Pããããããta que o pariu!!!!!
As
pessoas perderam todo e qualquer senso de humor. Não são mais capazes
de reconhecer uma simples piada, uma inofensiva brincadeira. Estão
sempre prontas a reagir como se tudo que lhes dizem ou ouvem fosse uma
ofensa, uma afronta.
Vivemos em tempos de ânimos e disposições armados até os dentes, belicosos, beligerantes.
Ontem,
já ao fim do dia, ao voltar do trabalho, passei por uma pet shop para
comprar uma pacote de granulado sanitário, vulgarmente chamado de areia,
para as minhas duas gatas, a Petruchia e a Nina. Tarefa que sempre
coube a mim e da qual, até por questões de orçamento doméstico, prefiro
que seja mesmo eu a me ocupar.
A
depender da minha esposa, ela compraria - como em algumas vezes já se
deu - as variedades mais caras, as perfumadas, as ecológicas, as de
sílica, as de calcário etc. Porra, é um produto pro gato cagar em cima,
vou comprar coisa cara por quê?
Granulado
perfumado pro gato soltar um barro? Até já teve desses aqui em casa,
mas em nada suaviza o cheiro da merda, antes pelo contrário, acaba
inclusive o potencializando, pois lhe imprime o famoso Efeito Bom Ar,
uma referência ao desodorizador que, aspergido no banheiro após uma
senhora duma cagada, dá-nos a sensação de que alguém acabou de cagar
embaixo de um pé de jasmim.
Portanto,
assim como procedo em relação à cerveja, também compro do granulado
mais barato, do bom e barato. Assim como procedo em relação à cerveja,
vivo de olho em novas marcas com preços mais módicos. Compro-as e caso
cumpram de acordo a sua função básica, que é absorver a umidade e o odor
da merda, passo a utilizá-las amiúde.
Então,
ontem, já entrei na pet shop sabendo o que ia comprar, o Granulado
Brincat, marca que frequenta a caixa sanitária das gatinhas há uns três
ou quatro meses, R$ 6,00 o pacote de 4 kg, quantidade suficiente para
cerca de 10 dias. Ao lado dele, marcas de oito reais, de onze reais, de
vinte e tantos reais.
Assim que peguei o pacote e o estava vistoriando à procura de algum
eventual furo, uma senhora de uns 60, 65 anos chegou ao meu lado e falou
: - nossa, eu nunca vi essa areia, tá com um preço bom, né, você já
comprou dela alguma vez?
Respondi que sim, que já comprara dela algumas vezes.
- E ela é boa, você gosta dela?
-
Olha - disse eu -, na verdade, para uma resposta mais confiável, a
senhora teria que perguntar pras minhas gatas, eu mesmo nunca usei.
Pra que fui falar isso? Foi aí que eu me fodi. A velha ficou tiririca da vida.
- Mas o senhor é um cavalo, hein? Vai ser grosso assim com a sua mãe.
E foi andando para o setor de rações da loja, ainda a vociferar impropérios contra mim.
Pãããããta que o pariu!!!!! A velha pôs até a minha santa genitora no meio.
Admito que é uma piada de tiozão (e eu já sou um tiozão; aliás, já sou
até tio-avô), mas é uma boa piada, bem sacada, e tenho a pretensão que
ela seja mesmo autoral, de minha própria lavra. Tive a oportunidade de
lançar mão dela em apenas outras três ocasiões.
A
primeira vez ao dono
da pet shop, quando da segunda vez que me viu comprando o Brincat. E
ele riu.
A segunda vez teve como alvo minha própria esposa, a quem,
conhecendo-me há tempos, a piada não cheirou nem fedeu. A terceira, um
rapaz talvez dos seus vinte anos, também na pet shop, que me fez a mesma
pergunta da velha. Ele simplesmente me olhou com uma cara de parvo,
comum aos da sua geração, olhou-me como quem nada havia entendido, ou
como se eu fosse algum louco a quem alguém perguntasse as horas e o
louco respondesse, hoje é 4 de fevereiro.
E
a quarta, e provavelmente a derradeira vez, com essa véia encruada, que
enterrou definitivamente qualquer pretensão futura de me lançar no
mercado do stand up.
Tempos carrancudos, meus caros, tempo hostis e carrancudos.
Abaixo,
o Brincat, o granulado da discórdia, aprovadíssimo pelas minhas gatas
Petruchia e Nina. Que estão cagando e enterrando pra tudo isso.
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