sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Aos Santos e aos Homens da Ciência

Ao diabético, a insulina 
(sintetizada por fígado de porco);
Ao hipertenso, o Captropil
(desenvolvido a partir do veneno da jararaca);
Ao deprimido, a fluoxetina, o rivotril;
Ao brocha (e também deprimido, é claro), a sílfide Sildenafila.
 
Por que não
Ao desiludido da vida
Ao aporrinhado pelo convívio social,
O álcool?
 
Por que não
A cerveja
O vinho
A vodka-tônica 
Ao fim da noite
Em lugar do Zolpidem?
 
Que canalhas homens da ciência
Determinam
O que é cura
E o que é doença?
O que é terapêutica, o que é "busca por ajuda"
E o que é vício, o que é um atalho para a danação?
 
Que canalhas homens da ciência
Estabelecem
Quais urgências e súplicas do organismo
São de fato necessidades
Ou subterfúgios de um adicto
Em síndrome de abstinência?
 
(Crises de hiperglicemia são consideradas delirium tremens da privação da insulina?)
 
Eu, ateu de nascença,
Agora já semiembriagado
Até dou um gole para o santo.
 
Para os homens da ciência
Que arrotam
Arrogantes e absolutos
Serem os tarjas pretas
Remédios
E o álcool
Peçonha,
Dou uma colher de sopa bem medida
Da minha porra.
Seca
Coagulada
Azeda
Expelida de uma punheta de pau mole. 
 

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