto aproveitamento ilegal do fruto do murmuru, que é usado na produção de xampus e sabonetes.
A acusação é de uso comercial a partir do conhecimento tradicional do fruto pela etnia ashaninka, que vive na fronteira com o Peru.

Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(20)

Os considerados incultos da música popular, os tachados de bregas, tem muitas vezes laivos poéticos dos mais inspirados, como se o que lhes faltasse em erudição, sobrasse-lhes em sofrimento genuíno, vertido em  puro lirismo. 
Ninguém sofre como os broncos, como os brutos. Ninguém grita e chora mais alto do que os que sofrem em silêncio. Ninguém vomita mais poesia do que os que engolem a dor e o sal do mar, que não é o das lágrimas de Portugal, mas o da desilusão, o da cornagem, o mais escuro e abissal dos oceanos.
Waldick Soriano é um desses casos. Ele não é cachorro, não. E é muita coisa além disso. Não que precisasse. Quem gravou a canivete uma canção dessas na alma de toda uma nação, feito quem escalavra no lenho de uma árvore um coração com flecha a trespassar as iniciais dos nomes dos amantes, não precisaria ter feito mais nada. Poderia, para todo o sempre, ter continuado a não ser um cachorro, não.
Mas fez. Waldick é dono de extensa discografia. Waldick, igual aos de sua estirpe musical, rima amor com dor, a rima mais banal de todas.
Tom Jobim e os da Bossa Nova rimaram amor com o Corcovado, o Cristo Redentor, que lindo. Acontece que quando o sujeito toma aquele pé na bunda, aquele desacerto colossal, ele quer que o Cristo Redentor se foda. Ele não quer banquinho, violão e uisquinho. Ele quer ouvir música no zonão, tomar um traçado, um rabo de galo, ele quer é a boate azul, a dama de vermelho, ele quer é esganar o mala do João Gilberto.
Quando o bruto é ferido no coração, a única parte não blindada de seu corpo, ele não sabe de corcovado, de riso que se fez em pranto, de eterno enquanto dure, ele sabe da dor... do amor, ou do desamor.
O bruto põe o coração de luto. Waldick punha o seu, e seu luto nas canções.
Na canção Meu Coração Está de Luto, o corno assiste ao casamento da amada, diz que ela casou por dinheiro, diz, como não poderia deixar de dizer, que dói demais a dor do amor, e conclui o seu relato, que é um calvário musicado: para mim, não foi noivado, para mim, foi um enterro, que de branco ali passou.
Um enterro, que de branco ali passou... Pããããta que o pariu! Isso é puro mal de século! É Byron redivivo! É de fazer retorcer de inveja o imberbe, cabaço e tuberculoso Álvares de Azevedo. Um funeral de branco! É gótico, é noiva cadáver, é tudo o que Tim Burton sempre quis dizer.
E é uma puta duma fossa. E que fossa, hein, meu chapa...

Meu Coração Está de Luto
(Waldick Soriano)
Hoje está fazendo um ano
Que assisti teu casamento


Hoje está fazendo um ano
Que deixaste a minha vida
Um rosário de tormento


Meu coração está de luto
Hoje está fazendo um ano
E por ti vivo sofrendo
E que me deste desengano


Tenho medo de morrer
Dói demais a dor do amor
Esse amor não morrerá
A saudade ficará
Nesse peito sofredor


Tu casaste por dinheiro
A vaidade te obrigou
Para mim não foi noivado
Para mim foi um enterro
Que de branco ali passou.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Mijando Com o Pau do Outro

Uma das expressões mais inspiradas que conheço, diria até das mais geniais, é  "gozar com o pau do outro". Que significa comemorar uma conquista de outrem ao invés de buscar a sua própria, vibrar de emoção  pelo sucesso alheio e permanecer o mesmo merda de sempre.
Um caso clássico, por exemplo, é o de torcedores que dizem "fomos campeões brasileiros, do mundo etc", fomos quem, cara pálida? O clube foi campeão, os jogadores foram campeões, as contas bancárias deles estão a vazar dólares e euros pelo ladrão, não a do torcedor desdentado, mas ele vibra, exulta, goza. Goza com o pau do outro.
Puxa-sacos também se enquadram nessa categoria. É o empregado que "veste" a camisa da empresa. A "minha" empresa é líder de vendas, a "minha" empresa foi a que mais cresceu no trimestre, a "minha" empresa... Até o dia da fatal, e merecida, demissão, do pé na bunda. 
Já presenciei uma vez, na fila de um supermercado, uma discussão entre dois estagiários, que se digladiavam na tentativa de provar um ao outro que o carro de seus respectivos patrões era o melhor, o mais sofisticado, o mais computadorizado, o mais puta que o pariu!!! Os patrões, nas casas deles, deviam estar com as cuecas meladas, sem nem saberem o porquê.
Não sei quem criou a espirituosa expressão, ouvi-a pela primeira da boca do grande Lobão em uma entrevista ao Jô Soares. De lá para cá, por inúmeras vezes, tive o desprazer de comprovar na prática a sua veracidade, e ir diminuindo ainda mais meu apreço pelo ser humano.
Agora, um corredor italiano, Devis Licciardi, 27 anos, valeu-se da expressão de forma quase que literal, com uma pequena modificação, uma ligeira adaptação aos seus propósitos : Licciardi tentou mijar com o pau do outro!
Selecionado para passar pelo exame antidoping, o atleta pediu para ficar sozinho no momento de urinar, mas o médico presente no local disse não poder atendê-lo em seu pedido por causa das normas do controle antidoping. 
Quando tirou o pau para fora, o médico percebeu que ele estava a usar um caralho falso, um pinto artificial, em cujo saco escrotal havia armazenada urina "limpa" de outra pessoa. Uma vez pressionado o saco falso, a urina sairia e iria para o potinho de coleta.
Pego com a boca na butija, Licciardi admitiu que tentou enganar os médicos, mas negou estar dopado. E não revelou o motivo pelo qual tentou engambelar os médicos. 
"Tive problemas, mas não sou louco. Tenho vergonha, não nego, mas não tenho a consciência pesada. É um aspecto que... Por ora é melhor eu não responder", afirmou Licciardi, que falou ainda em "problemas", mas não entrou em detalhes.
Licciardi usou um aparelho chamado Whizzinator, que é anunciado na internet como um dispositivo discreto de urina sintética e que pode ser adquirido por qualquer pessoa pelo preço de 87 liras.  
A urina também faz parte do kit, ela vem desidratada, bastando apenas adicionar água e aquecer para se obter um mijo limpinho.
O produto é etnicamente sensível, diz ainda o site de vendas, é oferecido em uma gama de tonalidades para atender aos safados de todas as raças : cacetes brancos, negros e hispânicos fazem parte do vasto catálogo.
Que "problemas" o atleta teria tido no cacete a ponto de sentir vergonha de mostrá-lo a um médico? 
Das duas, uma. Ou o cara estava mesmo muito do dopadão, ou tem pinto pequeno, uma benguinha ridícula, uma bracholinha de fazer dó. 
Se o cara fosse possuidor de uma verga de respeito, daquelas que fazem até égua olhar pra trás, ele não teria sentido a menor vergonha em mostrá-la para o médico; aliás, o médico não precisaria nem pedir, o cara já chegaria com o tarugo batendo na mesa.
Tem cara de quê? De dopado ou de minibenga?

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O Tédio do Porco-Espinho

Exercer meu poder
Não me recompensa mais com nenhuma alegria,
Nenhuma satisfação,
Nenhum regozijo.

Exerço-o ainda,
Às vezes,
Com muita preguiça,
Com ânimos de burocrata de carreira.

Exerço-o
Bissextamente,
A contragosto,
Só para não pensarem que enfraqueci,
Só quando começam a confundir
A minha indiferença com debilidade
Ou com impotência.

Exultava-me, 
Antigamente,
Vê-los rasgar suas carnes em meus estrepes,
Em meus ângulos perfurocortantes,
Em minhas quinas enferrujadas.

Hoje,
Acaba-me com a paciência
Ter que me limpar do sangue deles em minhas arestas.
Acaba-me com a paciência
A burrice de não perceberem o meu farpado,
A burrice de pensarem
Que possam ser imunes ao meu tétano.

Hoje,
Entendo o tédio do porco-espinho,
O fastio do carrasco.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cueca do Pau Oco

Uma das figuras mais emblemáticas da cultura e do folclore nacionais surgiu no Ciclo do Ouro, ou Ciclo da Mineração, que teve como cenário os estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás e cujo apogeu deu-se entre os finais dos séculos XVII e XVIII : o santo do pau oco.
O nome é autoexplicativo. Imagens de santos eram entalhadas em troncos ocos e, em seus interiores, eram escondidos e contrabandeados ouro e pedras preciosas. Foi uma maneira encontrada pelos mineradores para sonegarem os altos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa.
Havia o Quinto, que determinava que 20% da produção bruta fossem derretidos pelas Casas de Fundição e enviados a Portugal. Além do Quinto, também a derrama, que exigia o envio anual de 1500 kg de ouro para Portugal. Para burlar a vigilância das Casas de Fundição, o que fosse possível era escondido no interior dos santos de paus ocos.
No nosso vernáculo, o santo do pau oco virou uma expressão para designar uma pessoa que se esconde por trás de uma falsa imagem.
Em 2005, a canalhada do PT deu uma nova dimensão à prática do pau-oquismo. José Adalberto Vieira da Silva, então assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT), foi detido no aeroporto de Congonhas (SP) com 100 mil reais na cueca. E mais 200 e tantos mil numa mala. É a cueca do pau oco. Detalhe : José Nobre Guimarães é irmão de José Genoíno, um dos condenados do mensalão.
Como o cara fez para colocar 100 mil reais dentro da cueca? Por baixo, se todo o montante fosse composto de notas de 100 reais, eram mil  notas. No mínimo, o assessor colou o pau para trás com emplastro Sabiá.
E o PT fez escola. Depois disso, várias outras apreensões de dinheiro sujo foram feitas em cuecas do pau oco. A mais recente em maio desse ano, de novo gente relacionada ao PT, 465 mil reais escondidos na cueca e nas meias.
E o PT não fez escola somente no Brasil. Pelo visto, o uso da cueca para esconder contrabando caiu nas graças da bandidagem do mundo inteiro.
Dois homens, que estavam em trânsito de Bangkok para Dubai, foram detidos em uma escala no aeroporto Indira Gandhi, em Nova Déli, capital da Índia. Eles traziam dois lóris - primatas de cerca de 25 cm de comprimento e olhos grandes, típicos da Índia e do Sri Lanka - escondidos em suas cuecas.
Os animais foram detectados por um dos guardas do aeroporto durante uma revista aos passageiros antes do voo. O guarda percebeu que algo se movia dentro da calça do passageiro.
Acho até que o guarda deve ter perguntado : - Isso dentro da sua cueca, é um primata?
O contrabandista teria respondido : - Não, eu só fiquei feliz em ver o senhor.
Mas não colou. Os dois homens já estão no xilindró.
Em alguns lugares, como na Indonésia, o lóris foi tornado em animal de estimação exótico. Para que o animal seja "domesticado", os caçadores tiram seus dentes, já que ele solta substâncias tóxicas em sua mordida. Isso faz com que o lóris não possa voltar ao seu ambiente natural.
Um macaco de 25 centímetros na cueca.... Pããããta que o pariu. Numa dessa, não tem jeito, o pau do sujeito tem que estar preso com emplastro Sabiá, ou entortado para trás e enfiado no cu. 
São os políticos brasileiros exportando conhecimento e tecnologia. É de dar orgulho!
Mas justiça seja feita. Se os petistas são os criadores da cueca do pau oco, os precursores do tráfico de animais silvestres em roupas íntimas foram os portugueses Manuel e sua esposa Maria.
Em viagem ao Brasil, Manuel se encantou por um gambá e encasquetou de levá-lo a Portugal. Para escapar dos agentes da alfândega, Manuel mandou que Maria, sempre trajada com aquelas saias rodadas típicas da vestimenta lusitana, enfiasse o gambá dentro de suas calcinhas.
Maria perguntou : - Mas Manuel, e o cheiro?
Manuel respondeu : - O gambá que se foda, ó pá.
Os animais foram entregues à entidade de proteção dos animais People for Animals. Eles estão sendo tratados em um hospital veterinário.

domingo, 22 de setembro de 2013

Oktoberfest de Munique, a Micareta da Cerveja

Sem querer ofender o povo alemão - tampouco elogiar o baiano -, a cidade de Munique deve ser uma espécie de Bahia lá deles.
Na Bahia, o carnaval não se restringe apenas a fevereiro, começa um mês antes e acaba uns 9 meses depois, acho que só cessa para o baiano festejar o Natal.
Hoje, a cidade de Munique declarou abertas as festividades da sua 180ª Oktoberfest, a maior festa da cerveja do mundo. Oktoberfest em setembro? Isso é uma maravilha! É a oktoberfest temporã! É a micareta da cerveja!
A Oktoberfest de Munique é o paraíso em Terra! Tem a melhor cerveja do mundo, as maiores canecas de cerveja do mundo e os maiores peitões loiros do mundo! Tudo o que um macho de respeito precisa reunido em um só lugar : cerveja, loiras e peitões.
Os salsichões, eu dispenso, que fiquem para a mulherada e para os "delicados" adeptos da cerveja sem álcool.
Sem contar que a temperatura média em Munique fica em torno dos 8ºC nessa época do ano. Ideal para nos aquecermos em grandes canecas e grandes peitos.
Dizem que o Azarão é chato, mal-humorado, amargo, que não gosta de festas e celebrações. Não é verdade. O que eu não gosto é de qualquer festa. Se em Munique, eu seria considerado o cara mais alegre do planeta!
Em Munique, eu quero é botar meu bloco na rua, brincar, botar pra gemer, eu quero é botar meu bloco na rua, gingar, pra dar e vender.
 Vejam o tamanho dessas canecas!!!
Verdadeiras cornucópias!!!

sábado, 21 de setembro de 2013

Losango de Merkel (Ou : a Força da Buceta Contra o Dedo Médio da Maldade)

Durante um discurso, a questão do que fazer com as mãos é sempre um problema. Menos para os italianos, é claro, que ficariam mudos sem elas.
Angela Merkel, porém, é alemã, e arrumou uma maneira de deixar suas mãos comportadas e discretas durante seus pronunciamentos públicos : as une pelas pontas dos polegares, voltados para cima, e pelas dos dedos indicadores, direcionados para baixo, a formar um losango, o qual faz descansar sobre a região do abdome.
A forma geométrica tornou-se a marca registrada da chanceler alemã, ficou conhecida como o Losango de Merkel, ou, do bom alemão, Merkel-Raute, e agora vem sendo usada como símbolo de sua candidatura : os publicitários de sua campanha fizeram erguer um outdoor de 2.400 metros quadrados em Berlim no qual o "losango" aparece ao lado da inscrição "O futuro da Alemanha em boas mãos".
A própria chanceler nunca lhe atribuiu nenhum significado, até porque não existe nenhum, foi tão somente isso, uma forma de manter as mãos quietas durante suas falas.
Contudo, uma vez símbolo de sua campanha, algum significado precisa ser lhe conferido. Já dizem que ele significa união, coesão, coerência, simetria etc.
Não sei por lá, em terras de Adolfinho, mas por cá nessas plagas, o tal losango feito com polegares e indicadores representa a xana, a xavasca, a famosa buceta. O losango de Merkel representa o poder da xavasca! É uma alegoria ao imbatível poder da buceta!
E acho que por lá também deve ser. Tanto que Peer Steinbrück, o opositor de Merkel nas eleições, para rivalizar com o losango da chanceler, também já lançou seu gesto : o seu dedo médio em riste.
Em uma entrevista, um repórter perguntou o que Steinbrück tinha a dizer sobre os diversos apelidos com os quais os meios de comunicação se referem a ele. Em resposta, ele mostrou o dedo médio ereto.
Percebendo o potencial do duplo sentido dos gestos dos candidatos, a empresa Tengelmann publicou, no jornal econômico Handelsblatt, um modelo fictício da cédula eleitoral das eleições que ocorrerão amanhã, domingo, 22/09, na Alemanha.
É a boa e velha guerra dos sexos!  É a eterna luta da Perseguida contra o Falo da Maldade!
Na cédula, a xavasca teve a preferência do voto. Teria a minha predileção, também. Não a da Merkel, claro, mas a xavasca de um modo geral, como única opção ao "outro" candidato.

Gosto Muito De Te Ver, Leãozinho...

...caminhando sob o sol, tua pele, tua luz, tua juba. No que eu concordo com Caetano, o leão é dos animais mais belos e imponentes da natureza. 
Se bem que é o Caetano, e com ele, a gente nunca sabe, ele pode nem ter feito a música para o felino das savanas africanas, pode muito bem tê-la composto para um "cacho", bem peludo e cabeludo.
De qualquer forma, o leão da foto, albino, belíssimo, não poderia satisfazer o desejo de Caetano de vê-lo caminhar sob o sol. Aliás, talvez até já estive morto, caso não estivesse preso em um zoológico da Bélgica.
Caminhar sob o sol, inda mais o da África, sem nenhuma melanina a lhe fazer escudo, é autossentenciar-se à pena de morte. Sem contar que com essa brancura esplêndida toda, sua camuflagem seria zero, ele seria visto a quilômetros de distância por suas potenciais presas. As fêmeas da espécies teriam-lhe estranheza, rejeitariam o seu cacete real.
Um leão albino morreria torrado, faminto e cabaço.
Do estrito ponto de vista da genética e da evolução, toda a beleza acima é considerada uma aberração, uma anomalia, um desvio acidentado da espécie. Por isso, ele morreria rápido, por isso, a natureza o eliminaria sem dó. A natureza não tem olhos, ou tempo, para a beleza pela beleza, para a beleza sem função. É implacável com os simplesmente belos.
Mas o leão albino (e de olhos azuis) é belo, belíssimo, apesar de ser uma anomalia, ou justamente por causa disso, por sê-lo. A beleza que dispensa outros predicados é uma anomalia, tanto no leão como em qualquer outra espécie, inclusa a humana.
Acho que até mais na humana. Quantas Angelinas Jolie, você já viu caminhando pelas ruas, nos supermercados ou em seu local de trabalho? Quantas Scarletts Johhanson? Quantas Marianas Ximenes? Salma Hayeks? Isabellas Rossellini? Monicas Bellucci? Todas exceções, todas anomalias. Deliciosas anomalias.
Que se fodam a genética e a evolução!!! Um viva às anomalias!!!

Em tempo : a canção Leãozinho é faixa do LP Bicho, de Caetano Veloso, lançado em 1977, e do mesmo LP também faz parte a canção Tigresa. Não obstante o leão ser mais bonito que o tigre, a canção Tigresa é muito mais bonita que Leãozinho, uma verdadeira obra-prima, a Tigresa, um autêntico leão albino.

O Poeta, a Repórter Gostosinha e as Dores do Parto

O poeta. Uma noite de autógrafos.
Ou um dia, ou uma tarde. A constante prevaricação do sono, as lâmpadas fluorescentes, os espelhos, as vitrines de neon da livraria megastore, as pessoas fosforescentes e as telas dos telefones celulares acendendo em suas mãos feito vagalumes no cio - é nisso que as pessoas, os "leitores", se transformaram, pensou o poeta, em bundas que acendem e apagam, vagalumes sem luz própria com holofotes direcionados para os seus rabos -, impedem que o poeta, que há décadas anda sem relógio, tenha a exata noção do tempo.
Por que uma noite de autógrafos num ambiente de luzes insalubres e cancerígenas? Fizessem logo ao meio-dia, sob sol de rachar mamona, seria, ao menos, um pretexto para o poeta recusar-se em ir.
De qualquer forma, tanto faz a hora, uma sessão de autógrafos é um teste de sobrevivência para o poeta. Desses em que o sujeito tem que se virar num deserto - comer cactos e escorpiões -, ou numa floresta equatorial - resistir à base de água infecta e pantanosa e larvas brancas de coqueiros. Transformar dejetos em banquete, em ambrosia.
Ter contato com seus leitores, respirar a merda deles e continuar a verter isso em poesia não é tarefa para qualquer um. É preciso muito mais do que simplesmente gostar do que faz - aliás, é melhor que nem se goste tanto-, é preciso não ter outra opção de sobrevivência, não ter outra coisa para comer, senão escorpiões e larvas.
A mão do poeta foi autografando, só a mão, transformada em um carimbo de cartório, de repartição pública, o cérebro nunca participava do processo, pelo contrário, se encasulava, se resguardava, só travava diálogo, silencioso, com a garrafa de vinho tinto posta, e renovada sempre que preciso, à direita do poeta, sua única exigência, quantas garrafas de vinho pudesse entornar.
O poeta nunca entendeu o porquê das pessoas quererem sua assinatura preposta na folha de rosto do livro. Seria uma certificação de qualidade da obra? Aumentaria seu valor? Que valor? Na verdade, o poeta nunca entendeu o motivo das pessoas comprarem o seu livro, ou qualquer outro.
O poeta, às vezes, enquanto autografa, solta peidos propositais, que seus leitores sentem, mas fingem não perceber, poucas coisas divertem mais o poeta, durante uma sessão de autógrafos, do que ver a cara das pessoas sufocando com seu peido e sorrindo, fazendo que está tudo bem.
Se querem algo real dele, pensa o poeta, que joguem fora seu livro e seu autógrafo, que levem seu peido impregnado nas narinas para casa.
Aí, chegou a repórter gostosinha - de uma revista literária, suplemento literário, ou merda que o valha -, recém-saída da faculdade, e do banho, vistos seus cabelos molhados e os bicos dos seios, eriçados, arrepiados pelo frescor da água que ainda deles se evaporava, blusa em tecido de gaze.
Elas sempre vinham, nem sempre gostosinhas, mas sempre repórteres.
- Cada poema, cada livro novo, é como se fosse um filho, não é? - começou a repórter gostosinha.
A resposta real do poeta seria impublicável, mesmo em sua poesia fescenina. Se fazer um livro é igual a fazer um filho... Pergunta típica de quem só sabe mesmo fazer filhos, pensou o poeta.
- Sim - respondeu o poeta à repórter gostosinha.
O poeta aprendera que responder "sim" evita muitas aporrinhações. Diga "não" e explicações subsequentes, intermináveis, serão necessárias. O "sim" satisfaz ao perguntador, corrobora a ideia embutida na pergunta que ele julgou genial fazer, afirma uma certeza que o perguntador já tinha, e para a qual só queria a anuência do poeta.
Essa é a grande merda de hoje, pensou o poeta, as perguntas vêm cheias de certezas, não de dúvidas. É saber manipular uma tecnologia quase alienígena, de cujos fundamentos não fazem a menor ideia, que dá às pessoas a sensação de que sabem tudo. Que merda de rumos poderá tomar a humanidade, pensou ainda o poeta, uma vez que plena de certezas interrogativas e esvaziada de dúvidas afirmativas, exclamativas?
Dizer "sim" para não ter que explicar o "não" foi a verdadeira literatura que o poeta aprendeu ao longo de sua vida.
- A preparação do livro, os cuidados em sua gestação, a ansiedade de vê-lo publicado, dado à luz das livrarias, deve equivaler à dor de um parto, não é? - completou a repórter gostosinha.
Dor do parto? Essa havia doído no poeta, até mais que um impossível parto seu.
- Sim - respondeu de novo o poeta. E com gulas aos seios da repórter gostosinha, deu-lhe um um bônus :
- Sim, e devo dizer que são incomuns as perguntas inteligentes como as suas, raro alguém tão jovem quanto você com tanta sensibilidade e perspicácia.
A repórter gostosinha se babou de satisfação. Por todos os seus poros e orifícios.
Sim, sim, sim... o poeta foi respondendo, uma sucessão quase que infinita deles.
O "sim" final, porém, estava a ser dado agora, pela repórter gostosinha, ajoelhada (quase de quatro) nua na frente do poeta, sentado na poltrona do quarto, a chupar avidamente o pau dele, a pagar-lhe um tremendo dum boquete.
Que a poesia também serve para isso, conclui o poeta - com aquela ventosa que era a boca da repórter gostosinha a succionar seu cacete, fazendo um serviço de primeira, a desentupir todas suas artérias e veias -, aliás, fundamentalmente para isso.
Descendo a visão pela nuca da repórter gostosinha, seguindo por suas costas lânguidas e delgadas, o poeta divisa a divisão das nádegas dela, o famoso rego do cu, o qual ele supõe - adivinha - que seja rosado e piscante.
Logo, logo, decide o poeta, a repórter gostosinha terá um vislumbre muito próximo do que pode ser uma dor do parto.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Bêbado Autossustentável

A ideia já deve ter passado pelas cabeças de todos os amantes de birita. Nem que tenha sido uma única vez, nem que tenha sido em um daqueles momentos de, digamos assim, elevada graduação etílica, todo manguaceiro já pensou e desejou ter a sua própria fabriqueta de mé.
Uma pequena destilaria no fundo do quintal, uma cervejaria na garagem, uma vinícola naquele galpão ou despensa abandonados.
Mas vai daí que não é prática das mais fáceis pôr isso em prática. O pé de cana precisaria munir-se de uma sorte de equipamentos especiais, ter conhecimentos mínimos do processo de fermentação, dos procedimentos de controle de qualidade, selecionar os insumos mais adequados, gastar dias no processo e ainda contar com a possibilidade de um produto de baixa qualidade. É muito mais fácil e garantido continuar pegando umas latinhas no supermercado.
E se o próprio organismo fabricasse a birita nossa de cada dia? Isso mesmo. Iríamos comendo a matéria-prima - grãos de cevada, milho, trigo, arroz, à preferência do freguês - e o corpo cuidaria do resto, faria a fermentação, produziria o álcool e eliminaria os resíduos : um bêbado capaz de produzir seu próprio alimento, um cachaceiro autotrófico, fotossintetizante. Uma inusitada e muito bem-vinda fotossíntese.
Confesso que nem mesmo em minhas elocubrações mais alcoólicas supus tal possibilidade, jamais sequer concebi o conceito do bêbado autossustentável, espécime que, sem dúvida, representaria o próximo degrau evolutivo da espécie humana, o Homo bebuns. A taxonomia teria que estabelecer mais um reino natural, só para ele.
Acontece que ele existe! O Homo bebuns existe! Perto dele, ter garras de metal, asas, lançar lasers pelos olhos, teleportar-se, respirar debaixo d´água, ter poderes telepáticos e telecinéticos, são adaptações menores, desprezíveis.
O Homo bebuns existe, tem 61 anos e é morador da pequena cidade de Carthage, Texas (EUA). Ele foi descoberto ao ser levado por amigos a um pronto-socorro da cidade, onde deu entrada com fortes sinais de embriaguez e imediatamente submetido às terapêuticas próprias para o seu quadro.
Porém, nos raros momentos de lucidez, o paciente insistia em afirmar não ter ingerido única gota de bebida alcoólica, garantia que tinha ficado de pileque após comer uma lauta refeição. Só comer, sem beber nada além de água.
Os médicos e enfermeiros não lhe deram ouvidos, era só mais uma história de bêbado, igual a tantas outras que eles já tinham ouvido. "Prova" disso era a concentração de álcool no sangue do paciente : cinco vezes acima do limite permitido pelo estado do Texas. Caso tivesse assoprado em um, ele teria deixado até o bafômetro bêbado.
Contudo, um médico mais curioso, desses que põem a ciência sempre adiante, um dr. House lá deles, resolveu investigar a história do bêbado. Deixou-o isolado em um quarto e o manteve alimentado à base de uma dieta rica em carboidratos. Exames sanguíneos subsequentes foram realizados, vários deles, e o resultado foi sempre o mesmo : forte embriaguez.
Depois de dias no hospital, isolado e vigiado, apenas comendo, como era possível o paciente ainda tomar os seus porres?
Uma amostra de seu conteúdo estomacal foi analisada e revelou a presença do fungo Saccharomyces cerevisiae, o bom e velho Saccharomyces, o fungo nosso de cada dia, a levedura utilizada na fermentação de pães e massas em geral e, claro, também na da cerveja e na do vinho. É o chamado fermento biológico, aquele granulado meio pardacento que a gente compra nas padarias.
Desvendado o mistério : quando o Homo bebuns come alimentos com muita concentração de amido, ele fornece um banquete para o Saccharomyces cerevisiae. 
O fungo come a se fartar, enche o pandu de amido e glicose, e, em seguida, desconhecedor de qualquer regra de higiene ou de etiqueta, põe-se a cagar no prato em que comeu. 
O prato, no caso, é o estômago do Homo bebuns, e os dejetos do fungo, o gás carbônico e o álcool etílico. Dali mesmo, o álcool já é absorvido, cai na circulação e vai fazer a alegria do cérebro.
O Saccharomyces cerevisiae recebe proteção e alimento do Homo bebuns, em troca, dá-lhe doses instantâneas de prazer e alegria. Pãããããta que o pariu!!!! Isso sim é que é simbiose!!!! O resto é resto, é simples namorico entre duas espécies, um flerte à toa, no máximo, um juntar de trapos, um amancebamento, um concubinato.
A presença do Saccharomyces cerevisiae pode ser explicada pelo contato frequente do texano com o fungo, pois ele exerce a profissão de cervejeiro artesanal, mas a permanência e a boa adaptação ainda não foram bem elucidadas pelos médicos. As condições estomacais, sobretudo o forte pH ácido, em torno de 2, não são nada propícias para o fungo ali fixar residência; além disso, as bactérias naturais ao estômago, muito melhor adaptadas ao ambiente, os eliminariam na competição por alimento e território.
Tanto que há uns outros poucos casos assemelhados registrados na literatura médica, casos de pessoas submetidas a tratamentos prolongados por antibióticos que, ao eliminarem as bactérias estomacais, abriram espaço para o fungo cervejeiro. Casos similares quanto à natureza, mas muito inferiores ao do Homo bebuns do Texas quanto às suas intensidades, quanto às quantidades de álcool produzidas.
Será o Homo bebuns um mutante com condições estomacais favoráveis ao fungo, ou os fungos é que são parte de uma cepa mutante capaz de sobreviver em condições adversas para os outros de sua espécie?
O fato é que o Homo bebuns  tem uma cervejaria íntima e pessoal!
Percebem a praticidade dessa evolução no cotidiano? 
O cara, pela manhã, antes de ir ao trabalho, passa na padaria - que já foi do português, hoje é do chinês, do coreano - e pede a clássica média com um pão com manteiga. Come e vai para o trabalho. No caminho, o fungo vai processando o pão e o açúcar da  média, o cara chega ao trabalho com esfuziante alegria, com uma disposição incomum. E o melhor : de origem insuspeitada.
Outra : almoço de domingão na casa da sogra. O cara come uma bela pratada de macarronada, dá um tempinho pro fungo agir e logo sai dando abraços e beijinhos na jararaca.
Mais uma : aniversário de crente evangélico (acreditem, uma vez eu já entrei numa barca furada dessa), nenhuma reles long neck quente à vista. Acham que o Homo bebuns se aperta? De jeito nenhum. Ele come umas duas esfihas, uns três pastéis, mais uns tantos risolis e capricha nos brigadeiros. Daí a pouco, estará até fazendo coro no parabéns a você, cantando derrama, Senhor, derrama, derrama sobre ele o seu amor, junto com a crentaiada do rabo quente.
Fico me imaginando um portador desse poder, dessa mutação. Hoje, quero tomar uma cerveja, e como um punhado bem mastigado de grãos de cevada; hoje, um vinho tinto, e chupo um grande cacho de uvas pinot noir; hoje, um saquê, e um punhado de arroz goela abaixo. Que mão na roda seria!
Paciência... Não são todos os que nascem sob os auspícios de São Darwin.

*O caso foi recentemente publicado na revista International Journal of Clinical Medicine.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Bosta Benta

Às dezenas, aos milhares, eles fazem filas em frente das pias de água benta das igrejas católicas ao redor do mundo.
O primeiro vem, molha a ponta dos dedos e se persigna, o segundo também se benze, pega um pouco da água com a mão em concha e bebe, o seguinte ainda recolhe uma porção dela num frasco e leva para casa, compartilhá-la com seus familiares, e a fila segue, mãos e mais mãos, mãos às mancheias revezam-se na pia em busca de alívio, proteção - e até cura - para suas almas cansadas e combalidas.
A pergunta que sempre me fiz foi : onde estavam cada uma daquelas mãos antes de serem imersas nas águas do Senhor? No cu! A resposta é : no cu. Para mim, isso sempre fui muito claro.
Nas raras vezes em que estive numa igreja - ainda em garoto, levado por meus pais nos casamentos de tios e outros aparentados - e vi essa cena, para me distrair, abstrair-me daquele ambiente pesado e cheio de culpa e sofrimento que é uma igreja católica, eu ficava a imaginar de onde aquelas pessoas teriam tirado as mãos antes de pô-las à pia benta.
Eu ficava mentalizando : esse acabou de limpar o cu e não lavou as mãos, esse acabou de mijar e o último pingo da mijada foi a única água que suas mãos viram antes da benta, essa acabou de enfiar o dedo no nariz,  e por aí a coisa ia - eu já era um ateu, um pequeno herege, e nem sabia.
Um pouco mais tarde, já a estudar em colégio de padres e tendo que frequentar missas "pedagógicas", que valiam pontos na nota, vi a procissão das mãos mal lavadas por mais várias e várias vezes. Concluí que a pia da água benta é uma miniatura do rio Ganges, uma maquete do rio mais pestilento do planeta.
Desmedidas proporções à parte, são a mesma coisa, a pia da água benta e o rio Ganges. As pessoas vão, simbolicamente, higienizar-se de toda sua sujeira, deitar à água todos os seus pecados, deixar que a água os lave e os leve.
E não é que pesquisadores do Instituto de Higiene e Imunologia Aplicada da Universidade de Viena pensaram o mesmo que eu? Pensaram o mesmo e saíram a campo para averiguar.
Durante um ano, eles colheram amostras da água benta oferecida aos fiéis pelas principais igrejas da Áustria, e o resultado não poderia ter sido outro, deu o que o pequeno Azarão sempre soube : a água benta é bosta pura.
Os resultados mostraram a presença de coliformes fecais em 86% dos reservatórios de água benta da Áustria, inclusa a bactéria Escherichia coli, responsável pela diarreias inflamatórias na maior parte das intoxicações alimentares.
Pois é, quantas maioneses não foram acusadas injustamente de pôr o cu do sujeito em couve-flor, em pandarecos, quando a água benta era a grande culpada? Quantas inocentes salsichas em inofensivos cachorros quentes? Quantos pratos feitos de restaurantes de rodoviária? Quantos croquetes de lanchonete de chinês? Quantos milhões de faceiras Salmonellas já não pagaram o pato no lugar da água benta?
Mas milhares de pessoas se curam de seus males através da água benta, dirão os mais pios. Estarão enganadas, enganando-se?
Não, acho que não. Pessoas realmente se curam via água benta e embosteada. Placebo? Não, também acho que não, nesse caso, não.
Nesse caso, a merda diluída na água benta age como um remédio homeopático, a água benta e embosteada é uma espécie de florais de Bach.
A cura pela água benta e embosteada segue o lema e primeiro princípio da homeopatia, cunhado por Samuel Hahnemann, que é também sua base terapêutica: Similia similibus curantur. Ou seja : semelhante cura semelhante. 
Tá explicada a cura milagrosa pela água benta.

Em tempo : essa situação me lembrou um piada.
Quatro freiras morreram e foram pro céu. Chegando lá deram de cara com S. Pedro, que lhes pediu para fazerem uma fila indiana, para melhor organizar suas entradas no paraíso.
Chamou a primeira freira:
- O que você fez de errado na Terra?
- Eu peguei com uma mão no pênis de um homem. Eu tenho chance de redenção?
- Vá lavar a sua mão na bacia com água benta.
Chamou a segunda freira:
- O que você fez de errado na Terra?
A freira triste pensou que seu caso era perdido.
- Eu coloquei as duas mãos em um pênis de um homem. Tenho perdão?
- Claro. Vá lavar as duas mãos na bacia com água benta.
S. Pedro olha para trás e vê as outras duas freiras brigando. Então, pergunta:
- O que está acontecendo?
- É que a irmã Anunciata quer entrar na minha frente - disse a irmã Soledade
- Por que você quer entrar na frente dela, irmã Anunciata?
- O senhor acha que eu vou gargarejar a água com que a irmã Soledade vai lavar a bunda?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A Queda

Um dia,
Tudo o que nos move, estaca.
Acaba-nos a pilha.
E nem adianta recorrermos
À controversa criogenia,
Colocarmo-nos no congelador 
Das falsas esperanças.

Um dia,
Tudo estaca,
Tudo se torna estaca e grilhão.
Estacas fincadas nos pés,
Nas palmas das mãos,
No coração,
Em nosso fígado de Prometeu.

Um dia,
O alho,
A kryptonita, 
A queda.
Ilustração de Lora Zombie

sábado, 14 de setembro de 2013

Padre Roga Praga Eterna em "Fiéis Caluniadores"

Por toda a eternidade, por muitas e muitas gerações, vocês serão cornos, cairão no vício das drogas, suas mulheres e filhas se tornarão putas e toda a sorte de peste e doenças se abaterá sobre os seus.
Estes são os sinceros votos de prosperidade do padre Ivair Gentil Zancheta, da Paróquia de Santo Antônio, em Presidente Prudente (SP), para os seus dedicados fiéis.
Não exatamente com essas palavras (logo reproduzirei o texto do padre), mas exatamente com essa fúria e com esse ódio, genuinamente cristãos, bem próprios do deus católico.
O Pe. Ivair Gentil Zancheta (o cara ainda se chama Gentil, imaginem se não fosse) vinha sendo questionado e criticado há tempos pelos seus paroquianos, desconfianças quanto a uma malversação dos recursos da igreja.
Em 2009, o pe. Zancheta foi denunciado ao Ministério Público Estadual pelo então tesoureiro da igreja, José Antônio da Silva Garcia, que acusava o homem de deus de desvio do dinheiro do dízimo e das vendas de pães e rifas.
É a CPI do dízimo!!! O pe. Zancheta é o mensaleiro de Cristo!!!
O Espírito Santo parece ter ajudado o padre e o processo foi arquivado, o que não foi suficiente para fazer cessarem as críticas ao pároco. 
Ainda desconfiados, os fiéis continuaram com sua "perseguição" a Zancheta. E o homem santo, firme, aguentando todas as aleivosias levantadas contra seu nome, estóico, servindo-se da paciência que deus lhe deu para perdoar seus detratores, resignado, Pai, eles não sabem o que dizem.
Só que agora a casa (paroquial) caiu para o pe. Zancheta. Quer dizer, cair, ainda não caiu, mas será demolida, parte dela, ao menos.
As obras de ampliação da paróquia, conduzidas pelo padre e já em estágio bem avançado de construção, tiveram seu prosseguimento embargado e sua demolição decretada pela Justiça : a estrutura estava avançando sobre a calçada, invadindo espaço público, portanto.
Milhares e milhares de reais dos fiéis vindo abaixo a golpes de marreta, dinamitados, implodidos, caindo feito as muralhas de Jericó. Ao invés de uma obra ao Senhor, escombros e pó. O padre poderia ter se justificado : do pó nos fizeste, Senhor, o pó lhe retornamos.
Imediatamente, os fiéis e a imprensa local abriram a temporada de malhação ao pe. Zancheta e ao seu desvio de muito mais que 30 dinheiros do povão, pegaram-no para Cristo.
Os novos levantes, a nova safra de heresias contra a sua sagrada figura, fê-lo mostrar que mesmo a paciência do Pai tem limites, que só a Sua ira é eterna e indestrutível.
“Vocês nem imaginem o que significa terem erguido a mão contra um ungido do Senhor.”, alertou o contrariado servo do Senhor.
Ungido pelo Senhor... Esses escroques julgam-se mesmo especiais, os escolhidos. Pregam uma humildade da qual não possuem nesga, que nenhum religioso, seja sacerdote ou ovelha, possui. 
Os religiosos inventam um deus todo-poderoso - que bem pode ser uma forma inculta, preguiçosa e, portanto, cômoda de representar todas as incomensuráveis e ainda indecifradas forças do universo - e declaram-se tementes e subservientes a Ele, como forma de dizer que reconhecem a pequenez humana frente à maravilha maior da criação.
Humildes pra caralho, né? Porra nenhuma. Logo em seguida, declaram-se a criação máxima desse ser todo-poderoso, seus diletos rebentos, seus escolhidos. E entre esses, há os ungidos, como é o caso do padre. Arrogantes pra cacete é o que são, pastores e rebanhos.
Voltando : rumores correm pela cidade de que toda a estrutura de ferro das obras de ampliação virará entulho, sucata.
Pe. Zancheta se defende disso, também. Em uma missa , ele disse que os "caluniadores" estão equivocados, que tudo será reaproveitado, minimizando o prejuízo. E afirmou que, se fosse o caso de entulho, o material seria mandado para o “buraquinho” dos jornalistas.
Há, há, há! Genial. É a ira de deus manifesta. Presidente Prudente bem que corre o risco de ser aniquilada pela ira do todo-poderoso, uma Sodoma ou Gomorra moderna.
Aliás, foi fazendo referência a essas duas cidades bíblicas que o pe. Zancheta lançou na internet, via facebook, uma maldição eterna sobre todos os "fiéis caluniadores", maldição que recairá também sobre os familiares dos caluniadores, por várias gerações.
Sob o título, “Pecados de Sodoma e Gomorra é nada se comparada ao de vocês”, o padre escreveu :
“Vocês nem imaginem o que significa terem erguido a mão contra um ungido do Senhor. Os irmãos que semearam joio nunca mais terão felicidade, paz, prosperidade, a doença será a vossa companheira de vossas famílias, serão olhados como escárnios da humanidade. “ O casamento de vocês nunca mais terá paz, o adultério vos perseguirá, todos os tipos de dependência estarão vos perseguindo (química, álcool, sexualidade desregrada vossas casas, vossos filhos serão o vosso desespero...)".
Vossos filhos serão o vosso desespero...pãããata que o pariu , dessa eu gostei.
Preocupada com uma possível evasão dos fiéis da paróquia de Santo Antônio, a levar com eles seus respectivos dízimos, que isso sim, para a igreja, é maldição muito pior que a do pe. Zancheta, a Diocese de Presidente Prudente transferiu o padre para Três Lagoas (MS), e o bispo local, Dom Benedito Gonçalves, veio com seus panos quentes.
Divulgou nota dizendo que os sacerdotes, às vezes, invocam maldições sobre aqueles que julgam que os perseguem, e que tais maldições geram desordem e sofrimento nas comunidades, causando preocupação e medo em algumas ovelhas do rebanho, principalmente as simples e pequenas.
Mas que não tenham medo, os fiéis, porque, “se estamos revestidos da Palavra Divina e enraizados em Cristo, somos mais que vencedores."
Se o pe. Zancheta meteu a mão no dinheiro de Cristo, eu não sei; que ele dá umas leves derrapadas nas sinuosas estradas da boa e velha Língua Portuguesa, dá; mas que ele sabe rogar uma praga da muito boa, ninguém pode negar.
E rogar maldições e desgraças eternas, convenhamos, é o que legitima pe. Zancheta como um verdadeiro sacerdote do Deus Bíblico. Foi o que ele aprendeu na escola, na cartilha do Antigo Testamento, a Caminho Suave do bom cristão.
Pe. Zancheta : "a doença será a vossa companheira de vossas famílias, 
serão olhados como escárnios da humanidade."

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sexta-Feira 13

Nenhum gato preto
Cruzou hoje o meu caminho rumo ao trabalho,
Também nenhuma escada se interpôs a ele,
Me obrigando a passar sob a sua sombra funesta,
Nenhum espelho se estilhaçou
À visão de minha cara emburrada.
O céu estava da mesma cor
O ar, com mesmo cheiro e secura.
As mesmas pessoas, 
No ponto de ônibus ao lado do viaduto,
A esperar pelo mesmo ônibus lotado,
Que virá no mesmo horário,
Com o mesmo atraso.
A mesma garça branca
No rio que a avenida tenta sufocar,
Sua brancura atolada no lodo,
Que a macula e a nutre.
As mesmas pessoas a atender na padaria,
As mesmas sentadas ao seu balcão,
Os mesmos cafés,
Os mesmo pães com manteiga,
Que, por preguiça ou falta de tempo,
Preferem comer na rua. 
Os mesmos trabalhadores da limpeza pública,
E seus vassourões, 
E seus fúnebres sacos de lixo pretos,
A recolher a carniça das ruas,
Deixando-as prontas para novamente serem emporcalhadas.
Os mesmos velhos já a se acomodarem com seus jornais
Em seus velhos bancos de praça,
Os mesmos pombos piolhentos 
A ciscar os restos de comida que os mendigos não quiseram,
Ou que ainda não viram,
Uma vez que ainda dormem,
Os mesmos, em seus mesmos cantos,
Com seus mesmos cobertores
E seus mesmos fiéis cachorros aos seus pés.
Os mesmos porteiros, dos mesmos edifícios,
A separar a correspondência, a varrer as calçadas
A dar o mesmo profissional bom-dia aos moradores que entram e saem.
Os mesmos inspetores às entradas das mesmas escolas,
Os mesmos alunos, os mesmos professores, a mesma farsa.
Nenhum desastre,
Nenhuma catástrofe,
Nenhum prenúncio do apocalipse.
Ninguém me lançou um mau-olhado
Nem mesmo um olhar.
Um dia sem nada de mais,
Um dia comum:
Azarado como qualquer outro.