Uma galeria de troféus
É um mostruário
É um portfólio
Mas não só.
Não só
E muito mais que isso :
É
Antes de tudo
De forma velada, subliminar
Não obstante explícita
Um extenso catálogo de fracassos e de frustrações.
Fracassos e frustrações
Dos que não ganharam os troféus
Ali
Narcisicamente expostos.
Mais
Muito mais que o êxito de um
Uma galeria de troféus
Exibe o malogro de milhares.
Uma galeria de troféus
É um recado
É um lembrete
De que nem todos são bons
Capazes, excelentes.
De que nem todos podem ser bons
De que ninguém pode ser o que quiser,
Por mais que se esforce e se dedique.
Um lembrete
De que todos só podem ser o que nasceram para ser
Ou dotados para.
Uma galeria de troféus
É um lembrete
De que esforço nada tem a ver
Com merecimento.
Uma galeria de troféus
Exibe a esmagadora e cabal vitória
Da genética e da evolução
Sobre qualquer tipo de behaviorismo.
(Se todos querem e podem e se esforçam por que apenas poucos conseguem?)
Toda galeria de troféus
É um altar erigido a Darwin
(e
vejo o velho e sempre incompreendido inglês a rolar de rir em sua
tumba; junto a ele, Gobineau e Lombroso; mal vejo a hora de lhes fazer
companhia, e esfalfarmo-nos de rir dos psicólogos, sociólogos, pedagogos
e outros embusteiros).
A
ideia original da ilustração é do cartunista Laerte. Como não achei a
charge original, descrevi a ideia e a IA, gentilmente, a reproduziu para
mim.
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