sexta-feira, 23 de junho de 2023

Cerveja-Feira (71)

Nunca fui muito com as fuças do entubador de baguete Emmanuel Macron, atual presidente francês. Não por ele ser de esquerda, de centro ou de direita. Nem sei, aliás, e pouco se me dá, o apito ideológico que ele toca.
Acontece que existem dezenas de atributos humanos os quais eu desprezo profundamente, chegando, talvez, a uma centena em mim próprio. Macron incorreu em, pelo menos, três deles em relação ao governo Bolsonaro.
1) Posar de doutor a respeito de assuntos dos quais nada sabe. Mal o Cavalão assumiu o trono do Planalto, Macron começou a desancar, a demonizar e a crucificar mundialmente a política ambiental de Bolsonaro, sobretudo com relação à Amazônia. Política ambiental de Bolsonaro, ó, comedor de queijos podres? Que política ambiental de Bolsonaro? As legislações e códigos ambientais e florestais foram escritos muito antes de Bolsonaro ser presidente. Quando ele assumiu, todas as políticas de meio ambiente já existiam e, até onde eu sei, não lhes foram modificadas uma única linha durante a gestão do Messias. Muito diferente, inclusive, do estupro que as leis ambientais vêm sofrendo agora no III Reich da Lula. Ou seja, a política ambiental de Bolsonaro, tanto achincalhada por Macron, foi exatamente a mesma dos governos anteriores, e nos quais, sabe-se lá por quais motivos "obscuros", nenhum líder mundial metido a besta ficou a atirar pedras.
Claro que o intrépido Bolsonaro respondeu-lhe na lata, com toda diplomacia que lhe é peculiar e que fez dele o Mito : "Não conhece nem seu país, fica dando pitaco aqui no Brasil, essa é a politicalha deles. Por que eles falam tanto em reflorestamento? Vamos dar muda de árvores para vocês replantarem aí, reflorestarem aí. Quer reflorestar? Estamos à disposição para ajudar".
2) A velha hipocrisia humana, o macaco que senta em cima do rabo para falar do rabo do outro.
Macron se diz preocupadíssimo com a questão ambiental planetária, disse que o bem-estar social não pode existir sem políticas de preservação ambiental e que a França e a comunidade europeia continuarem a comprar soja do Brasil é incentivar o desmatamento da Amazônia. Bolsonaro, de novo, foi rápido no gatilho : "Pelo amor de Deus, senhor Macron, não compre soja do Brasil, porque assim você não desmata a Amazônia. Compre soja da França". A França preocupada com o meio ambiente? O país europeu com o maior número de usinas nucleares, 57 unidades em funcionamento em um território menor que o estado de Minas Gerais? Ora, vá à merda. Ora, vá lamber suvaco cabeludo de francesa.
3) Cometer ingerência contra a soberania brasileira. 
Macron vive a dizer e a apregoar que a Amazônia é bem comum do planeta, levanta a todo momento a possibilidade de discutir um "status internacional" para a região, diz que é uma questão que se impõe per si, o filho da puta : "É uma questão que se coloca se um estado soberano tomade maneira clara e concreta medidas que se opõem aos interesses de todo o planeta". 
Sugere ainda a coalização dos países ricos, os G7, para ajudar os países em vulnerabilidade ambiental, criar um fundo monetário destinado a eles, a começar com 20 milhões de euros como ajuda emergencial.
Países ricos europeus dando uma dinherama assim fácil para os pobretões? Assim, sem nenhum interesse, sem nenhuma contrapartida? Logo países com recentíssimos passados históricos colonialistas e imperialistas? Só para garantir o bem-estar da onça-pintada, da arara-canindé e do boto-cor-de-rosa?
O caralho! Macron quer é transformar a Amazônia num consórcio. Garantir a cada país rico que fizer o favor de nos ajudar o seu quinhão, a sua cota nesse grande repositório de recursos minerais e de biodiversidade. Recursos exauridos há muito por eles mesmos em seu próprios territórios.
Porém, apesar de toda essa calhordice e filhadaputice do francês, comecei agora a ter uma imagem um pouco diferente de Macron, uma imagem melhor. Por quê? Porque Macron é macho das antigas, e está a ser criticado em seu próprio país pela sua "masculinidade tóxica".
Li, nesta semana, que no sábado passado, 17/06, ao término da final de um campeonato francês de rúgbi, Macron desceu aos vestiários da equipe do Toulouse para parabenizar seus jogadores pela vitória por 29 x 26 sobre o time do La Rochelle.
Vestiário de jogador, ainda mais de rúgbi, é ambiente de pura testosterona, tem que ser. É uma atmosfera de chulé, cheiro de sovaco e frieira no meio dos dedos dos pés.
Recebido efusivamente pelos gladiadores do Toulouse, Macron foi desafiado por um deles a entornar uma garrafa de cerveja de um só gole, de uma única tacada? Iria recusar o desafio, o líder francês? Descendente de Asterix e dos bravos gauleses que é?
Pois a França viu que um filho seu não foge à luta : Macron tomou a garrafa, uma long neck de Corona, da mão de seu desafiante e entornou todo o conteúdo em uma única talagada. Matou a garrafa em 17 segundos. Foi, é claro, aclamado pelos jogadores.


Pronto. Foi o que bastou para que a viadada politicamente correta começasse a cair de pau sobre Macron.
A deputada ambientalista (e, provavelmente, feminista muxibenta, também) Sandrine Rouasseau disparou na sua conta do twitter : "A masculinidade tóxica na liderança política em uma imagem".
Associações médicas também criticaram a talagada recorde de Macron, disseram que ela pode ser interpretada como um incentivo ao consumo de álcool, quando ele, como presidente de um país onde milhares morrem anualmente em virtude do alcoolismo, deveria, pelo contrário, dar exemplos de comportamento saudável.
Um outro pé no saco, Bernard Basset, diretor de uma instituição para viciados em álcool e bebuns em geral, disse : "Ele associou esporte com festa e consumo de álcool num contexto de emulação viril onde todo mundo está bebendo muito".
Macron, no entanto, também tem seus aliados, pessoas sensatas, com mais o que fazer da vida e que não ficam procurando pelo em ovo, problematizando tudo apenas para terem seus minutinhos de fama.
O deputado Jean-René Cazeneuve, sem ficar de lacrações, resumiu a questão ao que, de fato, ela foi : "apenas um presidente compartilhando a alegria de 23 jogadores e participando de suas tradições".
É isso. Só isso. Nada além disso. Um macho das antigas a festejar com outros machos das antigas. Simples assim. Sem implicações, sem subtextos, significações ou desdobramentos. Que essas filigranas são coisas de gente à toa, gente que não bebe.
Por isso, é dele, Emmanuel Macron, o cerveja-feira desta semana.
A propósito, eu também estou a estabelecer novos recordes de entornar cerveja. Recordes negativos. Ontem mesmo, para acompanhar a esposa, emborquei uma Brahma Zero Álcool. Levei 42 minutos para conseguir engolir aquela merda.
Pããããããta que o pariu!!!!

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