quinta-feira, 12 de abril de 2012

Clodovil Vai A Leilão

Clodovil Hernandez, estilista de renome internacional, artista plástico, homem de TV e teatro, e - porque todo mundo tem seus pecados - deputado federal.
Um polêmico por excelência. Como só os inteligentes podem ser. Suas declarações incomodavam justamente por serem recheadas de lógica, quase que irrefutáveis. Foi um dos apresentadores mais processados da história da TV. Porque no Brasil é assim : contra o argumento e a inteligência, o processo por danos morais.
Teve seu auge entre fins da década de 1970 e meados da de 1980. Vestiu grandes estrelas da nossa música, quando estrelas existiam. Elis Regina e Maria Bethânia o tinham como um de seus preferidos. Vestir essas cantoras era o equivalente a ser um compositor e ter uma canção gravada por elas. Pode-se dizer que Clodovil foi uma espécie de Chico Buarque, de Belchior, de Milton Nascimento da moda.
Sempre gostei de ouvir suas controversas entrevistas. Era farpa para tudo quanto é lado. Tudo com os mais finos sarcasmo, ironia e deboche. Clodovil era engraçadíssimo, como só os inteligentes podem ser.
Em uma entrevista, mostrou um livro que estava preparando. Era um tratado das diversas espécies de orquídeas nativas da região onde ele morava, Ubatuba, litoral paulista. Os desenhos, em aquarela, eram daqueles que conseguem ser mais realistas do que o objeto que representam, se é que isso é possível. Os desenhos de Clodovil revelavam detalhes e particularidades de cada espécie que, talvez, nem fotos conseguissem alcançar.
Clodovil foi um esteta, no sentido mais amplo da palavra.
Se sempre gostei do Clodovil por seu talento artístico e por suas declarações cáusticas, foi em uma outra entrevista que ele angariou minha admiração completa, a admiração, também, por seu caráter, lucidez e integridade. Talentos artísticos como o dele são raríssimos; grandes caráteres, então, são altamente improváveis nos dias correntes.
Clodovil respondeu ao repórter, um desses idiotazinhos quaisquer que andam por aí, que ele, Clodovil, não era homossexual. Nem homossexual nem heterossexual nem coisa sexual nenhuma. Ele, Clodovil, era o que o seu cartão de visitas trazia impresso : Clodovil Hernandez, estilista.
Perfeito. Incontestável. Maiores retidão e lisura são impossíveis. Ele era o seu talento e sua arte, não o seu sexo ou orientação sexual. Honestíssimo.
Muito diferente dessa viadada de hoje, que quer se impor simplesmente porque nasceu gostando de dar a bunda, e não pelo talento e capacidade. Viado virou item de currículo. É a primeira informação que o cara fornece : sou viado. Como se isso lhe conferisse, automaticamente, alguma genialidade. A genialidade vem do cérebro, não vem do cu.
Clodovil, inclusive, não se envolvia com esses movimentos de conquistas gays, disse várias vezes que considerava a Parada Gay uma manifestação de mau gosto e ofensiva à família. Que existem maneiras muito mais educadas e honestas de lutar pelos seus direitos. Existem, sim : para quem tem inteligência, para quem não, o negócio é mostrar o cu.
Clodovil era o que se podia chamar de uma bichona de respeito.
Morreu em 2009, vítima de um AVC. Morreu, mas deixou propriedades e empregados que ainda geram altas despesas, em torno de R$ 10 mil por mês, segundo sua advogada. Há despesas, mas não há mais receita, explica a advogada responsável por seu espólio.
Como maneira de saldar as dívidas do estilista, a advogada organizou um leilão com objetos pessoais de Clodovil. O leilão tem data marcada para hoje, 12/04, e conta com quase 160 peças.
São joias com as iniciais de Clodovil, pratarias, um piano, quadros, uma gravata borboleta em ouro e cravejada de brilhantes, esculturas em bronze - a mais famosa delas é uma cobra naja, que ele chamava carinhosamente de Martha, em referência à Martha Suplicy, um de seus desafetos.
Porém, a peça mais cobiçada pelos colecionadores de Clodovil não está entre as supracitadas. Nem é sabido se ela estará entre os itens leiloados, menos informações ainda se têm do preço inicial que será pedido, caso ela esteja.
A peça que vem causando tanta cobiça e expectativa é um lustre. Feito sob encomenda para Clodovil, todo em cristal.
A ambicionada peça, reza a lenda, foi desenhada por Clodovil e confeccionada pela estilista mato-grossense Chiquita Folharal, responsável pelos ornamentos do caixão de Clóvis Bornay; o lustre teria custado a bagatela de R$ 300 mil reais, fora o valor "sentimental", por assim dizer.
Abaixo, a foto do lustre. Porque, no fim das contas, bicha é bicha. Perigooosa!!!!!

4 comentários:

  1. Vc queria ter um desse tamanho vai o seu deve ser do tamanho de um mol

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    1. Burro é foda! Até para tentar ofender tem que ter uma certa cultura, um certo conhecimento.
      Você diz que meu marretão deve ser do tamanho de um mol querendo insinuar que ele é pequeno.
      Só que acontece, caro anônimo (você deve ser da área de "humanas", né?), que um mol equivale a um número gigantesco : 6,02 elevado à vigésima terceira potência.
      É algo muito grande. E muito potente.
      Feito o meu marretão.
      Não é que, na sua imensa ignorância, você acertou?

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  2. Se fudeu anônimo aí de cima, se informa primeiro porra.
    Quanto á matéria, sério mesmo que esta bixona tinha este bagulho pendurado em sua casa?

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    1. Rapaz, parece que tinha sim. Pelo menos, essa notícia correu todos os jornais na época.
      Vai querer fazer um lance pelo lustre?
      O Clodovil dá-lhe uma, dá-lhe duas e dá-lhe três.

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