segunda-feira, 6 de junho de 2022

À Noiva, a Aliança; Ao Padre, o Anel

A esposa, recém-casada, cheia de amor (e de outras coisas muito mais interessantes) para dar, estava a estranhar aquela intensificação dos hábitos religiosos do marido. Ele, que nunca fora dos mais devotos, que antes só ia à igreja em batizados e casamentos de amigos e conhecidos, passara a frequentar a morada de Deus de duas a três vezes por semana; às vezes até mais. Paradoxalmente, no quarto do casal, na intimidade da alcova, ele não estava a se mostrar lá muito católico para com suas obrigações conjugais.
Nesse mato tem cachorro, logo pensou a esposinha negligenciada pelo homem que jurou chamar de seu, pela espada do seu salvador. Ou uma cachorra, uma cadela. Uma beata fogosa, talvez? Exímia em assoprar o famoso apito de chamar anjo, uma hábil flauteadora da trombeta de Jericó?
Apertou o marido e ele entregou a rapadura. Ou melhor : entregou que já estava a entregar a rapadura fazia era tempo. E não havia nenhuma cachorra no cio, nenhuma carola do cu quente. Quem estava a ungir e a trazer iluminação e conforto espiritual ao rapaz era o padre. O padre Júlio Cezar Souza Cavalcante, da Igreja Matriz Nossa Senhora de Candelária, em Natal (RN), o mesmo sacerdote que celebrara, dias antes, o enlace dos arrulhantes pombinhos.
Ou seja, para a noiva, ele deu a aliança; para o padre, o anel, o famoso anel de couro.
Pããããããããta que o pariu!!!!
Porém, apenas a admissão das puladas de cerca e das queimações de hóstia do marido não foram suficientes para aplacar os ímpetos de vingança da chifruda. Mulher vingativa, só por Deus. A moça quis também extrair uma confissão do padre, para levá-la, depois, aos seus superiores eclesiásticos, em busca de justiça divina. Ou seja, já que o sacerdote tanto pusera no cu do marido dela, ela também quis pôr no toba do pároco. É a lei do Velho Testamento : olho do cu por olho do cu, pregas por pregas.
A agir feito Judas, e a cuspir no prato em que comera, ou em que fora comido, vai saber, o rapaz armou um encontro a três, do casal com o padre, para que todas as cartas fossem postas à mesa. O que o padre não sabia é que a conversa estava a ser gravada pela esposa.
Diante do padre, a mulher falou que já sabia da putaria e pediu a anulação do casamento. Na tentativa de acalmar a moça, o padre disse : “Foi uma fraqueza. Nós nos confessamos e prometemos que não ia ter mais, em respeito até a você”. E garantiu que ele e o marido dela estiveram juntos poucas vezes, "umas duas ou três vezes", e que só rolara sexo oral, a famosa chupetinha, nada mais.
O homem desmentiu o padre :  “Foram várias vezes, durante mais de um ano. Foi de março de 2010 a julho de 2012”, e disse também que houvera sexo anal entre os dois, que a cobra entrara, sim, no buraco do tatu, fato do qual o sacerdote alegou não se lembrar, e reafirmou que só houvera glub-glub nos encontros dos dois, maneira carinhosa e mimosa pela qual se referiu aos boquetes trocados entre eles.
Como assim o cara não se lembra se deu ou não a bunda, ou se comeu ou não? Afinal, não foi revelado no áudio quem era o ativo ou o passivo, ou se a brincadeira toda se dava na base da oração de São Francisco, é dando que se recebe, o famoso troca-troca.
“E ainda assim o senhor aceitou testemunhar o nosso casamento?", lamentou a esposa. “Eu tenho o maior carinho e o maior respeito por vocês”, respondeu padre Júlio. Com certeza tem, principalmente pelo noivo.
O padre disse que depois do acontecido buscara uma terapia de conversão e nunca mais fizera sexo com outro homem, e que tinha certeza de que o mesmo havia se dado com o marido da reclamante, de quem ainda era o confessor. Mais uma vez, o rapaz desmentiu o padre : “Fiz várias vezes e não me confessava”, contou.
“Não me procurava na cama, mas procurava homens”, contou a mulher. Segundo ela, “era tudo premeditado, pois ele já fazia em locais perto da Catedral, como saunas e cinemas pornô, para sair correndo e se confessar”.
A gravação chegou à Arquidiocese de Natal e, então, a casa (do Senhor) caiu para o padre Júlio. Em nota oficial, a Arquidiocese comunicou o afastamento do padre de suas atividades até que o caso seja apurado e as devidas providências sejam tomadas. Ao fim da nota, a Arquidiocese diz : "Rogamos ao Bom Deus que tudo seja esclarecido e, para o bem do povo de Deus, possa reinar a paz nos corações".
Padre Júlio Cezar Souza Cavalcante

12 comentários:

  1. "queimações de hóstia"
    Nunca uma expressão caiu tão bem à dada situação.
    Será que ele foi corno e quis se vigar da esposa dando a bunda ao padre que celebrou o casório?
    Cara, isso não me surpreender. Igrejas e templos são apenas microcosmos dos demais aspectos de nossas vidas, onde putarias e traições correm soltas.
    Abraços!

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    1. Se tem um lugar onde a putaria impera, são as igrejas, pode ter certeza disso. Por serem padres, eles se sentem mais protegidos, mais imunes.

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  2. Isso foi em Ribeirão? De vez em quando vou a uma sauna daqui. Há uns padres que frequentam lá. Dizem que são de fora...

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    1. Foi em Natal, RN. Você já pegou algum padreco na sauna?

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    2. Que eu saiba, não. Já cheguei a trocar uma ideia lá, certa vez. Mas não passou disso.

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  3. Mas eu adoro saber dessas pularia. Se bobear, a mulher ainda fica como marido, ou porque é tonta, ou por comodismo mesmo, para não ter que se virar na vida. Você pode discordar de mim, as pessoas não gostam, mas eu sempre falo: fidelidade cama não existe. Você quer alguém para sua vida inteira? Veja se a pessoa é pacífica, principalmente em momentos complicados em que ela se irrita, veja se é trabalhadora, agregadora, se tem bom coração, e não vai abandonar você quando cair doente ou ficar feio ou faltar dinheiro porque "o amor acabou". Relacionamento duradouro tem a ver com amizade e companheirismo do que com tesao. O tesao passa. E a cama só fica boa se tiver um bom colchão para
    a gente desmaiar de sono. Daí a pessoa forma umas conjecturas a meu respeito e eu sigo esperando, sentado, o dia de ela se lembrar dessa conversa.

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  4. Eu sou homem, ainda funciono bem e não me permito sonhar com essa fidelidade de cama. Só que tb não iludo ninguém. Curioso que a pessoa está comigo desde 2004, quando deixei de ser o bonzinho trouxa que mal assistia tv porque o outro tinha crise de ciúmes e me mandava não olhar os homens bonitos e, mesmo assim, era chifrado e dispensado por esses cachorros. Então eu mudei. Virei um filho da puta. E nunca mais fiquei sozinho.

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    1. Não tenha dúvidas. Ninguém merece viver com esse tipo neurose a lhe corroer todo dia. Eu vivo a realidade. E fico em paz nesse ponto. Agora, tem quem gosta do faz de conta. Vai de cada um.

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    2. "Tem que gostar do faz de conta" Essa frase é muito boa. Se você não encontrar alguém que tenha o moralismo na veia e não vá te dar uma cornucópia, só gostando demais da ficção, que o mundo faz crer que existe, pra se relacionar com alguém. Se o mundo fosse só realidade e dados, só maluco faria isso, ainda mais hoje em dia.

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    3. Concordo contigo nesse ponto. Quer formar uma família? Ok. Não quer? Não tenha relacionamento. Eles não servem para nada. Tem uns caras que acham que vão transar muito num relacionamento. Eu fico só pensando "tadim deles". Mas muitos ainda acreditam que com eles será diferente. Até William Bonner e Fátima Bernardes se estranharam, mas com os tios e tias comuns, que contam moedas para pagar contas, isso não vai acontecer. A-ham. Se bobear, a gente ainda sai no prejuizo por ser o bonzinho da história. Quando terminei meu relacionamento, deixei tv, aparelho de DVD, rádio, jogo de jantar, pratos, uma porção de coisa com o ex. Um dia recebo uma ligação. Ele pedindo pelo amor de Deus para ir apanha-lo na rodoviária e leva-lo para a casa onde só ele morava, não mais a gente. Eu ainda tinha carro. Fui. No caminho ele me confessou os planos de mobiliar a casa de um cretino. Quando finalmente se viu livre, achou que iria morar com ele. O cara puxou uma faca e falou que ia mata-lo. Resultado, ele saiu correndo. O dinheiro e as coisas que deixei para ele ficaram na casa do maluco. Falei um monte pra ele. Os dois sempre tiveram contato escondido enquanto eu nem podia ver a novela porque o outro tinha chilique se eu achava o Tony Ramos interessante.

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  5. Eu sabia que você iria comentar essa notícia! Até pensei em fazer alguns comentários, mas depois pensei que seria melhor deixar com um professor (de ironia e sarcasmo, bem entendido)

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