sábado, 4 de junho de 2016

Muhammad Ali e a Morte Que Flutua Feito uma Borboleta e Ferroa Feito uma Abelha

No fim - e sempre -,
É a Morte quem treina os dois lutadores,
O campeão e o desafiante,
Pois ela própria
É a eterna desafiante
E a inexorável campeã.

No fim,
É a Morte
Quem,
Desde o começo,
Acerta as lutas
Realiza as pesagens
Controla o mercado negro das apostas,
É a Morte 
Quem é o empresário,
A marca de cerveja patrocinadora
E também o bookmaker
E o cambista na fila. 

No fim,
É a Morte
Quem arbitra a luta
Quem soa o gongo ao início 
E ao fim de cada round,
É a Morte
A gostosa de biquíni
Que desfila pelo ringue com a placa indicativa
Do número do próximo assalto,
Do próximo turno no matadouro, 
É a Morte 
Os cutmen em cada corner
Que limpam os lutadores do sangue
Que lhes fazem os curativos
E lhes dão de beber.

No fim,
É a Morte 
Quem desfaz ou não o clinch,
Quem para a luta
E poupa o seu predileto
Ou quem deixa o massacre seguir
Contra o seu preterido.
É a Morte
- e só ela -
Quem decide a hora de jogar a toalha.

No fim,
Caro Cassius,
É a Morte
Quem flutua feito uma borboleta
E ferroa feito uma abelha.
Cassius Marcellus Clay (1942 - 2016)

3 comentários:

  1. Bela, bela homenagem para um grande lutador e personalidade

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  2. Realmente um cara diferenciado......hoje escutei na rádio o porque de tanta comoção....afinal o cara desafiou o poderoso EUA no final da década de 70 se negando a ir a guerra (disse que era uma guerra do que com de pretos matando pretos a milhares de quilômetros dali), e ainda sendo islâmico, sentou-se nada mais nadas menos que com Sadam e pediu que ele libertasse prisioneiros de guerra e foi atendido......e hj escuto falar que Ronaldo e Neymar Jr são estrelas.....e pra cair o cú da bunda mesmo.....

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