quinta-feira, 15 de junho de 2023

Por ora, Por ora...

Ter o pau duro
E enfastiar-me
A mecânica da foda.
Considerar desfavorável
O custo-benefício.
Deixo
Então
O pau murchar.
Ignoro a ereção,
(Como aos pedintes nas esquinas),
Venço-a pela espera,
Mato-a pelo cansaço.

Ter ideias fervilhando
Feito comprimidos de vitamina C
E enfadar-me
A mecânica da escrita.
Gestá-la, pari-la,
Trazê-la à ponta de Bic para o branco cegante do papel,
Dar uma palmada em sua bunda
Para fazê-la anunciar-se ao mundo.
Considerar muito aquém
A visão da paisagem
Frente os percalços da escalada.
Ignoro as ideias
(como a filhotes de gatos colocados à minha porta para adoção),
Venço-as pelo esquecimento,
Mato-as de velhice.

E me afundar,
Submergir-me
Em banheira de tépida e amniótica inércia
Com espuma de sais de banho de entropia.

E respirar.
Só respirar.
Mas apenas enquanto for puramente um ato biológico involuntário.
Apenas enquanto for.

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