Norman
goteja uma imbecilidade autocomplacente enquanto fica sentado em meu
sofá e dá risadinhas, puxa sua barba doentia e fala de sua namorada
Katrinka, Eugene Debs, F. Scott Fitzgerald e LSD. um mau escritor, quase
inédito, isso lhe dá forças enquanto ele fica ali e me conta que minha
própria escrita desceu ladeira abaixo de uma erupção vulcânica para uma
faísca de isqueiro.
Eu lhe dou algo para beber e ele desce para o assoalho e começa a falar para dentro do meu gravador. acendo um charuto e ouço. “quero ser o escritor Número Um do Nosso Tempo. quero andar pelas ruas e ouvir as pessoas dizerem, “ei, veja, lá vai Norman!” quero que as pessoas gostem de meus poemas, quero que as pessoas enlouqueçam com meus poemas...” resolvo que essa provavelmente é uma gravação honesta mas de má qualidade e não ouço mais.
uns 30 minutos e 3 latas de cerveja mais tarde a fita termina de rodar. Norman ajusta sua gravata, ergue-se da posição de joelhos e fica sentado.
Eu lhe dou algo para beber e ele desce para o assoalho e começa a falar para dentro do meu gravador. acendo um charuto e ouço. “quero ser o escritor Número Um do Nosso Tempo. quero andar pelas ruas e ouvir as pessoas dizerem, “ei, veja, lá vai Norman!” quero que as pessoas gostem de meus poemas, quero que as pessoas enlouqueçam com meus poemas...” resolvo que essa provavelmente é uma gravação honesta mas de má qualidade e não ouço mais.
uns 30 minutos e 3 latas de cerveja mais tarde a fita termina de rodar. Norman ajusta sua gravata, ergue-se da posição de joelhos e fica sentado.
“Jack M. diz que tem que faturar 8 mil este ano ou ele estará acabado.” eu começo outro charuto.
“vou almoçar com Ray Bradbury, na terça.” eu não respondo.
“Jesus!”
ele de repente dá um pulo, corre para o meu banheiro e começa a
vomitar. isso prossegue por algum tempo. “eu me sinto melhor”, ele diz
voltando para a sala.
“tome mais um drinque”, eu digo. “eu o levarei de carro para a sua aula de manhã.”
“ótimo”, ele diz, tirando a espuma do topo de uma cerveja. aí ele me olha e pergunta, “onde você tem sido publicado ultimamente?
” eu estendo a palma das mãos e dou de ombros.
“Jesus, ora essa! o que fez você perder sua inspiração?”
“bebida. gente. casamento. gente. casamento outra vez. um filho. bebida. gente. empregos. desempregos. bebida e gente.”
“meu professor gostaria que você conversasse com seus alunos. ele ganhou o Prêmio Lamont de Poesia e gosta de você.”
“diga ao seu professor para ir para o inferno. diga-lhe que eu estou acabado.”
“diga ao seu professor para ir para o inferno. diga-lhe que eu estou acabado.”
“você é sensível.”
“não, sou apenas um lampejo na frigideira.”
nós
bebemos e bebemos. logo ele está dormindo no sofá, 120 quilos dele
sacudindo o telhado com sua poesia. eu vou para o quarto e ligo o
despertador para as 10 da manhã da aula de inglês dele. a bebida desce
melhor agora, mas ao subir na cama eu penso, de onde vêm esses
desgraçados e o que aconteceu com todo mundo? verdade, eu estou
enlouquecendo. a luz se apaga e então um alarme contra ladrões em algum
lugar por perto se intromete em seus roncos. muito pertinente, eu penso,
pertinente demais para uma noite muito desperdiçada em dezembro de 1965
ou qualquer outro tempo que for.
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