terça-feira, 10 de março de 2020

Céus de Março

Há a Estrela D'Alva,
A deusa Vênus,
No meu céu crepuscular de março,
Que vai arroxeando,
Camaleoneando hematomas,
Tomando faces de gangrena.

Há vikings 
E Thor e Odin e Freya
E sexo pagão na grande tela em minha sala,
Meu céu de março particular.
(são as janelas da alma de nossa triste e doente sociedade, as grandes telas).

Há,
À guisa de ansiolítico,
De fármaco tarja preta,
De tapete vermelho estendido a Morpheus,
Vodka com tônica em meu copo,
Buraco negro em meus céus de março.

Há estrepes e espinhos
Estorvos e urtigas
Em meu sono
(nem em minha pequena morte, eu descanso em paz):
Quebradiço, sobressaltado,
Natimorto e morto-vivo,
Abreviado :
Um infanticídio campal de jovens estrelas de meus céus de março,
Uma ejaculação precoce,
Estéril e tinta de sangue.

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