quinta-feira, 27 de julho de 2023

Cerveja-Feira (73)

Princípios são valores morais intrínsecos ao macho das antigas e, dele, inextirpáveis. Preceitos éticos e de conduta indeléveis do macho de respeito, hoje, chamados de tóxicos pelas barangas incapazes de terem um pau para chamar de seu e pelos machinhos do novo milênio, sensíveis, degustadores e da rosca frouxa e piscante. 
Um desses meus valores pessoais é, sempre que viajo, sair em busca de rótulos desconhecidos de boas e baratas. Não  importa para onde, se para uma metrópole cosmopolita ou para uma corruptela provinciana, não importa à mercê de que estados de ânimo ou desânimo eu esteja.
Reúno forças e saio, feito um arqueólogo, a perscrutar pequenos mercados, mercearias, vendas e armazéns à cata de novas descobertas.
Assim, na quinta-feira passada, mesmo tendo acordado às 02h40 da matina sob um intenso ataque de ansiedade e pânico num quarto de hotel em Olímpia, SP, abati-me, é bem verdade, mas não me deixei prostrar de todo.
Café da manhã tomado, esposa e filho no parque aquático, fui bater patas pela cidade com a cadelinha Pandora - ô cidade feia da porra.
No dia anterior, fora com a esposa a um grande mercado, o supermercado Proença, comprar água e uns petiscos para lanchar à noite no quarto. Verifiquei a seção de cervejas : nada de novo.
Já abastecidos, na volta para o hotel, passamos por um mercadinho de bairro, mais modesto, o RR mercados. Anotei mentalmente sua localização, para incursão e garimpagem posteriores.
E foi no RR, na quinta-feira, que meus esforços,  perseverança e obstinação foram recompensados. Perguntei ao segurança na porta se havia problema de eu entrar rapidamente com a cadelinha - não havia - e nas prateleiras de latas multicoloridas, estava lá o meu prêmio.


O Chopp do Marquês. R$ 2,89, o latão de 473 ml. Comprei três. A rigor, claro que posso estar enganado, pois não sou um sommelier nem um cervejiê, sou um entornador, não me pareceu ser um chopp, que nada mais é que a cerveja crua, antes de passar pelo processo de pasteurização, mas ainda que seja cerveja é uma boa cerveja, que bem cumpre o que é possível para a sua categoria e faixa de preço. Cumpre até além.
Superior, na minha opinião, à grande parte das chamadas puro maltes das marcas comerciais mais conhecidas, como a Skol, por exemplo. Coloração de um palha dourado mais intenso que as suas correlatas, uma carbonatação, creio, que média, com a formação de um colarinho de uns dois dedos (na horizontal) de altura e que perdura por umas duas ou três boas beiçadas. Para serem sentidas, as presenças do malte e do lúpulo requerem um certo esforço de imaginação, de invocação de uma memória gustativa, mas não apresenta aquele aguado meio metálico do milho.
Ela é produzida pela Cervejaria Bamboa, de Campo Grande, MS, porém, sob encomenda e seguindo as especificações da Estância Santa Maria, em José Bonifácio, SP. É meio que um tênis Nike produzido na China.
Descobri que o Chopp do Marquês é uma cerveja icônica de José Bonifácio, parte até de seu patrimônio cultural imaterial, vários grupos e seitas de bebuns se congregam em torno dela, entre elas, o que me pareceu o mais famoso por lá, o Confraria Chopp do Marquês Pub & Bar, com comentários dos mais elogiosos por parte de seus frequentadores.
O site Brejas deu-lhe nota 3,7, numa escala de 0 a 5, ou seja, mais ou menos 7,5 se de 0 a 10. O youtuber cervejeiro Fernando Augusto atribui-lhe um conceito de 8 a 8,5. Ou seja, é uma cerveja a não ser desprezada, a não ser ignorada nas prateleiras.
Ou seja, mais um gol de placa do Azarão.
E o Chopp do Marquês harmoniza com o quê?, poderão perguntar alguns "degustadores", alguns frus-frus desavisados que caem por aqui.
Primeiro, com o bom e velho chifre; cerveja harmoniza é com chifre. Segundo, e mais importante, harmoniza perfeitamente com o meu bolso.
Chopp do Marquês. Mais um a receber o selo ISO-Azarão de boa e barata.

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