Nunca achei graça no futebol; muito menos no trabalho.
Pois o árbitro de futebol, ator, jornalista, narrador e comentarista esportivo Silvio Luiz conseguiu deixar engraçados os dois, o futebol e o seu trabalho. Morro de admiração e de boa inveja de pessoas que conseguem se divertir com seus trabalhos e também deixá-los mais divertidos para os outros.
Quando eu era adolescente e meu pai estava lá a assistir um jogo de futebol, eu nem sabia quais eram os times duelantes, mas se percebesse que o narrador era o Silvio Luiz, eu me demorava um tanto no sofá, a ouvi-lo.
Silvio Luiz era o rei dos bordões. Quando um gol era perdido de forma imperdoável, ele se saía : "o que que eu vou dizer lá em casa", "pelas barbas do profeta", "pelo amor dos meus filhinhos", "este até a minha vó fazia".
Foi o responsável pela transmissão do primeiro palavrão ao vivo da história da TV. Em 1953, Silvio Luiz era repórter de campo e, num São Paulo x Corinthians, quando da expulsão de Luizinho, o Pequeno Polegar, perguntou ao jogador o que havia acontecido. "Esse filho da puta me expulsou", respondeu Luizinho, ao vivo, em 1953. O caso foi parar na Câmera dos Vereadores de São Paulo.
E hoje, 16 de maio de 2024, chegou a vez de Silvio Luiz ser expulso de campo, dos gramados da vida. A morte lhe deu um cartão vermelho. Morreu de falência múltipla dos órgãos.
Agora, meus caros, como dizia Silvio Luiz, quando um jogador fazia um gol que decidia a partida contra o time adversário : "Agora, é fechar o caixão e beijar a viúva".
1924 - 2024
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