domingo, 8 de março de 2020

O Evangelho Segundo Maiakovski

"Melhor morrer de vodka que de tédio"
Vladimir Maiakovski
Vodka com tônica
Com suco de laranja
Com café e canela queimada
Com menta
Com chá de camomila
Com coca-cola
Com anilina azul para bolos
Com aspirina
Com própolis e vick vaporub.

Uma vez que a vida
É o máximo condutor,
É o solvente universal para a dor,
Que seja a vodka
O excipiente para todos os seus antídotos,
Ao menos, para todos os seus mitigadores,
Para os seus anódinos.

Vodka com sol a pino
Com crepúsculo
Com madrugada
Com o canto do galo.
Vodka com Bukowski e Augusto dos Anjos
Com Leminski, Gessinger e Trevisan.

Que seja a vodka
O bote salva-vidas
A ludibriar e a prorrogar o naufrágio definitivo.
Quando, finalmente, 
Os pacienciosos tubarões
Banquetear-se-ão de nossa carne curtida 
E marinada na desesperança.

(e não haverá Céu, Paraíso, ou Valhala;
para nenhum de nós)

Um comentário:

  1. Até onde me lembro, nunca curti o gosto de vodca, menos ainda o de rum ou de cachaça (que acho abominável). Só não consigo me lembrar do gosto de gim. Talvez não seja um bom personagem para versos, mas ideal para encher a cara e não ficar com bafo de bebum. Que acha dele, Marreta?

    ResponderExcluir