sábado, 1 de junho de 2024

Amasiou-se, Madalena!!!

A atual configuração dos continentes começou a ser desenhada há cerca de 250 milhões de anos, com a fragmentação e o afastamento lento, gradual e contínuo das terras do supercontinente Pangeia, um gigantesco maciço rochoso que congregava toda a superfície sólida do planeta num único bloco, a totalidade de suas terras emersas. 

Esse afastamento dos continentes prossegue até hoje, no processo chamado Deriva Continental, no qual os continentes surfam e deslizam sobre o manto semifundido e pastoso da Terra. Pois bem, se o movimento dos continentes continua, e sendo a Terra redonda, amanhã ou depois, as terras separadas há 250 milhões de anos não poderão se reencontrar e se reagruparem? 
Sim, claro que poderão. E irão!

Segundo estudo publicado na revista National Science Review, os amantes rochosos separados no longínquo e remoto passado tornarão a se encontrar e a se unir, a enlaçarem-se. Porém, não será para hoje nem para logo. Será mais ao estilo da bela canção buarquiana Futuros Amantes : "não se afobe, não, que nada é pra já, o amor não tem pressa, ele pode esperar, em silêncio, num fundo de armário, na posta-restante, milênios, milênios no ar...".

Apesar de não ser para logo, o reencontro tem data marcada : para daqui a mais 200 ou 300 milhões de anos. É o que garantem os autores do artigo publicado, os chineses Chuan Huang Zheng-Xiang Li e Nan Zhang. Eles defendem a tese do Ciclo do Supercontinente, que teoriza que, aproximadamente, a cada 600 milhões de anos, continentes colidem e se amalgamam em novos supercontinentes.
O novo supercontinente será formado pela colisão da América com a Ásia, enlace que terá como Cupido a Austrália, que colidirá primeiro com a Ásia e depois servirá de ponto de ligação com a América. O supercontinente se instalará na região do Equador e provocará o desaparecimento do Oceano Pacífico.

A futura Pangeia, rebento da união da América e da Ásia, já tem até nome de batismo : Amásia!
Pãããããta que o pariu!!! Genial!!!
Quem disse que cientistas e pesquisadores são seres insensíveis e robotizados? Que não são capazes de laivos poéticos e românticos?
"Ficou sabendo da última ?" - perguntará a fofoqueira à outra. "A América e a Ásia, menina...amasiaram-se!!!!"

O que me lembrou, de pronto, do saudoso humorístico Viva o Gordo. Do personagem Sebastião, codinome Pierre, o último brasileiro exilado político em Paris. Regularmente, Sebá, como era conhecido, ligava para a esposa, Madalena, para saber de notícias da terra brasilis e se ela já conseguira comprar a passagem de volta para lhe enviar. Madalena, então, dizia que não fora possível comprar a passagem por conta dos sucessivos aumentos do dólar e desfiava um rosário de como as coisas estavam no Brasil.

Incrédulo, Sebá acusava Madalena de ter arrumado outro e estar a mentir para impedir que ele voltasse : "Madalena, você não quer que eu volte. Não minta, "seje" franca Madalena, "digue", "digue", arrumei outro, Sebá! Amancebou-se, Madalena".

Abaixo, a concepção artística computadorizada de como será a Amásia.

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