quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Hoje é Dia de Sala Especial, Baby

Seus olhos brilharão em festiva nostalgia, caro leitor das antigas do Marreta, você que já está na faixa etária dos 45 anos para mais, quando eu revelar o tema desta postagem.
Sua memória, tal e qual a minha, uma fita Basf de ferro já desgastada e desmagnetizada pela vida e pela lida se acenderá em leds a sinalizar as estradas vicinais do passado. Você que não se lembra nem do que comeu ontem (ou quando foi a última vez que comeu alguém) terá reativadas as mais recônditas de suas memórias : a memória afetiva e, sobretudo, a memória punhetiva.
O assunto, hoje, é, rufem os tambores : a Sala Especial.
Lembrou dela, né? Claro que lembrou. Com seus dois cérebros; com sua massa encefálica e com sua massa fálica. Se não ficou em riste, ao menos uma meia-bomba, tenho certeza, a lembrança lhe provocou.
Aos mais novos, cabe aqui um breve esclarecimento histórico.
A Sala Especial era um dos principais - se não o principal - carros-chefe da programação da TV Record dos fins da década de 1970 a meados da de 1980. Era a atração semanal da TV mais aguardada pelos punheteiros deste Brasil dantes mais varonil. Um respiro de luxúria em uma época em que a necessária e terapêutica pornografia era artigo escasso. Época em que, só a lhes dar uma ideia, revistas como a Playboy não podiam exibir a genitália nem os bicos das tetas das gostosas.
A Sala Especial exibia a nata, o suprassumo da vasta produção da pornochanchada brasileira sempre às sextas-feiras no horário das 23:30 h (embora sempre começasse depois da meia-noite) e, geralmente, após a Sessão Faixa Preta, dedicada a filmes de kung fu, gênero de filme então muito em voga. Que é disso que o macho das antigas gosta, de pancadaria e de buceta.
A Sala Especial era o horário nobre da TV Record. O Fantástico dos punheteiros.
Porém, nem tudo eram flores. Quando o filme começava a esquentar, quando, finalmente, parecia que veríamos uns peitinhos, uma bucetinha, ou uns amassos mais ousados, a cena era cortada. Ou entravam os comerciais, ou a cena era dirigida para uma tomada externa, o calçadão de Copacabana, o centro de São Paulo, uma bucólica fazenda etc.
Esta era a grande sacanagem da Sala Especial : não mostrar a sacanagem. 
E não era só isso. Não era só esperar chegar a sexta-feira, ligar a TV e pronto. Nada disso. Assistir à Sala Especial não era atividade simples e tranquila. Envolvia toda uma preparação, uma estratégia quase que de guerra e estávamos sempre sob grande estresse.
Éramos adolescentes, morávamos com os pais, e a putaria não era aceita e liberada como é hoje. Para assistir à Sala Especial tínhamos que estar sempre atentos para burlar a vigilância e a censura materna - muito piores que as do Geisel e as do Figueiredo.
Primeiro, chegado o grande dia, tínhamos de esperar (e torcer muito para) que os pais fossem dormir, o que nem sempre acontecia. Depois, uma vez os genitores em seus justos e merecidos sonos, não podíamos deixar que o som da TV - um gemido mais gozoso de uma atriz - os acordasse e os alertasse do que estávamos a assistir. Fechávamos, pois, a porta que dava para o corredor e que separava a sala dos quartos e dos banheiros. Mais : pais dormindo, porta da sala fechada, havia ainda o risco de um dos queridos genitores se levantar para ir ao banheiro, ou acordar com algum barulho na rua e aproveitar para dar uma fiscalizada na sala. Assim, assistíamos à Sala Especial grudados ao aparelho de TV, para que, ao menor ruído no corredor, trocássemos rapidamente de canal; é, meus caros, na época, controle remoto era item de ficção científica, o negócio era no dedo mesmo, nos botões analógicos e barulhentos da TV, a cada troca de canal era um clec, clec, clec desgraçado. Desenvolvi, inclusive, uma elaborada técnica para trocar de canal sem produzir barulho nas teclas.
E tudo isso, para quê? Para quase vermos um peitinho? Uma sombra de peito, um mamilo eriçado visto na contraluz, feito em um teatro de sombras, já nos dava inspiração para a punheta da semana inteira. Apesar de todo o risco e da pouca recompensa, não desistíamos : na sexta-feira seguinte, estávamos todos lá de novo, a postos.
E todos aqueles peitinhos e aquelas bucetinhas que nos foram negados ao longo dos anos? Para onde iam depois que a cena era cortada? Onde ficavam? Por onde andarão todos eles?
Então, ontem, ao ligar a TV no canal Netflix, surgiu a sugestão de um filme recém-colocado no catálogo do canal : "Histórias que nosso cinema (não) contava.
Li a sinopse e meus olhos marejaram. Ali, bem à minha frente e ao toque do meu controle remoto. Ali estavam todos eles, os peitinhos e as bucetinhas não nos mostrados na Sala Especial.
O filme-documentário foi engenhosamente montado apenas com cenas de vários filmes de pornochanchada das décadas de 1970 e 1980, cenas que foram cortadas não apenas da Sala Especial, mas também dos cinemas em que tiveram suas exibições. Cenas estirpadas das películas pelo departamento de censura da época, por motivos moral e/ou político.
Costuradas em ordem cronológica, as cenas não apresentam apenas os peitinhos e as bucetinhas há tanto escondidos de nós. Embora este seja o fio condutor do filme - os peitinhos e as bucetinhas -, ele pretende também montar um painel social e político do Brasil do "milagre econômico".
Tanto que, caro leitor, você terá de resgatar aquela velha paciência do passado, aquela paciência de atirador de elite em campana à espera do alvo, a paciência de quando assistia à Sala Especial, para passar pela primeira meia hora de filme, a partir do quê, peitinhos, bundinhas e bucetinhas começarão a balouçar e a pulular pela sua tela. 
Peitos das antigas. Sem silicone. Cada um de um formato. Cada um de um tamanho. Uns mais em pé, outros menos. Uns mais caídos, outros menos. Uns mais rosados, outros mais morenos. Todos apetitosos. Destaques para Vera Fischer e Sandra Bréa no auge de suas gostosuras
Além das gostosas, outra tônica do filme são algumas falas dos atores. Falas que fariam arrepiar os pelos das pernas e dos suvacos das feministas. A exemplos : dois amigos olhando para uma cuzuda na praia, comentam : com um rabo desses, eu vivia de renda, diz o primeiro; e ficaria rico, conclui o segundo; dois outros amigos estão a apreciar o derrière de uma mulata e um deles fala : se bunda pagasse imposto, essa mulata tava falida; e, a melhor de todas, dita pelo depois galã global Rubens de Falco, o Leôncio de A Escrava Isaura : "vocês, mulheres, é que são felizes, já nascem com um talão de cheques entre as pernas".
Pããããããããta que o pariu!!!!! Perto disso, o que hoje é considerado politicamente incorreto é um escoteirinho bem comportado.
O filme foi montado com cenas de alguns dos clássicos da pornochanchada nacional : A Super Fêmea, As aventuras amorosas de um padeiro, Amadas e Violentadas, Cada um dá o que tem, o Corpo Devasso, o Enterro da Cafetina, Histórias que Nossas Babás não Contavam, Os Mansos, Palácio de Vênus, A Ilha das Cangaceiras Virgens, Elas São do Baralho etc.
Abaixo, cenas de dois dos grandes campeões de audiência e de punhetagem da Sala Especial.
 A Super Fêmea; com Vera Fischer

As Histórias que Nossas Babás Não Contavam; com Adele de Fátima, ex-mulata do Sargentelli, no papel de Clara de Neves, com direito a sete anões bem-dotados e tudo. Pããããta que o pariu!!! Repito, perto disto, o que hoje chamamos de politicamente incorreto  é nada mais que um tímido e pudico coroinha.

Devo confessar, no entanto, que apesar de muito ter apreciado os peitinhos e as bundinhas censurados, alguma coisa pareceu faltar. Algumas coisas. Primeiro, faltaram os meus 14 anos. Depois, faltou a espera pela sexta-feira, a expectativa, faltaram a tensão e a orelha sempre em pé para não ser flagrado. Faltou até a TV Telefunken, em preto-e-branco, à válvula e com suas teclas barulhentas. 
Enfim, faltaram todas as coisas que o despotismo do tempo nos cortou, todas as coisas as quais a ditadura do tempo censurou.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Xampu de Xavasca

O corpo humano tem de 7% a 8% de sua massa constituída por sangue. Portanto, já feita as devidas conversões de massa para volume, um homem de porte médio, de seus 70, 80 kg, possui de cinco a seis litros de sangue a lhe fluir pelas veias e artérias.
Para ficar livre das impurezas produzidas pelo metabolismo, este volume todo passa pelos rins, em média, trinta vezes por dia, perfazendo um volume bruto filtrado de cerca de 150 a 180 litros/dia. Deste total, apenas 1% é eliminado na forma de urina, os costumeiros um litro, um litro e meio, dois litros de mijo cotidiano. Um rendimento altissímo, 99% de reaproveitamento. Os organismos - e o do ser humano não é exceção - não podem se dar ao luxo do desperdício, eles só eliminam, portanto, o lixo do lixo, o que não pode mais ser aproveitado de nenhuma forma. Assim sendo, nada mais há na urina que nos seja de alguma valia, certo?
Há controvérsias. Sem nenhum fundamento que as apoie, mas há controvérsias. Talvez por vivermos em tempos de falsa consciência ecológica, de reciclagens e de reusos, algumas pessoas tentam arrumar novas utilidades para suas urinas. 
É notória a prática terapêutica alternativa da urinoterapia, que consiste, simplesmente, na pessoa beber o mijo de volta, ou esfregá-lo na pele. Os adeptos garantem que a urina é uma verdadeira panaceia, que cura de tudo. De hipertireodismo à calvície. Passando por regenerações milagrosas de ossos e tecidos, melhora da visão, controle da glicemia e paumolescência.
Cheguei a travar um breve contato com uma moça que garantia ser adepta da urinoterapia. Isso lá pelos idos dos finais da década de 1990, quase na virada do século. Eu era solteiro à época e conheci a tal num bar de rock que costumava frequentar, o Paulistânia. Incomumente (eu nunca conseguia pegar mulher naquele bar), começamos a conversar e tudo indicava que eu teria um fim de noite feliz, nem que fossem uns beijinhos, uns amassos, estava patente que eu me daria bem. Qual o quê...  Lá pelas tantas, ela já tonta, tocou no assunto. Numa das voltas do banheiro, ela disse que dava até dó ver tanta urina ser desperdiçada, ir vaso abaixo daquele jeito. Como assim, desperdiçada?, perguntei. É que eu sou praticante da urinoterapia há mais de dois anos, confessou. E desfiou um rosário de supostos benefícios da prática. 
Depois, o assunto migrou para outros temas, não se falou mais em urinoterapia até o fim da noite, mas, por alguma razão, perdi muito da vontade com que estava de beijar a moça.
Agora, uma apresentadora de rádio britânica garante ter encontrado uma nova aplicação para a urina, uma aplicação mais cosmética que curativa. Beverley Turner, da emissora LBC, substituiu xampus, condicionadores, hidratantes capilares e todo um arsenal de gosmas e de cremes industrializados por um produto natural e autossustentável, a sua urina.
Há dois anos, Beverly passou a lavar seus cabelos utilizando tão-somente a própria urina, e garante que os resultados superam qualquer tratamento capilar feito em salões de beleza. Quando vai para o banho, ela leva um copinho junto, no qual dá uma mijadinha e, aliviada, banha as madeixas com a urina e a fricciona no couro cabeludo. 
A apresentadora fica exultante ao contar e tentar propagar a prática a outras pessoas : "Quem precisa de xampu caro quando você pode lavar a cabeça com a própria urina? Os resultados são fantásticos: tanto nos cabelos (macios e sedosos) quanto nos bolsos. E sem qualquer odor desagradável"
É o xampu de xavasca!
E pensando bem, faz todo sentido. Nunca ouvi nenhuma mulher reclamar de queda de cabelos da buceta; antes pelo contrário, muitas delas reclamam do crescimento excessivo e ininterrupto dos cabelos da xavasca, da necessidade de irem constantemente à depiladora. E pelo é pelo, se faz bem para o cabelo da xoxota, faz bem pro cabelo da cabeça. Faz todo o sentido. 
Pãããããããããta que o pariu se faz!!!
Eis Beverly e suas belas madeixas. Eu comia. Mas não bebia, não.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Machocídio, a Velada Violência Doméstica Contra o Macho

Matemática e biologicamente, as chances de nascimento de uma criança do sexo feminino ou do sexo masculino - salvo as anormalidades - são rigorosamente as mesmas : 50% para cada caso.
Cada genitor, em seu respectivo gameta - óvulo ou espermatozoide -, envia metade de seu material genético à sua cria. Cada um dos 23 pares de cromossomos que nos fazem humanos se separam e apenas um filamento de cada par migra para o gameta.
Desta forma, tendo a mulher dois cromossomos do tipo X em seu 23º par (XX) -  o par que determina o sexo -, todos os óvulos por ela produzidos conterão uma única possível informação genética para o sexo da prole, o X; a mulher é o sexo dito homogamético da espécie.
Por outro lado, sendo XY a constituição cromossômica sexual do homem, ele é o sexo heterogamético da espécie, ou seja, é capaz de produzir dois tipos de informação para o sexo : 50% dos espermatozoides carregam um cromossomo X e 50%, um cromossomo Y.
Se um óvulo (sempre X) for fecundado por um espermatozoide também X, uma nova menina estará a caminho; se fecundado por um espermatozoide Y, um menino logo será dado à luz. Meio a meio de chances, portanto.
Contudo, há uma leve disparidade entre homens e mulheres na população mundial. Estimativas de 2016 mostram uma preponderância do sexo feminino. São 51,6% de mulheres contra 48,4% de homens no mundo. Colocada apenas em termos percentuais, a diferença pode parecer insignificante, mas, se posta em números absolutos, ela revela sua magnitude. Só no Brasil, são 6,3 milhões de mulheres a mais.
Nascem mais mulheres que homens? Estarão, portanto, erradas, a Biologia e a Matemática? Nunca. Elas são infalíveis. São, de fato, praticamente equânimes os números de nascimentos dos dois sexos.
Ocorre que os dados não dizem respeito aos nascidos, mas aos que estão vivos, aos sobreviventes, e as mulheres, em média, vivem um bom tanto a mais de anos que o homem. São vários os fatores que levam à menor durabilidade do macho.
Homens morrem muito mais por mortes violentas que as mulheres; seja em guerras oficiais e declaradas entre nações rivais, seja nas não declaradas guerras civis comandadas pelo crime organizado, a exemplos.
Homens morrem incomparavelmente mais em acidentes de trânsito - os acidentes de trânsito fazem mais vítimas fatais que as doenças cardíacas. Se a mulher é mesmo, ou não, menos hábil que o homem na condução de veículos, é outra questão; o fato é que acidentes de trânsito envolvendo vítimas fatais são majoritariamente protagonizados por homens. O homem é quem vai a 200, 300 km/h só para provar que é mais macho que o macho que acabou de ultrapassá-lo.
O estresse mata mais homens. O estresse de ser o provedor do lar. Mesmo que, hoje em dia, em grande parte dos países ocidentais, muitos casais dividam as responsabilidades financeiras da casa, o ônus moral, digamos assim, ainda recai mais sobre o homem. Quem será mais cobrado pela família e pela sociedade e, sobretudo, pela sogra, caso um deles perca o emprego e demore, digamos, cerca de um ano para se recolocar no mercado de trabalho? Da mulher, dirão : ela está desempregada, mas está cuidando da casa e dos filhos (ué, quer dizer que se ela estivesse empregada, seria desobrigada a isto?). E do homem, numa situação exatamente igual, serão exatamente iguais as palavras ditas sobre ele? Ainda que ele esteja mesmo, e por vezes melhor que a mulher, cuidando da casa e dos filhos?
O alcoolismo e o tabagismo - os dois maiores vícios da humanidade, depois do uso do telefone celular - também levam para a cova muito mais homens que mulheres
O homem é outro fator de risco para si próprio. Homem não se cuida, não atenta para a saúde como deveria. Mulher vai regularmente ao médico, faz papanicolau, faz exame de mama. Homem só corre pro médico se estiver a pôr sangue pra fora. E pelo pau. Se estiver sangrando pelo nariz, boca, orelha, ou qualquer outro orifício, ele também deixa pra lá.
Mas há um outro fator - sempre muito bem escondido do grande público e nunca comentado - que diminui a longevidade do macho muito mais que todos os anteriores somados : uma esposa chata. O casamento com a dona Onça, com a rádio patroa.
Estudos dinamarqueses, publicados no Journal of Epidemiology & Community Health, concluíram que os homens correm mais risco de morte prematura quando são frequentemente importunados pelas esposas (relações estressantes) ou outros entes queridos. 
De acordo com este estudo realizado pela Universidade de Copenhagen, os homens são mais propensos a morrer por causa de um casamento estressante. Ainda segundo os dados, as mulheres parecem estar imunes a este problema. Maridos chatos e reclamões não têm um impacto negativo na saúde das mulheres. Já os homens, a análise dos dados ressalta, têm 2,5 mais probabilidades de morrer no prazo de dez anos por convivência com uma megera.
E por que homens são afetados pela chatice da cônjuge e o contrário não se dá? O mesmo estudo responde. 
Homens não desabafam com outros homens sobre as aporrinhações conjugais, não se abrem com os amigos a respeito das tiranias e dos desmandos de suas esposas. Ou por dignidade, que é própria do macho, ou porque revelar que a mulher o comanda em certas situações o diminuiria na frente dos amigos, faria com que fosse visto como um cara frouxo, fraco. O homem guarda tudo. E a alma vai sendo solapada. O estudo sugere, ainda, que as mulheres sabem disto, o que, deliberada ou inconscientemente, faz com que elas aumentem a carga de aporrinhações sobre o marido, pois têm a garantia de que eles não sairão por aí mal falando delas. Abusam de nossa dignidade.
Já a mulher não tem este problema. A mulher adora falar mal do marido pras amigas. Falar mal do marido é esporte nacional dos mais praticados. Se queixar das opressões maritais só consolida a condição de vítima da mulher frente às amigas, fortalece os laços da irmandade. Ela não é vista como alguém frágil; antes pelo contrário, como uma resiliente sofredora, uma forte. A mulher não guarda nada. Desabafa tudo. O estudo indica, também, que os homens sabem disto, o que, deliberada ou inconscientemente, faz com que eles se contenham em suas reclamações, pois sabem que elas logo sairão por aí mal falando deles. 
É a velada e cotidiana violência doméstica sofrida pelo macho. É o machocídio!
O machocídio mata muito mais que os inimigos em campos de batalha, que as colisões frontais com caminhões, que o desemprego, que o cigarro e o álcool e que o câncer de próstata juntos.
E por que não se ouve falar dele na grande imprensa?  Primeiro, porque dizer da vulnerabilidade do macho vai de encontro aos interesses dos mandatários dos meios de comunicação, pessoas, em sua maioria, de viés comunista/esquerdista, às quais é conveniente manter o quase sempre injusto status de opressor do homem e o de indefesas vítimas de outros segmentos da sociedade. Segundo, que o machocídio é pouco chamativo, tem menos impacto cênico, não produz imagens fortes que possam ser aproveitadas pela imprensa sensacionalista, ou satisfazer a eterna morbidez dos espectadores.
Dificilmente, uma vítima de machocídio apresentará um olho roxo, a boca sangrando, hematomas pelo corpo, ou será morto à bala, ou à faca. O machocídio não é impetuoso, é calmamente planejado e conduzido. O machocídio é sutil, insidioso; não menos brutal, porém. O machocídio não é cometido de fora para dentro - um soco, um tiro, uma facada -, é instalado de dentro para fora, uma lenta e surda implosão. Da alma.
O cara mal saiu da lua de mel e qual é a primeira coisa com que a rádio patroa começa a implicar? Com a sagrada cervejinha do sujeito. E nem estou a dizer do álcool em seu estado mais bruto, da pinga, nem do cara que toma porre atrás de porre e dorme na sarjeta; nada disso. Digo da sacrossanta cerveja, aquelas duas ou três latinhas ao fim do dia. A cerveja é a hóstia consagrada do macho. é através da cerveja que ele se religa e entra em comunhão com o Universo. E o que faz a mulher? Cerceia a religiosidade do sujeito. Um soco na alma.
Depois, vêm os amigos. A dona Onça não gosta deste, não gosta daquele nem daqueloutro. Encontrar com os amigos é uma outra forma do macho moderno se reconectar à sua ancestralidade de caçador-coletor, de prestar o devido tributo às suas origens, de recarregar a sua virilidade primata. A dona Onça também acaba com isto. Uma cutelada na alma.
E a violência doméstica contra o macho só vai piorando : não deixar a tampa da privada levantada, não jogar a toalha molhada em cima da cama, não sentar pelado no sofá, não peidar pela casa, cortar as unhas do dedão do pé, trocar a cueca todos os dias, não ver mais filmes pornô etc etc etc. Um golpe atrás do outro.
De tão sub-reptício, o machocídio, muitas vezes, é crime que nem cádaver a rigor produz. O machocídio mata em vida. Não é violência física. É violação e castração psicológicas. É tortura chinesa.
O machocídio não deixa pistas, vestígios nem evidências. É o crime perfeito. Ainda mais e uma vez que a sua existência nem é admitida. Não há perito ou CSI que o prove e comprove.
Por meus olhos, por meus sonhos, por meu sangue, tudo enfim, é que peço a esses moços que acreditem em mim : querem vida longeva? Não bebam, não fumem, não dirijam, não façam inimigos e, principalmente, não se casem com uma rádio patroa.
Mas a minha namorada, Azarão - alguns poderão contra-argumentar - é um doce de menina; ou, a minha noiva é de uma delicadeza e compreensão ímpares. Eu acredito. Porque ainda não são esposas.
Para não dizerem que tudo é invenção minha, para terem acesso ao estudo dinamarquês, basta clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.
Que eu, agora, vou lá, lavar a louça da janta.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Romeu e Julieta de Vinicius de Moraes

Shakespeare é o cacete! Zeffirelli é o escambau!
Romeu e Julieta é Vinicius de Moraes! Com o auxílio luxuoso do violão de Toquinho.
Baixei muita música, discos e CDs da internet entre mais ou menos 2008 e 2012-13, quando ela começou a ganhar um pouco mais de velocidade e ainda era território mais livre, bem menos monitorado e minado pelas gravadoras, Ecad e Polícia Federal do que é hoje - talvez até mais vigiado que as próprias fronteiras geográficas do país. Bons e inúmeros eram os blogs que hospedavam obras musicais de todos os gêneros e de todas as épocas; muitas raridades já fora de catálogo e só gravadas em vinil eram digitalizadas e disponibilizadas nestes blogs.
Eu baixava os discos e os passava para CDs virgens. Tenho centenas deles gravados em mídias digitais, talvez chegando mesmo à casa do milhar, uma vez que cabem de oito a doze LPs digitais em cada CD-ROM e eu tenho, hoje, 186 destas mídias. Tenho CDs com obras de um único artista e, a maioria deles, CDs com artistas variados, sortidos, que podem conter de Genival Lacerda a The Doors, passando por Tom Jobim e Engenheiros do Hawai, a exemplo.
Desnecessário dizer que muitos destes CDs, eu nunca ouvi na íntegra, ou com a devida atenção; estou esperando me aposentar, o filho se formar etc.
Guardo-os em uma caixa de sapatos, colocados em ordem numérica (1, 2, 3...), contudo, sem nenhuma referência de seus conteúdos anotada neles. Juntamente a um pequeno aparelho toca-CD, a caixa me acompanha em minhas tarefas caseiras diárias, rotineiras e, por isso, às vezes, enfadonhas, mas que têm de ser executadas.
Como eu mesmo já disse : "se tens enfadonha tarefa, da qual não podes te furtar ao cumprimento, tampouco mais protelá-la em prevaricação, execute-a com muita música e cerveja".
Então, na iminência de aporrinhante tarefa, vou, pego minha cerveja, abro a caixa de sapatos com todos os CDs enfileirados feito cartões da sorte em um antigo realejo e, periquito azarado, corro o dedo por cima deles, de olhos fechados, e pinço um, que será a trilha sonora de minha labuta naquele dia.
Neste domingo próximo passado, fui para a cozinha cuidar do almoço. Gosto de cozinhar, de brincar com as panelas, mas detesto lavar a louça, limpar o fogão, a pia e lavar o chão. Muni-me de coragem e de resignação; e de cerveja e música.
Fisguei lá da caixa o CD nº 144. Nem ideia de seu conteúdo. Pus o aleatório CD a tocar no modo aleatório do aparelho. Lá pela quarta ou quinta música, começou a tocar "Chega de Saudade", nas vozes de Toquinho e Paulo Ricardo (ex-RPM). Lembrei-me, então, de que os dois, em 2010-11, haviam gravado um disco em homenagem a Vinicius de Moraes, "Toquinho e Paulo Ricardo Cantam Vinicius". Lembrei-me de que o baixara na ocasião e de que nunca tinha lhe dado a devida atenção. Ouvi-o, talvez, uma única vez, e meio en passant.
Fui ao aparelho e o tirei do modo randômico, para ouvir cada uma das faixas do CD. Foi quando - e eis, finalmente, o motivo desta postagem - Toquinho e Paulo Ricardo começaram a cantar uma canção de melodia e letra belíssimas, desconhecida por mim. Muito, muito bela, a canção. Estranhei nunca tê-la ouvido. Tenho bom conhecimento do vasto repertório de Toquinho e Vinicius, e aquela música jamais teria me escapado à audição e à lembrança. Encantei-me de verdade com a canção. Como há tempos não me encantava.
"Romeu e Julieta", o nome da canção.
Fui pesquisar sobre ela, talvez fosse uma composição mais nova, só do Toquinho, embora a letra, claramente, exalasse a um Vinicius em êxtase etílico. A música é mesmo parceria dos dois. Porém, sim, só surgiu recentemente, por obra do Acaso (que também deve ser fã do Poetinha), muito tempo depois da morte de Vinícius, justamente durante o período em que Toquinho e Paulo Ricardo estavam a selecionar o repertório para o CD homenagem. Algum médium - talvez João de Deus - a psicografara?
A explicação me foi dada pelo próprio Toquinho, acompanhado do Paulo Ricardo, numa entrevista ao Programa do Jô por ocasião do lançamento do CD. Toquinho conta que ele compôs a melodia de "Romeu e Julieta" em 1974-75, porém, perdeu a letra que Vinicius escrevera para ela. Com a morte de Vinicius, ele não quis dar a melodia a outro letrista e ela ficou engavetada.
Até que, trinta anos depois, Toquinho a jogar sinuca com Paulinho da Viola em um clube da capital paulista, entra uma mulher e diz que tem algo que pode muito lhe interessar, e põe nas mãos dele o original da letra de "Romeu e Julieta", datilografado e corrigido à mão por Vinicius.
Toquinho desengavetou a melodia e "Romeu e Julieta" nasceu, ou melhor, saiu de seu estado de dormência, de larva. Foi gravada no CD em homenagem ao Poetinha.
Não sou de colocar vídeos aqui no Marreta, não gosto. Boto um link para ser clicado no meu poderoso MARRETÃO e o leitor é para lá teletransportado. Mas gostei tanto da música, ainda mais neste dueto de Toquinho com Anna Setton, que abri uma exceção.
A canção é curtinha. Curta, afiada e pungente como uma lâmina de um punhal de ferrugem ruim. Teleguiado ao coração.

Romeu e Julieta
(Toquinho e Vinicius de Moraes)
Não te esqueças de mim
Quando um dia eu me for
Deposita uma flor
Onde disser assim :
Aqui jaz um amor
Que foi lindo demais,
Aqui jaz um amor em paz.

E não busques jamais
Repousares, enfim,
Busca um velho punhal
De ferrugem ruim
E num instante fatal,
Ao sentires teu fim,
Vem deitar o teu sangue em mim.


E num instante fatal,
Ao sentires teu fim
Vem deitar o teu sangue em mim.

MINISTÉRIOS

Meu amigo Jotabê, o Sumo Pontífice do Blogson Crusoe, a quem só conheço através do citado blog, de quem só sei o que ele se dispõe a lá revelar, parece-me ser um sujeito polido e cortês no seu dia a dia com as pessoas. Um sujeito sem muitas arestas no trato social. Não que ele não tenha vontade de, vez em quando, chutar o pau da barraca, de mandar tudo à merda, mas tenho cá para mim que ele se contém. Claro que posso estar errado, mas tenho a impressão de que, muito mais que polido, Jotabê é contido. Não me parece também ser dado a extremismos; se possui algum, tem a decência de guardá-lo só para si, como todos nós, inclusive eu, deveríamos fazer.
Porém, e posso estar enganado de novo, creio ter sentido uma certa intranquilidade em Jotabê em sua postagem PREGO!, a respeito da nomeação de vários militares para cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões do governo Bolsonaro. Talvez um pé atrás, uma pulga atrás da orelha, pelo fato da farda verde-oliva estar a substituir ternos Armani. Talvez, repito.
Jotabê um pouco que tenta explicar, mesmo justificar as escolhas de Bolsonaro - e talvez abrandar algum medo e desconfiança de futuras segundas intenções do Presidente - se valendo de duas frases clichês : O hábito do cachimbo faz a boca torta”; e "Para quem só sabe usar martelo, todo problema é um prego”. Frases bem empregadas e adequadas à situação.
Cercamo-nos do que conhecemos; é fato. Militar de formação, nada mais natural que Bolsonaro se apoie e se escude em acessores militares. É o meio em que cresceu, em que foi formado, que respeita. Lula, durante os seus quatro mandatos presidenciais, bandido e quadrilheiro que sempre foi, não se cercou de terroristas e criminosos da pior estirpe? Pois então.
Resolvi, então, dar uma pesquisada nos nomes dos ministros de Bolsonaro para confirmar, ou desfazer, ou, pelo menos, mitigar, a aparentemente leve e sob controle desconfiança/paranoia de Jotabê a respeito de possíveis e escusos planos presidenciais.
O resultado de minha breve pesquisa, surpreendeu-me. A composição ministerial do governo Bolsonaro, creio eu, é algo inédito na história do Brasil. Pois não é que cada pasta ministerial tem um ministro especialista em sua respectiva área de atuação?
O resultado de minha pesquisa, mais que estranheza e desconfiança, causou-me, num primeiro momento, incredulidade. Ministros especialistas nas áreas técnicas em que irão atuar? No Brasil? Onde estão as câmeras escondidas?
Eis uma parcial de minha pesquisa:

Ministro da Defesa : Fernando Azeredo e Silva; general
Ministro da Economia : Paulo Guedes; economista
Ministro da Ciência e Tecnologia : Marcos Pontes; cientista e astronauta
Ministro da Saúde : Luiz Henrique Mandetta; médico
Ministro das Relações Exteriores : Ernesto Araújo, diplomata
Ministra da Agricultura : Tereza Cristina; engenheira agrônoma
Ministro do Gabinete de Segurança : Augusto Heleno; general
Ministro da Educação : Ricardo Vélez Rodriguez; professor e Mestre
Ministro da Infraestrutura : Tarcísio Gomes de Freitas; engenheiro
Ministro da Justiça e Segurança Pública : Sérgio Moro; juiz federal
Ministro da CGU : Wagner Rosário; auditor
Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos : bom, ninguém é perfeito, né?

E não tinha que ser sempre assim? Que ter sido sempre assim?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

E se Haddad fosse eleito Presidente da República...; um texto bem bolado de Fábio Pegrucci

Em um universo paralelo, Fernando Haddad é o presidente do Brasil; e ele foi ontem à posse de Nicolás Maduro, com uma grande comitiva, incluindo o ministro da Justiça, Renan Calheiros, o ministro da educação, Lindebergh Farias, o ministro da habitação Guilherme Boulos, o ministro da cultura, Jean Wyllis e a ministra da mulher, direitos humanos e promoção social, Dilma Rousseff.

Também foi acompanhado do ex-presidente Lula, solto por um habeas corpus comcedido pelo ministro Marco Aurélio Mello horas após a posse. O ativista italiano Cesare Battisti acompanhou a delegação como convidado especial da Presidência.

Em Caracas, Haddad se uniu aos chefes de estado de Cuba, Bolívia, El Salvador e Nicarágua, os únicos a prestigiarem a cerimônia. Mas quem roubou a cena foi mesmo Lula que, em um discurso emocionado, enalteceu os avanços sociais na Venezuela e a coragem de Maduro, na "defesa intransigente da democracia e da soberania nacional".

No Brasil, a presidenta em exercício, Manuela D´Ávila aproveitou para assinar o decreto que institui o 1º de janeiro como o "Dia do Lula Livre" e abriu o Palácio do Planalto para os movimentos sociais, como o MST, a Via Campesina, associações LGBT, além de cantores de funk, grafiteiros, artesões e grupos de dança de rua, que promoveram um grande sarau.

Enquanto isso, na internet, em uma live transmitida da garagem de sua casa, o ex-deputado e ex-candidato à Presidência, Jair Bolsonaro, protestou veementemente contra o que classificou como "uma vergonha mundial para o Brasil".

No Twitter, apoiadores de Bolsonaro dividiram-se entre os inconformados que culpam uma suposta fraude na eleição ocasionada pelas urnas eletrônicas, e os que jamais perdoaram os eleitores de Geraldo Alckmin e João Amoedo.

domingo, 13 de janeiro de 2019

Red Bull é a Puta que o Pariu!

Não sei que gosto têm as tais bebidas energéticas. Aqueles refrigerantes afrescalhados com altos teores de cafeína e de taurina que são usados como aditivo ao whisky e ao ecstasy para dar mais gás para a biscataiada e a viadada aguentarem a noite toda descendo na boquinha da garrafa naquelas raves de música eletrônica.
Nunca os experimentei. Nunca tive vontade. Que energético de macho das antigas é café forte passado em coador de pano e tomado em caneca de ferro ágate e, claro, caldo de xavasca nova.
Apostando no sempre subestimado nicho mercadológico do macho das antigas, a empresa zambiense Revin Zambia Limited lançou o Natural Power SX, o energético do macho das antigas.
O Natural Power SX te dá asas? Porra nenhuma. Red Bull te dá asas. E pra quê? Pra que macho das antigas quer asas? Quem precisa de asas é libélula, borboleta, mariposa e colibri. O Natural Power SX dá coisa muito melhor, dá o que o macho das antigas quer e precisa : o pau em riste.
Testemunhos de usuários zambienses, ugandenses e sul-africanos relatam paudurescências de 6 horas após o consumo do Natural Power SX. Queixam-se um pouco de que os batimentos cardíacos se aceleram além do normal. É claro. É a emoção de, depois de muito tempo, ver o pau duro.
E não é de se estranhar a origem do Natural Power SX, africana. O povo africano foi o primeiro a entrar na fila da distribuição de cacete; bombear dois litros de sangue pra encher a rola não dever ser mole, não. Ou, acaba sendo. São as novas tecnologias farmacêuticas auxiliando o macho das antigas, sobretudo os mais antigos, a seguir no exercício de seu sagrado ofício e sacerdócio.
Os relatos dos africanos ressurrectos foram o que bastou para colocar o energético do macho das antigas na mira das autoridades farmacêuticas de Uganda e da Zâmbia, quiçá do mundo.
Acontece, meus caros, que vivemos num mundo sob o jugo de um complô para o embichamento planetário. Vivemos, meus caros, numa cruel, ainda que velada e enrustida, viadocracia. Vivemos sob uma ditadura heterofóbica.
Assim, mal ela começou e já acabaram com a festa dos machos das antigas.
O Instituto de Padrões da Uganda (IPU) vetou a venda do Natural Power SX em seu território, pois análises laboratoriais indicaram a presença de citrato de sildenafil na bebida, o princípio ativo do redentor Viagra. 
A Sociedade Farmacêutica de Zâmbia (SFZ) também alertou a população sobre os riscos do consumo do energético, cujas concentrações do citrato de sildenafil excedem os 100 mg máximos diários recomendados.
"Você pode imaginar os efeitos se uma pessoa consumir mais de uma garrafa por dia. Para nós, isso não é acidental, é uma clara e bem calculada prática comercial sem ética", disse a SFZ. Ora, o sujeito vira um herói nacional. 
De qualquer forma, enquanto novas análises  estão a ser concluídas, a  comercialização do Natural Power SX está vetada também na Zâmbia.
Acontece, meus caros, que, hoje em dia, macho de pau duro é ofensivo, é politicamente incorreto.
Natural Power SX, o energético do macho.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Todo Castigo Pra Biscate é Pouco (2)

Há a figura do herói. O herói é um virtuoso. Luta sempre ao lado do Bem, pelo Bem e municiado tão-somente com as armas do Bem. O herói a rigor tem uma incapacidade congênita de se valer de métodos duvidosos e moralmente ambíguos mesmo que seja em nome de um Bem maior. Para o herói, os fins não justificam os meios. Para o herói, os meios têm de ser tão probos e louváveis quanto o fim a que se destinam. O herói não maneja as armas do inimigo contra o próprio; em nenhum momento, luta contra o inimigo nos mesmos termos que ele. A exemplo, o herói a rigor jamais mataria, propositalmente e com as próprias mãos, um tirano sanguinário, nem que fosse para impedi-lo de cometer um genocídio.
O Capitão América e o Super-homem são heróis a rigor.
Há a figura do anti-herói. Diferente do que o prefixo anti possa fazer supor, o anti-herói não é contra o herói, não é o seu antagônico, não é o vilão. O anti-herói não é inerentemente mau, também luta pleo Bem. Mas não necessária, obrigatória e preferencialmente se utiliza só das armas do Bem. O anti-herói é tranquilamente capaz de cometer maldades contra o mau e o Mal. Ele não hesita em dilemas morais em fazer o Mal provar de seu próprio mal, se esta for a opção que lhe estiver mais à mão. O anti-herói não titubeia em se valer de recursos obscuros e eticamente reprováveis para conseguir um Bem maior. O anti-herói não gasta tempo nem massa cinzenta em buscar maneiras de asssegurar a pureza e a legitimidade dos meios que o levarão ao fim. A exemplo, o anti-herói mataria fácil, fácil, um estuprador, um pedófilo, ou um traficantezinho mequetrefe de porta de escola; e os deixaria lá, para que os urubus limpassem a sua sujeira.
O Wolverine e o Justiceiro são anti-heróis a rigor.
Há a figura do corno. O corno também é um virtuoso. Não chega a pelejar pelo Bem, mas seu magnânimo coração só consegue enxergar o Bem nas pessoas; até, e principalmente, na biscate que lhe presenteou com uma peruca de touro. O corno a toda biscate perdoa. Acolhe-a de volta, dá-lhe casa, comida, roupa lavada e até o seu nome, a herança maior que seu pai lhe deixou. O corno releva os deslizes, a fragilidade de caráter, a falta de vergonha na cara e o calor na bacurinha da biscate. Acredita, deveras, que a biscate possa se redimir, possa mudar de vida.
Amado Batista, Odair José e Reginaldo Rossi são os cornos a rigor.
Há a figura do anti-corno. Equivocado pensar, análogo ao caso do anti-herói, que o anti-corno seja o êmulo do corno; e nem o poderia ser, uma vez que também é corno. O anti-corno não está do lado do Mal, mas o seu dilacerado coração consegue ver o Mal que habita o corpo da biscate. O anti-herói a nenhuma delas perdoa. Não faz votos de que a biscate "seja bem feliz junto do seu novo rapaz". O anti-corno quer que a biscate se foda. Quer vê-la na sarjeta, quer vê-la moradora de rua da Rua da Amargura. O anti-corno é mesmo capaz de jurar vingança à biscate que lhe enfeitou o frontispício. O anti-corno, muito antes que o filósofo Gregory House o tenha dito (“People don´t change”), sabe que as pessoas não mudam.
Lupicínio Rodrigues é o anti-corno a rigor.
Na tocante canção "Vingança", sofrida e escrita com sangue embebido na ponta do chifre, o anti-corno Lupi não perdoa nem faz concessões : "Mas, enquanto houver força no meu peito/Eu não quero mais nada/Só vingança, vingança, vingança/Aos santos clamar". É pouco ou querem mais? Então, tomem mais.
Vingança
(Lupicínio Rodrigues)
Eu gostei tanto
Tanto quando me contaram
Que a encontraram
Bebendo e chorando
Na mesa de um bar
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz
Não lhe deixou falar

Mas eu gostei tanto
Tanto, quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
Para ninguém notar

O remorso talvez seja a causa
Do seu desespero
Ela deve estar bem consciente
Do que praticou
Me fazer passar esta vergonha
Com um companheiro
E a vergonha
É a herança maior que meu pai me deixou

Mas, enquanto houver força no meu peito
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Ela há de rolar qual as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Para poder descansar.

Para ouvir Vingança na interpretação de Adriana Calcanhoto, que também já deve ter levado muito chifre de biscate, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Agendamento Eletrônico é a Puta que o Priu!

Em todo início de ano, para que o estudante mantenha o direito à meia tarifa na passagem de ônibus, é necessária que seja feita a renovação de seu Cartão Estudante junto à empresa de transporte público da cidade.
Nos anos anteriores, na hora em que pudessem, ou que lhes fosse mais conveniente, a mãe, o pai ou o responsável pelo petiz, acompanhados do mesmo,  se encaminhavam ao escritório central da companhia munidos dos documentos necessários e davam início a um pequeno calvário burocrático, a uma pequena romaria kafkaniana. Era assim nos anos anteriores :
1 - A pessoa entrava numa fila para entregar os documentos exigidos a uma moça no primeiro balcão. Aí, você, caro leitor, poderia pensar : a moça recebia os documentos, conferia-os e renovava o cartão estudante. Você pensa que está onde, meu caro? No Japão? A primeira moça - a primeira fila - era só para receber os documentos. Ela os recebia e :
2 - A pessoa entrava numa segunda fila, para esperar que a moça do segundo balcão conferisse a exatidão e/ou a veracidade dos documentos passados a ela pela moça do primeiro balcão. Aí, você, impaciente leitor, poderia pensar : agora, sim, após a segunda moça conferir e atestar os documentos se dará a imediata renovação do cartão estudante. Você pensa que está onde, apressado leitor? Na Alemanha? A moça do segundo balcão conferia os documentos, juntava todos com um clipe, a eles anexava uma senha e devolvia ao usuário da companhia, que pegava da papelada e :
3 - Aguardava, agora de posse da senha, numa terceira fila, na qual, finalmente, uma terceira moça, num terceiro balcão, pegava os documentos, tirava uma foto digital do estudante, punha o cartão estudante do ano anterior numa maquininha em que um monte de luzinhas verdes se acendiam por debaixo do cartão e, com um sorriso de estagiária, nos informava de que o cartão estava renovado para mais um ano letivo.
Neste ano, porém, a empresa de transportes públicos, orgulhosamente, anunciou a plena informatização de seu sistema de cartões, anunciou o agendamento eletrônico, on-line, para maiores conforto e comodidade do usuário. Em país de analfabetos, fico sempre com um pé atrás em relação à implantação de tecnologia digital num processo antes manual e presencial. Mas, sem alternativas - o agendamento eletrônico passou a ser a única opção para a renovação do cartão -, eu entrei  no site da empresa para efetuar o tal.
No agendamento eletrônico, tive que digitar todas as informações contidas nos documentos exigidos, as quais, em outrora, eram coletadas pessoalmente. Três páginas de cadastro. Levei cerca de quinze, vinte minutos, o que pode ser considerado, num dia de sorte, de muita sorte, o equivalente a uma pequena fila atendida por um bom funcionário. Ao menos, pensei, as duas primeiras filas presenciais serão eliminadas do processo, uma vez que já cadastrados todos os dados. Bastará, pensei de novo, que a terceira moça - agora, a primeira - pegue os documentos reais, em papel, e renove o cartão estudante.
Meu agendamento ficou marcado para ontem, 10/01, das 10:00 às 10:59h. Dez minutos antes, já estávamos lá, meu filho e eu. Entramos e :
1 - Enfrentamos uma fila para entregar os documentos exigidos a uma moça no primeiro balcão. Aí, você, caro leitor, poderá pensar : a moça receberá os documentos, conferirá-os e renovará o cartão estudante. Você pensa que está onde, meu caro? Na Suíça? A primeira moça - a primeira fila - era só para receber os documentos. Ela os recebeu e :
2 - Entramos numa segunda fila, para esperar que a moça do segundo balcão conferisse a exatidão e/ou a veracidade dos documentos passados a ela pela moça do primeiro balcão. Aí, você, afobado leitor, poderá pensar : agora, sim, a segunda moça conferirá, atestará os documentos e se dará a imediata renovação do cartão estudante. Você pensa que está onde, sôfrego leitor? Na Finlândia? A moça do segundo balcão conferiu os documentos, juntou a todos com um clipe, a eles anexou uma senha e me devolveu, que peguei da papelada e:
3 - Aguardei, agora de posse da senha, numa terceira fila, na qual, finalmente, uma terceira moça, num terceiro balcão, pegou os documentos, tirou uma foto digital do meu filho, pôs o cartão estudante do ano anterior numa maquininha em que um monte de luzinhas verdes se acenderam por debaixo do cartão e, com um sorriso de estagiária, nos informou de que o cartão estava renovado para mais um ano letivo.
Ou seja, a porra do agendamento eletrônico não eliminou sequer uma etapa do sistema antigo. Antes pelo contrário, acrescentou uma quarta etapa : a do próprio agendamento eletrônico.
Pããããããããta que o pariu!!!
É bem como diz a antiga canção da banda Os Incríveis, um dos hits de 1976 : "Este é um país que vai pra frente/ Ô ô ô ô ô /De uma gente amiga e tão contente /Ô ô ô ô ô".

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

UMA COISA É CERTA: A OPOSIÇÃO AO PRESIDENTE BOLSONARO VAI SER FEIA!!!

A esta, eu não resisti! Copiei lá do blog Chumbo Grosso. E bota feia nisto. Tudo espanta-caralho! Tudo amolece-benga!
Que diferença da Marcela Temer, da Michele Bolsonaro, da juíza Gabriela Hardt (que vai enfiar mais uns anos de xilindró no toba do Lula), Rosângela Moro...
Realmente, as mulheres de direita são muito mais bonitas que as de esquerda.
Parece que Deus - supondo Sua existência apenas como forma de licença poética e pra piada dar certo -, na fila de distribuição de atributos e características, perguntou : E você? Quer ser bonita, inteligente, elegante, íntegra e bom caráter, ou quer ser comunista esquerdista?
Pããããããta que o pariu!!!!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Albany, o Verdadeiro Sabonete do Macho das Antigas

Há alguns anos, a indústria de perfumaria e artigos de higiene Procter & Gamble mirou sua artilharia em um público-alvo sempre dos mais desprezados pelo setor, sempre relegado a um segundo plano, por que não dizê-lo, mesmo, negligenciado?
O público masculino. O macho de verdade. O cabra macho. O macho das antigas. O cara que fala grosso, que não depila o saco, que tem o calcanhar grosso e rachado, que corta unha com "trim" e a chama mulher de princesa.
Lançou o Old Spice, o desodorante, segundo a própria empresa, com partículas de cabra macho. Com formulação que atende especificamente às necessidades do macho de respeito e de sua rústica química corporal.
Para mim, só para deixar bem clara a minha opinião, é o seguinte : especificou, segmentou, especializou : embichou! Macho das antigas não quer desodorantezinho, xampuzinho, pastinha de dentes feitos só para ele; usa qualquer coisa, e quanto mais grosseira, melhor. Banho, ele toma com sabão de cinzas; dentes, ele escova com bicarbonato e juá; o cu, ele limpa com papel lixa folha simples e/ou papel de pão.
Mas, enfim... A Procter & Gamble investiu pesado na publicidade do Old Spice. Comerciais feitos aos moldes dos filmes de ação hollywoodianos e estrelados por diversos ícones da macheza estadunidense e também da tupiniquim. Nos EUA, o garoto-propaganda da marca é o ator Terry Crews, o pai do Todo Mundo Odeia o Chris; na versão brasileira, um dos comerciais é estrelado pelo ator Malvino Salvador, um dos poucos galãs globais da nova geração realmente com cara de homem. No comercial, Malvino Salvador acende as velas de um jantar romântico para dois com um lança-chamas. Macho pra caralho! A mocinha se deleita com tamanha virilidade, encharca-se de feromônios. Além disso, Old Spice era oferecido em vários odores machos, almíscar, carvalho, ciprestes da montanha etc.
Bom, aqui se faz necessário abrir um parêntese, sobre isso de essências.
Homem só não pode feder. Ao macho das antigas, basta que não exale a saco de bode. Não precisa cheirar a um campo matinal e orvalhado de lírios e lavandas, ou a um pomar em flor de bergamotas. Que isso é coisa de metrossexual. Que é o cara que já tirou o diploma pra boiola, mas ainda não tem o registro da ordem, o cara que ainda está fazendo residência pra viado. Ao macho das antigas, basta lavar bem o suvaco com sabão em pedra e usar um desodorante sem perfume. Eu, há tempos, uso o da marca Sem Perfume (o nome da marca é mesmo esse, Sem Perfume). Durante muito tempo, usei apenas bicarbonato de sódio dissolvido em álcool, mas aí me casei e a esposa vivia reclamando que a mistura desbotava as camisas debaixo dos braços. Fiz a concessão ao Sem Perfume.
Não obstante - mesmo ciente de minhas opiniões e convicções -, há coisa de década e meia, minha esposa me presenteou com um perfume, não sei se da Natura, ou do Boticário. Pediu que eu o usasse vez em quando, depois do banho, em casa. Atendi-a. Depois de alguns dias, ela me perguntou se eu não iria começar a usar o perfume. Respondi que o estava usando há cerca de uma semana, inclusive naquele exato momento. Incrédula, cheirou-me o pescoço e disse que não, que eu não o estava usando, não havia nenhum cheiro diferente em mim. Peguei, então, o frasco do perfume para mostrar a ela o quanto o nível já havia descido, e a resposta para o mistério do odor ausente se revelou no próprio rótulo do produto, estava lá o nome do perfume : Homem. Por isso, ela não identificara o perfume em mim. Por isso, não diferenciara um cheiro do outro, o artificial do natural, os dois tinham cheiro de Homem. Nunca mais usei o perfume. Ele deve estar ainda em algum lugar aqui da casa, em algum fundo de armário.
Fim do parêntese.
Voltando à vaca fria, não sei se o Old Spice conquistou o mercado nacional, se vingou por aqui. Vi-o poucas vezes no supermercado, quando de seu lançamento; depois, nunca mais. O preço alto do produto era também outra clara evidência de que ele não era dirigido ao macho das antigas coisa nenhuma. Macho das antigas não tem dinheiro para gastar com desodorantes caros, já gasta tudo em cerveja; tá sempre duro, o macho das antigas. Quem tem dinheiro sobrando para perfuminhos, creminhos e outros badulaques é, de novo, o metrossexual. É o metrossexual que tem dinheiro pra gastar à toa, pra enfiar no cu.
Aí, ontem, eu me deparei com o verdadeiro sabonete do macho. Estava eu a procurar pelo raro artigo nas prateleiras do setor de produtos masculinos de uma perfumaria? Porra nenhuma. Macho das antigas não entra em perfumaria. Só se for pra dar uma olhada no decote da atendente. Achei o sabonete do macho por acaso, na gôndola comum do supermercado.
Não é só em relação à cerveja que eu aplico a filosofia do Bom e Barato, estendo-a a todos os outros produtos que consumo. Lá estava eu a escrutinar os preços dos sabonetes - Palmolive (R$ 1,39), Lux (R$ 1,49), Rexona (R$ 1,29), Francis (1,19) - e dei de cara com ele, Albany Homem, R$ 0,98. Não era novo para mim, comprara-o em outras ocasiões, nas versões azul e verde, que sabonete de macho não tem cheirinho diferente de um tipo pro outro, no  máximo, muda a cor da embalagem.
Havia uma nova versão, no entanto. Uma embalagem de Albany Homem alaranjada. Trouxe-a para uma distância de leitura adequada aos meus olhos presbiópicos e identifiquei o subscrito à marca : Multiação - barba, cabelo e corpo.
Pãããããta que o pariu!!! Nada de odor de rosas, de morangos ao vinho, de flor de lótus, de brisa floral, de toque de baunilha etc. Curto e grosso : barba, cabelo e corpo. E só não estava ainda mais grosso por conta da desgraça do politicamente correto, que, tudo dando certo, em breve será banido de nossa sociedade pelo intrépido Bolsonaro. Não fosse o politicamente correto, tenho certeza de que lá estariam todas as reais destinações do sabonete : barba, cabelo e pelos do saco, da rola, do suvaco e do cu. Que macho das antigas não raspa saco, suvaco, pernas e, muito menos, o cu. Como ouço dizer, no papo da rapaziada, ser uma prática comum e corriqueira entre os jovens "machos" de hoje.
Estava lá : barba, cabelo e corpo. Estava lá : R$ 0,98.
Comprei-o. E o recomendo.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Dry January é a Puta Que o Pariu!

Se em Setembrochove, Janeiro tem que ser de estio, tem de ser a seco?
O Janeiro a Seco (do inglês Dry January) é mais um modismo de mau gosto anglo-saxão - aquele povinho que mede distância em jardas, peso em libras, altura em pés, temperatura em fahrenheit, velocidade em milhas por hora e rola em polegadas - cuja proposta, literalmente, apregoa que se passe os 31 dias de janeiro - ainda se fossem os 28 de fevereiro... - a seco. Sem única gota do sacrossanto álcool na boca.
A porra da iniciativa partiu da ONG britânica Alcohol Change United Kingdom (mudança de álcool do Reino Unido?) e se apoia em um estudo científico da Universidade de Sussex, que "mostra" que o Janeiro a Seco não age apenas como um "detox" durante o triste período de abstenção, mas que seus benéficos efeitos se estendem pelos meses posteriores ao jejum.
“O simples ato de tirar um mês de folga do álcool ajuda as pessoas a beberem menos em longo prazo. Em agosto, as pessoas estão relatando um dia seco adicional por semana. Também há benefícios imediatos consideráveis", disse Richard de Visser, autor da pesquisa, ao site especializadoMedical News Today.
Entre a lista de benefícios, Richard de Visser destaca :  93% dos participantes relataram ter um sentimento de realização no final do mês sem álcool, 71% dos participantes aprenderam que não precisavam de álcool para se divertirem, 71% disseram que desfrutaram de uma melhor qualidade de sono, 70% relataram melhor saúde geral, 67% tinham níveis de energia mais altos, 54% disseram que notaram melhor saúde da pele.
Mas e a alma, e o semblante? 100% mais tristes e acabrunhados.
E a hipocrisia e a mentira tão necessárias à manutenção da civilização? E o convívio social? 100% mais árduos e intragáveis.
A cerveja é o KY social, o lubrificante das reuniões com o chefe, dos aniversários de crianças, dos feriados passados na casa da sogra.
A cerveja é o giroscópio que me impede de cair na eterna travessia do abismo. É a minha rede de segurança pro suicídio.
Comentei a notícia com minha amiga Rosimeire, mulher já na meia-idade e no varejo há tempos. Rosimeire estrilou, protestou : "se a homarada passar um mês sem beber, quem fica na seca sou eu"!
Pãããããããta que o pariu!!!! 
Tá certa, a minha amiga Rosimeire.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Bolsonaro Começa a Pregar Fogo no Toba da Vermelhada Encostada

Pela primeira vez, em 33 anos da chamada "redemocratização" brasileira, um Presidente da República se elegeu sem pedir nem negociar apoio de outros partidos que não o seu, sem fazer qualquer tipo de coligação ou conchavo eleitoreiro.
Pela primeira vez, pós-Governo Militar, vemos um Presidente da República com um quadro ministerial formado por competentíssimos técnicos nas áreas de suas respectivas pastas de atuação, um ministério que não é um fruto podre do toma lá dá cá feito em instituição nacional desde o primeiro mandato do senhor Fernando Henrique Cardoso, um ministério que não é a paga descarada de favores políticos.
Pela primeira vez, desde a implantação da malfadada Nova República, e espero que assim o seja, que assim se mantenha, pois assim está começando a ser, um Presidente da República será livre para governar unicamente para aqueles que o elegeram, para ser devedor apenas de seus eleitores - e ele o fará, honrará o crédito que lhe foi dado - quero muito crer para ver.
Pela primeira vez, desde o bigodudo e imortal Sarney, um Presidente da República não comete - e não cometerá, torço muito -, já em seus primeiros dias de exercício, um estelionato eleitoral. Em quatro dias de mandato, Bolsonaro tem começado a cumprir tudo o que prometeu ao seu eleitorado.
Trechos de um artigo do jornalista Ricardo Noblat : "a esquerda começou a estrilar com as primeiras medidas anunciadas pelo governo do capitão Jair Bolsonaro. Como se elas pudessem ser diferentes. Como se fosse possível ao presidente eleito pela direita com larga maioria de votos, governar pela esquerda ou apenas pelo centro. ....O capitão não dá nenhum sinal de que poderá ser mais um a se eleger prometendo uma coisa para depois fazer o inverso. Ponto para ele. O choro e o assombro dos derrotados não são sinceros. Eles não esperavam nada de original. Reagem assim para manter sua tropa unida".
Bolsonaro não irá, como tem sido regra sem exceção na política brasileira, acenar para a direita e governar para o centro e a esquerda, ou vice-versa. Como fizeram José Sarney, FHC, o sapo barbudo Lula e a inominável Dilma. 
Com poucos dias de mandato, o governo Bolsonaro começa a honrar os votos que lhe foram confiados. Começa a combater o principal inimigo-alvo de seu governo : o Socialismo. Palavras do Capitão : "O Brasil começa a se libertar do socialismo, e do politicamente correto".
Mas o que é o socialismo do qual queremos nos livrar? Socialismo é um regime político de melhor distribuição de renda? Sim, ele o é. Distribuição da renda para e entre quem? Para e entre os que trabalham? Para e entre os que são produtivos e geram algum tipo de renda? Não. Claro que não. Que socialista é socialista, mas não é otário. 
O socialismo é um sistema de distribuição da renda daqueles que trabalham para os vagabundos, para os improdutivos, para os vidas-mansas, para os braços-curtos; em suma, é pegar o dinheiro do trabalhador e dar para o encostado. O encostado é o grande símbolo do socialismo, o seu mascote.
Os encostados são o enorme peso morto, o grande lastro carregado e nutrido pelo sistema socialista. Um lastro carregado a bem da coletividade? Para que não aderne a nau social? Porra nenhuma. Sim um lastro a ser sustentado pelo trabalhador em prol dos governantes socialistas e de seus ideais de perpetuação no poder, um lastro de inúteis que, para assim se manterem - inúteis e sustentados pelos contribuintes -, mantêm no poder, via voto, os governantes socialistas, que premiam suas inutilidades com toda sorte de esmolas governamentais. Sim um lastro para que não afunde a nau vermelha, a espoliar e rapinar os cofres públicos.
O combate ao socialismo, portanto, começa pelo combate sem tréguas ao encostado. Promessa de campanha que Bolsonaro já começa a levar a cabo.
Mas quem são os encostados de nosso Brasil dantes mais varonil e de lábaro mais estrelado?
Ah, meus caros... Ah, se a resposta fosse assim tão simples... Quereria eu que os encostados fossem uma malta homogênea, de uma só cara e que se agregassem sob única égide ou bandeira.
A questão é muito mais ampla e intrincada. Os encostados assumem os mais variados disfarces, escamoteiam-se e se dividem em inúmeras categorias taxonômicas.
A tentar resumir o conceito de encostado, pode-se dizer que o encostado é o famoso "coitadinho". É a "vítima da sociedade", o "excluído", o que nunca teve "oportunidade" na vida (como se a oportunidade saísse por aí batendo de porta em porta, como se não tivéssemos que persegui-la e agarrá-la a unhas e dentes), o "oprimido" pelo Grande Capital. É o sem-terra, o sem-teto, o sem vontade de trabalhar. São as ONGs. São os sindicalistas. São os comissionados para cargos de "confiança". São as uniões de "estudantes" e os membros de diretórios acadêmicos dos cursos de humanas. São os pseudoartistas, as subcelebridades das novelinhas globais e das rádios FM. Os "direitos humanos". Etc etc etc.
Bem se vê que uma única medida do governo Bolsonaro não será capaz de eliminá-los. Que um plano único não os vencerá por completo. Para cada veneno, um antídoto. Para cada praga, um veneno.
Ex-militar, Bolsonaro entende de estratégia de guerra. Sabe que terá que tratar dos encostados não de maneira genérica, mas sim do jeito que os encostados gostam, com especificidade, com atenção diferenciada. Porém, não para lhes conceder ainda mais privilégios, sim para erradicá-los.
E o intrépido Bolsonaro já começou a sua cruzada. O Capitão já começou a direcionar o seu fogo nada amigo ao socialismo canalha e sanguessuga.
Coloco a seguir alguns links para notícias a respeito das primeiras incursões de guerra de Bolsonaro contra a turminha vermelha.
Dá-lhes, Bolsonaro!


E que muito mais chumbo grosso ainda chova sobre a esquerda brasileira.