O
reinado da imperatriz da luxúria Vera Fischer atravessou décadas,
transpôs gerações; Vera Fischer é a rainha Elizabeth das gostosas. Hoje
em dia, a gostosinha da vez, quando muito, dura uma estação, uma novela.
Vera Fischer foi - talvez ainda seja - a punhetável mais longeva deste
Brasil dantes mais varonil.
A
bela entrou para o imaginário do macho das antigas inda na década de
1960, quando, em 1969, conquistou o título de Miss Brasil, vindo a se
consolidar definitivamente no repertório erótico dos machos de respeito
em 1973, ao protagonizar a pornochanchada A Super Fêmea, dirigida pelo seu então marido Perry Sales, que deveria ser o tipo de corno que hoje se convenciona chamar de cuckold. Várias outras películas eróticas com Vera Fischer se seguiram a essa.
A
primeira vez em que vi Vera Fischer pelada foi na edição de agosto de
1982 da revista Playboy; eu a completar 15 aninhos de idade. Uma
produção caprichadíssima, à altura da estonteante beleza natural da
musa. Vera Fischer como o bom Deus a trouxe ao mundo num cenário dos
mais bucólicos, com uma árcade paisagem a fazer moldura às suas formas e
proporções helênicas.
Era
quase possível ouvir o murmúrio das corredeiras a descer a encosta e a
se esgueirar languidamente por entre as pedras limosas. Saber o olor das
intimidades das ninfas do bosque a se orvalhar pelo ar e a imiscuir-se
aos dos jasmins, lavandas e madressilvas. Quase possível ouvir o galopar
e o tropel dos cascos de Pã na relva fresca, os trinados de sua flauta
de chamar bucetinhas.
Vera
Fischer reinava sobre tudo isso. Visse o ensaio fotográfico de Vera,
Botticelli envergonharia-se de sua Vênus. Nesse ambiente dos mais
ecológicos, eu, criminosamente, esgoelava o bem-te-vi, espancava o
macaco, despetalava a margarida.
Quase
vinte anos mais tarde, para bem fechar o milênio, Vera Fischer
reaparece ainda mais desejável e tesuda na edição de janeiro de 2000 da
Playboy. Dessa vez, nada da beleza idílica, onírica, distante e
intangível de uma deusa grega; sim a ferocidade de uma fêmea madura no
cio. Nada de ares campesinos; sim da atmosfera de uma grande metrópole,
Paris.
Vera
Fischer, agora, não se deixa apenas contemplar, como quem flana alheia
aos olhos que a comem viva, ingênua e inconsciente da lascívia que
suscita nos homens. Agora, Vera Fischer é quem nos mira, quem nos
assedia e nos despe com os olhos. Findou-se o tempo da delicadeza. Em
2000, Vera Fischer é muito mais caçadora do que caça. Muito mais Diana
que Afrodite.
O
principal : independente de suas épocas e de seus contextos, nos dois
ensaios fotográficos, nos dois momentos que podemos chamar de
históricos, Vera Fischer sempre foi uma superfêmea das antigas, das
cabeludas. Nunca abriu mão de posar com sua basta cabeleira pubiana.
Tanto em 1982 como em 2000, brindou-nos com uma senhora duma
caranguejeira.
Por isso, é de Vera Fischer a faixa de Miss Fiapo de Manga do mês de março.
E Vera Fischer inspirou punheteiros talentosíssimos. Tom Jobim, que nunca foi bobo nem nada, compôs-lhe a bela canção Luíza : "vem
cá, Luíza, me dá tua mão, o teu desejo é sempre o meu desejo, vem, me
exorciza, dá-me tua boca e a rosa louca, vem me dar um beijo e um raio
de sol nos teus cabelos...".
Que
rosa louca é essa que tanto deseja o nosso maestro soberano? E
exatamente em que cabelos incide o afortunado raio de sol, como um
brilhante que partindo a luz explode em sete cores, revelando, então, os
sete mil amores que Antônio Brasileiro guardou somente para dar a ela?
Vejam com que volúpia e sofreguidão Vera Fischer abocanha uma fálico baguete.
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