Como já bem dizia Abelardo Barbosa, o Chacrinha, garoto levado da breca, nada se cria, tudo se copia, ele próprio a copiar Lavoisier. Sobretudo no Brasil, sobretudo pelo brasileiro.
Não bastasse a próxima Copa do Mundo da Fifa ser no Brasil, não bastasse o mascote do evento ser um tatu-bola batizado de Fuleco, que, em várias regiões do nordeste, significa ânus, o famoso cu, não bastasse tudo isso, foi lançado nessa semana o "instrumento" com pretensões de substituir a hedionda vuvuzela da Copa da África do Sul, aquela desgraça daquela corneta, aquele artefato do neolítico, aquela trombeta dos infernos assoprada pelos africanos desdentados nas comemorações dos gols.
E por que a necessidade de substituir a vuvuzela? E por que não a necessidade de imitar os países civilizados, suas qualidades de vida, suas produções culturais e científicas?
Perguntas retóricas à parte, volto ao assunto. Há três dias foi lançada a irmã brasileira da vuvuzela, a afrodescendente do cornetão : a caxirola.
"Criação" de Carlinhos Brown (e de quem mais poderia ser?), a caxirola é uma espécie de chocalho inspirado (copiado, querem dizer) em um outro - surpresa - chocalho, o caxixi, usado nas rodas de capoeira.
Carlinhos Brown, grande músico e cara de pau, disse ter tido preocupações ecológicas e acústicas na "concepção" da caxirola. A caxirola é confeccionada em plástico e contém bolinhas de material sintético no interior, o que, segundo Brown, é mais ecológico que o uso do bambu, da palha e das sementes utilizados na feitura do caxixi da capoeira. O uso do plástico é mais ecológico que o do bambu e o da palha? Só se for na terra de Carlinhos Brown, que nem quero saber onde é.
Brown informou ainda que houve preocupação para que o som emitido pela caxirola não fosse desagradável aos ouvidos, como no caso das vuvuzelas : "A caxirola respeita os limites sonoros. Ela reproduz sons da natureza, do mar, por isso trabalhamos com os melhores engenheiros acústicos para que o som fosse gostoso, agradável."
Há, há, há, há!!! Devo admitir, o cara é bom, o cara tem as manhas : limites sonoros, som do mar... Toda uma equipe de engenheiros acústicos para projetar um chocalho de capoeira. Pãããããta que o pariu!!! Quem acredita nisso? Acho que nem o Brown. Mas o brasileiro acredita, ô se acredita! E que delícia deve ser o som, hein? Cem mil rodas de capoeira tocando em uníssono. A Filarmônica de Berlim está a se roer de inveja.
Na apresentação oficial do instrumento oficial da Copa de 2014, Brown tocou o Hino Nacional com duas caxirolas. Foi aplaudido e aprovado pela presidente Dilma Rousseff, que também se arriscou em dar sua tocadinha na caxirola. Abaixo, Carlinhos Brown em plena presepada, a fazer uma demonstração de sua "cria", pura macumba pra turista.
A FIFA tentou proibir o instrumento em março de 2013, alegando que o mesmo poderia ser usado como arma ou como veículo de publicidade (colantes na caxirola). E é verdade. A empunhadura do instrumento é, sem tirar nem pôr, idêntica à de um soco inglês. Mas a tentativa de veto da FIFA foi derrubada por interesses outros, sempres escusos no Brasil, ou ocultos, que o diga Jânio Quadros.
E é isso. Comentar mais o quê? Apenas perguntar : quanto de recurso governamental, de dinheiro público, Carlinhos Brown embolsou para fazer essa palhaçada? Quanto do Ministério do Esporte foi desviado para Carlinhos tocar contente o seu chocalho? Quanto foi roubado de nossos bolsos para o baiano incrementar sua moqueca e seu vatapá e nos presentear com essa dádiva, com essa obra de arte tupiniquim, que, não duvidem, logo será tombada como parte do Patrimônio Cultural?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk boa!
ResponderExcluirE finalmente uma foto em que podemos ver os olhos do cara!