Todo começo de ano, fim de janeiro, começo de fevereiro, é o mesmo terrorismo psicológico para com o professor em merecidíssimas férias. Tudo quanto é livraria, papelaria, supermercado, farmácia, padaria, quitanda, buteco e zonão penduram em suas portas cartazes de "Volta às Aulas", e recheiam lá suas prateleiras e gôndolas com cadernos, lápis, canetas, borrachas, estojos, fichários.
Eu ando pelas ruas e tento nem olhar para os cartazes da desgraça anunciada. E tudo oferta para os alunos. Nada para o professor. Nada.
Porém, enfim, uma rede de supermercados pensou também na volta às aulas para o professor. Também resolveu baixar o preço de itens imprescindíveis ao intolerável exercício do magistério por mais um ano, enquanto a aposentadoria não nos chega.
Duas coisas, eu lamento. A primeira é não conseguir reconhecer o benemérito e bem-aventurado mercado do qual partiu esse reconhecimento e esse agradecimento ao professor, e a segunda é que, a julgar pelos preços, é oferta antiga, que talvez não mais tenha se repetido.
Alegria de professor dura pouco.
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