terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Bolsonaro é o 38º Presidente do Brasil. E o 16º Bozo.

O intrépido Bolsonaro é o 38º da degenerada e corrupta linhagem de Presidentes da República do Brasil. E o 16º da nobre dinastia brasileira dos palhaços Bozo.
Enlatado norte-americano criado em 1946 por Alan Livingston, o palhaço Bozo nasceu em berço de vinil, concebido originalmente para a série de coletânea de discos com histórias infantis Bozo at the Circus, estreando na TV americana apenas três anos depois, em 1949, e, a partir daí, exportado para o mundo.
O primeiro Bozo brasileiro também não surgiu nas telinhas, não foi dado à luz em terras tupiniquins pelo SBT; na época, a TVS. O Bozo desembarcou em terras de Cabral através da gravadora Odeon, em um disco de versões compostas e interpretadas por ninguém mais ninguém menos que o humorista, showman, ator, produtor, dublador, diretor, radialista, compositor e de quem, dizem, os judeus americanos copiaram e patentearam o stand-up, José Vasconcelos, considerado por Chico Anysio e por Juca Chaves o maior comediante brasileiro de todos os tempos.
Aqui no Brasil, a migração do palhaço Bozo para a TV demorou um tanto mais, ocorrendo apenas em 1980, pelas mãos de outra lenda (literalmente ainda viva) do entretenimento, Silvio Santos, o Homem do Baú, em seu recém-inaugurado canal TVS.
Vários intérpretes vestiram a pele do palhaço Bozo. A maioria pela TVS São Paulo, mas também, a respeitar a diversidade e os variados sotaques do povo brasileiro, existiram Bozos regionais, cariocas (TVS Rio), mineiros (TV Alterosa) e baianos (TV Itapoan).
Quatorze Bozos televisivos, no total. Os mais famosos, da esquerda para a direita na foto a seguir : Wandeko Pipoca (o primeiro, 1980 a 1982), Luis Ricardo (de 1982 a 1990, e até hoje no SBT) e Arlindo Barreto (1983 a 1986).
Arlindo Barreto, que inspirou o bom filme (eu recomendo) Bingo, o Rei das Manhãs, foi tomado pelo turbilhão do sucesso e do show businnes e despirocou e tacou fogo no próprio circo. Viciou-se em cocaína e em outras drogas mais pesadas, como a cantora Gretchen. Sim, meus caros, o Bozo comia a Gretchen! Pãããããta que o pariu!!! Frente às câmeras, a rainha do bumbum cantava para a criançada; nos bastidores, chupava o DipnLik do Bozo, descabelava o palhaço.
A primeira e exitosa temporada do Programa do Bozo durou de 1980 a 1987, tendo, o palhaço, sido ressuscitado numa segunda temporada, inexpressiva e incapaz de repetir o antigo sucesso e a antiga glória da primeira, vinte anos depois, em 2007, para morrer definitivamente em 2013.
Morrer definitivamente? As lendas não morrem, meus caros. Apenas descansam, ficam incubadas, encasuladas, reinventando-se, para voltarem ainda mais fortes e atuantes, quando forem de novo necessárias, respondendo aos urgentes chamados e apelos populares.
Com o palhaço Bozo, não foi diferente. Em 2018, atendendo às eternas súplicas populares por pão e circo, Bozo ressurgiu reeditado e repaginado. Não mais o "rei das manhãs". Sim o rei das alvoradas. Do Palácio da Alvorada. Bozo ressurgiu na figura do intrépido Bolsonaro. Tentou passar despercebido, o palhaço. No entanto, foi reconhecido de imediato pelos seus opositores, pelo povinho escroto da esquerda, que viram o Bozo por detrás da maquiagem de Presidente e prontamente expuseram a tentativa de escamoteio. De cara, denunciaram : é o Bozo.
Em vão. Inclusive, que boa propaganda lhe fizeram. Sempre foi, é e será o Bozo que o brasileiro quererá. Quantos Bozos já não foram eleitos para o Planalto desde a volta da "democracia", desde o advento da Nova República do Sarney, em 1985? Quantos mitos já não envergaram a faixa presidencial? Bolsonaro guarda uma única diferença para com seus antecessores : ele não reclama dos apelidos, antes pelo contrário, os assume; macho das antigas que é, não fica de mi-mi-mi pra bullying, sabe que reclamar do apelido é a pior a coisa a se fazer; ao invés disso, debochadamente, incorpora-os à sua imagem, ao seu personagem, fortalece-se deles.
Mas Bolsonaro está a ser um Bozo à altura do seu papel? 
Ninguém melhor para nos dar a resposta que ele, Wandeko Pipoca, o primeiro Bozo brasileiro. E a resposta do veterano Bozo é um sonoro e convicto "sim". Wandeko deu a sua chancela, o seu selo de aprovação para Bolsonaro assumir o papel do Bozo em 2018 : o primeiro Bozo votou em Bozo para a Presidência da República. 
E voltou a manifestar seu apoio e aprovação a Bolsonaro agora, neste fim de semana, por ocasião das pífias manifestações antimito ocorridas em alguns cantos do país, nas quais o nome Bozo voltou a ser fortemente associado ao Presidente da República. 
À coluna do jornalista Chico Alves, do portal UOL, o pioneiro Bozo disse que o Presidente não deve se chatear com o cunho pejorativo que seus antagonistas tentam imprimir ao compará-lo ao palhaço Bozo. Muito pelo contrário, deve tomar isso como um elogio :
"Bozo é um personagem sério, um personagem bom, honesto", disse ele à coluna. "Eles não têm nada a dizer de ruim sobre o personagem".... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2021/01/25/primeiro-bozo-do-brasil-aprova-apelido-de-bolsonaro-e-reprova-carreatas.htm?cmpid=copiaecola
“Bozo é um personagem sério, um personagem bom, honesto. Eles não têm nada a dizer de ruim sobre o personagem”.
Sobre as "carreatas" pró-impeachment, Wandeko disse: “O pessoal tinha que parar com esse negócio, por muito tempo a onda vai ser Bolsonaro. Não adianta a mídia ficar pegando no pé do filho dele, no pé da mulher dele. O cara que é Bolsonaro é igual ao cara que é flamenguista: não muda”. E ainda deu uma zoada : "Meia dúzia de carrinhos, só".  
Orgulhoso, finalizou dizendo que gosta que usem o nome do Bozo para se referir ao Presidente : "É sinal de que ainda se lembram de mim".
Por fim, talvez a única parte séria desta postagem : não culpemos o Bozo. Nunca! Sob hipótese alguma! Digam o que quiserem da democracia brasileira, mas, sem sombra de dúvidas, ela é representativa. Até demais, para o meu gosto. No país do sertanejo universitário, do baile funk, do "pancadão" e das "universidades" a distância, Bolsonaro até que nos está de muito bom tamanho, até que nos saiu melhor que a encomenda.
Não culpemos o Bozo. O Bozo não é o autor nem o dono do seu discurso, não é o roteirista do seu script de governo. É só o porta-voz. O menino de recados. O Bozo é só o mensageiro : da índole, do caráter e da formação cultural, moral e ética do povo que o elegeu.
E muitos outros Bozos ainda virão.

9 comentários:

  1. Essa do Bozo - O Rei dos Coringas me pegou de surpresa, se bem que de acordo com o filme, o antigo interprete do palhaço virou um tiozão crente. Quando puder, republica esse. Imagino que deva tá na mesma sem celular, mas caso mude de ideia, montei um grupo no Telegram pra equipe, o que chama atenção por lá é a forma como dá pra baixar uma porrada de coisas, até arquivos de 1 GB.

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    1. Sim, tanto o primeiro Bozo quanto o terceiro, o Arlindo Barreto, viraram pastores evangélicos. Ambos continuam no show business, só mudaram o tipo de palco em que se apresentam e o tipo de palhaçada que fazem.
      Vou republicar lá agora mesmo.
      Sim, ainda estou sem celular.

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  2. Acho uma ofensa aos palhaços chamarem o Bolsonaro de “Bozo”. Mesmo que o Bozo seja um dos palhaços mais sem graça que já foram criados. Palhaço que faz palhaçada só para crianças não faz minha cabeça. Estou chovendo no molhado, mas o presidente só é chamado de Bozo pelos que o odeiam por seu sobrenome ser uma versão extendida do nome do palhaço – Bolsonaro, Bolzo naro, Bozo naro, Bozo. Se o sobrenome fosse Araújo, por exemplo, ele receberia no máximo ofensas como “Aquele palhaço do Araújo!”
    Quanto à sua representatividade, eu penso que ele foi eleito APESAR da sua boçalidade. Claro que existem os loucos que o idolatram sem reticências, talvez por serem ainda piores que ele. Mesmo não sendo psicólogo, eu preciso, eu quero acreditar que a população não se enxerga, não se identifica com alguém que provavelmente tem algum distúrbio mental. Porque não se trata de ser de Direita ou de Esquerda. Eu sou de Direita (moderadíssima), as pessoas que admiro são ou foram de Direita, odeio o Lula e o PT, mas nunca consegui nem conseguirei me identificar com um sujeito tão sem cultura, tão sem preparo, tão bronco, tão imbecil. Em compensação, ficaria satisfeito se o Mourão assumisse a presidência (sem golpe!). Então, discordo do Pipoca e discordo da ideia de ser o mito o paradigma do povo brasileiro. Porque se for,ainda acho que dá tempo de mudar para a Austrália ou para o Canadá.

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  3. "mas nunca consegui nem conseguirei me identificar com um sujeito tão sem cultura, tão sem preparo, tão bronco, tão imbecil."
    Conheces (para a sua sorte) muito pouco o povo, Jotabê, conhece-o muito pouco. Você não imagina o quanto a ignorância e a bronquice autodeclarada inclusive é motivo de orgulho para uma expressiva parte da população. Você não imagina a brutal decadência da educação do brasileiro, do não querer se educar, que eu presenciei de 1998 para cá, ano em que efetivamente me tornei professor em tempo integral. Decadência dos alunos e sobretudo de seus pais; em mais da metade dos casos, Jotabê, não há mais valorização nem preocupação com rendimento escolar, com educação e muito menos com moralidade. No caminho de ida e volta para a escola, passo, como já disse aqui algumas vezes, por uns bares de prostituição 24 h, e te digo que tem puta neles que se veste de maneira mais decente do que muita mãe que aparece na escola para desacatar professores e diretores e defender o seu rebento.
    Hoje, a maioria deles tem orgulho de falar errado, é como se fosse uma identidade de grupo; hoje, o aluno que tira um 10 na prova, a pega da mão do professor e volta para o seu lugar meio que escondendo-a, enquanto que o que tira um zero, faz festa e a exibe em estardalhaço para a sala inteira, e recebe aplausos dela.
    Acredite quando digo que, em vistas da população, ainda estamos no lucro com o Bolsonaro.
    Para mim já não dá mais tempo, infelizmente, de mudar para a Austrália ou para o Canadá, mas estou tentando firmemente incutir essa ideia, mais até que a ideia, o desejo, na cabeça do meu filho. E nem precisa ser o Canadá, não. Chile ou Uruguai, ou mesmo a atualmente combalida Argentina, já serviria, já seria um upgrade. E tem também Portugal, onde algumas universidades aceitam a nota do Enem como forma de ingresso.

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  4. De qualquer maneira, é impossível comparar o mandato do nosso Bozo com os demais predecessores. Nunca um governante moderno esteve à frente de uma nação numa época como esta, ainda mais em tempos democráticos.

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    1. Em que aspectos você diz que não é possível comparar o Bolsonaro aos seus antecessores?
      Para mim, um dos diferenciais dele, e por isso a tentativa de não deixá-lo governar de jeito nenhuma, foi ele ter sido o primeiro Presidente que chegou lá sem fazer alinças e conchavos com duzentos partidos. Chegou lá sozinho, sem dever favor nem ministério nem pasta pra ninguém. E acho que essa é a grande mágoa dos vagabundos da Câmera e do Senado em relação a ele, ele não ter o rabo preso com ninguém de lá. Nesse aspecto, sem dúvida, ele realizou um feito inédito na nossa política.

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  5. Escolhi um post mais antigo para o caso de você resolver publicar meu comentário. Acho que não deve, pois é uma sugestão: o recente caso do vocalista do Molejo e a declaração do jovem de que queria casar "virgem" (no cu?) me fez rir muito e pensei que só Marretão seria capaz de escrever um texto com a ironia e deboche necessários a um caso tão bizarro. Fica a sugestão e o pedido de que não publique o comentário.

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